sábado, 30 de novembro de 2019

Ação de Bolsonaro contra Folha choca ex-ministros do Supremo e do STJ



 RICARDO DELLA  COLETTA, Folhapress 

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A exclusão da Folha de S.Paulo, após promessa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de uma licitação da Presidência da República para o fornecimento de acesso digital ao noticiário da imprensa configura "ação ilícita", "desvio de poder" e "fere o decoro do cargo", afirmam especialistas consultados, incluindo ex-integrantes de tribunais superiores.
"A meu pensar não se trata em rigor de uma licitação, mas de uma ilícita ação. Escancaradamente desrespeita a lei de licitações, que resume e sintetiza muito bem os próprios princípios diretamente constitucionais da matéria", afirma Carlos Ayres Britto, ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
O ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Gilson Dipp avalia que o ato de Bolsonaro fere princípios constitucionais como o da impessoalidade e da moralidade, desrespeita as leis de licitação e de improbidade administrativa, além de ir contra o decoro do cargo.
Edital de pregão eletrônico publicado na quinta-feira (28) no Diário Oficial da União prevê a contratação por um ano, prorrogável por mais cinco, de uma empresa especializada em oferecer a assinatura dos veículos de imprensa à Presidência.
A lista cita 24 jornais e 10 revistas. A Folha não é mencionada. O pregão eletrônico, marcado para 10 de dezembro, tem um valor total estimado de R$ 194 mil: R$ 131 mil para jornais e R$ 63 mil para revistas. O edital da Presidência prevê, por exemplo, 438 assinaturas de jornais, sendo 74 de O Globo e 73 de O Estado de S. Paulo.
Procurada pela reportagem, a Presidência da República ainda não informou o motivo da ausência do jornal no processo de licitação e o critério técnico adotado.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O governo Bolsonaro e a ameaça do fascismo




Heitor César, membro da Comissão Política Nacional do PCB

Bolsonaro, um governo covarde e autoritário: a ameaça de fascistização presente nas ações e declarações do governo
“Não há nada mais parecido a um fascista que um burguês assustado” (Bertolt Brecht)
O governo de extrema direita de Bolsonaro, extremamente dócil ao capital Internacional, intensifica a agressividade e a repressão contra a classe trabalhadora brasileira, aumentando consideravelmente seu caráter autoritário. Agora, diante do receio de protestos de massa no país, Bolsonaro recorre a manobras jurídicas e legislativas para se blindar e garantir sua agenda ultraliberal.
As recentes declarações e ações do capitão reformado demonstram uma movimentação perigosa. Os chamados elementos fascistizantes de seu projeto político ganham contornos de políticas de governo. Bolsonaro, em evento de lançamento de seu novo partido, declarou que encaminharia ao Congresso um projeto para isentar policiais e militares de punição em ação, acrescentando, ao projeto original de Sérgio Moro de excludente de ilicitude, ações de combate ao terrorismo. Sabemos que o conceito de terrorismo de Bolsonaro e aliados é bastante amplo, abarcando movimentos sociais, populares e políticos de oposição ao seu governo e a suas iniciativas.
Na mesma semana, Bolsonaro afirmou que essa isenção de punição a policiais e militares deve ser entendida também na aplicação da GLO, a Garantia da Lei e da Ordem, e que policiais poderiam não sofrer punição por ações em combate a manifestações e protestos, como os que estão ocorrendo no Chile e na Bolívia. Na prática, trata-se de uma licença para o uso de arma letal e para matar em manifestações políticas. Além disso, Bolsonaro afirmou que pretende pôr em prática o direito ao uso a arma de fogo para defender a propriedade, estendendo a GLO também ao campo, patrocinando o extermínio de trabalhadores e trabalhadoras, comunidades indígenas e quilombolas e de todos aqueles que possam representar algum tipo de resistência aos interesses e ao domínio do latifúndio e das grandes empresas ligadas ao agronegócio.
Seu superministro Paulo Guedes também afirmou que não podemos nos surpreender caso alguém comece a pedir um novo AI-5, ato da ditadura militar que cassou direitos politicos, fechou o congresso e possibilitou prisões, torturas e assassinatos no pior momento da ditadura militar. Guedes afirmou isso como forma de frear movimentações que convoquem manifestações e protestos contra o governo.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

O novo partido de Bolsonaro


ALIANÇA PARA O BRASIL: OS PLANOS DE BOLSONARO PARA TOMAR O PODER

Leonardo Godim
Militante do PCB – SC
As crises e disputas no interior do governo de Bolsonaro se desenvolveram até um ponto de inflexão: o anúncio da criação de um novo partido, com a família Bolsonaro à frente. A Aliança para o Brasil cumprirá um papel decisivo na luta de Bolsonaro pelo poder. Um poder que não se encontra hoje na cadeira executiva do Palácio do Planato. Um poder que só seria possível, nos moldes republicanos, com uma hegemonia efetiva sobre o Congresso, o Senado, o Supremo Tribual Federal e as Forças Armadas. A questão é que, no Brasil, o republicanismo nunca impediu ninguém de marchar, de botas, sobre as avenidas que conduzem ao poder.
Muito já se disse sobre a base de sustentação de Bolsonaro. O curso de seu governo – com todos os escândalos – tornou clara sua composição. Apoiado pelo grande capital estadunidense, pelo capital comercial e pelos latifundiários do agronegócio, Bolsonaro surgiu da pequena-burguesia urbana, numerosa no Rio de Janeiro e São Paulo; dos militares cuja influência da doutrina reacionária dos Estados Unidos é um elo nunca quebrado com a ditadura militar; e das milícias cariocas com seu forte poder coercitivo sobre a classe trabalhadora. E sustenta-se fortemente na máquina internacional das igrejas evangélicas e sua influência política sobre milhões de brasileiros. 
A tentativa de arrastar essa base social para dentro do PSL, aproveitando-se da fraqueza do Partido para torná-lo seu, encontrou resistências no medo de algumas antigas lideranças de perder tudo. Mas também no enfraquecimento de Bolsonaro nas disputas entre militares e fundamentalistas, na associação de sua família em casos de corrupção e assassinato envolvendo milícias do Rio de Janeiro, nas pressões internacionais sobre a Amazônia, entre outros. Cabe notar que certos setores das classes dominantes, em especial os industriais paulistas, buscam desde já manter certo distanciamento de Bolsonaro.

sábado, 23 de novembro de 2019

LULA FAZ DISCURSO HISTÓRICO EM CONGRESSO DO PT

*Foto: Ricardo Stuckert


Fonte: Blog do Roberto Almeida.


Lula fez mais um discurso histórico, nesta sexta-feira, no Congresso do PT, realizado em São Paulo.

O ex-presidente Lula fez uma verdadeira radiografia do país, analisou a situação antes e depois do golpe de 2016 e mandou um recado À TV Globo, que sempre o perseguiu e hoje está sendo ameaçada pelo presidente da República. “Eu estive no Governo oito anos e nunca ameacei cassar de forma arbitrária a concessão de nenhuma emissora”, pontuou.

Na íntegra, o discurso lúcido do líder petista:

Esperei muito tempo para poder falar livremente ao povo brasileiro. Esse dia finalmente chegou, e minha primeira palavra tem de ser de agradecimento, pela solidariedade, pelo carinho e pelas manifestações de quem não desistiu de lutar e vai continuar lutando pela verdadeira justiça.
Durante 580 dias fui isolado da família, dos amigos e companheiros, apartado do povo, mesmo tendo o direito constitucional de recorrer em liberdade contra a sentença injusta e fraudulenta de um juiz parcial. Um direito que somente agora foi proclamado pelo Supremo Tribunal Federal, para todos, sem exceção.

Com as armas da verdade e da lei, continuarei lutando para que os tribunais reconheçam, agora, que fui condenado por quem sequer poderia ter me julgado: um ex-juiz que atuou fora da lei, grampeou advogados, mentiu ao país e aos tribunais, antes de desnudar seus objetivos políticos. Lutarei para que seja anulada a sentença e me deem o julgamento justo que não tive. Aos 74 anos de idade, não tenho no coração lugar para ódio e rancor. Mas quem nesse país já sofreu a humilhação de uma acusação falsa, por causa da cor de sua pele ou por sua origem social humilde, conhece o peso do preconceito e é capaz de sentir o quanto fui ferido em minha dignidade. E isso não se apaga.

Nada nem ninguém vai devolver o pedaço arrancado da minha existência, mas quero dizer que aproveitei esses 580 dias para ler, estudar, refletir e reforçar meu compromisso com o Brasil e com nosso povo sofrido. Voltei com muita vontade de falar sobre o presente e principalmente sobre o futuro do Brasil.

Mas logo depois da minha primeira fala, de volta ao sindicato onde passei o último momento de liberdade, disseram que eu deveria ter cuidado para não polarizar o país. Que seria melhor calar certas verdades para não tumultuar o ambiente político, para o PT não provocar uma ameaça à democracia.

Vamos deixar uma coisa bem clara: se existe um partido identificado com a democracia no Brasil é o Partido dos Trabalhadores. O PT nasceu lutando pela liberdade durante a ditadura. Não tentem negar essa verdade porque nós apanhamos da repressão, fomos perseguidos, presos e enquadrados na Lei de Segurança Nacional por defender essa ideia.

Zumbi Vive: a força do Povo Negro é o Povo Negro organizado!



Comissão Nacional Organizadora do Coletivo Negro Minervino de Oliveira

Para nós do Coletivo Negro Minervino de Oliveira, o dia 20 de novembro ultrapassa o significado de uma data que, ao contrapor-se à narrativa que atribui a libertação da população negra à Princesa Isabel, reivindica como símbolo da resistência quilombola a história de Zumbi dos Palmares.
A consciência negra, para nós, representa articulação de uma ordem social em contraposição à exploração do homem pelo homem, materializada em Palmares e todas as experiências quilombolas nesse país. Trata-se, portanto, de uma consciência que supera a resistência defensiva, mas apresenta formas de organização de uma estratégia ofensiva de tomada de poder.
A história de luta dos negros e negras brasileiras é rica em experiências táticas que devem ser constantemente lembradas para que a nossa e as futuras gerações colham os melhores exemplos e não caiam nos mesmos equívocos e ilusões do passado. Palmares não pode ser esquecido.
O desconhecimento e/ou deformação da história do povo negro é vantajoso do ponto de vista da manutenção da estrutura e dinâmica racista da sociedade, mas é extremamente nocivo para nós que construímos a luta antirracista e a luta anticapitalista. A história dos negros e negras se confunde com a história das lutas sociais nesse país, de tal forma que trazer a questão racial para o centro do debate e das estratégias de luta é tarefa de todos aqueles e aquelas que atuam nos movimentos sociais, ou seja, não deve ser uma tarefa exclusivamente relegada aos negros e negras da classe trabalhadora.
Para situar-nos historicamente e apontar para táticas de enfrentamento aos desafios colocados estrutural e conjunturalmente para o povo negro e a classe trabalhadora como um todo, precisamos destacar alguns fragmentos do trajeto que percorremos até chegar aqui.
Há quatro décadas o Movimento Negro experimentou um processo de radicalização das lutas, acompanhando o ascenso do movimento dos trabalhadores no anos finais da ditadura, entre a década de 70 e 80 com a fundação do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNUDR) – posteriormente se tornaria o MNU, atual Movimento Negro Unificado – que, ao se organizarem para manifestar a indignação contra a violência policial sobre a população negra, formularam diversas reivindicações de direitos extremamente importante para a reprodução da vida da população negra, assim como a denúncia do mito da democracia racial. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

'Brasil mergulhou na ignorância e mediocridade com Bolsonaro', diz Pasquale



 
© Zé Paulo Cardeal/TV Globo
CORREIO BRAZILIENSE - Ana Carolina Mendonça*/Estado de Minas


O professor de gramática e colunista da rádio CBN e do sistema Globo, Pasquale
Cipro Neto, criticou duramente o governo Bolsonaro em vídeo divulgado nas redes sociais. 

O vídeo fazia parte de um evento que ele participou em Lisboa, Portugal. De acordo com Pasquale, Jair Bolsonaro mergulhou o “Brasil de cabeça na ignorância, no obscurantismo, na mediocridade e o resultado disso é imprevisível”. O professor ainda fez várias críticas ao ministro da Educação, Abraham Weintraub. Pasquale chamou o ministro de iletrado e propôs um exercício para a plateia, onde ele questionou se em um governo petista as falas e tuítes de Weintraub seriam consideradas normais.

“É uma usina que não tem freio, próximo ao descalabro. E com o incentivo que há hoje com a grosseria. O ministro da Educação é um iletrado. Iletrado. E fica por isso mesmo. Imagina se alguém de algum governo do PT tivesse dito uma, uma só, ou escrito, uma só, das pataquadas que esse indivíduo fala ou escreve. Imagine o que teria acontecido”, diz.

Para Pasquale, Bolsonaro e Weintraub causam um “pandemônio” no Brasil. “Pandemônio. Fim do mundo. O sujeito toda vez que se manifesta revela que é um iletrado. E por aí vai. É só incentivo à brutalidade, à violência, ao assassinato, ao crime, à invasão, à grosseria.”

Ele ainda citou a disputa interna do PSL, partido que elegeu Jair Bolsonaro como presidente da República. “Um baixo nível. Você agora vê os caras do PSL se matando, o que eles dizem um para o outro. Um palavreado. São bárbaros. Tá feio o trem, como se diz em Minas."


Netanyahu é denunciado por fraude e propina em Israel




PODER 360 - Deutsche Welle

© picture-alliance/AP Photo/A. Sultan No poder desde 2009, Netanyahu é o premiê mais longevo da história de Israel – e o primeiro a ser denunciado no exercício do cargo.

O procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, apresentou nessa 5ª feira (21.nov.2019) denúncia criminal contra o primeiro-ministro em exercício Benjamin Netanyahu por fraude, recebimento de propina e abuso de confiança no âmbito de três inquéritos de corrupção.

As denúncias aumentam a incerteza sobre quem irá liderar o país, que segue mergulhado num profundo impasse político depois da realização de duas eleições que terminaram sem vencedor claro, dificultando a formação de coalizões de governo. É a primeira vez que um premiê israelense é acusado de um crime durante o exercício do cargo. Netanyahu, que negou irregularidades nos 3 casos, não tem obrigação legal de renunciar, mas há a expectativa de que ele se demita do cargo de premiê. No poder
desde 2009, ele é o premiê a ficar mais tempo no cargo. 

Após a denúncia ser divulgada, Netanyahu afirmou que as acusações são uma “uma tentativa de golpe
de Estado contra um premiê em exercício”O premiê pode enfrentar até dez anos de prisão se for condenado por suborno e um prazo máximo de três anos por fraude e abuso de confiança. As investigações se estenderam por três anos e nos últimos meses vinham criando dificuldades políticas para Netanyahu, afastando potenciais aliados na formação de um governo estável.

De acordo com a denúncia, Netanyahu aceitou centenas de milhares de dólares em champanhe e charutos de amigos bilionários e de ter beneficiado empresários em troca de cobertura favorável ao seu governo em um jornal e um site de notícias. As acusações mais sérias estão conectadas ao chamado “Caso 4000”, em que Netanyahu é acusado de aprovar leis que deram ao seu amigo, o magnata das telecomunicações Shaul Elovitch, benefícios no valor de 250 milhões de dólares à sua empresa Bezeq. Em contrapartida, o site Walla – uma subsidiária da Bezeq – publicou artigos favoráveis sobre Netanyahu e sua família.

A relação, segundo a acusação, era “baseada em um entendimento mútuo de que cada um deles tinha interesses significativos que o outro lado tinha capacidade de avançar”. A Justiça também acusou Netanyahu de esconder o relacionamento fornecendo “informação parcial e enganosa” sobre suas conexões com Elovitch. Dois auxiliares de Netanyahu viraram testemunhas do Estado e testemunharam contra o premiê no caso.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Polícia apura ligação de Carlos Bolsonaro ao caso Marielle, diz jornalista


                                                              Poder360
 
© Caio César/CMRJ - Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio de Janeiro 

Carlos Bolsonaro (PSC) e Marielle Franco (Psol) viviam sob discussões. 

Diante das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol), a Polícia Civil do Rio de Janeiro atua, “com cautela”, com a hipótese do envolvimento do filho do presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), no caso. A informação foi divulgada pelo jornalista Kennedy Alencar, na rádio CBN, nesta 4ª feira (20.nov.2019).
Marielle e seu motorista Anderson Gomes foram mortos a tiros em 14 de março de 2018, na região central do Rio. O caso está a 616 dias sem solução. 

Dois suspeitos da execução foram presos: o sargento da Polícia Militar reformado Ronnie Lessa, acusado de ter feito os disparos; e o ex-policial militar Elcio Queiroz, acusado de ter dirigido o carro. Segundo o jornalista, a nova linha de investigação aponta que Carlos Bolsonaro teria uma relação próxima a Ronnie Lessa.

A polícia atua com base no “clima de hostilidade”, segundo o jornalista, que havia entre Carlos Bolsonaro e Marielle. Os 2 vereadores chegaram a ter uma discussão forte na Câmara Municipal do Rio e Carlos recusava-se a usar o mesmo elevador que Marielle.
Poder360 tenta contato com Carlos Bolsonaro para se posicionar sobre as informações.
Em 26 de abril de 2018, Carlos chegou a depor à Polícia Civil do Rio sobre briga que teve com assessor de Marielle nos corredores da Câmara Municipal, segundo informou o Uol

Em seu depoimento, o vereador afirmou que o assessor dava entrevista a uma emissora espanhola e o chamou “fascista” quando ele passava pelo corredor. Carlos declarou que questionou o funcionário sobre o motivo da agressão verbal. Ainda segundo o vereador, a própria Marielle “intercedeu para acalmar os ânimos, encerrando a discussão”.

O vereador disse ainda que mantinha 1 relacionamento “respeitoso e cordial” com Marielle, apesar das divergências políticas. Afirmou ter ficado sabendo do assassinato da vereadora pela imprensa. A hipótese vem em meio a informação de que Élcio de Queiroz foi ao condomínio Vivendas da Barra, onde Bolsonaro tem uma casa, ao menos 12 vezes de janeiro a outubro de 2018, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, que teve acesso às planilhas de entrada e saída do condomínio.

A planilha veio ao foco das investigações depois de 1 dos porteiros do condomínio mencionar o nome do presidente Jair Bolsonaro em 1 dos depoimentos. Segundo o porteiro, Élcio de Queiroz teria interfonado à casa de Bolsonaro no dia do crime, mas na verdade visitou a casa do ex-policial Ronnie Lessa, acusado de ser autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson. Ele disse ainda que a entrada de Élcio foi autorizada por alguém cuja voz julgou ser de Bolsonaro. O depoimento foi revelado em reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, em 29 de outubro.

Em 2 de novembro, Bolsonaro afirmou que pegou a gravação das ligações da portaria para evitar adulteração no conteúdo. Partidos da oposição e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) entraram com ação no STF contra o presidente, o acusando de obstrução de Justiça. aparição do então deputado federal Jair Bolsonaro num vídeo da TV Câmara, às 20h05, em sessão de 14 de março de 2018, dia em que a vereadora Marielle e seu o motorista foram assassinados, praticamente enterra a possibilidade do atual presidente ter atendido o interfone de seu condomínio naquela data. A única chance é se tiver usado serviço de atendimento remoto.

Em 6 de novembro, a Polícia Federal no Rio de Janeiro abriu inquérito para apurar se houve falso testemunho no depoimento do porteiro que citou o nome do presidente Jair Bolsonaro aos investigadores do caso. Nessa 3ª feira (19.nov.2019), o porteiro depôs novamente para esclarecer a menção do presidente nas investigações. Corrigiu sua versão inicial e disse ter lançado errado o registro de entrada de Élcio Queiroz. A Polícia Federal do Rio ainda não sabe se o porteiro se confundiu ou se foi pressionado a citar “seu Jair” em seus depoimentos anteriores – e, se houve pressão, de quem teria sido.

OUTRA LINHA DE INVESTIGAÇÃO

Outra  hipótese que está sob investigação é de que o conselheiro afastado do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), Domingos Brazão, seria o mandante do assassinato da vereadora. Antes de deixar o cargo de procuradora-geral da República, Raquel Dodge apresentou em 25 de outubro a denúncia ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). [Domingos Brazão] arquitetou o homicídio da vereadora Marielle Franco e, visando manter-se impune, esquematizou a difusão de notícia falsa sobre os responsáveis pelo homicídio”, disse a então procuradora-geral.


quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Fux libera tramitação de processo ao qual responde Deltan Dallagnol no Conselho Nacional do MP

Ministro havia determinado suspensão de processo disciplinar. Próxima sessão do conselho está marcada para a próxima terça-feira (26.11.2019).


O procurador Deltan Dallagnol — Foto: Reprodução / TV Globo
            
Por Mariana Oliveira, TV Globo — Brasília


O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou nesta terça-feira (19) o prosseguimento de um dos processos disciplinares aos quais responde o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná.

O processo tramita no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Dallagnol é acusado de falta disciplinar por ofensas a ministros do Supremo. Na semana passada, Fux havia determinado que o conselho retirasse o caso da pauta de julgamentos. O ministro considerou que faltavam informações sobre os procedimentos do CNMP, e, como o julgamento estava previsto para o dia seguinte, ordenou que não fosse analisado até nova determinação do STF.

A nova decisão foi tomada após o gabinete do ministro ter recebido novas informações depois da decisão. Um dos argumentos do conselho é que, se o processo disciplinar não for julgado neste ano, pode haver prescrição, ou seja, impossibilidade de punição - se essa for a decisão da maioria dos conselheiros. A próxima sessão do CNMP será na próxima terça-feira (26). Fux considerou que há "risco ao resultado útil do processo".

O processo disciplinar foi aberto a pedido do presidente do STF, Dias Toffoli, por suposta manifestação indevida em entrevista à rádio CBN. Na entrevista, Deltan Dallagnol criticou ministros do Supremo pela retirada de depoimentos da Odebrecht do Paraná e envio à Justiça de Brasília.

Ele afirmou à rádio que os ministros que votaram a favor da decisão formavam uma “panelinha” e mandavam uma mensagem “muito forte de leniência a favor da corrupção”. Dallagnol argumentou que há uma série de ilegalidades nos procedimentos adotados pelo CNMP. Uma delas seria o chamado "bis in idem", quando alguém é alvo de dois processos sobre o mesmo tema.

Conforme a defesa, o Conselho Superior do Ministério Público Federal, órgão administrativo do MPF, já arquivou apuração sobre os mesmos fatos que agora estão sob análise no CNMP, órgão da área disciplinar de todo MP. Entre as punições que Dallagnol pode receber estão advertência, censura, suspensão e demissão.

Há duas semanas, Fux havia atendido a pedido do CNMP para autorizar a retomada do processo, suspenso pela Justiça Federal do Paraná. Ele considerou que somente o Supremo poderia suspender um procedimento do conselho. Deltan Dallagnol acabou entrando com uma nova ação no Supremo, apontando ilegalidades e pedindo a paralisação do caso - ele foi atendido.

Além desse caso, Dallagnol responde a outros dois processos disciplinares. Um foi pedido pela senadora Kátia Abreu (PDT-TO) e há maioria no conselho pelo arquivamento do caso. Ela acusou Deltan de falta funcional por compartilhar nas redes sociais uma reportagem com dados sigilosos sobre suposta prática de caixa 2 pela senadora.

Outro caso na pauta foi apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), que questiona Deltan Dallagnol por mensagens em uma rede social. Segundo Renan, Dallagnol fez campanha na internet para atacá-lo, influenciando nas eleições para presidente do Senado em 2018.


Em uma das mensagens, Dallagnol afirmava que, se Renan fosse eleito para a presidência do Senado, projetos contra a corrupção teriam a aprovação dificultada.

No caso sobre Renan Calheiros, a Corregedoria recomendou pena de censura ao procurador. Os dois processos disciplinares estão na pauta da reunião do CNMP na próxima terça-feira.


EM TEMPO: Deltan Dallagnol é o primeiro a ser julgado. Mas, no futuro todos serão julgados: Moro, Bolsonaro e companhia. 



Nova bomba causa pânico em Bolsonaro


Extraído do Blog do  Magno Martins.  
Com edição de Ítala Alves

Uma nova bomba está prestes a explodir no Brasil. De cada dez jornalistas e 10 advogados, todos são unânimes que o alvo é o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As informações são do Blog do Esmael.
O veterano jornalista Ricardo Noblat, da Veja, publicou em seu Twitter um enigmático “Tic, tac, tic, tac…” simulando relógio de uma bomba prestes a explodir a República.
O advogado Eduardo Goldenberg, do Rio, desde a última segunda-feira vem dando “spoleirs” sobre o escândalo que promete fazer tremer o Palácio do Planalto. Ele faz referências aos filhos do presidente Bolsonaro. “Qual dos três filhos de Jair Bolsonaro é o envolvido no escândalo que fará o Palácio do Planalto tremer?”, questiona o advogado.
O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, do site The Intercpet, endossa o suspense ao postar a hashtag #TicTac na matéria em que o ministro Luiz Fux, do STF, atira ao mar o procurador Deltan Dallagnol.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Dossiê Agrotóxico: Morte de 500 milhões de abelhas reacende debate sobre riscos de saúde


                                                                                                                            Yahoo Finanças,
 as imagens
Apicultor protesta em frente ao encontro anual de acionistas da Bayer em Bonn, na Alemanha, em abril de 2019 (Foto: REUTERS/Wolfgang Rattay)

Por Nathan Fernandes (@nathanef)
Até o século 18, os cientistas acreditavam que, como “filhas de chocadeira”, as flores se fecundavam sozinhas. Foi só em 1793 que o botânico alemão Christian Konrad Sprengel observou que as abelhas carregavam pólen de uma flor para outra. Mas só observou mesmo, porque, preso à ideia de autofecundação, ele não percebeu que esse transporte era essencial para a variedade de padrões, cores, néctares e perfumes. Quem notou isso foi um fã seu: Charles Darwin, quem entendeu que toda essa variedade das plantas não passava de uma “artimanha” para atrair os insetos. Era a evolução a serviço da fertilização cruzada. 
Hoje, sabe-se que, além de inspirar animações infantis e fantasias de carnaval, as abelhas são essenciais na polinização da maioria dos ecossistemas do planeta. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), esses insetos são responsáveis por 75% dos cultivos destinados à alimentação humana no mundo. 
Assim, “o que antes era a imagem pitoresca de insetos zumbindo em torno de flores multicoloridas transformava-se, agora [com Darwin], num drama essencial da vida, cheio de significado e profundidade biológica”, como escreveu o neurocientista Oliver Sacks, no livro O Rio da Consciência
Há meses, no entanto, esse “drama essencial da vida” parece estar sendo dirigido por Quentin Tarantino: entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, cerca de 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Análises laboratoriais e laudos técnicos — como o do Laboratório Nacional Agropecuário do Rio Grande do Sul (Lanagro-RS), do Ministério da Agricultura — apontam para a presença de agrotóxicos nas abelhas mortas, no mel, nas crias e nos favos. 
Entre os inseticidas encontrados estão aqueles à base de neonicotinóides e o Fipronil, produto proibido na Europa por conta do risco aos insetos, e responsável por um escândalo alimentar envolvendo seu uso ilegal e ovos de galinha contaminados, em 2017.

Ver as imagens
Rio Grande do Sul é o estado que mais matou abelhas desde 2018 (Infográfico: Renata Miwa)

O roteiro da história dos pesticidas não é tão óbvio para movimentos como o Colmeia Viva, projeto liderado pelo Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) e apoiado por empresas fabricantes de agroquímicos, como Bayer, Basf e Syngenta. Segundo a entidade, “não há registro de mortalidade de abelhas criadas — nem as nativas brasileiras, nem as exóticas — em culturas que utilizam o serviço comercial de polinização”.