segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Brazil for sale*




Por Afonso Costa

O Fórum Econômico Mundial de Davos é um shopping às avessas: em vez das lojas e vendedores esperarem os compradores, são os compradores que esperam os vendedores. Os compradores são as multinacionais e o capital financeiro, enquanto os vendedores são os governos dos países subservientes ao capital internacional.

Os governos subservientes vendem as riquezas naturais de seus países, empresas públicas, direitos trabalhistas, a força de trabalho das suas populações, sem que tenham sido eleitos para tanto, já que no geral os processos eleitorais são antidemocráticos, beneficiando aqueles que têm mais recursos, que mentem descaradamente para os eleitores, que escondem suas verdadeiras ideias de submissão.
Estão presentes em Davos, na Suíça, representantes de cerca de 140 das maiores empresas do planeta, das quais muitos têm interesses diretos no Brasil, segundo relatos da imprensa.
Guedes apresentou PPI, financiamento público para multis ‘comprarem’ estatais
Representando o Brasil nessa verdadeira feira estão o ministro da Economia, Paulo Guedes, e alguns dos seus assessores, já que o presidente da República se mostrou absolutamente incapaz no ano passado. Não que o ministro seja alguma sumidade, mas ele sabe quais são os interesses do capital e como viabilizá-los.
Em seus pronunciamentos o ministro colocou o Brasil à venda. Primeiro, capitalizou a reforma da Previdência, que contribui para a destruição do SUS, prejudica diretamente os trabalhadores, aposentados e pensionistas, além de auxiliar os regimes de previdência privada e garantir recursos para o pagamento da falsa dívida pública, de interesse do capital financeiro.
A privatização dos Correios foi um dos temas abordados nas reuniões, com interesse da estadunidense UPS. Já a chinesa Huawei está de olho na telefonia. A energia e o saneamento, com destaque para a Cedae do Rio de Janeiro, também foram destacadas e objetos de interesse por parte das multinacionais, além da Eletrobras, Telebras, Casa da Moeda, ferrovias, rodovias e aeroportos.

Jones Manoel abre, com inteligência, debate afro no blog



Postado por Magno Martins
Com edição de Ítala Alves
Os leitores deste blog (blog do Magno Martins) ganham mais um craque para reforçar o quadro de articulistas: Jones Manoel, uma das mais brilhantes expressões das novas lideranças de intelectuais e militantes orgânicos que estão surgindo no Brasil. 
Ele ainda é quase anônimo para o grande público pernambucano e especialmente para o mundo político tradicional do Estado, mas tem recebido destaque no País, inclusive de estrelas como Caetano Veloso, que o entrevistou há duas semanas por mais de 1 hora e 20 minutos pelo Mídia Ninja.
Nascido e criado na Favela da Borborema, na zona norte do Recife, é filho de Dona Elza, mãe-guerreira, que era responsável para cuidar sozinha da família, dando especial dedicação para os ensinamentos de solidariedade, honestidade, perseverança, inconformismo e engajamento prático com a luta pela Justiça Social. 
Ainda adolescente, Jones foi zelador no Colégio Elo, trabalhando para estudar, tendo se graduado como bacharel e licenciado em História pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, para depois ser mestre em Serviço Social pela mesma universidade.
Atua como comunicador e educador popular, mantém um canal no YouTube (Jones Manoel), participa do podcast Revolushow, escreve para a Revista Opera, Blog da Boitempo e Lavrapalavra, além de militar no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Fruto do ressurgimento da esquerda marxista, Jones emerge do Brasil profundo, trazendo fortes raízes Afro, com sua voz brotando da maioria do povo cronicamente marginalizado pelas elites e vítima da velha política manipuladora.
Vale celebrar o florescimento de uma liderança popular autêntica e original, com bases teóricas sólidas aliadas a ações transformadoras concretas, que pode ser o novo contraponto à direita ideológica saída do armário sob as sombras do bolsonarismo. Sua estreia será na próxima sexta-feira, dia que passa a escrever periodicamente para este blog. 
Comunista assumido, Jones Manoel trará à luz  do debate não apenas temáticas relacionadas ao comunismo e socialismo no mundo, como também a pauta da negritude brasileira, com ênfase para o bom combate ao preconceito racial, uma página, infelizmente, ainda não virada no Brasil, em pleno século 21.
EM TEMPO: Sucesso Camarada Jones 


sábado, 25 de janeiro de 2020

Marina rebate declaração de Guedes sobre pobres e diz que degradação ambiental é culpa de ações do governo



 FABIANO MAISONNAVE,  Folhapress 

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) criticou a declaração do ministro Paulo Guedes (Economia) em Davos (Suíça) que vinculou a degradação ambiental à pobreza. Para ela, são políticas públicas do governo Bolsonaro, como a regularização de áreas griladas, que incentivam o desmatamento na Amazônia.
"O que gera maior critica o maior desmatamento e crime ambiental são os governos", disse Marina, em entrevista por telefone. "Eles desmontam a governança ambiental, apoiam formas predatórias de uso da floresta e dos recursos naturais, negam o problema das mudanças climáticas, cortam o orçamento do Ministério do Ambiente e ainda têm a falta de noção de dizer que o maior inimigo são os pobres."
Filha de seringueiros e natural do Acre, Marina foi ministra de 2003 a 2008, no governo Lula. Na pasta, promoveu a criação de unidades de conservação na Amazônia e conseguiu reduzir o desmatamento por meio do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), extinto pelo governo Bolsonaro. 
"É muito cômodo culpar a pobreza pela degradação do meio ambiente. Eles enfraquecem o Ibama, o ICMBio e o Inpe, propõem uma medida provisória pra quem roubou terra pública e aí dizem que os pobres são os inimigos do meio ambiente?", questionou.
No final de dezembro, Bolsonaro assinou a Medida Provisória 910, que abre espaço para a privatização de terras públicas invadidas ilegalmente até o final de 2018. Para se tornar lei, o texto precisa ser aprovado pelo Congresso. 
"É claro que há ações feita por pequenos produtores, mas, se continuássemos com a política de correr atrás dos pequenos enquanto os grandes derrubam mais de mil hectares, nunca teríamos reduzido o desmatamento", afirma.
Para a ex-ministra, os pobres na Amazônia sofrem com a devastação da floresta. "Eles são vítimas de violência, de perda de suas áreas, de todo o rastro de destruição que tem lá." 
Levantamento do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) mostra que 35% do desmatamento ocorrido entre agosto de 2018 e julho de 2019 (Prodes 2019) ocorreu em terras públicas não destinadas, um processo de grilagem. Em segundo lugar, estão os assentamentos, com 27%. 


quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Greenwald fala após denúncia do MPF: “Muitos acreditam que a liberdade de imprensa deveria ser crime”

Foto: Lula Marques via Agência Pública

Yahoo Notícias, Redação.
Por Anna Beatriz Anjos, da AGÊNCIA PÚBLICA

“Publiquei milhares de documentos secretos do mundo todo, do governo mais poderoso [EUA], e nunca aconteceu nada, mas aqui no Brasil estamos publicando documentos menos sensíveis e um procurador do Ministério Público está tentando me processar”. 
É assim que o jornalista norte-americano Glenn Greenwald se refere à denúncia que o procurador da República Wellington Divino de Oliveira ofereceu contra ele e mais seis pessoas na última terça-feira (21). O representante do Ministério Público Federal (MPF) imputou ao grupo crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades brasileiras no caso que deu origem à série de reportagens Vaza Jato, publicada pelo The Intercept Brasil em parceria com outros veículos como a Agência Pública.
O jornalista contesta a interpretação do procurador sobre o diálogo destacado na denúncia – nele, um dos envolvidos no vazamento das mensagens pede conselhos a Greenwald, que responde não poder dar orientações ao grupo e assegura a proteção ao sigilo da fonte, uma garantia constitucional. “A Polícia Federal, sob o comando do ministro Sergio Moro, há menos de dois meses, emitiu um relatório falando que não tem evidência nenhuma de que cometi qualquer crime”, destaca, lembrando que a própria Polícia Federal concluiu a partir do mesmo diálogo que não houve irregularidade na atuação do jornalista.
Glenn também ressalta que a peça do MPF desrespeita a decisão do Supremo Tribunal Federal de agosto de 2019 que proibiu investigações contra ele. “Acho que eles querem uma guerra com o STF, querem dar um sinal de que não se importam com as regras, com o STF, com a lei”, avalia.
Greenwald ainda compara os ataques que ele e sua família vêm sofrendo desde a publicação das primeiras matérias da Vaza Jato, em junho do ano passado, às ameaças de que foi alvo em 2013, quando investigou programas secretos de vigilância global da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA) a partir dos vazamentos de Edward Snowden. Sobre sua situação atual, ele afirma: “é um caso muito mais drástico”.
A seguir, os principais trechos da entrevista concedida por telefone.

País repete pior nota em ranking anticorrupção



O Brasil repetiu a mesma nota 35 recebida em 2018, a pior do país desde 2012. (Foto: Reuters/Adriano Machado)


A eleição de Jair Bolsonaro (sem partido), impulsionada por promessas de combate à corrupção, não alterou a percepção sobre este problema no seu primeiro ano de governo, marcado por denúncias contra integrantes do governo e familiares do presidente.
Em 2019, o Brasil caiu uma posição no ranking do IPC (Índice de Percepção da Corrupção), e ocupa a 106ª posição entre os 180 países avaliados -atrás de outros latino-americanos como Argentina (66ª), Chile (26ª), Colômbia (96ª), Cuba (60ª), Equador (93ª) e Uruguai (21ª).
Elaborado pela ONG Transparência Internacional, o ranking atribui notas de 0 a 100 a países com base em pesquisas e relatórios sobre como o setor público é percebido por especialistas e executivos de empresas no que diz respeito à prática de corrupção.
O Brasil repetiu a mesma nota 35 recebida em 2018, a pior do país desde 2012.
Isso indica que o novo governo, apesar do discurso, não adotou medidas que impactassem na percepção de que práticas corruptas, tais como abuso de poder, subornos e acordos secretos, tenham diminuído no país.
"O resultado reflete um ano de poucos avanços e muitos retrocessos na luta contra a corrupção no Brasil", avalia Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional no Brasil.

Irmão de Bolsonaro faz intermediação de verbas do governo federal


ISTO É - Da Redação

 © Reprodução/ Facebook Renato não possui cargo público, mas tem participado da liberação de dinheiro para ao menos quatro municípios

O irmão do presidente Jair Bolsonaro, o comerciante Renato Bolsonaro, tem atuado como mediador informal de demandas de prefeitos do estado de São Paulo interessados em verbas federais para obras e investimentos. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com a reportagem,  Renato não possui cargo público, mas tem participado da  liberação de dinheiro para ao menos quatro municípios do litoral e do Vale do Ribeira. Além disso, o irmão do presidente tem comparecido a solenidades de anúncio de obras e chega a assinar como testemunha contratos de liberação de verbas. Ele também discursa e recebe agradecimentos públicos de prefeitos pela ajuda no contato com a gestão federal comandada pelo irmão.

Segundo a Folha, com a atuação de Renato, mais de R$ 110 milhões foram repassados para construção de pontes, recapeamento asfáltico e investimento em centros de cultura e esportes nas cidades de São Vicente, Itaoca, Pariquera-Açu e Eldorado, município onde moram familiares do presidente. O irmão do presidente nega ser pago por esse trabalho e não respondeu se alguém custeia seus gastos, que incluem viagens pelo estado de São Paulo. Ainda de acordo com a Folha, a Presidência da República não respondeu se Jair Bolsonaro tem conhecimento ou colabora com a intermediação feita por seu irmão junto a prefeituras.

Para o diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto, especialista em direito do estado, “se ele não for remunerado para isso”, não há irregularidade na atuação de Renato ao pedir verbas federais.

EM TEMPO: O Diretor da faculdade de Direito não fez menção caso o irmão do Presidente seja candidato a algum cargo eletivo. Não basta ser candidato, mas apenas fazer campanha para o Presidente nas Eleições de 2022. Afinal, trata-se de ingerência indevida. Só tem gente "bobo" neste Brasil. Agora durma com essa "bronca". 


quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Detentos seguem internados com doença misteriosa que 'come' pele em Roraima



ESTADÃO - Cyneida Correia



© Estadão Profissionais, familiares, advogados e entidades de defesa dos direitos humanos denunciam as condições precárias do Hospital Geral de Roraima, onde os pacientes ficam internados no corredor

Uma doença misteriosa que causa paralisianecrose de membros e coceira intensa deixou 29 detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, internados no Hospital Geral de Roraima, o maior do Estado. Destes, 15 tratam a enfermidade causada por uma suposta bactéria; os outros foram diagnosticados com outras doenças contagiosas - que teriam sido intensificadas pela falta de limpeza e pela superlotação da unidade prisional.

A bactéria desconhecida tem deformado partes do corpo dos detentos, "comido" a pele e deixado membros em estado de decomposição. Eles também apresentam paralisia nas pernas.

Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de Roraima (OAB/RR), Hélio Abozago, alguns presos já não conseguem mais andar ou dobrar a perna por causa do inchaço e das feridas causadas pela doença. Ainda conforme o advogado, um dos internos relatou que sente uma "coisa se mexendo", como se a pela estivesse se comendo por dentro.

Um dos profissionais que atua no hospital e pediu para não ser identificado, com receio de represália, disse que a doença dos presos não é desconhecida do setor. "O nome correto é fasceíte necrosante. É uma bactéria comedora de carne humana, altamente contagiosa e de difícil cura", afirmou. "Pior de tudo: vai contaminar as pessoas que estão no hospital, pois estes presos estão no corredor, junto com todos os outros doentes. Não existe isolamento, muito menos escolta policial, e o odor é insuportável. Um perigo para todos."

A Secretaria de Estado da Saúde de Roraima (Sesau/RR) informou, em nota, que as análises laboratoriais feitas pela Coordenação Geral de Vigilância em Saúde descartaram a hipótese de bactéria não identificada. 

"Os casos relatados pela direção clínica do HGR (Hospital Geral de Roraima) se tratam puramente de piodermite, do tipo impetigo, que é uma infecção de pele oportunista, que ocorre quando já existe uma lesão de pele tipo escabiose", afirmou a pasta. "Os presos teriam passado por atendimento de infectologista e dermatologista, e estão recebendo tratamento com antibióticos e reposição de vitaminas. Exames diários e tratamento continuado estão sendo feitos."

Decisão de Gilmar Mendes proíbe investigação sobre Glenn no caso das mensagens vazadas

Ministro Gilmar Mendes

Carolina Brígido, Extra 

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu que o jornalista Glenn Greenwald fosse investigado pelas mensagens publicadas em reportagens do site “The Intercept Brasil”. Na decisão, dada em agosto do ano passado, o magistrado diz que Greenwald não poderia ser alvo de qualquer ato que visasse sua responsabilização. 


O caso é investigado na Operação Spoofing. De acordo com Gilmar, Greenwald não poderia ser investigado devido ao sigilo constitucional da fonte.
 “Com base nesses fundamentos, concedo, em parte, a medida cautelar pleiteada, apenas para determinar que as autoridades públicas e seus órgãos de apuração administrativa ou criminal abstenham-se de praticar atos que visem à responsabilização do jornalista Glenn Greenwald pela recepção, obtenção ou transmissão de informações publicadas em veículos de mídia, ante a proteção do sigilo constitucional da fonte jornalística”, escreveu Mendes.
Para o procurador Wellington Divino Marques de Oliveira, da Procuradoria da República no Distrito Federal, Glenn Greenwald foi "partícipe" nos crimes de invasão de dispositivos informáticos e monitoramento ilegal de comunicações de dados, além de ter cometido o crime de associação criminosa. O procurador apresentou a denúncia contra o jornalista argumentando que a decisão de Gilmar não foi descumprida porque Glenn não foi investigado. Segundo ele, durante o inquérito foram encontrados os diálogos, que acabaram fundamentando a acusação.
A decisão do ministro foi tomada a pedido do Rede Sustentabilidade. O partido pediu a suspensão de qualquer investigação contra o jornalista sobre a divulgação da conversa, por respeito à liberdade de imprensa. Na ocasião, o ministro ressaltou que é necessário proteger o sigilo da fonte jornalística, assegurado pela Constituição. O site publicou diálogos atribuídos a procuradores da Operação Lava-Jato e ao então juiz federal Sergio Moro, atual ministro da Justiça.
Agora, a defesa pode, em tese, entrar com uma reclamação no STF alegando que a decisão de Mendes foi descumprida. Eventual pedido seria analisado pelo ministro Luiz Fux, vice-presidente da Corte. Durante a parte final do recesso, ele está responsável pelo julgamento de causas urgentes.
Em nota, os advogados Rafael Borges e Rafael Fagundes, que defendem Greenwald, dizem que a denúncia foi recebida com "perplexidade" e que o objetivo é "depreciar o trabalho jornalístico" realizado pelo profissional.

domingo, 19 de janeiro de 2020

O Império e o poder da mídia: “causos” e reflexões



Luis Rodrigo (“Azar”) – UJC/SP

O botão vermelho no gabinete de Trump
Recentemente os Estados Unidos assassinaram um líder militar iraniano; um episódio altamente noticiado, e que portanto tem sido muito comentado em diversos círculos. Você mesmo já deve ter conversado com alguém ou ao menos ouvido comentários sobre o assunto. Agora quero que você reflita sobre as seguintes perguntas: o general iraniano era um terrorista? O Irã enquanto país, afinal, é terrorista? Sendo assim, o ataque ordenado por Trump foi um “ato justo de guerra”? Tome nota: o parlamento iraniano recentemente declarou as forças armadas estadunidenses como uma organização terrorista. Eles estão errados? E o mais importante: de quem é que nós, brasileiros, deveríamos sentir mais medo: do Irã ou dos EUA?
Aqui eu quero observar que o “senso comum”, a opinião média das pessoas sobre as coisas, se presta a um papel importantíssimo; um papel político, diga-se. Muitos acreditam que o senso comum é neutro, que não é determinado por interesses maiores, vindos de cima; que de alguma forma esse senso comum expressa o pensamento genuíno e autêntico do povo… bem, o que a ciência social nos tem demonstrado já há muitas décadas é o contrário, mas neste texto procurarei mostrar com exemplos simples, da observação cotidiana, que não é nada difícil pôr em xeque essa noção. Procurarei, assim, levantar algumas reflexões sobre o cuidado que todos nós devemos ter ao formar o nosso julgamento sobre alguns assuntos.

A Estética Nazista no Governo Bolsonaro



O filhote da serpente resolveu mostrar novamente sua mais nefasta face: Roberto Alvim, que até então ocupava o cargo de Secretário Especial da Cultura, a convite de Bolsonaro, não contente com as encenações de péssimo gosto, as declarações e ameaça da criação de uma “máquina de guerra cultural” contra o que ele chama de “arte e artistas de esquerda”, proferiu na tarde de quinta-feira (16/01), do alto da sua empáfia, um discurso com referências nazistas.

O Secretário, ex-diretor e encenador teatral de São Paulo, sentado em uma cadeira ao lado de uma bandeira do Brasil e abaixo do retrato de Bolsonaro envolto em faixa presidencial, iniciou o discurso com uma Opera de Wagner (compositor preferido de Hitler) ao fundo, dizendo: “a cultura é a base da Pátria. 
Quando a cultura adoece, o povo adoece junto. É por isso que queremos uma Cultura dinâmica, mas ao mesmo tempo enraizada na nobreza dos nossos mitos fundantes: a Pátria, a família, a coragem do povo e sua profunda ligação com Deus”. Sua fala, cheia de eufemismos, foi feita para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, com um fomento ínfimo de 20.625 milhões de reais para todo o país, contemplando apenas 7 categorias divididas pelas 5 regiões do Brasil, porém, sem nenhuma atenção às culturas tradicionais e populares, desconsiderando as diversidades e regionalismos característicos da cultura brasileira, numa apologia à estética elitista e hegemônica burguesa.
No ápice do seu discurso, Alvim declara em bom tom os seguintes termos: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou não será nada”, parafraseando, num arremedo tosco, o discurso do Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista Joseph Goebbels: ”A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande pathos e igualmente imperativa e vinculante – ou então não será nada”.
Tal ousadia causou grande tumulto no governo e na sociedade. A Confederação Israelita, assim como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, pediram publicamente o afastamento do ex-secretário; diversas manifestações de repúdio de vários setores; publicações nas redes de Roberto Alvim e sua esposa Juliana Galdino, carregadas de desespero e dissimulações, tentando fazer acreditar que fora tudo uma “coincidência retórica”. 

sábado, 18 de janeiro de 2020

Indígenas denunciam projeto político de "genocídio"

Foto: Carl de Souza/Por AFP

Extraído do Blog do Magno Martins.  Com edição de Ítala Alves

Encontro com mais de 600 líderes de 45 etnias do país acontece na aldeia Piaraçu na Terra Indígena Capoto/Jarina.

Do Terra - Por AFP
Mais de 600 líderes indígenas reunidos pelo chefe Raoni Metuktire nesta sexta-feira, 17, concluíram uma ampla reunião em Mato Grosso, denunciando que o governo está promovendo um projeto político de "genocídio, etnocídio e ecocídio" no país. "Fomos convocados pelo chefe Raoni com o objetivo de unir forças e denunciar que um projeto político do governo brasileiro de genocídio, etnocídio e ecocídio está em andamento", diz o rascunho do manifesto dos mais de 45 povos indígenas participantes da extensa reunião realizada entre terça e sexta-feira na Terra Indígena Capoto/Jarina .
O cacique kayapó Raoni, que ganhou fama mundial por sua luta pela causa indígena, convocou a reunião em resposta à agenda do presidente Jair Bolsonaro, que anunciou projeto para legalizar a mineração e a exploração de energia em áreas de proteção ambiental e terras indígenas. "O atual presidente da República está ameaçando nossos direitos, nossa saúde e nosso território. O governo está nos atacando e quer tirar a terra de nossas mãos", destaca o texto que foi lido na "casa dos homens", casa central da aldeia do Piaraçu, onde também foram realizados os quatro dias de sessões.
"Não aceitamos mineração em nossas terras, nem madeireiros, pescadores ilegais ou hidrelétricas. Somos contra tudo que destrói a floresta", enfatiza. O rascunho do manifesto foi lido em português e imediatamente traduzido para as várias línguas dos povos participantes para aprovação do texto final, que deve ocorrer nas próximas horas.
O esboço também aponta que "ameaças e palavras de ódio do governo estão promovendo a violência contra os povos indígenas e os assassinatos de nossos líderes" e afirma que os povos indígenas precisam enfrentar "não apenas o governo, mas também a violência de um povo". setor da sociedade que expressa claramente o racismo".
Em 2019, pelo menos oito líderes indígenas foram assassinados, três deles em menos de uma semana. O balanço é o pior em onze anos, desde o primeiro levantamento da Comisión Pastoral de la Tierra. "Repudiamos a perseguição e a tentativa de criminalização de nossos líderes, organizações e aliados", destaca o documento que también exige "punição para aqueles que matam nossos parentes". Também exigem respeito a Raoni, que teria 89 anos, a quem consideram comolíder, e desautorizam os indígenas que apoiam Bolsonaro.
O texto, que também formalizou a aliança com as comunidades amazônicas para proteger a floresta, será levado a Brasília para exigir que as autoridades públicas respeitem seus direitos constitucionais e tratados internacionais em questões indígenas. /AFP


sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Fogueiras de livros e lavagem cerebral: quem foi Goebbels, ministro de Hitler parafraseado por secretário de Bolsonaro



BBC NEWS

© Reprodução 'A arte alemã da próxima década será heróica (...) Ou não será nada', disse Goebbels; "A arte brasileira da próxima década será heróica (...) ou então não será nada", disse Alvim


Descrito por especialistas no nazismo como o responsável pelas estratégias de lavagem cerebral do regime alemão, entre os anos 1930 e 1940, o ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, tornou-se um dos temas mais discutidos pelos brasileiros após o secretário nacional de Cultura, Roberto Alvim, ter divulgado na noite de quinta-feira (16) um vídeo em que usou frases quase idênticas às de um dicurso do alemão.

"A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", disse Alvim.

Em 8 de maio de 1933, dois dias antes de promover uma grande queima de livros considerados impróprios pelo regime, Goebbels disse, segundo o biógrafo Peter Longerich:

"A arte alemã da próxima década será heróica, será de um romantismo ferrenho, será objetiva e sem sentimentalismos, será nacional com um grande pathos e será, ao mesmo tempo, igualmente obrigatória e vinculante, ou não será nada."

O alemão fez o comentário em pronunciamento a diretores de teatro. Já a frase de Alvim foi dita no vídeo de lançamento do Prêmio Nacional das Artes, divulgado pelos perfis oficiais da Secretaria Nacional de Cultura em redes sociais.

Quem foi, afinal, este homem a que Alvim parece ter feito referência em seu discurso?

Bolsonaro e a arte de ignorar denúncias de corrupção contra seu Governo



EL PAÍS - Afonso Benites

 © Anderson Riedel/PR O secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten no dia 15.

Jair Bolsonaro inaugura no Planalto a arte de ignorar solenemente investigações ou denúncias de má conduta contra seus assessores. Pouco importa o que a imprensa, tida como inimiga de antemão, publica ou mesmo o que as autoridades apontam. Não era assim nas gestões anteriores, quando havia diferentes graus de constrangimento, pressão da base, preocupação “com a opinião pública”. 

Sob Bolsonaro, que fez campanha tendo como bandeiras a ética e o combate à corrupção, só perde a função quem não tiver mais a confiança do presidente ou a de seus três filhos que estão na política. Essa é a única regra que vale, como mostram a saída de Gustavo Bebbianno e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz (sem falar do descarte de Joice Hasselmann da liderança do Governo na Câmara).
É seguindo a toada que Bolsonaro decidiu manter na ativa, ao menos por ora, mais um de seus assessores contra quem pesa dúvidas: o secretário de Comunicação da Presidência da República, Fábio Wajngarten

Nesta semana, o jornal Folha de S. Paulo revelou que a empresa da qual Wajngarten detém 95% das ações, a FW Comunicação, recebe dinheiro de pelo menos duas emissoras de TV (Record e Band) e de três agências de publicidade contratadas pela Secretaria de Comunicação, por ministérios e por estatais federais. Cabe à Secom distribuir a verba de propaganda da Presidências e criar as normas para as contas dos demais órgãos da União. Além disso, o secretário nomeou como seu número dois na secretaria o irmão do profissional que o substituiu na administração da FW assim que assumiu o cargo público.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Começa o julgamento de Trump no Senado



© Reuters/J. rnst 


Congressistas leem as acusações que fundamentam pedido de impeachment
do presidente e senadores assumem oficialmente papel de jurados. Primero debate está previsto para a próxima semana.

Deputados que vão atuar como promotores foram ao Senado entregar acusações contra Trump.

Os sete congressistas eleitos para serem os "promotores" do processo de impeachment contra Donald Trump, leram nesta quinta-feira (16/01) as acusações feitas contra o presidente dos EUA no plenário do Senado. Na sequência, os 100 senadores que compõem a Casa foram investidos como jurados do julgamento de impeachment.

O chefe de justiça da Suprema Corte John Roberts acompanhou o juramento. Ele pediu aos senadores que eles apliquem a "justiça imparcial".

Com a leitura e o juramento, o processo está legalmente iniciado, mas os debates sobre o impeachment só começarão a ser realizados pelo Senado, controlado pelo Partido Republicano, na próxima terça-feira, dia 21 de janeiro.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Irritado, Bolsonaro volta a deixar entrevista ao ser questionado sobre denúncia envolvendo membro do governo


Yahoo Notícias, 15 de janeiro de 2020
Fabio Wajngarten ao lado de Jair Bolsonaro - Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

Jair Bolsonaro voltou a encerrar uma entrevista coletiva ao ser questionado sobre a denúncia envolvendo Fabio Wajngarten, chefe de comunicação de seu governo. Ao ser abordado pelos repórteres na tarde desta quarta-feira (15), o presidente se irritou e deixou a coletiva.
"Está encerrada essa coletiva”, disse Bolsonaro logo após ser questionado sobre Wajngarten.
Bolsonaro foi perguntado sobre o escândalo envolvendo o chefe de comunicação do governo, Fábio Wajngarten, que teria recebido propina dos veículos de comunicação.

Entenda a denúncia


O Ministério Público de Contas, que atua perante o TCU (Tribunal de Contas da União), vai pedir à corte que obrigue a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) a distribuir as verbas de publicidade do governo federal com base em critérios técnicos.
Uma representação será apresentada na próxima sexta (17) pelo procurador Lucas Rocha Furtado, quando o TCU volta do recesso de fim de ano.
Ela é motivada por reportagem da Folha de S.Paulo, publicada nesta quarta (15), mostrando que o chefe da Secom, Fabio Wajngarten, recebe, por meio de uma empresa da qual é dono, dinheiro de emissoras de TV e agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do Executivo.
A reportagem também mostra que TVs que contratam a empresa de Wajngarten, como Band e Record, tiveram, na gestão dele, aumento de sua participação nos recursos para publicidade.