Meninos do Flamengo: mais
um crime provocado pela ganância
NÃO FOI FATALIDADE, FOI MAIS UM CRIME
PROVOCADO PELA GANÂNCIA DE QUEM TEM MUITO, CONTRA QUEM QUASE NADA TEM
Foi isso que matou os meninos no alojamento do Flamengo no Rio de
Janeiro.
INTERSINDICAL – INSTRUMENTO DE LUTA E ORGANIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA
Os meninos pobres foram jogados num container cheio de gambiarras
elétricas enquanto muito próximo dali o Flamengo construiu um luxuoso
alojamento em que os pobres meninos, ricos de talento sonhavam em entrar.
Meninos de 14 e 15, 16 anos foram mortos numa tragédia que poderia ter
sido evitada, não fosse o esporte mais uma mercadoria rentável para o capital.
O esporte foi transformado em mais uma fonte de riqueza, onde meninos que
começam a arte de jogar nos campinhos de terra, nos campinhos de várzea nos
grotões da pobreza, são transformados em mercadoria rentável para a indústria
do futebol e seus negócios.
A maioria dos meninos que morreram no Ninho do urubu, alojamento do
Flamengo no Rio de Janeiro vinha de várias regiões do país e além de buscar a
realização de um sonho, buscavam uma vida melhor não só para si, mas para os
seus.
Só quem vive a dura realidade da maioria da população trabalhadora sabe
o que significa para um menino ter tanta alegria em poder com seu
treinamento/trabalho pagar o aluguel de sua avó. Isso não significa nada para
quem se farta nas negociatas do mundo dos negócios do futebol.
O local onde estavam os meninos nem constava no projeto do Flamengo aprovado
pela área de licenciamento e, nos últimos anos, foram mais de 30 autos de
infração, além de pedidos de interdição. O alvará de funcionamento não foi
concedido, pois a direção do Flamengo não apresentou até hoje o certificado do
Corpo de Bombeiros para o funcionamento.
Descaso no cuidado com os meninos e atenção nos negócios fizeram do
Flamengo um dos times mais ricos do país faturando mais de R$600 milhões até o
final do segundo semestre de 2018.
Para o Capital, um jogador de futebol é mais uma mercadoria a ser
vendida. Os meninos, enquanto estão na categoria de base, recebem pouco mais de
um salário mínimo e vivem na maioria das vezes em condições precárias como as
que se escancararam no Centro de Treinamento do Flamengo. Depois serão “vendidos”
pelos Clubes em cifras milionárias, numa carreira curta que vai garantir
longevidade para os lucros da indústria do esporte.
Assistir uma partida de futebol, torcer por um time estão entre as
alegrias das poucas horas de descanso da classe trabalhadora e também esses
espaços são transformados em mercadoria pelo Capital.
Os meninos que estavam buscando o sonho possível nessa sociedade
dividida em classes, foram mortos pela negligência de quem lucra com o esporte
e pela convivência dos governos de plantão, enxergar isso é o primeiro passo
para transformar mais essa dor em revolta e movimento.
Duas semanas de tragédias provocadas pelo Capital: A Vale matou em
Brumadinho, a indústria do esporte matou os meninos no CT do Flamengo, o
descaso e a repressão estatal mataram no Rio de Janeiro nas enchentes e na
invasão dos morros. Todas essas mortes não são fatalidades ou obras do destino,
todas essas mortes seriam evitadas se a escolha fosse a vida e não o lucro.
Não vamos esquecer e nem perdoar, está mais do que na hora de vingar
nossos mortos fortalecendo a luta do conjunto daqueles que sofrem no dia a dia
a opressão e a exploração.
Publicado
em 11 de fevereiro de 2019
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