Por Afonso Costa
O Fórum Econômico Mundial de Davos é um shopping às avessas: em vez das
lojas e vendedores esperarem os compradores, são os compradores que esperam os
vendedores. Os compradores são as multinacionais e o capital financeiro,
enquanto os vendedores são os governos dos países subservientes ao capital
internacional.
Os governos subservientes vendem as riquezas naturais de seus países,
empresas públicas, direitos trabalhistas, a força de trabalho das suas
populações, sem que tenham sido eleitos para tanto, já que no geral os
processos eleitorais são antidemocráticos, beneficiando aqueles que têm mais
recursos, que mentem descaradamente para os eleitores, que escondem suas
verdadeiras ideias de submissão.
Estão presentes em Davos, na Suíça, representantes de cerca de 140 das
maiores empresas do planeta, das quais muitos têm interesses diretos no Brasil,
segundo relatos da imprensa.
Guedes apresentou PPI, financiamento público para multis ‘comprarem’
estatais
Representando o Brasil nessa verdadeira feira estão o ministro da
Economia, Paulo Guedes, e alguns dos seus assessores, já que o presidente da
República se mostrou absolutamente incapaz no ano passado. Não que o ministro
seja alguma sumidade, mas ele sabe quais são os interesses do capital e como
viabilizá-los.
Em seus pronunciamentos o ministro colocou o Brasil à venda. Primeiro,
capitalizou a reforma da Previdência, que contribui para a destruição do SUS,
prejudica diretamente os trabalhadores, aposentados e pensionistas, além de
auxiliar os regimes de previdência privada e garantir recursos para o pagamento
da falsa dívida pública, de interesse do capital financeiro.
A privatização dos Correios foi um dos temas abordados nas reuniões, com
interesse da estadunidense UPS. Já a chinesa Huawei está de olho na telefonia.
A energia e o saneamento, com destaque para a Cedae do Rio de Janeiro, também
foram destacadas e objetos de interesse por parte das multinacionais, além da
Eletrobras, Telebras, Casa da Moeda, ferrovias, rodovias e aeroportos.