INTERNACIONAL

Todo repúdio ao golpe fascista na Bolívia!
10 de novembro de 2019

Nota Política do Partido Comunista Brasileiro – PCB

A recém anunciada renúncia do Presidente Evo Morales foi o reflexo direto de um golpe de Estado, na forma de um movimento promovido pelos setores oligárquicos e pela direita boliviana, com o claro apoio do imperialismo estadunidense. 
Acusando supostas fraudes na eleição, a oposição insuflou setores conservadores e de alta renda da população e canalizou insatisfações localizadas para atacar as conquistas do povo boliviano, que, ao longo dos três mandatos anteriores concedidos pelo voto popular a Evo, apoiados vigorosamente pelos movimentos sociais organizados e em luta, obteve significativas melhorias nas condições de vida, com destaque para os segmentos de baixa renda e as comunidades indígenas. Houve ainda importantes avanços nas liberdades democráticas, com incentivo à maior participação popular e justiça social, buscando superar processos históricos anteriores marcados por sucessivas ditaduras militares a serviço dos interesses oligárquicos e imperialistas.
O Partido Comunista Brasileiro denuncia e repudia veementemente o golpe operado no Estado Plurinacional da Bolívia. Evo Morales havia sido reconduzido democraticamente ao comando da Nação, no primeiro turno da última eleição presidencial. Repudiamos o motim da polícia e os ataques fascistas e racistas às comunidades indígenas, que incluíram a queima de residências por parte dos grupos reacionários, os quais ignoraram solenemente a postura de Evo Morales, que buscou o diálogo político entre o governo e as oposições e chegou a apresentar a proposta de realização de novas eleições gerais precedidas de uma renovação total dos organismos eleitorais, tentando assim evitar a generalização dos confrontos violentos no país. Mais uma vez na história se comprova que, no trato com o fascismo, o diálogo é inútil.
O PCB entende que se faz necessária a mais forte mobilização dos movimentos populares, das organizações sindicais, das comunidades indígenas e do conjunto das trabalhadoras e dos trabalhadores bolivianos para, mantendo-se organizados e atuantes, seguir adiante na luta contra as oligarquias e o grande capital, que desejam destruir os avanços conquistados na organização popular, derrotar a soberania do país, fazer retroceder os direitos sociais para poderem superexplorar os trabalhadores. Externamos todo o nosso apoio ao povo boliviano na luta pela emancipação plena frente aos ditames do capitalismo, à sanha do imperialismo e das grandes empresas internacionais, que querem a privatização, em favor de seus lucros, das reservas e dos direitos de exploração de riquezas minerais da Bolívia.
Conclamamos as forças democráticas, progressistas e de esquerda latino-americanas e mundiais a manterem-se articuladas no apoio às organizações e aos movimentos populares bolivianos em sua luta pelos direitos sociais e pela soberania da Bolívia. Entendemos que a evolução do processo boliviano, assim como o de outras experiências reformistas/progressistas recentes ou em curso na América Latina, deixam claros os seus limites de avanço nos marcos do capitalismo e da democracia burguesa, impondo a necessidade de afirmar, como centro da luta política, a construção revolucionária do Poder Popular no rumo do Socialismo. 
Alberto Fernández é eleito presidente da Argentina
Yahoo Notícias, 27 de outubro de 2019
Foto: AP/Natacha Pisarenko
Os argentinos foram às urnas neste domingo (27) para escolher um novo presidente. E o candidato peronista de centro-esquerda Alberto Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, venceu as eleições presidenciais do país, com 83% das urnas apuradas e com 47% dos votos.

Fernández disputou a eleição contra o liberal de direita Mauricio Macri, que buscava a reeleição e ficou com 41% dos votos. O atual presidente já havia sido derrotado nas eleições primárias de 11 de agosto. Na ocasião, o peronista teve 49,49% dos votos válidos.

Para vencer no primeiro turno das eleições argentinas, o candidato precisa ter 45% dos votos ou 40% com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
Com o resultado, Fernández, um advogado de 60 anos, assumirá em 10 de dezembro a Presidência de um país mergulhado em uma grave crise econômica.
Começa agora um novo rumo na relação da Argentina com países vizinhos e com o mundo. Alberto Fernández, que havia enfrentado verbalmente o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, chamando-o de “racista, misógino e violento” e também pedido a libertação de Lula, mudou de tom ao longo da campanha.
Em mais de uma ocasião, depois disso, disse que não falaria mais sobre Bolsonaro nem responderia a provocações.
Na tarde deste domingo, o kirchnerista publicou uma foto no Twitter em que faz a letra L com as mãos, símbolo do movimento Lula Livre, e parabenizou o ex-presidente brasileiro pelo aniversário de 74 anos completados neste domingo.
"Também hoje faz aniversário meu amigo Lula, um homem extraordinário que está injustamente preso faz um ano e meio", escreveu Fernández. "Parabéns pra você, querido Lula. Espero te ver em breve."
Ainda que não estejam claras as linhas de sua política econômica e nem sequer tenha escolhido um ministro para a área - os mais cotados são Matias Kulfas e Roberto Lavagnan -, Fernández já definiu outros pontos.
Será contra uma nova legislação de flexibilização do trabalho, que Macri tentava aprovar no Congresso. Contrariando o FMI, será a favor da volta de alguns subsídios, da renegociação dos prazos da dívida de US$ 57 bilhões com o Fundo e da revisão do acordo do bloco com a UE.
Com relação a esse acordo em particular, Fernández já afirmou tratar-se de “uma carta de intenções”, que o atual governo teria usado para se autopropagandear.
Segundo um assessor econômico do candidato, Fernández considera que precisa ver esse acordo para que sejam retirados itens que possam prejudicar a produção nacional.
Fernández diz ser a favor da abertura de mercados, porém, “desde que não custe o trabalho dos argentinos”. Espera-se, portanto, que sua política econômica seja menos protecionista do que a da gestão de sua vice, Cristina Kirchner, mas mais protecionista do que a de Mauricio Macri.
*Com Folhapress e AFP

EM TEMPO: A vitória eleitoral da centro-esquerda argentina, as mobilizações de massa acontecidas no Equador e no Chile, a possível derrota de Trump nos EUA e de Netanyahu em Israel, é sinal que novos ventos soprarão contra o governo Bolsonaro, entreguista e agressor do meio ambiente.  


Solidariedade aos levantes populares na América Latina e no Caribe!
25 de outubro de 2019


Comissão Política Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) manifesta com entusiasmo sua solidariedade militante a todos os povos da América Latina e Caribe que neste momento se levantam aos milhões contra o desastre neoliberal que vem sendo implantado há décadas em nossa região.

Ao mesmo tempo, protestamos com indignação contra a repressão selvagem realizada pelos governos subservientes ao imperialismo e que buscam dobrar a insubordinação popular com a brutalidade policial, a barbaridade contra a população, que inclui espancamentos generalizados, gás lacrimogêneo, gás de pimenta, balas de borracha e munição letal, o que vem resultando num verdadeiro banho de sangue com dezenas de mortos e milhares de feridos em vários países.
Os levantes populares que acontecem atualmente significam, ao mesmo tempo, o colapso da política neoliberal em nossa região, bem como uma reação do povo trabalhador contra anos de massacre aos direitos básicos, o que inclui a privatização dos bens públicos necessários à vida, como água, luz, saúde, educação, previdência, transporte, saneamento, telefone, aposentadorias, levando ao aumento brutal do custo de vida.
Esta política vem acompanhada do desmantelamento das leis trabalhistas, promovendo salários miseráveis, além de favorecer a ampliação da corrupção nas altas esferas das classes dominantes, fenômeno estrutural do capitalismo. Tudo isso está sendo realizado para privilegiar e encher os bolsos dos empresários, banqueiros, do agronegócio, da oligarquia financeira e dos milionários em geral. Trata-se de uma classe dominante arrogante, autoritária e truculenta com o próprio povo de seus países, mas profundamente servil aos interesses do imperialismo.
A ação imperialista em nosso continente se traduz ainda no aumento da presença militar dos Estados Unidos na região, buscando pôr em prática seus planos de exploração econômica e cooperação militar articulados com os governos subservientes a esta política. A recente ativação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) representa um passo ameaçador na preparação das condições para uma agressão militar, sob a máscara de uma aliança regional.
Para cumprir os objetivos econômicos de controlar recursos energéticos, a biodiversidade, a água, o petróleo e diversas outras riquezas naturais que o continente possui, a administração Trump promove ações de todo tipo com a intenção de provocar a desestabilização e a derrubada dos governos de Cuba Socialista, da Venezuela, Nicarágua e Bolívia, os quais, com suas especificidades políticas e sociais, representam obstáculos às pretensões e aos interesses imperialistas.
As rebeliões populares, em geral ainda espontâneas em sua grande maioria, também significam que os trabalhadores e trabalhadoras não só estão perdendo a paciência contra a barbárie neoliberal, como prenunciam um novo ciclo de lutas na América Latina e Caribe contra o imperialismo, os altos ganhos das classes dominantes e a destruição dos direitos e garantias, com o rebaixamento dos salários e das condições de vida da população.
Os levantes apontam para a possibilidade de avançar na busca de um novo rumo para a nossa região, baseado no poder popular. A fúria do povo demonstrada nas rebeliões do Equador, do Haiti, de Porto Rico, a recente insurreição popular no Chile, que era considerado o paraíso neoliberal das Américas, as manifestações populares no Uruguai, na Colômbia, em Honduras, no Panamá e na Costa Rica demonstram que as placas sociais tectônicas começam a se mover em outra direção.
A resistência do povo trabalhador está demonstrando ainda que o medo está mudando de lado e levando pavor às classes dominantes, acostumadas a esmagar as reivindicações populares com a repressão policial, a perseguição política, ou afastar dirigentes políticos que não rezam por sua cartilha com os golpes jurídico-parlamentares, as farsas judiciais, a demonização pública, os boicotes, sanções políticas, econômicas e sociais visando dobrar pela fome os povos em luta.
Esse conjunto de manobras e manipulações parece que está se esgotando porque os trabalhadores e trabalhadoras estão se cansando da farsa neoliberal e se mostram dispostos à luta de todas as formas para mudar a vida em nossa região. A repressão generalizada, que antes sufocava as reivindicações populares, agora aumenta a fúria dos povos, que enfrentam de forma cada vez mais destemida a brutalidade policial, impondo derrotas importantes a esses governos reacionários.
Gostaríamos também de advertir ao presidente Bolsonaro que não adianta tentar amedrontar ou intimidar a população brasileira, ordenando o monitoramento dos movimentos sociais e partidos políticos e prometendo utilizar as forças armadas em caso de manifestações populares em nosso país. Não se engane: quando os trabalhadores, a juventude e a população pobre dos bairros e periferias decidem lutar por sua emancipação e mudar o rumo da vida, não tem força militar no mundo capaz de derrotá-la, apesar da brutalidade da repressão e do sacrifício que tenha que ser feito no curso da luta. Afinal, vocês são poucos, nós somos milhões.
Comissão Política Nacional do PCB


Tirem as mãos da Síria!
17 de outubro de 2019



TKP – PARTIDO COMUNISTA DA TURQUIA

Há cerca de oito anos, começaram as manifestações antigovernamentais na Síria. Essas manifestações logo se transformaram em um levante armado e confrontos em certas cidades. Então, juntamente com o envolvimento de forças estrangeiras, começaram a guerra civil e a ocupação das potências imperialistas lideradas pelos EUA.
Naquela época, os planos do imperialismo estadunidense para o Oriente Médio estavam em vigor. O governo do AKP (Turquia) estava mais do que ansioso por desempenhar o papel de ator principal nesses planos. Os Estados Unidos e o AKP começaram a armar e treinar vários grupos contra o governo de Assad, na Síria. A OTAN, a MIT (Agência Nacional de Inteligência da Turquia) e a CIA se reuniram na Síria. Gangues jihadistas foram equipadas com as armas mais modernas. Exércitos foram estabelecidos além dessas gangues. A Turquia assumiu a responsabilidade pelo treinamento desses exércitos. Como se isso não bastasse, foram realizadas reuniões em Antália e Istambul com os representantes dessas quadrilhas. Os membros das gangues receberam salários da Turquia. 
O AKP, além de interferir nos assuntos internos do nosso vizinho, a Síria, assumiu o papel de provocar diretamente uma guerra civil naquele país. No entanto, o processo não se desenrolou como previsto pelos EUA e pelo AKP. O povo da Síria resistiu contra a ocupação imperialista e as gangues reacionárias.
Por outro lado, o povo da Síria pagou um preço muito alto nesses oito anos. A Síria perdeu centenas de milhares de membros de seu povo. Milhões foram deslocados. Foram submetidos à escuridão medieval em meados do século XXI. Em algumas regiões, os moradores foram submetidos à barbárie e ao fanatismo mais selvagens.
AKP COMETE UM CRIME HÁ OITO ANOS
A Síria ainda está sob ocupação e é um estado dividido. Gangues jihadistas e suas forças armadas ainda estão aterrorizando certas regiões.
O AKP está cometendo um grande crime nos últimos oito anos. O AKP desconsidera a soberania de outro país e abertamente financia, treina gangues separatistas e jihadistas e as transforma em forças armadas dentro da Síria.
O governo do AKP, juntamente com os EUA, são os principais criminosos por trás da tragédia humana na Síria. Esse crime, no qual embarcaram juntos em nome da liberdade do povo sírio, abriu uma enorme ferida que não pode ser curada há anos, não apenas na Síria, mas em toda a região.
AKP E EUA SÃO PARCEIROS NA AÇÃO CRIMINOSA NA SÍRIA
Nem o governo do AKP, nem os EUA, nem qualquer outra força imperialista podem trazer paz ao povo da Síria.
É evidente que a retórica de paz e liberdade daqueles que confiam nas forças imperialistas, que veem a solução em conceitos como governo autônomo, localidade, regionalismo, nada mais é do que o produto de estratégias imperialistas para dividir o povo. Aqueles que confiam nesse ou naquele nacionalismo agem de forma fútil.
A decisão por um futuro pacífico e próspero pertence apenas ao povo da Síria. As demandas dos trabalhadores da Síria que resistiram à intervenção imperialista nos últimos oito anos são claras: independência, soberania e integridade territorial.
A operação do AKP hoje contra um país cuja soberania desconsidera, sob o pretexto da segurança da Turquia, é inaceitável. Além disso, o fato de isso ser justificado com a reivindicação do retorno dos sírios deslocados para suas casas não passa de uma grande hipocrisia.
FORÇAS IMPERIALISTAS SÃO A AMEAÇA REAL À NOSSA SEGURANÇA
A ameaça real à segurança de nosso país é a OTAN, são os EUA e as forças imperialistas e aqueles que insistem em colaborar com eles. A paz na Síria só pode ser estabelecida quando todas as forças imperialistas e ocupantes se retirarem da região. São os sírios que podem determinar o futuro da Síria.
Partido Comunista da Turquia – Comitê Central
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
https://www.tkp.org.tr/en/aciklamalar/hands-syria-0


A disputa intraburguesa nos EUA
9 de outubro de 2019



Para o movimento popular, o impeachment oferece um caminho para lugar nenhum
Liberation News
Richard Becker
O aprofundamento do conflito sobre o impeachment do presidente Donald Trump é uma luta entre facções da classe dominante capitalista e seu aparato governamental. A luta é fundamentalmente sobre qual lado exercerá controle sobre o Estado e o governo com todo o poder e riqueza que confere.
O anúncio de um inquérito de impeachment foi feito pela presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, em 24 de setembro. Foi aberto logo após a revelação de que uma denúncia havia sido registrada em relação à ligação telefônica de 25 de julho entre Trump e o presidente da Ucrânia. O denunciante foi posteriormente identificado como um agente da CIA, mas a denúncia é entendida como um produto coletivo de vários agentes de inteligência.
Não existe um lado “progressista” nessa briga. Como foi o caso de Nixon em 1974, a própria estrutura do impeachment concentra toda a atenção no que está acontecendo dentro dos chamados “salões sagrados” do Congresso, relegando os movimentos populares para o lado de fora.
O regime de Trump é flagrantemente racista, sexista, homofóbico, anti-imigrante, antiambiental, antitrabalhista, anti-sem-teto e muito mais. Todos os dias, os asseclas de Trump estão realizando ataques aos direitos populares duramente conquistados e ao próprio planeta.
No entanto, em vez de resistir a esses ataques, a liderança do Partido Democrata no Congresso está concentrando toda a sua energia no impeachment de Trump, com o argumento de que ele solicitou interferência estrangeira nas eleições presidenciais de 2020. Os líderes democratas veem isso como uma espécie de linha de menor resistência e que não exige contestar os interesses corporativos que são representados pelos principais partidos capitalistas e os financiam.
O que realmente aconteceu na ligação
Em um telefonema de 25 de julho com o recentemente eleito presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, Trump primeiro reclama que os países da União Europeia não estão fazendo o suficiente para ajudar a Ucrânia, enquanto os Estados Unidos estão fornecendo apoio. Em seguida, ele sugere que Zelensky ajude na investigação da Crowdstrike, empresa privada de segurança cibernética que informou ao FBI que foram os russos que invadiram os servidores do Comitê Nacional do Partido Democrata em 2016.
Desde que o relatório Mueller foi lançado em agosto de 2019 e concluiu que não havia conluio entre a campanha de Trump-2016 e a Rússia, Trump e o procurador-geral William Barr embarcaram em uma campanha internacional para descobrir as origens do boato de cooperação Rússia-Trump. A transcrição do telefonema de Trump e Zelensky, divulgada pela Casa Branca em 25 de setembro, registra Trump dizendo a Zelensky: “Gostaria que você nos fizesse um favor, porque nosso país passou por muita coisa e a Ucrânia sabe muito sobre isso. Eu gostaria que você descobrisse o que aconteceu com toda essa situação com a Ucrânia, eles dizem Crowdstrike … Acho que você tem um dos seus ricos … O servidor, eles dizem que a Ucrânia tem.”
Depois de perguntar sobre a Crowd Strike, Trump pede a Zelensky para ajudar em uma investigação sobre Hunter Biden e seu pai, o ex vice-presidente Joe Biden. “A outra coisa, há muita conversa sobre o filho de Biden, que Biden interrompeu a acusação [relacionada à corporação que deu a Hunter Biden um assento em seu conselho de administração] e muitas pessoas querem descobrir sobre isso, então o que você puder fazer com o procurador-geral seria ótimo. Biden se gabou de ter parado a promotoria, então se você puder investigar … Parece horrível para mim”.
Os democratas decidiram iniciar um inquérito formal de impeachment contra Trump, na véspera de uma eleição presidencial, com base nessa ligação.
Os democratas não se opuseram quando Trump estava pressionando, intimidando e ameaçando outros chefes de estado a parar de comprar petróleo do Irã ou não reconhecer o governo eleito da Venezuela ou não importar gás natural da Rússia. Mas nos dizem que seu “bullying” em Zelensky constitui um abuso de autoridade intolerável e impensável. É um abuso de autoridade, mas as operações secretas e abertas da administração Obama para derrubar o governo democraticamente eleito na Ucrânia em 2014 também foram.
O pedido de Trump para uma investigação sobre a conduta de Biden na Ucrânia é claramente um abuso de autoridade, mas provavelmente não deve levar à deposição de Trump, impedindo revelações mais explosivas. Se Trump fosse impugnado por uma maioria de votos na Câmara dos Deputados, ele seria julgado perante o Senado. Uma maioria de dois terços, 67 senadores, teria que votar pela condenação. Atualmente, existem 53 senadores republicanos e 47 democratas.
Trump, os Bidens e a Ucrânia
Em sua conversa por telefone com Zelensky, Trump falou no estilo de um governante imperial abordando um assunto colonial. O sujeito bajulou bastante, elogiando generosamente o governante e assegurando-lhe que ele havia ficado na Trump Tower – rede de hotéis da família Trump – quando estava em Nova York.
Como foi que o governo de Kiev, a cinco mil milhas distante de Washington D.C., se tornou dependente dos EUA?
A resposta real, totalmente ausente da cobertura da mídia, é uma acusação grave de Biden e outros agentes do aparato de segurança nacional durante o governo Obama por crimes na Ucrânia que excederam em muito os “conflitos de interesse” ou o bullying.
Em fevereiro de 2014, o pessoal do Departamento de Estado trabalhou em conjunto com elementos fascistas e da direita para derrubar o presidente eleito da Ucrânia, Viktor Yanukóvytch, depois de meses de manifestações cada vez mais violentas em Kiev, a capital ucraniana. O “crime” de Yanukóvytch foi tentar manter uma posição neutra entre a Rússia e as potências imperialistas ocidentais, uma posição que era inteiramente inaceitável para Washington.
Os Estados Unidos estavam tentando continuar a marcha para leste da OTAN trazendo a Ucrânia. Muitos países ex-socialistas da Europa Oriental e repúblicas soviéticas já haviam sido incorporados à aliança liderada pelos EUA, mas a adição da Ucrânia teria sido de particular importância, colocando as bases e mísseis da OTAN nas proximidades do coração ocidental da Rússia.
O comandante dos EUA na operação de mudança de regime era a Secretária de Estado Assistente Victoria Nuland, trabalhando em estreita colaboração com o embaixador dos EUA na Ucrânia, Geoffrey Pyatt. Nuland vangloriava-se abertamente de que os Estados Unidos haviam gastado 5 bilhões de dólares levando a “democracia” para a Ucrânia. Nomeado para supervisionar o golpe e suas consequências em nome do presidente Obama, não era outro senão seu vice-presidente, Joe Biden.
A seguir estão trechos de uma ligação telefônica entre Nuland e Pyatt, algumas semanas antes do golpe ocorrido em 24 de fevereiro de 2014. O assunto da ligação era quem Washington estava selecionando para ser o novo líder da Ucrânia após o golpe planejado.
Victoria Nuland: O que você acha?
Geoffrey Pyatt: Acho que estamos no caminho. A peça Klitschko [Vitaly Klitschko, um dos três principais líderes opositores] é obviamente o elétron complicado aqui. Especialmente o anúncio dele enquanto deputado candidato a Primeiro Ministro, e você viu algumas de minhas anotações sobre o problema do casamento agora, então estamos tentando fazer uma leitura rápida de onde ele está nessa coisa toda. Mas eu acho que o seu argumento para ele, que você precisará fazer, eu acho que é a próxima ligação que você precisará fazer, é exatamente a que você fez para Yats [Arseniy Yatseniuk, outro líder da oposição]. E eu estou feliz que você o colocou no lugar no qual ele se encaixa nesse cenário. E estou feliz que ele tenha dito o que ele disse como resposta.
Nuland: Bom. Eu não acho que o Klitsch deveria estar no governo. Eu não acho que é necessário. Não acho que é uma boa ideia.
Pyatt: Sim, eu acho… em termos dele não estar no governo, só deixa ele fora fazendo a lição de casa política e tal. Eu só estou pensando em termos do processo avançando, nós queremos manter os democratas moderados juntos. O problema vai ser Tyahnybok [Oleh Tyahnybok, o outro líder opositor, neonazista] e seus caras, e tenho certeza que é dessa a parte que o [presidente Víktor] Yanukóvytch está calculando tudo isso.
Nuland: Eu acho que o Yats [Arseniy Yatskeniuk] é o cara que tem a experiência econômica, a experiência de governar. Ele é… o que ele precisa é Klitsch e Tyahnybok do lado de fora. Ele precisa falar com eles quatro vezes na semana, sabe. Eu só acho que Klitsch ser colocado ao mesmo nível de trabalho de Yatseniuk não vai funcionar.
Quanto à tentativa da União Europeia, um “aliado” dos EUA para negociar o fim do impasse em Kiev, Nuland diz: “Foda-se a UE”.
Após o golpe e com o apoio dos Estados Unidos, Yatseniuk realmente se tornou o novo presidente da Ucrânia.
Biden continuou a desempenhar um papel fundamental no país após o golpe. Em agosto de 2016, ele descreveu para a revista Atlantic como ele havia removido o equivalente ao Procurador-Geral do país um ano antes:
“Ele descreveu, por exemplo, uma reunião com o presidente ucraniano Petro Poroshenko – a quem ele chama de ‘Petro’ – em que instou Poroshenko a demitir um promotor geral corrupto ou ver a retirada de um empréstimo prometido de 1 bilhão de dólares à Ucrânia. “Petro, você não vai receber seu bilhão de dólares”, lembrou Biden. ‘Tudo bem, você pode manter o procurador-geral. Entenda: não pagaremos se você o fizer’. Poroshenko demitiu o funcionário”.
Apenas alguns meses após o golpe de 2014, o filho de Biden, Hunter, foi incorporado ao conselho de administração de uma grande empresa de gás ucraniana, Burisma, na qual ele “colaborou” pelos próximos cinco anos. Apesar de não ter experiência no setor de energia nem na Ucrânia, Hunter Biden recebeu 50 mil dólares por mês. Ele renunciou ao cargo quando seu pai anunciou sua candidatura presidencial em 2018.
À medida que a crise de impeachment se aquece, o governo Trump e os democratas estão acusando uns aos outros de corrupção. Ambos os lados estão certos.
Assim como as audiências de impeachment de Nixon em 1974 transformaram segregacionistas como o senador Sam Ervin da Carolina do Norte em heróis liberais, as audiências de impeachment de Trump já estão tendo o mesmo efeito. Agora, os reacionários estão sendo elevados, como o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, um firme defensor de Israel, da guerra do Iraque, da guerra dos EUA e Arábia Saudita no Iêmen, do bloqueio e da proibição de viagens a Cuba, CIA, NSA etc. A improvável (salvo novas revelações explosivas), condenação de Trump traria o político de extrema-direita, Mike Pence, à presidência.
Para o movimento popular, o impeachment oferece um caminho a lugar nenhum.
Fonte: https://www.liberationnews.org/impeachment-road-map-to-nowhere/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)


Equador: insurreição contra o pacote neoliberal
10 de outubro de 2019



Grupo de indígenas entra em Quito. Cerca de 20 mil rumaram para a capital. 

Presidente que traiu o mandato, para somar-se aos EUA e FMI, foge da capital para Guayaquil. Dezenas de milhares de indígenas chegam a Quito. Nas ruas, população enfrenta Estado de Emergência e centenas de prisões
Outras Palavras
Por Antonio Martins
Os protestos da população do Equador, contra um pacote de medidas neoliberais imposto pelo governo e FMI, assumiram caráter semi-insurrecional nesta segunda-feira (7/10). Em Quito, multidões continuaram desafiando o Estado de Emergência e a prisão de mais de 500 pessoas. A greve geral nos transportes prosseguiu. Além disso, centenas de vias continuam interrompidas, há protesto permanente nas ruas e houve tentativa de tomar a sede do Legislativo. A revolta tomou as ruas das principais cidades do país desde quinta-feira (2/10), quando o Executivo anunciou um vasto leque de ações. O aumento (de 123%) preço dos combustíveis, com a retirada de subsídios, é apenas a mais vistosa delas. O pacote inclui uma contrarreforma trabalhista (bastante semelhante à vivida pelo Brasil em 2018), privatizações generalizadas e cortes dos gastos sociais.
População, nas ruas, desafia Estado de Emergência e mais de 500 prisões
O presidente Lenin Moreno fugiu à tarde, do palácio de Carondelet, que estava cercado, e rumou para a cidade portuária de Guayaquil, onde está. Num pronunciamento em rede de TV – ladeado simbolicamente pelo ministro de Defesa e chefes militares, além de seu vice – acusou os que se manifestam de “vandalismo” e “golpe”.
Mas seu principal pesadelo se concretizou. Cumprindo o que havia anunciado na sexta-feira, a Confederação Nacional Indígena do Equador (Conaie) começou a mobilizar dezenas de milhares de indígenas para a capital – repetindo processo idêntico ao que levou à deposição de quatro presidentes, entre 1997 e 2005. Jaime Vargas, líder da organização, anunciou que 20 mil pessoas estavam rumando para Quito – muitas delas em carrocerias de caminhão.
Na Amazônia equatoriana, manifestantes ocuparam as instalações do campo petrolífero de Sacha, interrompendo sua produção de 70 mil barris por dia – cerca de 15% da extração total do país. Os indígenas também retiveram – para em seguida liberar, pacificamente, 50 soldados, que haviam sido interceptados.
Lenin Moreno foi eleito no rastro da “Revolução Cidadã” de seu antecessor, Rafael Correa. Porém, contrariou seu programa desde o primeiro dia de mandato e aproximou-se, em especial, dos Estados Unidos. Reverteu as políticas de resgate dos direitos sociais – culminando agora com o pacote ultracapitalista. Cancelou o asilo político a Julian Assange, na embaixada do Equador em Londres, e o entregou à polícia britânica. Apoiou as tentativas de desestabilizar a Venezuela. Retirou Quito da União das Nações da América do Sul (Unasul) e até da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). A quase-insurreição dos equatorianos e a fuga do presidente são mais um sinal da fragilidade de tais políticas, quando eficazmente enfrentadas.


O Novo Plano Condor no Continente
28 de setembro de 2019


IHU – UNISINOS

“Como especialistas em Direito Internacional Público, somos obrigadas a alertar para o grave perigo de reviver o TIAR, bastante em desuso, para dotá-lo de competência criminal e persecutória nas relações interamericanas, em especial no atual contexto das guerras híbridas que abalam a região. 
Destacamos que o uso anômalo, que extrapola os limites da própria finalidade, configura violações contundentes aos princípios basilares do direito internacional”.
O artigo é de Gisele Ricobom, Larissa Ramina e Carol Proner, doutoras em direito internacional, membros da Secretaria de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD, publicado por Jornal GGN, 25-09-2019.
Eis o artigo.

No último dia 11 de setembro, o Conselho Permanente da OEA, por iniciativa da Colômbia, decidiu invocar o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca – TIAR contra a Venezuela sob o argumento de que o governo estaria vinculado ao narcoterrorismo e que abrigaria, treinaria e financiaria os remanescentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e do Exército de Libertação Nacional (ELN).

Menos de duas semanas após, em reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores, foram definidas resoluções a serem implementadas no marco do Mecanismo de Segurança Coletiva, prevendo todas as medidas disponíveis para “investigar, processar, capturar, extraditar e punir” pessoas ou entidades associadas ao regime de Nicolás Maduro por atividades ilícitas de ativos, tráfico de drogas e terrorismo. E ainda, identificar pessoas que exerçam ou tenham exercido funções como altos funcionários do governo da Venezuela, que tenham participado de atos de corrupção ou de violações graves aos direitos humanos.
Como especialistas em Direito Internacional Público, somos obrigadas a alertar para o grave perigo de reviver o TIAR, bastante em desuso, para dotá-lo de competência criminal e persecutória nas relações interamericanas, em especial no atual contexto das guerras híbridas que abalam a região. Destacamos que o uso anômalo, que extrapola os limites da própria finalidade, configura violações contundentes aos princípios basilares do direito internacional.
É certo que o Tratado sempre foi um instrumento de acúmulo hegemônico no continente. Assinado em 1947, trata-se de um acordo ancorado na “doutrina da defesa hemisférica” e na “política da boa vizinhança”, estimulada por Franklin Roosevelt, que atendeu a um duplo sentido: por um lado, inibir a influência da então União Soviética no continente americano e, por outro, projetar a hegemonia militar e política dos Estados Unidos nas Américas.
Fundamentalmente, o TIAR prevê que um ato armado contra qualquer um dos Estados-Parte representa um ataque a todos os países, autorizando uma ação conjunta contra o agressor no exercício do direito de legítima defesa individual ou coletiva, reconhecido pelo Artigo 51 da Carta da ONU. Portanto, para ser acionado, o mecanismo exige um ato de agressão ao território de um dos Estados-Parte ou, ao menos, um caso de agressão à soberania ou à independência política de qualquer Estado-Parte.
Entretanto, há limites para medidas tão extremas. O TIAR prevê que as medidas de legítima defesa poderão ser aplicadas somente até que o Conselho de Segurança da ONU passe a tomar as medidas necessárias para a manutenção da paz e da segurança internacionais. Tais medidas são bem definidas no Tratado e incluem a retirada dos chefes de missão, a ruptura de relações diplomáticas, a ruptura de relações consulares, a interrupção parcial ou total das relações econômicas ou das comunicações e o emprego das forças armadas.
É cristalino, como bem definido no Tratado, que as medidas contemplam ações contra um Estado-Parte e jamais a responsabilização individual dos governantes ou de pessoas e organizações ligadas a um governo. O TIAR tampouco autoriza a criação de mecanismos de cooperação para crimes transnacionais e menos ainda repressão a novos tipos de crime, como é o caso da corrupção elevada à categoria de transnacional e usada como forma de guerra jurídica contra líderes políticos no continente.
É de se destacar, princípio basilar do direito internacional, que o mecanismo de segurança coletiva não permite a ingerência nos assuntos de domínio reservado dos Estados. Ao contrário, tanto a Carta da ONU quanto a da OEA preservam o princípio da não intervenção, mesmo em casos de violações sistemáticas de direitos humanos, crimes de terrorismo, corrupção e dos outros atos invocados pela RC30/RES.1/19, da Reunião de Consulta dos Chanceleres da OEA.
Desde a sua assinatura, o TIAR foi invocado cerca de vinte vezes, mas nunca foi de fato aplicado. A influência dos EUA ficou evidente em 1988, quando a Argentina o invocou para angariar apoio contra o Reino Unido na guerra das Malvinas, momento em que os EUA se negaram a cumpri-lo, permitindo a agressão de uma potência estrangeira contra um país do continente.
Em 2001, após os atentados de 11 de setembro nos EUA, o Brasil, sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso e num gesto de alinhamento com os EUA, invocou o TIAR, mas a iniciativa não recebeu apoio e foi até bastante questionada, demonstrando o desprezo dos países da região pelo obsoleto instrumento de dominação regional.
Não é de se estranhar, portanto, que o TIAR venha a ser resgatado com força no atual momento e com apoio irrestrito do Brasil, em consonância com a política externa vassala e subserviente do governo Bolsonaro. Recentemente, conforme revelado pelo site The Intercept, foram conhecidos os documentos que revelam os planos dos Estados Unidos para o Brasil, um plano de quatro anos para reconstruir a economia do país e abri-la a corporações estrangeiras, via privatizações e parcerias público-privadas, inclusive no setor de petróleo. 
A injeção de dinheiro (48 bilhões de dólares) por intermédio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e as medidas descritas nos documentos favoreceriam a troca de poder na Venezuela, pois a saída da crise permitiria a Guaidó reivindicar a responsabilidade pela assistência internacional, como vem fazendo desde que se autoproclamou presidente.
Com mais de 2,9 bilhões de barris por ano, os Estados Unidos são os maiores importadores de petróleo do mundo. E cerca de 500 milhões de barris são provenientes da Venezuela, cujas reservas são dez vezes maiores que as estadunidenses. Por outro lado, o país é considerado estratégico do ponto de vista logístico, porque o custo de importação é inferior ao do Golfo Pérsico.
Mesmo assim, e apesar do amplo reconhecimento de Juan Guaidó pelos países do Grupo de Lima, os intentos para que ele fosse legitimado e confirmado internamente falharam, justificando a estratégia de afastar o governo de Maduro por intermédio de práticas típicas da Guerra Fria.
O TIAR, como tal, é um tratado obsoleto e marcado pelo autoritarismo de outros tempos, mas que agora passa a ser resgatado como instrumento adicional das guerras híbridas no continente, um espécie de novo Plano Condor. O uso contemporâneo inclui resgatar a narrativa do terrorismo e da agenda da corrupção transnacional como forma de justificar os mecanismos de persecução criminal e combate a governos não alinhados.
Não é por outra razão que a resolução prevê a criação de uma rede, de caráter operacional, com o propósito de intensificar a cooperação jurídica, judicial e policial para investigar atos de lavagem de ativos, tráfico de drogas, terrorismo e a criminalidade organizada transnacional. Nas palavras do suposto chanceler de Guaidó, Julio Borges, a constituição de uma inteligência para investigação contra a corrupção, lavagem de dinheiro e violação de direitos humanos “vai atuar como um corpo único na região”.
A semelhança com o uso do direito para fins políticos não é coincidência. O lawfare, como tem sido denunciado em muitos lugares do mundo, é uma prática ardil do uso do direito para fins geopolíticos e que, no caso do TIAR, também parece operar, utilizando o pretexto da cooperação internacional aos graves crimes transnacionais para legitimar o uso do mecanismo de intervenção armada para além de seus propósitos originais.
Entendemos, portanto, ser urgente denunciar o TIAR por sua iminente ameaça bélica contra a Venezuela, contrariando o princípio da solução pacífica de controvérsias e abrindo um precedente perigoso e irreversível para a paz no continente.
http://www.ihu.unisinos.br/592920-tiar-e-o-novo-plano-condor-no-continente


Maduro diz que está preparado para guerra contra Bolsonaro e Trump

Redação, Yahoo Notícias 
"Ele não conhece a história da América Latina nem da Venezuela", diz Maduro sobre Bolsonaro (Foto: YURI CORTEZ/AFP/Getty Images)

RESUMO DA NOTÍCIA
·         Maduro afirma que é uma “estupidez” dizer que a Venezuela vive uma ditadura
·         “Nós na Venezuela temos uma oposição pior do que o Bolsonaro”, declara

Na última semana, a OEA (Organização dos Estados Americanos) ameaçou reativar o Tiar (Tratado Interamericano de Ação Recíproca), que pode permitir uma intervenção militar na Venezuela. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Nicolás Maduro diz que não quer falar em guerra, mas afirma estar preparado para defender o país:
“Todas essas ameaças do governo de Donald Trump, de Bolsonaro, de invadir a Venezuela, o que têm feito é unir ideologicamente e institucionalmente a Força Armada Nacional Bolivariana.” O presidente da Venezuela também criticou os governos do Brasil e dos Estados Unidos. Sobre Bolsonaro, declarou: “é um extremista ideológico”.

“Recentemente ele declarou sua admiração pelo [ex] ditador [chileno] Augusto Pinochet, que é uma espécie de Hitler sul-americano. E em sua mente está apenas a agressão contra a Venezuela. Ele não é um político. Lamentavelmente, à frente de muitos governos da América do Sul não há políticos com "p" maiúsculo, com doutrina, que saibam respeitar a diversidade.”

Perguntado sobre as declarações de Bolsonaro que a Venezuela vive uma ditadura, Maduro diz que é uma estupidez o presidente brasileiro defender o chileno Pinochet e acusá-lo de ser um ditador: “Ele não conhece a história da América Latina nem da Venezuela.”
Ele também chamou de “mentiras” as acusações de prisões arbitrárias, torturas e degradação econômica na Venezuela. E acusou a oposição:

“Nós na Venezuela temos uma oposição pior do que o Bolsonaro. À direita do Bolsonaro. Que tem o objetivo de derrubar inconstitucionalmente a revolução.”

Ele também afirmou que o opositor Leopoldo López foi preso e impedido de concorrer às eleições por ser acusado do assassinato de 40 pessoas [nas manifestações de 2014], e por uma tentativa de golpe de Estado. Disse que a prisão de López não pode ser comparada ao do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT):
“É incomparável. É um crime moral comparar um homem como Lula da Silva, e seu tamanho na história do Brasil e da América, e a perseguição brutal [que ele sofreu], já demonstrada com provas, com esses opositores de extrema direita financiados pelos EUA na Venezuela. É um despropósito.”

Ao final da entrevista, Maduro concluiu: “Eu diria ao povo do Brasil que a Venezuela necessita mais solidariedade. Mais apoio.”

EM TEMPO: E agora Bolsonaro, tem “arminha” ou não, apontada para Maduro?


Venezuela: uma nova fase do ataque imperialista
Secretaria de Relações Internacionais do PCB

“O aprofundamento do bloqueio: uma nova fase do ataque imperialista”. Este é o título do texto sobre a situação venezuelana que segue abaixo, escrito por Carlos Casanueva, professor de história e militante do Parido Comunista do Chile, publicado em 14/08/2019, no site El Siglo.
Devemos nos preparar para lutar nos cenários que surgem: é hora dos patriotas. Há, sem dúvida, a necessidade de levar-se em conta a situação eleitoral interna dos Estados Unidos ao analisarmos a atual situação venezuelana, já que a decisão de Trump de se reeleger em novembro de 2020 poderia estar influenciando perigosamente a estabilidade da Venezuela, provocando um aumento na pressão da ultradireita de Miami contra Cuba e Venezuela, peça-chave nas aspirações de Trump para sua reeleição.
O desespero de Trump em agradar aos setores mais recalcitrantes da direita é tão evidente, que ele não apenas não condenou o caráter eminentemente racista do massacre em El Paso, Texas, por um supremacista branco, mas também ordenou ataques em massa para a deportação de imigrantes, alguns dias após o assassinato.
Tudo isso mantendo a guerra comercial com a China, numa angustiante tentativa de cumprir suas promessas eleitorais, endossando a responsabilidade de seu fracasso para com o gigante asiático: “Presidente Xi, que é alguém de quem gosto muito, acho que ele quer fazer um acordo, mas francamente, não é rápido o suficiente. Ele disse que ia comprar dos nossos agricultores, ele não fez isso”, disse Trump há alguns dias, em uma tentativa absurda de se aproximar do setor produtivo agrícola, sob a premissa segundo a qual o setor agrícola dos EUA não conseguiu a recuperação prometida por Trump em sua campanha porque a China não cumpriu (a promessa).
Neste contexto, o decreto de cerco comercial contra a Venezuela e a ameaça de sanções a qualquer Estado ou indivíduo que comercialize com o país chega a ser uma espécie de sinal para aqueles que pedem sanções ainda mais duras ou intervenção direta, sem levar em conta os interesses da direita política e econômica venezuelana, já que as sanções afetam não só todo o povo venezuelano, mas também empresários e operações financeiras privadas.
Diante disso, as reações na Venezuela não se fizeram esperar e não foi só o povo chavista que rejeitou essas sanções com unidade e dignidade, já que a defesa da soberania é algo muito mais transversal e definidor do ser venezuelano e venezuelana, por isso a crítica deste aprofundamento do bloqueio veio de vários setores.
Por sua parte, o presidente Nicolás Maduro decidiu suspender a terceira rodada de diálogo, em Barbados, com a oposição, revendo o mecanismo de diálogo e passando para a ofensiva revolucionária com o povo e a Assembleia Nacional Constituinte. Ordenou ao primeiro vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, a revisão das medidas em resposta a este novo ataque e a preparação das estruturas do PSUV e do poder popular organizado, juntamente com todas as forças populares do Grande Polo Patriótico – GPP, para enfrentar este ataque imperialista.
É necessário salientar que, no plano internacional, a revolução bolivariana vem recebendo mais apoio tanto dos governos como dos movimentos populares e dos partidos revolucionários em todo o mundo, com importantes eventos em Caracas em julho, com a reunião dos países não alinhados, que emitiu uma declaração de apoio ao governo e de rejeição das sanções unilaterais do império, e com a XXV Assembleia do Fórum de São Paulo, que reuniu mais de 750 delegados de mais de 100 países da nossa América e do mundo.
Diante deste cenário, o povo não deve e não pode aceitar a opressão. Devemos nos preparar para lutar nos cenários que surgem: é hora dos patriotas.
Casanueva termina seu texto fazendo uma referência a um episódio da luta pela libertação do país, em que Bolivar, diante de uma ofensiva das forças espanholas, em grande vantagem numérica, contra um agrupamento pouco numeroso de libertadores liderados pelo coronel Rondón, recebeu deste a notícia de que seus comandados iriam entrar na luta, o que gerou uma força subjetiva tão poderosa entre os patriotas que transformou uma derrota iminente em uma vitória: “Rondón ainda não entrou na luta, mas se alista e se prepara no Poder Popular”. Ou seja, por mais adverso que seja o cenário, o povo tem a última palavra.


Venezuela: uma onda vermelha contra as sanções
Por Geraldina Colotti, 
Resumen Latinoamericano

Para que um diálogo ocorra, o respeito é necessário. Dois conceitos – diálogo e respeito – que a oposição extremista da Venezuela interpreta na linguagem de Trump: a do supremacismo branco e o retorno da doutrina Monroe, para sufocar a voz livre e soberana do povo bolivariano. O autoproclamado “presidente interino” Juan Guaidó e sua gangue, depois de solicitar sanções contra a Venezuela de qualquer forma, aplaudiram o decreto executivo de Trump que estabelece um bloqueio econômico-financeiro contra o país bolivariano semelhante ao imposto a Cuba, argumentando que estas são medidas «contra um regime que fez negócios à custa dos cidadãos».
Trump proibiu “todas as transações econômicas” com o governo bolivariano e a PDVSA, a estatal petrolífera que constitui o pulmão da economia bolivariana, e ameaçou punir qualquer um que mantenha relações comerciais com o governo e com a estatal estratégica. Com os lucros da PDVSA, que a oposição gostaria de colocar de volta nos bolsos do imperialismo, foram postos em prática todos os planos sociais, por meio dos quais, em vinte anos, o chavismo deu vida ao poder popular organizado. Portanto, é claro que a medida, descrita como um ato de “terrorismo econômico” pelo executivo bolivariano, afeta direta e ferozmente o povo venezuelano, atingindo tanto os chavistas quanto a oposição.
Por esta razão, o governo de Nicolás Maduro decidiu interromper as conversações com a oposição que deveriam ter sido realizadas para uma terceira etapa em Barbados, novamente com a mediação da Noruega. O presidente Maduro antecipou a declaração oficial do executivo durante uma ligação telefônica para o programa de Diosdado Cabello, “Con El Mazo Dando”. “O imperialismo americano, aquela parte do supremacismo branco que governa o país junto com o velho fascista John Bolton”, disse Maduro, “decidiu impor um bloqueio econômico-financeiro à Venezuela e a oposição aplaudiu. Nesta condição, basta de diálogo. Enquanto discutimos com todos os setores da sociedade venezuelana, os traidores da pátria agem em nome do imperialismo. O povo indignado disse que basta, reagiu com fúria bolivariana a essas medidas criminosas e agora pede justiça contra a direita imperialista. Uma contraofensiva contra os traidores da pátria começará a partir da Assembleia Nacional Constituinte. Nenhum império pode subjugar o povo indomável dos libertadores”.
Comemorando os 200 anos da libertação do império espanhol, o povo chavista voltou às ruas para demonstrar sua indignação e sua firme rejeição ao bloqueio econômico-financeiro. Uma marcha que começou no Parque Carabobo e terminou no Panteão, onde todas as autoridades públicas se manifestaram contra a decisão de Trump, que viola a lei internacional e sequer foi aceita pela União Europeia. Eles lembraram os estágios de uma agressão que, a partir do decreto emitido pelo então presidente Barack Obama para definir a Venezuela como “uma ameaça incomum e extraordinária à segurança dos Estados Unidos”, tentaram sufocar o socialismo bolivariano com operações internacionais de pirataria, com o objetivo de roubar as finanças e recursos do país através da criação artificial de organizações internacionais e o uso de uma gangue de golpistas, encabeçada pelo “autoproclamado Guaidó”.
Da praça repleta de camisas vermelhas que ergueram o panteão bolivariano de três cores, as bandeiras do PSUV e do Grande Pólo Patriótico e cartazes com as palavras: “Trump desbloqueie a Venezuela”, disse o presidente da ANC, Diosdado Cabello: “Se Donald Trump pensa em ter o petróleo da Venezuela em suas mãos através da oposição, ele não terá sucesso. Somente o governo bolivariano pode garantir o comércio de petróleo, caso contrário, não poderá receber uma gota do nosso petróleo”. Todos os líderes chavistas rejeitaram a ação de uma oposição que não tem representação para propor o diálogo, já que não responde ao país, mas aos padrinhos americanos. Os manifestantes celebraram a coragem e a determinação de “um povo libertário que enfrenta o imperialismo determinado a dominá-lo”.
Um povo que, por intermédio dos trabalhadores e dos estudantes, assim como as mulheres que sempre estiveram à frente da mobilização, declarou-se “em assembleia permanente para a defesa integral da nação”. No final da marcha, o coordenador de colombianos na Venezuela, Juan Carlos Tanus, também falou, lembrando as políticas de inclusão dirigidas pelo governo bolivariano aos cidadãos colombianos que vivem em território venezuelano (mais de 5 milhões) e aos mais de 250.000 que pedem para morar na Venezuela, perseguidos em seu próprio país por um governo vassalo dos Estados Unidos.
Um testemunho que, 200 anos depois da libertação da dominação espanhola e da esperança de uma pátria nacional renovada na política de integração e paz com a justiça social realizada pela Venezuela, define o posicionamento no embate contínuo entre dois modelos de desenvolvimento e sociedade: por um lado, aqueles que aplaudem o sofrimento do povo; por outro, a determinação organizada e solidária daqueles que dizem “não mais Trump” e o reiteram, em todo o mundo, com uma campanha que terá lugar no sábado em todos os continentes e com todas as formas possíveis, desde manifestações e marchas a tweets.
Antes da manifestação, o ministro da Habitação, Ildemaro Villarroel, disse durante uma reunião de orçamento na presença da mídia: “Um verdadeiro estrategista é aquele general que consegue vencer sem disparar um tiro. Como o presidente Nicolás Maduro fez até agora. Como faremos isso? Implantando o plano abrangente de defesa no território, em perfeita união cívico-militar e usando o elemento surpresa: a força do povo organizado.
Uma “surpresa” ilustrada por Diosdado em seu muito seguido programa a que assistem jovens líderes estudantis. E em que apareceu uma “criança rebelde” que corria pela casa agitando a bandeira bolivariana.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/08/08/venezuela-una-ola-roja-contra-las-sanciones-trump-desbloquea-a-venezuela/


Os aproveitadores da guerra



por Dmitry Orlov

No interior da vasta burocracia do Pentágono existe um grupo encarregado de monitorar o estado geral do complexo militar-industrial e a sua capacidade contínua de cumprir os requisitos da estratégia de defesa nacional. O gabinete para a aquisição e manutenção e o gabinete para a política industrial gastam cerca de US$100 mil por ano para produzir um Relatório Anual ao Congresso. Ele está disponível para o público em geral. Está disponível até para o público em geral e especialistas russos divertiram-se muito a examiná-lo.
De fato, o relatório encheu-os de otimismo. Como se sabe, a Rússia quer a paz, mas os EUA parecem desejar a guerra e continuam a fazer gestos ameaçadores contra uma longa lista de países que se recusam a cumprir suas ordens ou simplesmente não compartilham seus “valores universais”. Mas agora verifica-se que aquelas ameaças (e sanções econômicas cada vez mais sem garra) são quase tudo o que os EUA ainda são capazes de oferecer – isto apesar dos níveis absolutamente astronômicos dos gastos com defesa. Vamos ver com o que parece o complexo militar-industrial dos EUA através de lentes russas.
É importante observar que os autores do relatório não pretendiam forçar legisladores a financiar algum projeto específico. Isso o torna mais valioso do que inúmeras outras fontes, cujo principal objetivo dos autores é encher a barriga com o orçamento federal e que, portanto, tendem a ser ligeiros acerca de fatos e fortes em publicidade. Sem dúvida, a política ainda desempenha um papel na forma como vários pormenores são retratados, mas parece haver um limite para o número de problemas que seus autores podem eliminar e ainda assim fazer um trabalho razoável de análise da situação e de formulação de recomendações.
O que provocou risos na análise russa foi o fato de que estes peritos do INDPOL (que, como o resto do Departamento da Defesa dos EUA, adoram siglas) avaliam o complexo militar-industrial dos EUA a partir de uma perspectiva com base no mercado! Você vê, o complexo militar-industrial russo é totalmente de propriedade do governo russo e trabalha exclusivamente no seu interesse; qualquer coisa diferente seria considerada traição. Mas o complexo militar-industrial dos EUA é avaliado com base na sua… lucratividade! De acordo com o INDPOL, ele deve não apenas produzir produtos para os militares, mas também adquirir fatia de mercado no comércio global de armas e, talvez mais importante, maximizar a lucratividade para investidores privados. Por este padrão, está se saindo bem: em 2017, a margem bruta (EBITDA) para os contratantes da defesa dos EUA variou de 15 a 17%, e alguns subcontratados – Transdigm, por exemplo – conseguiram obter nada menos que 42-45%. “Ah!”, gritam os especialistas russos: “Encontramos o problema! Os americanos legalizaram o lucro da guerra !” (Isto, a propósito, é apenas um dos muitos exemplos de algo chamado corrupção sistêmica, a qual é abundante nos EUA.)
Seria uma coisa se cada empreiteiro de defesa simplesmente cortasse a sua talhada do topo, mas em vez disso há toda uma cadeia alimentar de empreiteiros da defesa, a todos os quais é legalmente exigido, nada menos, que maximizem os lucros dos seus acionistas. Mais de 28 mil empresas estão envolvidas, mas os verdadeiros empreiteiros de primeira linha junto aos quais o Pentágono coloca 2/3 de todos os contratos de defesa são apenas os Seis Grandes: Lockheed Martin, Northrop Grumman, Raytheon, General Dynamics, BAE Systems e Boeing. Todas as outras empresas estão organizadas numa pirâmide de subcontratados com cinco níveis hierárquicos, e em cada nível eles fazem o melhor que podem para ordenhar o nível lhes está acima deles.
A insistência em métodos baseados no mercado e a exigência de maximizar a lucratividade acabam por ser incompatíveis com os gastos de defesa num nível muito básico: os gastos com defesa são intermitentes e cíclicos, com longos intervalos de ociosidade entre as encomendas principais. Isto forçou até mesmo os seis grandes a efetuarem cortes nos seus departamentos de defesa em favor da expansão da produção civil. Além disso, apesar do enorme tamanho do orçamento de defesa dos EUA, ele é de dimensão finita (há apenas um planeta para explodir), assim como o mercado global de armas. Uma vez que, numa economia de mercado, toda empresa enfrenta a opção de crescer ou ser comprada, isto tem precipitado grande número de fusões e aquisições, resultando num mercado altamente consolidado com uns poucos atores importantes em cada área.
Em consequência, na maior parte das áreas, das quais os autores do relatório discutem 17, incluindo a Marinha, forças terrestres, força aérea, eletrônica, armas nucleares, tecnologia espacial e assim por diante, pelo menos um terço do tempo o Pentágono tem como escolha exatamente um empreiteiro para qualquer contrato específico, o que faz com que a qualidade e a pontualidade sofram, elevando preços.
Num certo número de casos, apesar de seu poder industrial e financeiro, o Pentágono tem se deparado com problemas insolúveis. Especificamente, verificou-se que os EUA têm apenas um estaleiro naval capaz de construir porta-aviões nucleares (por isso o USS Gerald Ford não é exatamente um êxito). Este é o Northrop Grumman Newport News Shipbuilding, em Newport, Virgínia. Em teoria, esta empresa poderia trabalhar com três navios de forma simultânea, mas dois deles estão permanentemente ocupados por porta-aviões existentes que exigem manutenção. Não se trata de um caso único: o número de estaleiros capazes de construir submarinos nucleares, destróieres e outros tipos de navios também é exatamente de um. Portanto, no caso de um conflito prolongado com um adversário sério no qual uma parcela significativa da Marinha dos EUA tenha sido afundada, será impossível substituir os navios em qualquer período de tempo razoável.
A situação é um pouco melhor quanto à fabricação de aeronaves. As fábricas que existem podem produzir 40 aviões por mês e poderiam chegar aos 130 por mês se pressionadas. Por outro lado, a situação com tanques e artilharia é absolutamente desanimadora. De acordo com este relatório, os EUA perderam completamente a competência para construir a nova geração de tanques. Não se trata mais da perda da fábrica e do equipamento; nos EUA, uma segunda geração de engenheiros que nunca projetou um tanque está se aposentando. Seus substitutos não têm ninguém com quem aprender e só sabem acerca de tanques modernos a partir de filmes e videogames. No que diz respeito à artilharia, há apenas uma linha de produção remanescente nos EUA que pode produzir canos superiores a 40 mm; ela está totalmente lotada de serviço e seria incapaz de aumentar a produção em caso de guerra. O empreiteiro não está disposto a expandir a produção a menos que o Pentágono garanta pelo menos 45% de utilização, uma vez que isso não seria rentável.
A situação é semelhante para todas as áreas da lista; ela é melhor para tecnologias de uso duplo que podem ser obtidas junto a empresas civis e significativamente pior para empresas altamente especializadas. O custo unitário de cada tipo de equipamento militar aumenta ano após ano, enquanto os volumes sendo adquiridos tendem continuamente a baixar – por vezes até zero. Ao longo dos últimos 15 anos, os EUA não adquiriram um único tanque novo. Eles continuam a modernizar os antigos, mas a uma taxa que não vai além de 100 por ano.
Devido a todas estas inclinações e tendências, a indústria de defesa continua a perder não só pessoal qualificado como também a capacidade de realizar o trabalho. Peritos do INDPOL estimam que o déficit em máquinas ferramenta atingiu os 27%. No último quarto de século os EUA cessaram de fabricar uma grande variedade de equipamentos manufatureiros. Apenas metade destas ferramentas pode ser importada de aliados ou nações amigas; para o resto, há apenas uma fonte: a China. Eles analisaram as cadeias de fornecimento de 600 dos mais importantes tipos de armas e descobriram que um terço delas tem rupturas ao passo que outro terço arruinou-se completamente. Na pirâmide subcontratada de cinco níveis do Pentágono, os fabricantes de componentes são quase sempre relegados ao nível mais baixo e os avisos que eles emitem quando cessam a produção ou encerram completamente tendem a afogar-se no pântano burocrático do Pentágono.
O resultado final de tudo isso é que teoricamente o Pentágono ainda é capaz de efetuar pequenos ciclos de produção de armas para compensar perdas contínuas em conflitos localizados de baixa intensidade num período geral de paz, mas hoje mesmo isto está no extremo final das suas capacidades. No caso de um conflito sério com qualquer nação bem armada, tudo com que poderá contar é o estoque existente de munições e peças sobressalentes, a quais serão rapidamente esgotadas.
Uma situação semelhante prevalece na área de elementos extraídos de terras raras e outros materiais para a produção eletrônica. No momento, o estoque acumulado destes materiais necessários à produção de mísseis e tecnologia espacial – sobretudo os satélites – é suficiente para cinco anos à taxa de utilização atual.
O relatório classifica especificamente como terrível situação na área das armas nucleares estratégicas. Quase toda a tecnologia para comunicações, direcionamento, cálculos de trajetória e armamento das ogivas dos ICBM foi desenvolvida nos anos 1960 e 70. Até os dias de hoje, os dados são carregados a partir de disquetes floppy de 5 polegadas, as quais eram produzidas em massa há 15 anos atrás. Não há substitutos para elas e as pessoas que as conceberam estão mortas. A opção está entre comprar pequenas quantidades de produção de todos os consumíveis a um custo extravagante ou desenvolver a partir do zero toda a tríade estratégica baseada na terra, ao custo de três orçamentos anuais do Pentágono.
Existem muitos problemas específicos em cada área descrita no relatório, mas a principal é a perda de competência entre a equipe técnica e de engenharia causada por um baixo nível de encomendas de substituição ou para o desenvolvimento de novos produtos. A situação é tal que novos desenvolvimentos teóricos promissores provenientes de centros de investigação como o DARPA não podem ser realizados, dado o atual conjunto de competências técnicas. Para uma série de especializações chave, há menos de três dúzias de especialistas treinados e experientes.
Há a expectativa de que esta situação continue a se deteriorar, com o número de pessoas empregadas no setor da defesa diminuindo 11-16% ao longo da próxima década, devido principalmente à escassez de jovens candidatos qualificados para substituir aqueles que se reformam. Um exemplo específico: o trabalho de desenvolvimento do F-35 está quase pronto e não haverá necessidade de desenvolver um novo caça a jacto até 2035-2040. Nesse meio tempo, o pessoal envolvido em seu desenvolvimento ficará ocioso e o seu nível de competência se deteriorará.
Embora no momento os EUA ainda liderem o mundo em gastos com defesa (US$ 610 bilhões dos US$ 1,7 trilhões em 2017, que é cerca de 36% de todos os gastos militares no planeta), a economia dos EUA já não é capaz de suportar toda a pirâmide tecnológica mesmo num tempo de relativa paz e prosperidade. No papel, os EUA ainda parecem como um líder em tecnologia militar, mas os fundamentos da sua supremacia militar foram corroídos. Os resultados disso são claramente visíveis:
Os EUA ameaçaram a Coreia do Norte com ações militares, mas foram forçados a recuar porque não têm capacidade para travar uma guerra contra ela.
Os EUA ameaçaram o Irã com ações militares, mas foram forçados a recuar porque não têm capacidade de travar uma guerra contra ele.
Os EUA perderam a guerra no Afeganistão para o Talibã e quando o mais longo conflito militar na história dos EUA finalmente estiver acabado a situação política ali voltará ao status quo ante com o Talibã no comando e campos de treino terrorista islâmico em operação.
Mandatários dos EUA (sobretudo a Arábia Saudita) que combatem no Iêmen provocaram um desastre humanitário, mas têm sido incapazes de prevalecer militarmente.
As ações dos EUA na Síria levaram a uma consolidação do poder e do território pelo governo sírio e à posição regional agora dominante da Rússia, Irã e Turquia.
A segunda maior potência da OTAN, a Turquia, comprou os sistemas de defesa aérea S-400 da Rússia. A alternativa dos EUA é o sistema Patriot, o qual é duas vezes mais caro e realmente não funciona.
Todos estes pontos apontam para o fato de que os EUA já não são mais uma potência militar de todo. Isto é uma boa notícia pelo menos pelas quatro seguintes razões.
Primeiro, os EUA são de longe o país mais beligerante da Terra, tendo invadido grande número de países e continuado a ocupar muitos deles. O fato de não poderem mais combater significa que oportunidades para a paz devem aumentar.
Segundo, uma vez entendida a notícia de que o Pentágono é nada mais do que um autoclismo para fundos públicos, seu financiamento será cortado e a população dos EUA poderá ver o dinheiro que atualmente está engordando os aproveitadores de guerra sendo gasto em estradas e pontes, embora pareça muito mais provável que todo ele irá servir para pagar a despesa de juros da dívida federal (enquanto durarem os estoques de materiais).
Terceiro, os políticos dos EUA perderão a capacidade de manter a população em estado de ansiedade permanente em relação à “segurança nacional”. Na verdade, os EUA têm “segurança natural” – dois oceanos – e não precisam de todo de muita defesa nacional (desde que se mantenham a si próprios e não tentem criar problemas aos outros). Os canadenses não vão invadi-lo e, embora a fronteira do sul precise de alguma guarda, isso pode ser cumprido ao nível estadual/municipal por alguns bons rapazes usando armas e munição de que já dispõem. Uma vez que esta “defesa nacional” de US$ 1,7 trilhões esteja fora das suas costas, cidadãos americanos comuns poderão trabalhar menos, brincar mais e sentirem-se menos agressivos, ansiosos, deprimidos e paranoicos.
Por último, mas não menos importante, será delicioso ver os aproveitadores da guerra reduzidos a rasparem sob as almofadas do sofá para conseguirem uns trocados. Tudo o que os militares dos EUA têm sido capazes de produzir durante longo tempo até agora é miséria, cujo termo técnico é “desastre humanitário”. Olhe-se para as consequências do envolvimento militar dos EUA na Sérvia/Kosovo, Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria e Iêmen e o que se vê? Só se vê miséria – tanto para os habitantes locais quanto para os cidadãos americanos que perderam membros da sua família, tiveram suas pernas amputadas ou agora sofrem de PTSD ou lesão cerebral. Seria justo se essa desgraça voltasse àqueles que lucraram com isso.
16/Julho/2019
O original encontra-se em cluborlov.blogspot.com/2019/07/war-profiteers-and-demise-of-us.html
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Rejeitar o Acordo de Livre Comércio UE-Mercosul
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Comunicado conjunto do Partido Comunista da Bélgica e das seções do Partido Comunista Francês de Saint-Quentin, Gauchy e Val d’Origny na sequência das suas ações paralelas contra a “liberalização” do mercado europeu do açúcar.

11 de Julho de 2019
No final de junho, foi assinado um importante acordo de livre comércio entre os países do Mercosul (Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina) e a União Europeia. Terá de ser ratificado em cada país da UE nos próximos meses. Na Bélgica, tal como em França, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para nos opormos.
O acordo não é uma boa notícia para a classe trabalhadora, para os trabalhadores agrícolas e os camponeses de ambos os lados do Atlântico. “Este acordo é um disparate social, energético e ecológico”. Esta má notícia deve impulsionar o fortalecimento do internacionalismo proletário, que requer a organização de nossa classe e em nenhum caso a defesa das “regras europeias” que servem ao grande capital europeu e seus objetivos imperialistas.
Este acordo está em perfeita sintonia com a criação do mercado europeu, que contribuiu para a concentração da terra nas mãos dos proprietários e/ou especuladores, o reforço da agricultura intensiva e a criação de monopólios nos setores agroindustrial e agroalimentar. Os países do Mercosul poderão exportar para a Europa, sem direitos aduaneiros, até 99 000 toneladas de carne bovina, 100 000 toneladas de aves domésticas e 180 000 toneladas de açúcar por ano. De acordo com os agricultores, as cotas de carne que seriam atribuídas ao Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai seriam essencialmente peças de alto valor agregado, como costela e contrafilé. Trata-se claramente de uma morte planejada do setor pecuário na Europa. Isto em troca da abertura do mercado do Mercosul aos automóveis, produtos químicos e medicamentos. Em suma, um acordo quase que em benefício dos imperialistas, nomeadamente dos alemães e dos franceses.
Este acordo complementa e aprofunda a liberalização dos mercados agrícolas europeus, em especial do açúcar, após o termo das quotas de produção por país em 1 de outubro de 2017. A ameaça é direta para o próprio futuro do setor da beterraba, nomeadamente na Bélgica e no Norte de França, que está sujeito à concorrência da produção e da transformação a custos muito baixos, especialmente no Brasil e à especulação sobre os preços mundiais. Os trabalhadores já perderam ou vão perder seus empregos, principalmente na multinacional Tereos em Aalst/Alost ou na região de Saint-Quentin, enquanto a Tereos, que investe fortemente no Brasil, viu seus lucros aumentarem em 213 milhões de euros entre 2007 e 2017. As refinarias de Tirlemonto, propriedade da multinacional Süzucker, que está fechando cinco unidades de produção de açúcar na Alemanha e na França, incluindo a de Eppeville, na Picardia, empregam 600 trabalhadores. A multinacional se recusa a revender os sítios porque quer reduzir a oferta para manter seus lucros. Localizado no Congo, Austrália e Holanda, o grupo multinacional Finasucre, cuja filial belga Iscal Sucre SA (215 empregados e 2664 agricultores) obteve 12 milhões de euros em lucros em 2018, também tem interesses na produção de açúcar no exterior.
A criação desta grande zona de comércio livre não se destina a melhorar a oferta em circunstância alguma, mas sim a concentrar os monopólios que irão atacar as condições de trabalho, liquidar o emprego e baixar os padrões de saúde e segurança, e contribuir ativamente para a destruição do nosso ambiente. O pior é previsível: os grupos capitalistas europeus vão importar açúcar das suas unidades de produção no Brasil para competir com as suas instalações europeias e acelerar o seu fechamento! Neste imenso Brasil, no entanto, a autossuficiência alimentar e a erradicação da desnutrição estão longe de ser alcançadas!
Para responder a este rolo compressor do capital, é necessário intensificar a luta contra a União Europeia, fortalecer nossos laços fraternos e solidários com os trabalhadores de todos os países em luta da América Latina e da Europa, mas sobretudo ampliar o trabalho de unificação dos trabalhadores agrícolas com a classe trabalhadora. Estamos agora promovendo campanhas contra a ratificação na Bélgica e na França do acordo UE-Mercosul. Recusamo-nos a entrar nas divergências provisórias expostas entre os representantes deste ou daquele ramo capitalista, no debate entre comércio livre ou estratégias protecionistas, que competem, se complementam e se sucedem no interesse dos capitalistas. A nossa única referência é a resposta às necessidades dos povos pelos povos e a cooperação mutuamente benéfica entre eles.
Esta união de proletários de todos os países é necessária para derrubar o sistema capitalista, a fim de preparar o advento do socialismo, que só ele pode satisfazer as necessidades dos trabalhadores e impor a substituição dos acordos de livre comércio por acordos de cooperação fraterna entre os povos.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Fonte:
http://www.particommuniste.be/index.php/international/563-mobiliser-pour-repousser-l-accord-de-libre-echange-entre-l-ue-et-le-mercosur

Basta de mentiras sobre a Venezuela!


Resposta ao Relatório sobre a Venezuela da Alta Comissionada do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.

O Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos rechaça energicamente o Relatório sobre a Venezuela apresentado em 4 de julho pela Alta Comissionada do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.
O Relatório mente escandalosamente sobre a realidade da Venezuela, utilizando a mesma narrativa empregada até o cansaço pelo governo dos Estados Unidos na condenação e desqualificação do legítimo presidente Nicolás Maduro.
Ignora vergonhosamente o caráter criminoso de mercenários como Leopoldo López que em 2017 alentaram crimes de ódio com as guarimbas, praticaram assalto e destruição de hospitais , armazéns de alimentos e medicinas e queimaram vivos ante os olhos do mundo jovens humildes por serem chavistas.
Nada diz o Relatório sobre a tentativa de magnicídio ao presidente Maduro em agosto do 2018, financiado pelos EUA e executado por uma oposição mercenária e apátrida.
Também não menciona o desconhecimento da institucionalidade e o ataque à democracia do patético Juan Guaidó que se autoproclamou “presidente ” seguindo instruções da Casa Branca. Nem uma palavra sobre a violação à Convenção de Viena na proteção das embaixadas quando os fantoches de Trump, Pompeo e Bolton, nomearam embaixadores e se consumou o assaltou à sede dos escritórios da embaixada da Venezuela em Washington protegida heroicamente por amigos solidários norte-americanos.
Falta à verdade o Relatório quando minimiza o titânico esforço do governo revolucionário de Venezuela na proteção dos direitos à alimentação, à educação, à moradia e o cuidado à saúde de seu povo.
Resulta ofensivo e grotesco que o Relatório assinale que as mulheres venezuelanas trocam sexo por comida.
Indigna que não mencione a brutal ingerência dos Estados Unidos para destruir a Revolução Bolivariana e impor um governo submetido aos interesses do império. Não condena a ameaça sustentada de intervenção militar, o chamado à deserção à força Armada Nacional Bolivariana, a guerra econômica sem quartel, o bloqueio, saque e roubo dos recursos financeiros do Estado venezuelano.
Não há uma palavra em todo o Relatório que condene as sanções impostas pelos EUA, que entraram em vigor em abril, contra a empresa estatal Petróleos de Venezuela, PDVSA, e que atentam diretamente ao principal recurso econômico do país, violam o direito internacional por seu caráter extraterritorial ao sancionar terceiros países, entidades e empresas que comprem petróleo da Venezuela.
O bloqueio dos EUA é a principal causa do sofrimento do povo venezuelano. Donald Trump e seus falcões são os máximos violadores dos direitos humanos.
Com data de 23 de maio, depois do falecimento do menino venezuelano Giovanni Figuera de seis anos de idade, iniciamos uma campanha de cartas dirigidas à Sra. Bachelet e ao Secretário Geral da ONU. Dias depois faleceu Roberth Redondo de sete anos. Em nossas cartas solicitamos “a urgente intervenção da Alta Comissionada para pôr fim ao bloqueio dos EUA contra a Venezuela e evitar a morte de meninos e adultos com graves sofrimentos”.
Passaram-se dois meses e ainda estamos esperando resposta.
Os nomes dos pequenos Giovanni e Roberth mereciam um lugar no Relatório, uma menção que mitigue a dor de suas famílias e seu povo, uma linha de condenação por negar os recursos dispostos pelo governo venezuelano para a operação de transplante de medula óssea a meninos com leucemia. Meninos que não puderam ser operados por causa do criminoso bloqueio dos EUA.
O Relatório não só manipula e nega a verdade, ignora as provas e considerações contribuídas pelo governo, invisibiliza as vítimas das guarimbas e a todos os que estão sofrendo as consequências do bloqueio dos EUA. Tampouco condena a sabotagem que deixou sem luz e água o povo venezuelano durante uma semana.
A Sra Bachalet é mulher, latino-americana, médica e foi presidenta de um país como o Chile, onde os carabineiros assassinaram um estudante de 14 anos por se manifestar por uma educação melhor. Um país em o que se tornam vulneráveis diariamente os direitos do povo mapuche, onde não se julgaram e condenaram todos os crimes de lesa humanidade perpetrados pela ditadura, onde os operários, os trabalhadores e os mineiros são brutalmente assassinados.
Perguntamo-nos onde ficou a memória de seu pai, assassinado pela ditadura militar de Pinochet. Onde está a objetividade, a imparcialidade, a ética e a verdade de que fala a Alta Comissionada?
O Relatório entregue em 4 de julho seria um presente ao magnata que ocupa a Casa Branca?
É de enorme gravidade que o Relatório Bachelet não contribua com o diálogo e a paz, inclinando a balança em favor do agressor, no lugar de fazer pelo povo agredido.
Chamamos a desconhecer, repudiar e denunciar a distorção política, unilateral, mentirosa, ofensiva e irresponsável do Relatório sobre Venezuela.
A quem mais dano faz não é à Revolução Bolivariana que segue resistindo todos os embates. Seu povo e seu governo saberão levar a verdade que se tergiversa e esconde no pérfido Relatório. O dano enorme é à credibilidade da ONU.
Terá que voltar a pensar no que nos dizia o Padre Miguel D´Escoto, a quem lhe sobrava toda a ética e a valentia política que falta à Sra Bachelet: Há que refundar a ONU.
8 de Julho, 2019
Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos
http://solidariedadecubarj.blogspot.com/2019/07/resposta-do-comite-internacional-ao.html

É hora de os Estados Unidos invadirem os Estados Unidos
Martín Pastor
Cuba Debate
Sob a égide da “ajuda humanitária” e da luta pela “democracia”, os Estados Unidos justificaram dezenas de intervenções militares e políticas no mundo durante os séculos XX e XXI. Em sua campanha mais recente, eles se concentram na Venezuela, como parte de uma estratégia para minar governos progressistas na região.
Com uma manipulação midiática coordenada, bloqueio econômico e pressão diplomática, a ofensiva imperialista se espalhou pela nação latino-americana por mais de uma década. Rotularam de “ditadura” o governo venezuelano, apresentando-o como um “Estado falido” mergulhado no caos social, com altos índices de pobreza, desnutrição e insegurança, argumentando que a causa é o modelo progressista e não fatores exógenos, como o bloqueio e o descrédito internacional.
Para os Estados Unidos e grande parte do Ocidente, estes são motivos suficientes para justificar uma intervenção política e diplomática, que inclusive deve ser militar. Então, se estas são justificativas para intervir, é hora de os Estados Unidos, em defesa dos direitos humanos e da democracia, tomarem a iniciativa de invadirem seu próprio país.
A situação na América do Norte é altamente preocupante e classifica a nação como uma receptora adequada de “ajuda humanitária” fabricada pelos EUA. De acordo com um relatório de Philip Alston, relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre pobreza extrema e direitos humanos, foi revelado que, até 2018, 40 milhões de pessoas nos Estados Unidos vivem na pobreza, 18,5 milhões vivem em extrema pobreza e mais de cinco milhões vivem em condições de absoluta pobreza.
O país tem a mais alta taxa de pobreza juvenil da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a maior taxa de mortalidade infantil entre os estados comparáveis nesse grupo. Não é surpresa que Alston tenha considerado o país como a sociedade mais desigual do mundo desenvolvido. Tampouco é o fato de que os Estados Unidos já não possam mais ser chamados de nação de “primeiro mundo”. Segundo um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), para a maioria de seus cidadãos, aproximadamente 80% da população, os Estados Unidos são uma nação comparável ao “terceiro mundo”. Para chegar a essa conclusão, os economistas aplicaram o modelo de Arthur Lewis, vencedor do Prêmio Nobel de Economia (1979), projetado para entender quais fatores e como classificar um país em vias de desenvolvimento.
De acordo com Peter Temin, coautor do estudo, os Estados Unidos seguem este modelo: são uma economia dual (desigualdade incomparável entre uma pequena parte da população e a vasta maioria), na qual o setor de baixos salários tem pouca influência na política pública; um setor de alta renda mantém baixos salários no outro setor para garantir o fornecimento de mão de obra barata; um controle social que é usado para impedir que o setor de baixos salários desafie políticas que favoreçam o setor de alta renda; altas taxas de encarceramento; políticas públicas dos setores mais ricos com o objetivo de reduzir impostos para o referido grupo; e uma sociedade em que a mobilidade social e econômica é baixa. Especialmente quando um dos principais argumentos para justificar as agressões é o suposto ‘bem-estar” e os direitos humanos dos cidadãos, novamente os americanos deveriam ver a “farpa em seus próprios olhos” primeiro.
Segundo uma análise trienal do Commonwealth Fund (2017), os Estados Unidos, pela sexta vez consecutiva, são o pior sistema de saúde entre 11 países desenvolvidos. Eles têm o sistema de saúde mais caro do planeta, com um gasto anual de três bilhões de dólares, o que resulta em um dos países com maior disparidade no acesso à saúde, com base na renda.
Enquanto isso, a expectativa de vida nos Estados Unidos diminuiu pelo terceiro ano consecutivo, situando-se em 78,1 anos, uma redução percentual comparável ao período de 1915 e 1918, em que o país enfrentou uma guerra mundial e a pandemia mundial de gripe. Em comparação, Cuba, que faz parte da “Troika da Tirania”, segundo John Bolton (Conselheiro da Segurança Nacional), teve uma expectativa de vida de 79,74 anos em 2018.
E na educação, o que falar? De 1990 a 2016, os Estados Unidos caíram do sexto para o vigésimo sétimo lugar, classificando-se como um dos piores sistemas educativos do mundo ‘desenvolvido’, com uma despesa pública reduzida, entre 2010 e 2014, em 3%, enquanto o investimento nas demais economias desenvolvidas cresceu mais de 25%.
Um bem-estar de vida deteriorada, um sistema de saúde caro e desigual e uma educação que não se compara a outras nações desenvolvidas. Se isso não for suficiente para que o governo dos EUA e o resto do Ocidente decidam intervir, as violações constantes dos direitos humanos devem ser uma causa para mobilizar tropas para a fronteira e iniciar bloqueios econômicos.
Os Estados Unidos têm dirigido ou influenciado sistematicamente as intervenções na América Latina e no resto do Sul global. Operações clandestinas, guerras étnicas e as mais recentes invasões militares são a prova da ‘licença para matar’ que foi concedida a este país. As prisões onde os direitos humanos são violados, como Guantánamo e Abu Ghraib, são apenas exemplos dessa realidade. E figuras como Gina Haspel, que estava diretamente envolvida no programa de tortura do governo dos EUA, foram alçadas a posições de poder global; neste caso, como diretora da Agência Central de Inteligência (CIA).
Mas a transgressão mais clara é a separação do Conselho de Direitos Humanos da ONU, órgão internacional encarregado de assegurar que tais violações não ocorram. A decisão veio dias depois que o Alto Comissariado para os Direitos Humanos denunciou a prática da administração atual de separar à força de seus pais crianças migrantes e prendê-las em espaços que só podem ser chamados de campos de concentração modernos.
Internamente, se reduziu a responsabilização da polícia pelo uso de força excessiva, especialmente nas comunidades negras e latinas. A matança sistemática de homens negros nos Estados Unidos por força da ordem, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Boston, reflete um racismo estrutural subjacente na sociedade americana. Isso também se reflete em um sistema de justiça tendencioso contra as comunidades negras.
“Se a polícia patrulhar as áreas brancas como faz em bairros pobres negros, seria uma revolução”, diz Paul Butler, autor de ‘Chokehold: policiamento de homens negros’, que relata o que significa ser um homem negro na América.
Essas violações dos direitos humanos são a realidade cotidiana das minorias étnicas e dos grupos historicamente discriminados. Isto é acompanhado pelo fortalecimento de grupos com tendências fascistas, que têm o apoio direto e indireto do governo central e local em vários estados. Um cenário preocupante para milhões de negros, latinos e cidadãos de outras etnias.
No entanto, a falso “preocupação” com a Venezuela, Líbia, Síria, Iraque, Iêmen, Afeganistão e Ucrânia, apenas nas últimas duas décadas, resultou em invasões e ataques em nome do bem-estar e dos direitos humanos. Ações que, por sua vez, carregam interesses ocultos baseados em um indicador em que os Estados Unidos são o número um: gastos militares. Em 2019, este país apresenta um orçamento militar de 680 bilhões de dólares, que é mais do que os orçamentos combinados de sete nações que seguem a lista: China, Rússia, Arábia Saudita, Índia, França, Reino Unido e Japão.
Nem mesmo em relação à liberdade econômica (12º no mundo) são líderes ou quanto ao crescimento do PIB (147º, entre 224 países), o que reflete uma realidade. Os EUA são um império militar, sua economia é baseada na guerra e qualquer ação tomada em nome da ‘ajuda humanitária’ é coerente quando o interesse de seu governo é promover o caos para sua própria vantagem.
Diante dessa situação, o que o mundo está experimentando é o ato de desespero de uma superpotência em declínio. É por isso que tão cuidadosamente tenta segurar o último bastião da influência que continua a manter na América Latina, com sua fixação na Venezuela e em outros países da região. Porque, se fosse ajuda real, era hora de os Estados Unidos analisarem seriamente a intervenção, com a mesma intensidade, em seu próprio país.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Putin pergunta se quem apoia Guaidó está louco



O presidente russo, Vladimir Putin, em uma reunião com investidores estrangeiros no Palácio Konstantin, nos arredores de São Petersburgo, em 6 de junho de 2019







O presidente russo, Vladimir Putin, perguntou nesta quinta-feira (6) se quem apoia o líder de oposição venezuelana Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente e é reconhecido por cerca 50 países, está louco.
"Tenho vontade de dizer àqueles que o apoiam: 'vocês estão loucos ou o quê? Vocês entendem aonde isso os levará?'", declarou à margem do Fórum Econômico em São Petersburgo, citado por agências russas.
Putin, apoiador incondicional do presidente Nicolás Maduro, acusou o opositor venezuelano de ser ilegítimo: "Um homem sai em uma praça, olha para o céu e diante de Deus, se declara chefe de governo. É normal ou não? Depois, será um caos em todo o planeta", disse.
"Vamos eleger o presidente dos Estados Unidos dessa maneira, em qualquer lugar. Na Grã Bretanha escolhemos o primeiro-ministro, na França, se escolherá o presidente assim. O que aconteceria?", acrescentou o mandatário russo.
Putin afirmou ainda que Juan Guaidó é um "homem simpático", e que é "neutro" em relação ao opositor.

 Venezuela: por dentro da tentativa do golpe fracassado



O Brasil de Fato falou com especialistas militares, analistas políticos e jornalistas que cobriram o ataque de Guaidó.

Por Fania Rodrigues
No último dia 30 de abril de 2019, a oposição venezuelana, liderada pelo deputado Juan Guaidó, e o dirigente opositor Leopoldo López, líder do partido Voluntad Popular (Vontade Popular), colocou em prática o que eles chamaram de “Operação Liberdade”. Tratava-se de um golpe de Estado que visava a derrubada do presidente Nicolás Maduro pela via militar. O cenário do conflito foi o anel viário Distribuidor Altamira, importante artéria da capital, próximo à base aérea militar La Carlota, na zona leste de Caracas.
O dia não havia amanhecido completamente quando Guaidó transmitiu uma mensagem em vídeo pelas redes sociais, fazendo um chamado aos militares venezuelanos, para que se levantassem contra o governo. O elemento surpresa era Leopoldo López, segundo a jornalista espanhola, Esther Yáñez, correspondente internacional há mais de dois anos na Venezuela. O político foi condenado por delitos cometidos nos protestos violentos de 2014 e estava em prisão domiciliar. “A grande surpresa foi ver Leopoldo López. Foi isso que me fez pensar que algo grande iria acontecer. Já aí meu coração começou a palpitar”, relembra a correspondente dos canais Tele 5 e Tele 4, da Espanha.
A informação, segundo Yañez, chegava a conta-gotas aos jornalistas, subindo a tensão aos poucos. O primeiro alerta veio cedo. “Despertei com uma mensagem enviada às 4h30 da manhã, a um grupo de Whatsapp de jornalista nacionais e internacionais, criado pelo assessor de comunicação de Juan Guaidó. A mensagem dizia: “Atenção, informação em pleno acontecimento”.
A partir desse momento as versões contadas variam de acordo com a ideologia de cada meio de comunicação e de sua linha editorial. Foram muitos aqueles que omitiram informações, tantos outros que manipularam e alguns tantos que mentiram. Esther ficou famosa nas redes sociais, com vídeos que viralizaram, justamente por dizer a verdade e mostrar o que outros meios estrangeiros não estavam contando, inclusive colocando sua vida em risco.
Nas primeiras horas, pairava a dúvida se os opositores estavam dentro ou fora da base aérea. Em sua mensagem difundida nas redes sociais, Guaidó dizia: “Estamos em La Carlota”, abrindo espaço para a dúvida. Além disso, canais internacionais de notícias difundiam informações que não deixavam clara a situação. Leopoldo López, que por sua vez, publicava nas redes sociais textos em que dizia, entre outras coisas, “estou em La Carlota”, com uma foto sua, cercado de militares.
Foi a repórter do canal internacional Telesur, Madelein García, que divulgou a primeira informação e vídeo de dentro da base aérea La Carlota mostrando que estava sob controle de oficiais leais ao presidente Nicolás Maduro e que López e Guaidó na verdade estavam em uma ponte em frente a base, no Distribuidor Altamira.
“Pedi autorização para entrar na base aérea La Carlota, porque a gente não sabia o que estava acontecendo dentro da base. Os opositores diziam que La Carlota estava tomada. E um canal dos EUA estava transmitindo imagens de uma câmera que parecia estar dentro da base área e dizia que estava tomada. Essa era a matriz de opinião que os meios estavam construindo”, explica a repórter. E conta o viu lá dentro. “Quando entrei vi que a situação era de normalidade. O comandante me disse que estavam tentando controlar a situação e evitar que os opositores entrassem”.
Nesse momento, do lado de fora, já era possível ver que os militares que acompanhavam os líderes opositores não passavam de 40 soldados e oficiais de média e baixa patente. A deserção não foi massiva como Guaidó esperava.
O mestre em Filosofia de Guerra, Jorge Ladeira, analisa quem eram os militares que apoiaram os opositores. “Quando vemos a imagem de Leopoldo López junto ao Guaidó no anel viário de Altamira, observamos que os acompanhavam um coronel, um tenente, alguns sargentos. Não são patentes militares altas. Não havia ninguém do alto mando militar que pudesse ter acesso às unidades militares grandes, que garantisse uma mobilização de destacamentos, pelotões, batalhões e que pudesse forçar um golpe de Estado”.
Além dos militares que acompanhavam López e Guaido, alguns soldados foram levados para a área de conflito, sob falsos pretexto, segundo o general Alexis Rodríguez Cabello.
Outro grupo de militares, composto principalmente por mulheres, quando se deu conta que foi enganado, roubou um ônibus e dirigiu até a Casa Altamira, um dos prédios da chancelaria venezuelana, para denunciar o ocorrido. Assim também aconteceu com os oito tanques de guerra que os militares desertores haviam roubado. Os militares leais a Maduro levados a Altamira de maneira enganosa, foram buscar um por um dos carros blindados e os devolveram a seus comandos.
O momento mais tenso do dia ocorreu por volta das 10h30 da manhã quando coquetéis molotov atingiram um tanque de guerra, que estava dentro da base aérea, que ficou completamente destruído. Nesse momento uma rajada de tiros, disparados por opositores, atingiu também as instalações da base aérea.
Durante os ataques oito militares leais a Maduro foram atingidos; um deles, um coronel, ficou gravemente ferido. O tiro que veio do alto atinge seu pescoço e saiu pela clavícula, diz a repórter Madelein Garcia. Os disparos, segundo a jornalista, partiram de franco-atiradores. A informação também foi confirmada pelo analista político Amauri Chamorro, que também trabalha como consultor e assessor da Presidência da República da Venezuela.
Ao todo, na parede do edifício da Guarda Nacional Bolivariana, dentro da base militar, foram contadas mais de 20 disparos, de armas curtas e longas.
O governo venezuelano denunciou que algumas das armas utilizadas por militares desertores, que acompanharam Guaidó e Leopoldo López no Distribuidor Altamira, eram fuzis AR-15, fabricados nos Estados Unidos, que não são utilizados pelo exército venezuelano. Há a suspeita de que o armamento faça parte de uma apreensão de fevereiro deste ano, feita no Aeroporto Internacional Arturo Michelena, na cidade venezuelana de Valência, e que ficou sob a custódia do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin). Alguns militares do Sebin, incluindo o diretor-geral, estavam entre os desertores que apoiavam o golpe e libertaram Leopoldo López.
Enquanto isso acontecia na zona leste, do outro lado da cidade, no centro da capital, a população se concentrava ao redor do palácio presidencial Miraflores. “Esse dia recebemos um alerta muito cedo, pelos celulares. Como somos um povo organizado estamos sempre atentos. Recebemos a orientação de ir para Miraflores porque havia uma tentativa de golpe de Estado”, relatou o primeiro-tenente, José Rodríguez Nascimento, comandante do batalhão da Brigada Territorial de Las Vegas.
O militar conta como as Brigadas Bolivarianas se organizaram rapidamente para chegar ao palácio presidencial. “O primeiro grupo chegou 5 minutos depois do alerta. Um segundo grupo chegou 10 minutos depois e um terceiro 15 minutos. Os outros foram chegando aos poucos. Em 40 minutos o palácio estava cercado pela população. Em uma hora já tinhamos entre 500 e 800 pessoas ao redor de Miraflores”, lembra o tenente.
Os opositores nunca chegaram na zona do Palácio, segundo o comandante Nascimentos. “Não chegaram porque a população automaticamente resguardou o Miraflores, organizadas nas Brigadas Bolivarianas, compostas por cidadão comuns com treinamento militar, que são acionados em situações irregulares”, explica.
“Uma coisa que nenhum meio de comunicação estrangeiro mostrou foi que 100 mil pessoas cercaram o palácio presidencial de Miraflores para mostrar seu apoio ao presidente Nicolás Maduro.O número de pessoas em Miraflores era 10 vezes maior que a quantidade de gente da Praça Altamira junto a Juan Guaidó”, aponta Chamorro.
Quem planejou o golpe?
Guidó foi quem convocou o levante, mas nos bastidores quem comandava toda a operação era o político Leopoldo López, libertado da prisão domiciliar na madrugada daquele dia por militares desertores. Uma das câmeras de jornalistas que acompanhavam os eventos capta o momento em López ordena o fechamento da autopista Francisco Fajardo, via arterial de Caracas, ponto de concentração de opositores. Deputados opositores confirmam, com a condição de não serem identificados: era Leopoldo quem comandava tudo.
Além disso, dois oficiais tiveram papel importante no planejamento da tentativa de golpe. Um deles era o tenente-coronel comandante da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) Ilich Sánchez Farias, que até aquele momento era o responsável pela segurança interna de todos os poderes públicos do Estado, entre eles a Assembleia Nacional, o Tribunal Supremo de Justiça, o Conselho Nacional Eleitoral, do Ministério Público. E o outro era o general Manuel Ricardo Cristopher Figuera, ex-diretor do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), que havia sido demitido no dia anterior.
O objetivo principal do levante era atacar a base aérea militar La Carlota. “Os líderes opositores esperavam que houvesse uma reação violenta do governo venezuelano e das forças militares, para criar a partir disso um factóide sobre mortos, assassinatos, massacres, bombardeios e fuzilamentos”, avalia o analista político Amauri Chamorro.
Em sua opinião um contra-ataque das forças armadas poderia justificar uma intervenção militar dos EUA.“O objetivo era realmente provocar as Forças Armadas para saírem às ruas e gerar assassinatos. Esperavam uma resistência armada, o que seria lógico, pois havia um ataque a uma base militar. Isso justificaria, diante da comunidade internacional, uma invasão militar estrangeira”.
A jornalista da Telesur também levanta essa hipótese. “O que buscavam era o enfrentamento entre militares. Mas, do lado de dentro da Carlota nunca houve disparos com armas de fogo. Apenas bombas lacrimogêneas, para dispersar as pessoas. A ordem do presidente Maduro, me disse um dos comandantes, era esgotar a via do diálogo e do uso progressivo da força utilizada para o controle da ordem pública e não utilizar as armas de guerra contra a população civil”.
“Maduro, muito inteligentemente, ordenou que o exército não reagisse, sob nenhum pretexto. Eles deveriam proteger a base, para não ser invadida, porém não tinham autorização para atirar”, explica Amauri Chamorro.
Um grupo de opositores civis conseguiu entrar na base militar depois de derrubar parte da grande que cerca a base, segundo Madein. “Foi um momento muito tenso, sobretudo quando entraram e começaram a queimar um comando de aviação. Os militares foram falar com eles, pediram que se afastassem. “Vocês já fizeram o que queriam fazer então agora vão embora. Vocês têm que sair porque essa é uma zona de segurança”, teria dito um dos oficiais, segundo a jornalista. O diálogo prevaleceu. “Em qualquer parte do mundo teriam disparado contra os invasores”, ressalta.
Os opositores, enfim, se retiraram de dentro da base. Já era meio dia e o golpe havia fracassado. Os enfrentamentos com pedras, coquetel molotov e bombas de efeito moral continuaram, mas o cenário já havia se convertido em problema de ordem pública. “Não havia muita gente, o povo não saiu às ruas. Eram os mesmos de sempre”, diz Madelien García.
O que deu errado nos planos opositores?
Os líderes opositores, que haviam começado o dia com palavras de ordem e gestos imponentes, foram mudando o semblante com o passar das horas. Quando o ponteiro do relógio se aproximava do meio-dia, os rostos foram ganhando ar de preocupação, nervosismo e irritação. Algo havia falhado. Os gestos de Leopoldo López indicava que não havia chegado o que eles tanto esperavam.
“Depois ficamos sabendo que quem lhes falhou foi o general Manuel Ricardo Cristopher Figuera, ex-diretor do Sebin, que organizou tudo e depois foi embora. A informação que temos é que ele esteve em Miraflores um dia antes, falando com o presidente. Recebeu ordens, cumpriu algumas delas. Às 6h da manhã o presidente teve uma última chamada com ele. Depois disso desapareceu. Ele deixou a oposição na mão”, diz Garcia, que tem contato direto com a alta cúpula do governo e dos militares.
A informação extraoficial é de que o então diretor do Sebin, Cristopher Figuera convenceu a oposição de que tinha o compromisso de alguns comandos militares, que trairiam o presidente Maduro e passariam para o lado opositor. Com isso, haveria condições de haver um golpe de Estado.
Para o analista político Amauri Chamorro tratou-se de uma operação meticulosamente planejada. “A contra-inteligência do governo Maduro confundiu a oposição venezuelana, o governo dos Estados Unidos e os órgãos de inteligência estadunidenses, fazendo parecer que a unidade do exército e o poder civil havia sido rompida, que um conjunto de generais tinha se levantado contra o presidente Maduro”, afirma Chamorro.
Um especialista militar romeno, o ex-comandante Valentin Vasilescu, publicou um artigo no site Rede Voltaire, que explica como “um pequeno serviço de contra-espionagem venezuelano, a Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional) conseguiu derrotar a CIA”. O especialista apresenta dados técnicos precisos, sobre como funciona a espionagem dos EUA, Rússia e Venezuela. O Brasil de Fato procurou governo venezuelano para checar os dados e recebeu a informação de que “maioria das informações divulgadas pelo especialista eram verdadeiras”.
O ex-comandante da Romênia garante que oficiais do Sebin foram infiltrados em grupos opositores e na imprensa financiada pelos Estados Unidos. Houve uma operação com a seleção e a publicação das notícias ligadas à evolução política na Venezuela. Uma vez lá, infiltraram informações falsas na imprensa, como se fossem “vazamentos”, direcionados à CIA. Entre essas informações esta uma sobre a intenção de certos generais da primeira força-tarefa venezuelana em trair o presidente Nicolás Maduro e libertar os opositores políticos presos.
“A fim de ganhar a confiança dos agentes da CIA, os membros do Sebin até organizaram reuniões de conspiração com os generais venezuelanos, sob total controle da inteligência da contra-espionagem militar”, publicou Vasilescu. E disse ainda que Juan Guaidó receberia “pelotão com mais de mil soldados”, para tomar a base aérea La Carlota.
“Depois disso, a Casa Branca deu luz verde para a ação de 30 de Abril que se tornou o maior fracasso da CIA no decurso das últimas décadas. A Venezuela provou que lutar com patriotismo e profissionalismo, mesmo para um país sul-americano sob embargo, pode quebrar os planos da CIA”, destaca o especialista militar.
Os militares venezuelanos não se identificam com a oposição
O sociólogo e mestre em Filosofia de Guerra, pela Universidade Militar Nacional Bolivariana, Jorge Ladeira, afirma que uma das razões pelas quais a oposição não conseguiu ao longo dos últimos 20 anos ter apoio dos militares é a luta de classes que permeia toda a política venezuelana.
A Força Armada Nacional Bolivariana tem uma composição de classe social diferente de outros países da América Latina. No Brasil e na Argentina, por exemplo, a composição das altas patentes das forças armadas é conformada pela elite, que ao longo dos anos foram acumulando condições financeiras e influência política.
“No caso da Venezuela, existe uma geração de oficiais que se incorporaram depois de 1999, no contexto da Revolução Bolivariana, que são de extratos sociais baixos e que passaram por um processo de formação do pensamento bolivariano, o projeto de integração latino-americano, da autodeterminação dos povos, da soberania e do novo conceito de defesa e desenvolvimento da nação”, destaca o sociólogo.
Por outro lado, a oposição venezuelana é a expressão de classe econômica que perdeu espaço no poder para o projeto nacional bolivariano. “Essa é uma classe econômica dominante que não exerce influência sobre essa nova composição militar, porque no seu momento de controle político do Estado usava os estamentos militares como uma relação utilitária”, ressalta Jorge Ladera. “Ademais, o discurso da oposição venezuelana é entreguista, tem como princípio a abertura do país para a principal potência mundial”, conclui Ladera.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira
Líder do partido Vonluntad Popular, Leopoldo López comandou operação de golpe contra Maduro / Foto: Hispano Post


Estados Unidos e Venezuela: um contexto histórico


Por James Petras


“A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo, de que são proprietários e nós as queremos”. – (funcionário anônimo de Trump) A hostilidade dos EUA e os seus esforços para derrubar o governo venezuelano fazem parte de uma longa e vergonhosa história da intervenção dos EUA na América Latina que remonta à segunda década do século XIX.
Em 1823, o presidente Monroe, dos EUA, declarou, em seu nome, a “Doutrina Monroe” – o direito dos EUA em manter os europeus fora da região e o direito de os EUA intervirem na defesa dos seus interesses econômicos, políticos e militares.
Vamos traçar um esboço das fases históricas da intervenção política e militar dos EUA, em nome dos interesses de empresas e da banca dos EUA na região e os movimentos políticos e sociais latino-americanos que se lhe opuseram.
O primeiro período decorre dos finais do século XIX até aos anos 30 e inclui invasões de fuzileiros, a instalação de ditaduras fantoches dos EUA e a resistência de revoluções populares chefiadas por vários líderes revolucionários em El Salvador (Farabundo Martí), na Nicarágua (Augusto Sandino), em Cuba (José Martí) e no México (Lazaro Cárdenas).
Depois, analisaremos as intervenções dos EUA, após a II Guerra Mundial, o derrube de governos populares e a repressão de movimentos sociais, incluindo a Guatemala (1954), o golpe no Chile (1973), a invasão dos EUA da República Dominicana (1965), de Granada (1982) e do Panamá (1989).
A seguir, examinamos as tentativas dos EUA para derrubar o governo da Venezuela (1998 até ao presente).
Política dos EUA na América Latina: Democracia, ditadura e movimentos sociais
O general norte-americano Smedley Butler [1] resumiu os seus 33 anos nas forças armadas como o “homem forte dos Grandes Negócios, da Wall Street e dos banqueiros… Ajudei a transformar o México num lugar seguro para os interesses petrolíferos americanos, em 1914. Ajudei a fazer de Haiti e de Cuba locais decentes para o National City Bank arrecadar receitas… Ajudei na pilhagem de meia dúzia de repúblicas da América Central em benefício da Wall Street. Ajudei a “limpar” a Nicarágua para a casa bancária dos Brown Brothers em 1902-1912. Trouxe à luz a República Dominicana para os interesses açucareiros americanos em 2016. Ajudei a fazer das Honduras o local certo para as empresas de frutas americanas em 1903… Olhando para trás, podia ter dado a Al Capone algumas sugestões”!
Nos primeiros 40 anos do século XX, os EUA invadiram Cuba, transformaram-na quase numa colônia e repudiaram o seu herói da independência, José Martí; forneceu conselheiros e apoios militares ao ditador de El Salvador, assassinou o seu líder revolucionário Farabundo Martí e massacrou 30 mil camponeses sem terra que pretendiam uma reforma agrária. Os EUA intervieram na Nicarágua, lutaram contra o seu líder patriótico Augusto Sandino e instalaram uma dinastia ditatorial chefiada pelo regime de Somoza até este ser derrubado em 1979. Os EUA intervieram em Cuba para instalar uma ditadura militar em 1933, para abafar uma revolta de trabalhadores açucareiros. Entre 1952 e 1958, Washington armou a ditadura de Batista para destruir o revolucionário Movimento 26 de Julho, chefiado por Fidel Castro. Nos finais dos anos 30, os EUA ameaçaram invadir o México, quando o presidente Lázaro Cárdenas nacionalizou as empresas petrolíferas norte-americanas e redistribuiu terras a milhões de camponeses sem terras.
Com a derrota do fascismo (1941-1945), houve uma explosão de governos socialdemocratas na América Latina. Mas os EUA objetaram. Em 1954, os EUA derrubaram o presidente eleito da Guatemala, Jacobo Árbenz, por ter expropriado as plantações de bananas da United Fruit Company. Apoiou um golpe militar no Brasil em 1964; os militares mantiveram-se no poder durante 20 anos. Em 1963, os EUA derrubaram o governo democraticamente eleito de Juan Bosch na República Dominicana e, em 1965, invadiram-na para impedir uma revolta popular. Em 1973, os EUA apoiaram um golpe militar que derrubou o presidente democrata socialista Salvador Allende e apoiaram o regime militar do general Augusto Pinochet durante quase 20 anos.
Peculiaridades do imperialismo dos EUA na América Latina
Subsequentemente, os EUA intervieram e ocuparam Granada em 1983 e o Panamá em 1989.
Os EUA sustentaram regimes de direita por toda a região que apoiavam a banca e os oligarcas empresariais norte-americanos que exploravam recursos, trabalhadores e camponeses.
Mas os poderosos movimentos sociais dos anos 90, chefiados por trabalhadores, camponeses e pela classe média de funcionários públicos, médicos e professores desafiaram a aliança da elite dos dirigentes internos e dos EUA. No Brasil, o poderoso movimento de 300 mil trabalhadores rurais (MST) conseguiu expropriar grandes propriedades devolutas; na Bolívia, mineiros e camponeses indígenas, incluindo produtores de coca, derrubaram a oligarquia. Na Argentina, greves gerais e movimentos de massas de trabalhadores desempregados derrubaram os governantes corruptos aliados ao Citi Bank. O êxito dos movimentos populares nacionalistas e populistas levaram a eleições democráticas, ganhas por presidentes progressistas e de esquerda em toda a América Latina, em especial na Venezuela.
Venezuela: Eleições democráticas, reformas sociais e a eleição do presidente Chávez
Em 1989, o presidente da Venezuela, apoiado pelos EUA, impôs programas de austeridade que provocaram manifestações populares, as quais levaram o governo a ordenar à polícia e aos militares que reprimissem as manifestações: foram mortos e feridos vários milhares. Hugo Chávez, um oficial militar, revoltou-se e apoiou a rebelião popular. Foi capturado, preso, depois foi libertado e candidatou-se a presidente. Foi eleito por uma ampla margem em 1999 com um programa de reformas sociais, de nacionalismo econômico, de fim da corrupção e de independência política.
Washington iniciou uma campanha hostil para pressionar o presidente Chávez a aceitar a agenda de guerra global de Washington (presidente Bush) no Afeganistão e em todo o mundo. Chávez recusou submeter-se. Declarou: “Não se combate o terrorismo com terrorismo”. Nos finais de 2001, o embaixador dos EUA reuniu com a elite financeira e com um setor das forças armadas para afastar o presidente eleito Chávez através de um golpe, em abril de 2002. O golpe durou 24 horas. Mais de um milhão de pessoas, na maioria moradores de bairros de lata, marcharam sobre o palácio presidencial, defendido por militares leais. Derrotaram o golpe e reinstalaram o presidente Chávez no poder. Este continuou a ganhar uma dezena de eleições democráticas e referendos durante a década seguinte.
O presidente Chávez teve êxito, em grande parte, por causa do seu abrangente programa de reformas socioeconômicas que favoreciam os trabalhadores, os desempregados e a classe média.
Foram construídos mais de dois milhões de casas e apartamentos que foram distribuídos gratuitamente pelas classes populares; centenas de clínicas e hospitais proporcionavam cuidados médicos gratuitos nos bairros populares; construíram-se universidades, escolas de formação e centros médicos para estudantes de baixos rendimentos, sem pagamento de propinas.
Milhares de pessoas em centros comunitários nos bairros e “coletivos locais” discutiam e votavam questões sociais e políticas – incluindo a crítica e a recondução de políticos locais, mesmo sendo funcionários de Chávez eleitos.
Entre 1998 e 2012, o presidente Chávez ganhou quatro eleições presidenciais consecutivas, várias maiorias no Congresso e dois referendos nacionais, reunindo entre 56% a mais de 60% do voto popular. Depois de Chávez morrer, o presidente Maduro ganhou as eleições em 2013 e 2018, mas por uma estreita margem. A democracia florescia, as eleições foram livres e abertas a todos os partidos.
Em consequência da incapacidade dos candidatos apoiados pelos EUA de ganharem as eleições, Washington recorreu a violentos motins de rua, e apelou aos militares que se revoltassem e invertessem os resultados eleitorais, Os EUA aplicaram sanções, que começaram com o presidente Obama e se agudizaram com o presidente Trump. Os EUA apreenderam milhares de milhões de dólares em ativos venezuelanos e as refinarias de petróleo nos EUA. Os EUA escolheram um novo (não eleito) presidente (Guaidó) que foi instruído para instigar os militares a revoltar-se e conquistar o poder.
Fracassaram: cerca de cem dos 267 mil soldados e uns milhares de apoiantes de direita responderam à chamada. A revolta da “oposição” foi um fracasso.
Os fracassos dos EUA eram previsíveis, perante uma massa de eleitores que defendiam as suas conquistas socioeconômicas; o seu controlo do poder local; a sua dignidade e o seu respeito. Mais de 80% da população, incluindo a maioria da oposição – rejeitaram uma invasão dos EUA.
As sanções dos EUA contribuíram para uma hiperinflação e para a morte de 40 mil cidadãos devido à escassez de produtos médicos.
Conclusão
Os EUA e a CIA seguiram as pisadas do século passado, procurando derrubar o governo da Venezuela e assumir o controlo dos seus recursos petrolíferos e minerais. Tal como no passado, os EUA procuraram impor uma ditadura submissa que reprimisse os movimentos populares e subvertesse os processos eleitorais democráticos. Washington procurou impor um aparelho eleitoral que garantisse a eleição de governantes submissos, como fez no passado e como tem feito recentemente no Paraguai, no Brasil e nas Honduras.
Até aqui, Washington tem fracassado, em grande parte porque a população defende as suas conquistas históricas. A maioria das populações pobres e trabalhadoras têm consciência de que uma invasão e ocupação dos EUA levará a uma matança em massa e à destruição da soberania e da dignidade.
As populações têm consciência da agressão dos EUA assim como dos erros do governo. Exigem correções e retificações. O governo do presidente Maduro favorece um diálogo com a oposição não violenta; os venezuelanos estão a estabelecer laços econômicos com a Rússia, a China, o Irão, a Turquia, a Bolívia, o México e outros países independentes.
A América Latina tem a experiência de décadas de exploração e domínio dos EUA; mas também tem criado uma história de êxito da resistência popular, incluindo revoluções no México, na Bolívia e em Cuba; de êxito dos movimentos sociais e dos resultados de eleições, nos últimos anos, no Brasil, na Argentina, no Equador e na Venezuela.
O presidente Trump e o seu bando assassino de Ellen Pompeo, John Bolton e Elliot Abrams declararam guerra contra a população venezuelana mas, até agora, têm sido derrotados.
A guerra continua.
18/Maio/2019 [1] Smedley Butler : O seu livro-denúncia das malfeitorias imperialistas dos EUA é War is a Racket.
O original encontra-se em www.globalresearch.ca/united-states-venezuela-historical-background/5677795 . Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
 A guerra suja dos EUA em nome dos “direitos humanos”


Por Geraldina Colotti, Resumen Latinoamericano

A foto é uma daquelas que estimulam a compaixão e a indignação. Retrata uma mulher derrotada em uma cadeira. O telefone abandonado na mesa ao lado dos óculos indica que ela acaba de receber notícias catastróficas, que a destruíram. Além disso, vemos um pequeno altar com uma foto de um jovem, semelhante aos mostrados pelas mães dos desaparecidos no México, ou na Europa, nas estradas que tiram vidas jovens por causa da grande velocidade.

Neste caso, no entanto, a cena indica que é a Venezuela, representada por uma bandeira com 7 estrelas em vez de 8, que a oposição anti-Chávez exibe. É uma página da Anistia Internacional. O título, em letras grandes, apaga qualquer dúvida sobre a suposta “imparcialidade” da organização: “Venezuela: os crimes contra a humanidade exigem uma forte resposta da justiça internacional”.
A diretora para as Américas, Erika Guevara Rojas, nunca perdeu a oportunidade de atacar o governo bolivariano, usando a poderosa ferramenta à sua disposição. Agora renova o ataque no relatório “Fome por justiça: crimes contra a humanidade na Venezuela”, construído em torno dos eventos que ocorreram no país bolivariano desde janeiro de 2019. Nem mesmo uma pequena culpa pelas tentativas desestabilizadoras feitas pelos líderes do golpe Venezuelanos, mas a denúncia de “uma política sistemática de repressão contra pessoas de oposição ou percebida como tal simplesmente pelo fato de protestar”.
Trata-se de uma confirmação adicional do papel desempenhado pelas grandes agências do humanitarismo na construção de uma opinião pública internacional propensa aos interesses daqueles que, em última análise, mantêm o seu bolso numa cadeia de financiamento direto ou indireto: o imperialismo norte-americano. Uma história que, dado que se baseia na retórica vitimista e não nos custos inevitáveis do conflito de classes num mundo de desigualdades, vê falhas apenas de um lado. E assim, os sobreviventes e parentes das vítimas da violência fascista na Venezuela (as guarimbas) não foram recebidos em nenhuma seção dessas “organizações de direitos humanos”.
A queda da União Soviética aumentou certamente o peso das grandes agências do humanitarismo, de um modo diretamente proporcional à perda de hegemonia de esquerda em nível europeu, devido à mudança de tendência para a moderação, levada a cabo por partidos comunistas e socialistas. No entanto, as agências de segurança dos EUA têm trabalhado na construção de mecanismos de consenso durante muito tempo: para construir a opinião pública em favor do governo capitalista, que agora prevalece em nível mundial.
As guerras de quarta e quinta geração movidas pelo imperialismo contra os povos que, como Cuba ou Venezuela, tentam encontrar seu próprio caminho, também têm um forte caráter cultural. José Martí escreveu: “a maior guerra que eles estão fazendo contra nós está no nível do pensamento e é precisamente no nível do pensamento que devemos conquistá-la”.
“A guerra travada contra nós” é o título de um livro de Raúl Capote, escritor e professor cubano que se infiltrou na CIA para defender seu país, hoje chefe de redação internacional no Granma. Depois de contar sua experiência em vários livros, ele explica em perspectiva histórica e com uma sólida abordagem marxista como a guerra cultural contra Cuba é articulada. Os Estados Unidos começaram a trabalhar em mecanismos de construção de consenso após a Segunda Guerra Mundial. A CIA aproveitou-se do armamento de espionagem dos nazistas derrotado pelo Exército Vermelho soviético. Ela criou uma frente ideológica de longo prazo ao conceber a cultura como um cenário de guerra psicológica que visa condicionar mentes e vontades.
O projeto começou com a operação de Okopera, cuja primeira tarefa era demolir a simpatia pelo ideal socialista e difundir a cultura e o estilo de vida da América do Norte em toda a Europa. O Congresso para a Liberdade e Cultura (CLC) foi o principal instrumento desta operação, construída através de uma organização sediada em Paris e com o apoio dos serviços secretos franceses e ingleses. Tinha escritórios em 35 países, organizou eventos internacionais e conferências com intelectuais de prestígio (conscientes ou inconscientes) e acabou controlando toda a indústria cultural ocidental.
Uma máquina que foi aperfeiçoada ao longo do tempo por equipes multidisciplinares que cobrem todas as manifestações artísticas, criando organizações e projetos para esse fim. Hoje, o CLC não existe mais, mas a CIA não abandonou sua missão, e o objetivo central continua o mesmo: destruir o socialismo em todas as suas formas, manipulando consciências para esse fim.
Cuba está sempre na mira. A Venezuela está sendo alvo, na medida em que é “uma ameaça incomum e extraordinária à segurança dos Estados Unidos”. A ameaça das camisas vermelhas usadas por jovens que pensam e se percebem como construtores de um mundo diferente e não como homo frivolus: “sem valores, sem cultura e banais, rebeldes sem causa, mercado de escravos, absolutamente irresponsáveis”. Um tipo humano construído pela indústria cultural de maneira persuasiva e generalizada: “A vingança dos estúpidos promovidos pelo capitalismo – escreve Capote – é legitimada pela indústria de relações públicas, por campanhas de intensa propaganda, pela construção de ícones e pela engenharia do consenso, do mercado e sua religião de um feroz egoísmo”. Campanhas de propaganda realizadas com muitos dólares também pela grande indústria do humanitarismo, que inverte os símbolos, destrói figuras, governos e ideais usando a retórica dos “direitos humanos”.
Guerra cultural que prepara guerras de um novo tipo. Necessita criar a fantasia perversa segundo a qual os médicos cubanos, que viajam ao redor do mundo sem a imposição de ‘ajuste estrutural’ como faz o Fundo Monetário Internacional, são “escravos” pelo seu próprio governo. No entanto, funciona. O argumento se apodera do homo frivolus ocidental, preparando-o para defender os “direitos humanos” dos médicos que, seduzidos pelas sirenes do capitalismo, traem seus ideais: assim ele fica pronto para aceitar que o grande circo do humanitarismo denuncie Raul Castro e o Presidente de Cuba Díaz-Canel perante o Tribunal Penal Internacional.
Definir como “ditadura” a democracia participativa venezuelana, que em vinte anos organizou 25 eleições, é uma mentira grosseira. No entanto, funciona se as organizações “humanitárias” com a licença de imparcialidade a divulgam. O mesmo padrão se aplica à Nicarágua e com o mesmo propósito: preparar uma “resposta forte” do imperialismo, como vimos na invasão da Embaixada da Venezuela em Washington, pode permitir-se a pisotear a legislação internacional, sem problemas.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/05/17/contra-cuba-y-venezuela-guerra-sucia-en-nombre-de-los-derechos-humanos/
 A propósito do declínio dos EUA
15 de maio de 2019
Jorge Cadima
ODiario.info
Nos EUA avoluma-se uma crise profunda, cujos efeitos se estendem a todos os campos – econômico, financeiro, social, político, militar, sanitário e mesmo demográfico. As suas raízes residem na crise sistêmica do capitalismo, mas também no declínio relativo dos EUA face a outras potências, na insustentabilidade da sua situação financeira e na brutalidade da sua dominação de classe.
Os mecanismos com que a classe dirigente norte-americana tem procurado enfrentar o seu declínio não apenas não o inverteram, como contribuíram para acentuar esse declínio. Trump expressa essa crise.
‘Tornar de novo grande a América’ é uma ilusão que não reflete a realidade mundial em mudança. Mas o perigo de que tudo termine numa aventura catastrófica é enorme.
Um país em crise
Os EUA são um caldeirão em ebulição. A ofensiva de classe das últimas décadas traduziu-se numa baixa acentuada dos níveis de vida de grande parte da população trabalhadora. Tornou-se frequente que, mesmo trabalhadores com duplo emprego, mal consigam sobreviver . A desindustrialização de vastas regiões gerou fenômenos de pobreza em massa. Em 2018, o Relator Especial Philip Alston apresentou ao Conselho de Direitos Humanos da ONU um relatório sobre pobreza extrema nos EUA, afirmando: «Os Estados Unidos […] são uma das sociedades mais ricas […]. Mas a sua imensa riqueza e conhecimentos estão em flagrante contraste com as condições em que vive grande número dos seus cidadãos. Cerca de 40 milhões vivem na pobreza, 18,5 milhões em pobreza extrema e 5,3 milhões em condições de pobreza absoluta, do tipo Terceiro Mundo» . Mais de meio milhão de norte-americanos vivem nas ruas ou em tendas e barracas . Cidades inteiras declaram falência, não sendo único o caso de Detroit (2013). Os EUA continuam a ser o único país desenvolvido em que não existe licença de parto garantida por lei . Nos últimos meses, assiste-se a um ressurgimento de importantes lutas laborais, que traduzem um descontentamento generalizado.
A brutalidade da situação social e o domínio dos interesses do grande capital são inseparáveis da diminuição verificada na esperança de vida (76,1 anos para os homens), associada a um aumento importante na taxa de mortalidade dos grupos etários em idade laboral (25-34 anos, +2,9% entre 2016 e 2017; e 35-44 anos, +1,6%) . Este aumento reflete o surto de mortes por consumo de drogas que, segundo a agência governamental CDC, atinge hoje mais de 70 mil pessoas por ano (mais 9,6% entre 2016 e 2017) . Grande parte dessas mortes resulta da chamada crise dos opióides, os analgésicos à base de ópio cuja utilização por receita médica (legal) se generalizou nas últimas duas décadas, com efeitos devastadores, provocando hoje 130 mortes por dia. Segundo a revista New Yorker (23.10.17), a agência governamental Food and Drug Administration (FDA) aprovou, em 1995, o uso do mais conhecido desses opióides, o OxyContin, apesar de a empresa produtora, Purdue, não ter efetuado estudos clínicos relativos aos perigos de gerar dependência, tendo mesmo a FDA, «num passo inusual, […] anunciado que era mais seguro do que os analgésicos concorrentes». O responsável pelo estudo «deixou a agência [FDA] pouco tempo depois. Passados dois anos trabalhava para a Purdue». Como sintetiza o New Yorker, foram «gerados milhares de milhões de lucros – e milhões de viciados». O capitalismo ganha dinheiro até a anestesiar o descontentamento social.
Este quadro dramático é inseparável da mercantilização extrema em todas as esferas de vida. Não existe um sistema nacional de saúde, e «Os Estados Unidos têm despesas de saúde duas vezes maiores que outros países, com resultados piores» (Reuters, 13.3.18). A conclusão é de um estudo chefiado por uma investigadora da London School of Economics que compara os EUA com dez outros países desenvolvidos. Conclui que apesar das despesas de saúde representarem 17,8% do PIB nos EUA, e não mais de 12,4% nos outros países, «a esperança de vida dos EUA é a mais baixa» e «a taxa de mortalidade infantil é a mais elevada, com 5,8 óbitos por cada mil nascidos vivos, sendo em média de 3,6 para os restantes países». Os custos do ensino superior amarram a maioria dos estudantes a dívidas enormes, ainda antes de iniciarem a sua vida laboral. O montante global da dívida estudantil nos EUA ultrapassa hoje uns impressionantes 1,5 bilhões (1,5×10) de dólares (Guardian, 4.10.18), cerca de 7 vezes o PIB anual de Portugal.
Se a situação dos trabalhadores e do povo dos EUA é dramática, os seus multimilionários acumulam riquezas sem precedentes. O 1% de famílias com maiores rendimentos possuíam, em 2016, 38,6% da riqueza do país, muito mais do que os 90% com menores rendimentos (22,8%). Apenas dez anos antes estas percentagens eram, respectivamente, 33,7% e 28,5% (CNN, 3.11.17). Ou seja, a crise que eclodiu em 2007-8 saldou-se por uma concentração ainda maior da riqueza nas mãos dos mais ricos. Segundo o Pew Research Center, desde então, a riqueza mediana dos norte-americanos com menos posses «reduziu-se para quase metade» (!), enquanto que a riqueza mediana dos de maiores posses aumentou 25% .
É impossível ignorar a brutal natureza de classe da ‘democracia made in USA’.
O endividamento
A riqueza ostentada pelos EUA é em boa medida fictícia, assente numa montanha de dívida sempre pronta a ruir e que evoluções macroeconômicas positivas, mas conjunturais, não podem fazer esquecer. A situação financeira do Estado norte-americano é insustentável. A dívida nacional (que apenas diz respeito ao governo central) atingiu o astronômico valor de 22 bilhões (22×1012) de dólares, ultrapassando 100% do PIB. Há apenas 20 anos era um quarto desse valor. Mais do que duplicou na década após 2008. Vai continuar a explodir, já que o déficit orçamental para 2020 ultrapassa 1,1 bilhões de dólares. Mas o endividamento recorde não é apenas estatal. O endividamento das famílias atingiu 13,3 bilhões de dólares, mais do que em 2008 (Reuters, 14.8.18). A dívida das empresas ultrapassa os 6,3 bilhões de dólares (CNBC, 27.6.18), também um valor recorde. A relação entre dívida e liquidez das empresas é maior agora do que na crise de 2008 (CNBC, 12.9.18). Desde há uma década que o país vive com medidas de exceção. Mas o endividamento de que tanto se falou como responsável pela explosão da crise em 2007-8 ainda se agravou mais. O que não surpreende, já que o endividamento generalizado é a fonte de lucros do sistema financeiro que comanda o capitalismo.
O grande capital aponta o dedo às despesas sociais como causa do endividamento. As verdadeiras razões são outras. Incluem a evasão fiscal das grandes empresas; a pilhagem do Estado para gerar lucros privados; as reduções de impostos (para a JP Morgan, o corte de impostos de Trump traduziu-se num aumento de lucros de 3,7 mil milhões de dólares – Business Insider, 4.4.19). A deslocalização da produção para outros países nas décadas anteriores, se por um lado serviu para assegurar ganhos às grandes multinacionais e alterar a correlação de forças de classe (colocando a classe operária na defensiva, facilitando a ofensiva antissocial), por outro lado é também um fator importante de endividamento estatal, afetando a base de tributação fiscal.
Mas é o papel de gendarme mundial do capitalismo que assume particular importância no endividamento dos EUA. Se por um lado as guerras trazem inegáveis vantagens econômicas às grandes empresas, assegurando o controlo de mercados, contratos e matérias-primas (entre as quais o petróleo) em larga parte do globo, por outro lado representam um pesadíssimo fardo financeiro para o Estado norte-americano. Sendo os lucros gerados pelas despesas militares nos EUA essencialmente privados, as despesas militares são públicas.
A tendência histórica
Os EUA emergem da II Guerra Mundial como a superpotência capitalista mundial. A sua preponderância econômica, militar e política era inquestionável no seio do mundo capitalista. O pavor da revolução social e o desafio histórico representado pela construção do socialismo na URSS e em países onde vivia um terço da Humanidade, bem como pelo avanço dos processos de libertação nacional, levava as classes dominantes dos restantes países capitalistas a aceitar a hegemonia dos EUA e a limitação da sua própria soberania. Apesar de contradições que nunca deixaram de se manifestar (veja-se o caso da França), foi este o quadro que predominou até à vitória das contra-revoluções no Leste da Europa, no final do Século XX.
Entretanto, por debaixo da superfície, amadureciam processos de alteração da correlação de forças no plano econômico. As duas grandes potências derrotadas na II Guerra Mundial, Alemanha e Japão, protagonizaram no pós-guerra um crescimento econômico assinalável, beneficiando em parte de estarem impedidas de ter despesas militares de vulto. Como referia a Resolução Política do XV Congresso do PCP (1996), «o papel dominante dos EUA à escala mundial continua em diminuição no plano econômico, o que leva a principal potência imperialista a socorrer-se cada vez mais do seu poderio extraeconômico (diplomático, militar, ideológico, etc.) para tentar manter e impor a sua hegemonia. A luta por ‘zonas de influência’ entre as várias potências imperialistas acentua-se, assim como a luta pela tomada de posições no interior dos países imperialistas rivais». Nas décadas mais recentes, novas potências alcançaram um crescimento econômico impetuoso, com destaque para a China que é já hoje uma grande potência econômica mundial e cujo desenvolvimento é também qualitativo, sendo cada vez mais uma potência tecnológica (8).
Hoje, assiste-se à discussão aberta no seio dos círculos dirigentes do grande capital das velhas potências imperialistas, sobre a forma de ‘fazer frente’ à China e outras potências ascendentes. A real correlação de forças econômica não pode ser ignorada por muito tempo, sem que se manifestem os seus efeitos políticos. O papel do dólar como moeda de reserva internacional está hoje em causa. Há quase duas décadas, o General Loureiro dos Santos dava voz à ideia de que, para travar essa ascensão, os Estados Unidos iriam recorrer a uma guerra mundial (Diário de Notícias, 13.3.00). Para os EUA em particular, confrontados com o seu declínio relativo, quer em relação às potências imperialistas europeias, quer à China e outra potências (re)emergentes, o que está em causa é de importância histórica. Tanto mais quanto as fragilidades do Estado norte-americano e o descontentamento que grassa no seio do povo norte-americano assumem proporções explosivas. Trump protagoniza uma opção pela dominação inquestionável dos EUA em todos os planos. A sua agressividade, mesmo em relação a tradicionais aliados, é expressão da gravidade da situação.
Rivalidade e cooperação
A estratégia de Trump, patente na sua retórica de ‘tornar a América de novo grande’ e nos seus ataques a aliados, não é inteiramente nova. Já o governo de Bush (filho) tentou impor a vontade exclusiva dos EUA. Os conflitos com a França de Chirac e Villepin, e a Alemanha de Schroeder, quando da invasão do Iraque em 2003, eram uma (então ainda rara) expressão pública de rivalidades e contradições entre os dois maiores polos do capitalismo mundial. A humilhação dos EUA às mãos da resistência iraquiana e os receios mútuos de que as clivagens entre EUA e UE pudessem alimentar a resistência popular a nível mundial, mesmo no seio das grandes potências capitalistas, conduziram a uma recomposição. O quadro político para o acordo foi protagonizado primeiro pela nomeação de Durão Barroso (defensor da guerra do Iraque) como Presidente da Comissão Europeia e a ascensão de Angela Merkel e Sarkozy e, mais tarde, pela eleição de Obama nos EUA. A nova fase de concertação – que nunca deixou de ser hegemonizada pelos EUA e nunca apagou as contradições e rivalidades – não representou nada de benéfico para os povos, como ficou patente na ofensiva antissocial no seio da UE; na política partilhada de guerra a nível mundial (Líbia, Síria, Ucrânia); na reafirmação da UE como pilar europeu da OTAN; no alinhamento incondicional da UE com a histeria antirrussa, mesmo quando as sanções contra esse país afetam sobretudo os produtores europeus.
Mas a situação dos EUA não parou de se agravar. Com a eleição de Trump ganham de novo preponderância os defensores de uma hegemonia arrogante e inquestionável. O rasgar do TTIP e outros acordos (como sobre o clima e o Irão); as diatribes públicas contra o canadense Trudeau ou a Alemanha, a propósito do gasoduto NordStream2; os resmungos para que sejam aumentadas as despesas com a OTAN; as multas a grandes empresas europeias e o recente anúncio de tarifas alfandegárias sobre bens no valor de 11 mil milhões de dólares – tudo faz parte de uma estratégia de imposição da hegemonia incondicional dos EUA e das suas empresas (incluindo militares), ao mesmo tempo que tenta obrigar os ‘aliados’ a pagar os custos dessa hegemonia. É também uma política que procura ‘disciplinar as hostes’ e cerrar fileiras por detrás do ‘chefe’, na preparação de um embate multifacetado com os países que a doutrina militar dos EUA já definiu como o ‘maior desafio’: a China e a Rússia. Assiste-se a uma nova corrida aos armamentos; ao aumento dos orçamentos militares; a um crescendo das provocações e do cerco à Rússia; ao rasgar do Tratado INF, relativo às forças nucleares de alcance intermédio; ao confrontacionismo crescente com a China, seja no plano econômico ou militar; à corrida à militarização do espaço. A virulência da nova ofensiva contra os processos soberanos na América Latina, bem como o apoio incondicional ao criminoso sionismo israelita, encorajam a barbárie e o culto da força, alimentando o anticomunismo e o fascismo no plano mundial, o que também aduba o belicismo.
Embora com conflitos profundos, de contornos ainda não inteiramente claros, na classe dirigente dos EUA predomina a recusa em aceitar o seu declínio e a crença de que os poderosos recursos ainda disponíveis podem preservar a hegemonia planetária. Entre esses recursos conta-se a estrutura militar e o domínio quase ditatorial sobre os grandes meios de comunicação social mundiais, cada vez mais meras armas da propaganda de guerra (veja-se o caso da Venezuela). Conta-se também a extensa rede de autênticos agentes dos EUA no seio de numerosos países (incluindo da UE), sempre prontos a trocar a prestação de serviços e mesmo a traição aos seus países por futuras benesses, à la Durão Barroso.
Mas o extremismo do governo Trump também comporta grandes riscos para a superpotência capitalista. A imprevisibilidade dos EUA e a sua indisponibilidade para o compromisso podem pôr em perigo alianças de muitas décadas com países de importância regional (como a Turquia, o Paquistão, e mesmo países do Golfo) e com as potências imperialistas europeias e, por essa via, poderão enfraquecer ainda mais os EUA.
Os perigos e as potencialidades
Em muitos setores populares ainda não existe uma consciência da real gravidade da situação. Existe o perigo de que grandes massas sejam conduzidas para becos sem saída, quer arrastadas pela propaganda de guerra fascistizante, quer correndo atrás de ilusões, como os mitos de uma UE ‘de paz’. A História ensina que as grandes guerras modernas têm as suas raízes no sistema capitalista e de dominação de classe, nas suas crises e rivalidades. Para os povos, é imperioso lutar para travar a corrida para o abismo. Apontando sempre as responsabilidade de quem defende e promove a guerra. Lutando sempre em defesa da Paz. Só assim se fortalece a resistência que conduzirá à alternativa.
https://www.odiario.info/a-proposito-do-declinio-dos-eua/
 A Guerra na Venezuela
Os EUA já estão em guerra com a Venezuela. Uma guerra híbrida, não-convencional, mas uma guerra

por Marcelo Zero
A grande pergunta que todos se fazem no momento é se haverá ou não uma guerra na Venezuela.
Bom, em primeiro lugar, é preciso considerar que os EUA já estão em guerra com a Venezuela. Uma guerra híbrida, não convencional, mas uma guerra.
Os EUA estão fazendo de tudo na Venezuela. Além do embargo comercial e financeiro, que já ocasionou a morte de pelo menos 40 mil pessoas, confiscaram ouro e outros ativos da Venezuela no exterior, promoveram atos de sabotagem que levaram a apagões, instituíram um títere ridículo (Guaidó) para tentar derrubar Maduro mediante um golpe, articularam o isolamento diplomático e político do nosso vizinho, fazem pressão para que os militares abandonem o governo constitucional, promovem uma grande campanha de desinformação sobre a Venezuela para criminalizar Maduro e o regime bolivariano, etc. etc.
A questão não é, portanto, se os EUA entrarão em guerra com a Venezuela, mas se a atual guerra híbrida escalará para uma guerra militar estrito senso. Para tentar responder a essa pergunta, temos de levar em consideração dois grandes fatores.
O primeiro tange à nova geoestratégia dos EUA para América Latina. Eles querem implantar, a ferro e fogo, se necessário, a Nova Doutrina Monroe, segundo a qual a nossa região tem de ser, de novo, um espaço de influência exclusiva dos EUA. Um quintal. Um patio trasero, como dizem os hispânicos.
Nesse novo cenário, não haveria lugar para países que tenham políticas externas independentes e relações mais aprofundadas com China e Rússia, por exemplo, rivais geopolíticos e geoeconômicos dos EUA. Assim, a derrubada do governo Maduro é essencial para a agenda dos EUA na região, pois Caracas tem hoje relações bastante estreitas com esses rivais dos EUA e pratica uma política externa muito independente, embora jamais tenha deixado de prover seu petróleo para o gigante norte-americano. Diga-se de passagem, o governo brasileiro de Bolsonaro, bem treinado que é, já ameaça sair do BRICS e abandonar programas sino-brasileiros.
O segundo fator diz respeito às divergências no governo dos EUA sobre o que e como fazer, em relação à Venezuela. Como no Brasil, há dois grandes grupos no governo dos EUA que têm opiniões distintas sobre esse e outros assuntos.
Há o grupo dos ideólogos de extrema-direita, do qual fazem parte figuras sinistras como John Bolton (conselheiro de segurança nacional), Mike Pompeo (secretário de Estado), e o terrível Eliott Abrams (enviado especial para a Venezuela), entre outros. Embora mais sofisticados que o astrólogo da Virgínia [1] e os integrantes do Clã (qualquer coisa é), compõem um grupo extremado, um tanto delusional, gente que não tem contato muito estreito com a realidade.
Pois bem, esse pessoal, tutti buona gente, neocons de pura cepa, quer uma intervenção militar na Venezuela. Bolton, em particular, maior ideólogo da Nova Doutrina Monroe, já demandou ao Pentágono cenários variados para a intervenção, desde bombardeios localizados, até invasão com tropas em terra.
O problema, para ele, é que os militares do Pentágono, como os daqui, estão resistindo e advertindo Trump sobre os perigos de uma guerra na Venezuela, especialmente se esta envolver tropas em terra.
A Venezuela é duas vezes maior que o Iraque e tem um terreno extremamente difícil para operações em terra, com selvas impenetráveis, pântanos (llanos), montanhas, etc. Enfim, um terreno ideal para uma guerra defensiva de posições táticas e de guerrilhas. Além disso, como já escrevi anteriormente, a Venezuela vem se preparando para este cenário desde 2006, com o Nuevo Pensamiento Militar. Mesmo no caso de uma derrota completa das forças regulares venezuelanas, a Milícia Bolivariana, que poderia reunir até 500 mil membros, oporia feroz resistência por todo o território da Venezuela.
Não bastasse, os bolivarianos poderiam receber apoio logístico de China e Rússia, especialmente desta última, que desenvolveu cooperação militar estreita com a Venezuela.
Além dessas questões militares operacionais, pesam também contra uma intervenção militar, notadamente contra uma invasão por terra, a falta de apoio político internacional. O Grupo de Lima, que congrega a direita sul-americana e os satélites dos EUA na região, rejeita a escalada militar, embora apoie entusiasticamente a guerra híbrida contra a Venezuela. Os europeus também preferem apostar apenas na guerra híbrida.
Mas isso significa dizer que a transformação da guerra híbrida em guerra convencional está descartada? Não, não está.
À medida que a “solução Guaidó” fracassa miseravelmente e não se investe numa solução negociada e pacífica, cresce a impaciência e o descontentamento dos neocons liderados por John Bolton. Há de se considerar que Bolton é um sujeito muito perigoso e influente, que tem um longo e inquietante histórico de manipulação de informações para fazer prevalecer suas teses.
Parte de grupos a ele ligados [propala] a cretina “informação” de que os generais venezuelanos seriam controlados por “agentes cubanos”, repetida por oligofrênicos da nossa imprensa conservadora. O alvo de Bolton é o lobby anticastrista, de enorme influência e Washington e decisivo no voto latino nos EUA. Trump, embora reticente em aprovar qualquer intervenção militar, confia muito em Bolton e encarregou-o de cuidar do tema.
O presidente do America First e o resto que se dane não quer se envolver numa guerra que não poderia ganhar no curto prazo, mas também sabe que o atual cenário de fracasso e humilhação o está desgastando ante o eleitorado conservador.
Na persistência crônica desse cenário de impasse humilhante, é possível que se opte por uma intervenção militar restrita a alguns bombardeios punitivos contra alvos militares e políticos selecionados. [2]
Do ponto de vista logístico e militar, essa seria uma alternativa viável. A Venezuela está muito próxima dos EUA. Ademais, os EUA têm duas grandes bases militares bem próximas do território da Venezuela: Guantánamo (Cuba) e Soto Cano (Honduras). Os EUA também não teriam grandes dificuldades em usar instalações no Panamá, Colômbia ou, quem sabe, até no Brasil. O deslocamento de uma boa força naval até a costa da Venezuela também poderia se dar de forma muito rápida.
A capacidade de a Venezuela resistir a tal ataque é limitada, mesmo com seus Sukhois SU-30 e seus mísseis S-300. O poder dos mísseis Cruise e dos aviões com tecnologia stealth é avassalador. Ademais, a Venezuela não tem expertise em guerra eletrônica. Uma vez destruído o sistema de comunicação militar, pouca coisa poderá se fazer.
A decisão de se fazer ou não um ataque desse tipo dependerá da evolução das condições internas na Venezuela e dos efeitos esperados nos eleitores de Trump. Se o impasse político persistir, se abrirem fissuras nas forças venezuelanas e as condições econômicas continuarem a se deteriorar, e se os eleitores conservadores dos EUA começarem a ver com bons olhos uma ação mais firme, a hipótese de uma intervenção militar restrita, sem tropas em terra, pode não só se tornar factível, mas desejável.
Bastaria preparar o terreno com uma operação de falsa bandeira, que resultasse em mortos e feridos atribuíveis ao “ditador” Maduro, para que tal ação possa ser “justificada”. Outra hipótese, como esclarece o patético títere, seria o parlamento venezuelano convidar os americanos a destruírem a Venezuela.
Seria, de qualquer modo, uma aposta de alto risco. Porém, não se deve desprezar a crueldade e a truculência do Império e da direita venezuelana. Para assegurar seus interesses, o governo dos EUA não se importa em destruir países e matar milhões de pessoas, desde que não sejam vidas norte-americanas. Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria foram destruídos, milhões de vidas foram perdidas, ceifadas, direta ou indiretamente, pela guerra.
Alguns argumentam que, na América Latina, haveria maiores freios para ações como essas, dada à existência de uma grande população de origem latina nos EUA, mas, ante o total desprezo demonstrado por Trump ante o sofrimento de imigrantes latino-americanos, não é prudente supor que a atual administração dos EUA se guiará, no caso da Venezuela, por princípios humanistas e racionalidade.
O risco de uma escalada militar, que possa conduzir a Venezuela a uma guerra civil prolongada é, portanto, real.
Em outros tempos, o Brasil lideraria toda a América Latina contra essa loucura. Agora, no entanto, somos um paiseco submisso, que bate continência, até mesmo literalmente, para gente insana como Bolton. Bolsonaro abriu os portões para a barbárie não apenas no Brasil, mas em toda a nossa região.
Oscar Wilde afirmou que os EUA eram o único país a passar da barbárie para a decadência sem passar pela fase histórica da civilização. Já o Brasil dos capitães e astrólogos reúne, numa só fase histórica, decadência e barbárie. 06/Maio/2019 NR [1] Refere-se a Olavo de Carvalho, um ex-astrólogo que reside em Virgínia (EUA) e inspira o presidente Jair Bolsonaro. [2] A dita intervenção “restrita” poderia vir a ser realizada por mercenários. Ver Plano de utilização de mercenários para derrubar governo da Venezuela .
O original encontra-se em www.brasildefato.com.br/2019/05/06/artigo-or-guerra-na-venezuela/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
 PCB repudia a tentativa de golpe na Venezuela
O povo venezuelano enfrentou, nesse dia 30 de abril, uma tentativa de golpe de Estado contra o governo constitucional e legitimamente eleito de Nicolás Maduro. A ação, que incluiu a movimentação de grupos armados, bloqueios de estradas e a convocação à população para ir às ruas contra Maduro, foi liderada principalmente por Juán Guaidó – deputado autoproclamado presidente do país – e Leopoldo López – um militante de ultradireita que estava em prisão domiciliar por conta de outras ações golpistas realizadas recentemente, e recebeu o apoio declarado e descarado do governo dos Estados Unidos. 

Guaidó e López representam grupos econômicos que lucram com a crise econômica, que fazem contrabando e outros negócios escusos à custa do sofrimento dos trabalhadores. Atuam de forma servil ao imperialismo e querem submeter o povo venezuelano aos interesses dos Estados Unidos, não escondendo seu propósito de controlar as reservas de petróleo do país e de fazer retroceder o processo bolivariano, cujas características mais marcantes são a defesa da soberania nacional, o compromisso em buscar atender as necessidades básicas das camadas mais pobres da população e o incentivo à organização popular, com significativos avanços nas condições de vida e nas conquistas de direitos civis e sociais obtidos nos últimos 20 anos.

Os EUA e a grande mídia mentem descaradamente ao dizer que na Venezuela se vive uma ditadura, sem qualquer menção às dezenas de eleições livres promovidas nas duas últimas décadas e à ampla liberdade de imprensa vigente, que permite inclusive a manifestação da oposição. Tampouco fazem qualquer referência ao criminoso bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos ao país, com sanções e confisco de recursos e mercadorias essenciais à saúde e às necessidades da população.
Guaidó, López e outros opositores tiveram liberdade de divulgar suas ideias na imprensa e de reunir-se, mesmo atacando a paz e a segurança da população. Mas o vergonhoso apoio político e econômico estadunidense à oposição a Maduro não é capaz de fazer com que a direita obtenha respaldo do povo venezuelano, que se mantém firme na defesa da soberania nacional. Daí que crescem as ameaças de Donald Trump em recorrer à intervenção militar. Ao longo do dia, os golpistas foram sendo desmascarados, com muitos militares declararando que haviam sido enganados. A população foi massivamente para as ruas apoiar com decisão o governo e denunciar os golpistas, muitos dos quais se esconderam em embaixadas estrangeiras. A pronta resposta do governo Maduro e do povo mobilizado nas ruas frustrou os planos da direita golpista, do imperialismo e dos governos da região subservientes aos EUA, como os de Bolsonaro e Macri.
Em pronunciamento à nação, Maduro declarou que a ação já está sendo investigada e que os golpistas serão processados legalmente, como manda a Constituição. Os venezuelanos reafirmaram firmemente, mais uma vez, sua opção pelo poder popular, pelo desenvolvimento social, pela democracia. É hora de consolidar o regime, de superar as dificuldades presentes e avançar no rumo da justiça e da igualdade social.
Nesse primeiro de maio, milhares de venezuelanos participaram de grandes manifestações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra as tentativas de golpe da oposição e os ataques do imperialismo e pelo aprofundamento das conquistas da Revolução Bolivariana. O povo venezuelano é senhor de seu destino e saberá buscar as melhores alternativas para superar a crise e os problemas de sua economia para garantir um futuro próspero e soberano, avançando no caminho do Socialismo.
Não ao golpe de Estado na Venezuela! Todo o apoio ao povo e ao governo da Venezuela! Todo repúdio à tentativa de golpe e à ingerência do imperialismo norte-americano na Venezuela!
Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional
 Maduro pede ao presidente do Senado brasileiro apoio para restabelecer relações
Em carta a Davi Alcolumbre, Maduro sugere que o Senado seja "porta-voz" para relação bilateral "amistosa e respeitosa”.
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Maduro pede que Senado seja porta-voz dos interesses de seu governo para “restabelecer uma relação bilateral amistosa e respeitosa entre nossas nações”.
O presidente daVenezuelaNicolás Maduro, enviou uma carta ao presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em que pede o apoio do parlamentar brasileiro para restabelecer “uma relação bilateral amistosa e respeitosa” entre os dois países e reabrir a fronteira venezuelana com o Estado de Roraima, segundo cópia da missiva obtida pela Reuters.
A correspondência foi entregue a Alcolumbre nesta quarta-feira (17) pelo senador por Roraima Telmário Motta (Pros), que se reuniu na segunda-feira com Maduro em Caracas. Telmário é presidente da subcomissão temporária da Venezuela, na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
O fechamento da fronteira por Maduro vigora desde o dia 23 de fevereiro e impediu a entrada de ajuda humanitária organizada pelos Estados Unidos e apoiada pelo governo de Jair Bolsonaro. Esse bloqueio tem causado perdas diárias milionárias ao comércio na cidade fronteiriça de Pacaraima, onde os venezuelanos vinham se abastecer de alimentos e produtos de consumo.
Na carta a Davi Alcolumbre, com tradução juramentada, Nicolás Maduro inicia dizendo que a Venezuela é ameaçada “permanentemente pelo governo dos Estados Unidos com uma intervenção militar, ao mesmo tempo em que impõe à nossa economia um severo, arbitrário e injusto bloqueio, com o objetivo de forçar uma mudança de governo pela força”.
Maduro diz que o presidente Jair Bolsonaro “lamentavelmente” tem rompido com a tradição de relações de harmonia, fraternidade e respeito mútuo ao adotar “uma política inamistosa com a Venezuela e seu governo constitucional, violando sistematicamente o sagrado princípio de não interferência em assuntos internos dos Estados”.
 Senado como porta-voz
Maduro pede que o Senado brasileiro seja porta-voz dos interesses de seu governo para “restabelecer uma relação bilateral amistosa e respeitosa entre nossas nações”.
Maduro considerou “muito positivo” o envio de uma subcomissão do Senado para acompanhar a situação da Venezuela e suas relações com o Brasil, citando o encontro de Telmário com ele e outros integrantes do governo.
Segundo o líder venezuelano, após a conversa com Telmário, ele decidiu atuar pela “reabertura dos postos fronteiriços, sob regras claras a serem acordadas entre ambas partes, com um espírito construtivo, de cooperação, de boa vizinhança e de complementação econômica”.
“Por tal motivo, peço apoio de vossa excelência para estabelecer uma mesa de trabalho binacional, com participação do Senado do Brasil, para concretar as regras de convivência e respeito que nos permitam proceder a reabrir a fronteira, como gesto compartilhado de boa vontade”, diz.
Maduro lembra na carta as vantagens de uma normalização.
“Tem-me expressado o senador Temário Mota que é de especial interesse para o Estado de Roraima o sano restabelecimento de nosso intercâmbio comercial, econômico, humano e cultural”, diz.
“De igual maneira, ordenei fazer todos os esforços para superar as adversidades que ocasionou o ataque criminal a nosso sistema elétrico nacional, para restituir, no menor prazo possível, nossa cooperação em matéria de energia elétrica com o Estado de Roraima, como sempre tem sido meu desejo. Conte o senhor e o Brasil todo com meu dedicado compromisso nestas decisões”, completa.
Ao final da carta, Maduro reitera ao presidente do Senado e a todas as instituições do Estado brasileiro “nosso desejo de retornar o caminho das relações bilaterais de cooperação, complementação e respeito mútuo, em benefício de nossos povos”.
Para ele, “nenhuma diferença ideológica ou política pode se colocar por em cima da paz e da unidade dos povos de nossa América Latina e Caribenha”.
“Tenho a certeza de que lograremos neutralizar as ambições de guerra e as ânsias de confrontação, para juntos retomar o caminho da harmonia e o desenvolvimento compartilhado de nossos povos irmãos”, conclui.
O encontro de Telmário com Maduro foi alvo de críticas de apoiadores de Bolsonaro. A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) divulgou uma carta de repúdio ao considerar “inaceitável” que um senador brasileiro venha a público prestar apoio ao “regime criminoso e totalitário” de Maduro.
“Maduro, com sua política comunista, alcançou seu objetivo: todos os venezuelanos são igualmente miseráveis, desnutridos e desamparados”, criticou ela. “Por fim, reafirmamos nosso apoio à decisão do governo brasileiro em reconhecer Juan Guaidó como o presidente legítimo da Venezuela.”


COMENTÁRIOS: 
1 - A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) deve fazer parte do "Baixo Clero" e não entende de nada de Geopolítica;
2 - O governo  Bolsonaro deve se espelhar na coragem e na determinação de Maduro, na luta contra o imperialismo norte-americano,  para defender a nossa estatal Petrobrás. 

Imediata liberdade para Julián Assange!
14 de abril de 2019

Partidos, organizações e personalidades latinoamericanas exigem liberdade de Assange
Resumen Latinoamericano
As organizações e personalidades abaixo assinadas expressamos nossa solidariedade internacional com Julián Assange, que revelou importantes e necessárias informações para a humanidade toda acerca das atrocidades e brutalidades cometidas pelo Império em todo o mundo.
De igual modo repudiamos a atitude subserviente e traidora do nefasto presidente do Equador Lenin Moreno. Esta não é mais que uma absurda manobra de submissão à Coroa Britânica e ao presidente dos EUA Donald Trump.
A luta contra o Império, pela justiça e pela igualdade mundial nos irmana.
Exigimos a imediata liberdade e o respeito aos direitos humanos. E que não seja extraditado para os Estados Unidos.
Adesões: Solidaridad.assange@gmail.com
Primeiras assinaturas:
Nora Cortińas, Madres de Plaza de Mayo, Linea Fundadora
Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da paz
Mel Zelaya, ex presidente de Honduras
Alicia Muñoz ex ministra de governo da Bolívia
Piedad Córdoba, ex candidata a presidenta da Colômbia
Graciela Palacio de Lois, Fundadora de Familiares de Desaparecidos e Detidos por Razões Políticas Argentina.
Atilo Boron, analista internacional
Stella Calloni, jornalista, escritora
Roy Daza, escritor e jornalista venezuelano. Integrante da Comissão de Assuntos Internacionais do PSUV.
Rafael Mendez, deputado do PLD. República Dominicana. Copresidente da Internacional Guevarista.
Max Puig presidente da APD da República Dominicana, ex senador e ex ministro de meioambiente e recursos naturais e ex ministro do trabalho
Fidel Santana, deputado da República Dominicana. Presidente da Frente Ampla. Integrante da internacional Guevarista
Alba Estela Maldonado, ex deputada do Congresso da Guatemala.
Carlos Aznárez (Diretor do Periódico Resumen Latinoamericano)
Alejandro Rusconi (Secretário de Relações internacionais Movimento Evita)
Narciso Isa Conde (Presidente Ejecutivo de la Internacional Guevarista)
Lois Pérez Leira (coordenador Geral da Internacional Guevarista)
Ezequiel Lopardo (Mesa Promotora da Corrente NuestraPatria)
Jorge Drkos – Secretário de relações internacionais da Frente Transversal
Osvaldo Chato Peredo. Copresidente Internacional Guevarista. Bolívia.
Dra Fernanda Pereyra, Fundação de Investigação e Defesa Legal Argentina
Tito Olivo (Alianza Democrática Republica Dominicana)
Leonel Falcon Guerrero (Partido Humanista Peruano)
Carlos Romainville Vasquez (Peru)
William Chavez (Peru)
Roberto Sánchez Palomino Presidente do Partido Humanista Peruano – Frente Política Junto por el Perú.
Balbina Mena Coordenadora Política Organização política Rojos Honduras
Alberto Gálvez Olaechea preso 27 anos como dirigente do MIR e do MRTA Peru Vicepresidente da Internacional Guevarista
Vanessa Arce, coordinara general, internacional guevarista Venezuela
Julio Fuentes presidente CLATE
Edgardo Depetri. Secretário Geral da Frente Transversal Argentina
Boris Ríos, Movimiento Guevarista – Cochabamba
Julio Gambina, economista. Argentina
Rosa María Cabrera Lotfe, Ex Deputada Federal pelo Partido de la Revolución Democràtica. Internacionalista e defensora de direitos humanos. Feminista
Paula Klachko Redh capítulo argentino
Mabel Franzone (Investigadora-docente)
Lorenzo Canizares de Venezuela
Guillermo Sequera Director AXIAL, Naturaleza y Cultura Paraguay
Fernando Sánchez T Instituto de Amistad Colombo-Coreano
FREDDY ARAQUE (Poeta venezuelano).
Roland Denis Movimento 13 de abril Venezuela
Mauricio Macossay Vallado, ativista social e professor da Universidade Chapingo, em Mérida, Yucatán, México.
Cesar Montes, ex comandante. Guatemala
Oswaldo Canica, presidente de Tupamaros Venezuela
Luis Semprún Coordenador da Rede Informativa de Zulia (REDIZ)
Yhonny García Calles Biólogo Venezuela
Prof. Arturo Menéndez Cabezas Universidad de Ciências Médicas de Camagüey, Cuba
Montserrat Ponsa. Jornalista e Delegada na Catalunha da Fundação Cultura de Paz
Agustin Velloso Santisteban Madri Espanha
Franklin Ledezma Candanedo (Fundador e Diretor de organizações Bolivarianas e culturais, da Comissão Anti Bélica de Panamá e do Comitê Panameño Mar para Bolivia)
Guillermo Orrego Wauqi imprensa popular-Peru
RICARDO GADEA ACOSTA Presidente da Coordenação Peruana Ernesto Che Guevara Vicepresidente da Internacional Guevarista Peru
José Eulícer Mosquera Rentería Colombia.
NELLY MENDEZ PLENARIO DE LA MILITANCIA DE ALMIRANTETE BROWN ARGENTINA
Freddy J. Melo, venezuelano, escritor.
Aldo Casas (antropólogo, Redacción de la Revista Herramienta)
Fernando Medina Docente da Universidade Bolivariana de Venezuela
Claudia Viviana Norma Fernández Ex-Comite por la Libertad de los Cinco. Movimiento de Solidaridad con Cuba.
Jesus Paredes (Professor UCV, Venezuela)
Bernadette Paredes Vargas, Empresa pública
Eugenio Alambario VTV Canal 8, Venezuela
Lluís Alòs, professor Universitat de Barcelona, Catalunha
Manuel Cabieses Donoso, jornalista, Chile
Federico Tártara/ jornalista
Alejandro Dausá, Teólogo – BOLIVIA
Nancy Espasandin professora (Uruguay)
Alberto Rabilotta, jornalista argentino-canadense.
Prof. Elsa Bruzzone CEMIDA (Centro de Militares para a Democracia Argentina)
GIlberto Ríos Munguía Secretário Geral OPLN Honduras
Mario Hernandez. Jornalista e escritor
Héctor Espínola Animador Radio Canut, Lyon-França
Dr. Hassan Dalband..Cidade de México
Susana Fernández jornalista. Locutora Nacional. Argentina
Alexéi Moraga Chileno residente na Suíça, Lausanne
Organizações políticas e sociais por país:
Argentina
Coordinadora Resistir y Luchar
Corriente NuestraPatria en Unidad Ciudadana
Movimiento Evita
MPR Quebracho
Resumen Latinoamericano
Partido Comunista de la Argentina.
Liga Argentina por los Derechos Humanos
Convocatoria SEGUNDA INDEPENDENCIA
REDH Capítulo Argentina
Tendencia Guevarista y el Movimiento Teresa Rodríguez
MOVIMIENTO DE LOS PUEBLOS – POR UN SOCIALISMO FEMINISTA DESDE ABAJO (Corriente Popular Juana Azurduy // Frente Popular Darío Santillán // Frente Popular Darío Santillán-Corriente Nacional // Izquierda Latinoamericana Socialista//Movimiento por la Unidad Latinoamericana y el Cambio Social)
CEMIDA (Centro de Militares para la Democracia Argentina)
PLENARIO DE LA MILITANCIA DE ALTE BROWN
FIDELA (Fundación de Investigación y Defensa Legal Argentina)
Brasil
Partido Comunista Brasileiro – PCB
União da Juventude Comunista
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
Unidade Classista
Guatemala
Juventud del Movimiento Político Winaq
Honduras
Organización Política Rojo
Organización Política Los Necios (OPLN)
México
Partido Comunista Mexicano
Juventud del Partido Comunista Mexicano
Partido del trabajo (PT)
Nicaragua
Frente Sandinista de Liberación Nacional.
Palestina
Frente Democrático para la Liberación de Palestina (FDLP)
Peru
Partido Humanista Peruano
Movimiento Comunitario Alfa y Omega
Partido Pueblo Unido
Asociación de Periodistas y Comunicadores de Prensa Nacional (ASPREN-PERÚ)
República Dominicana
Alianza Democrática
Venezuela
Red Informativa del Zulia
PPT
PSUV
Tupamaros
Movimiento Nacional de Amistad y Solidaridad mutua Venezuela Cuba
Mandar as assinaturas de adesão para o seguinte endereço eletrônico:
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Tradução: Partido Comunista Brasileiro PCB
 O império move-se a petróleo
12 de abril de 2019


ABRIL ABRIL – Por José Goulão

O controle dos fluxos de energia permite dominar o mundo, sobretudo se não tiver absoluta confiança na supremacia militar. Os EUA travam uma guerra para domesticar o mercado dos combustíveis fósseis.
Sempre que os Estados Unidos da América desencadeiam uma guerra há um exercício prático que pode fazer-se para identificar motivações, prever desenvolvimentos e avaliar consequências: seguir o rastro do petróleo.
Certamente que é uma prática um pouco primária e redutora; outros – provavelmente a esmagadora maioria, tendo em conta o nível de contaminação de ideias e consciências atingido pela informação mainstream – dirão que se trata de estabelecer a democracia, proteger direitos humanos e instaurar uma verdadeira democracia de mercado.
A cada qual as suas razões. Que não se perca de vista nos cálculos e análises, contudo, a existência de uma elaborada política energética a serviço do complexo militar, industrial e tecnológico que governa os Estados Unidos da América, que vem sendo aprofundada e afinada durante as administrações Obama e Trump. Essa estratégia tem hoje amplitude mundial e traduz o apogeu do globalismo do ponto de vista energético. Nesse domínio, Washington manipula os cordéis que realmente contam e ainda não tem rivais, razão pela qual fez da luta pelo controle das fontes de combustíveis fósseis a mãe de todas as estratégias – à qual se submete, de bom grado, o aparelho militar imperial.
O império move-se, de fato, a petróleo e a gás natural, de preferência liquefeito.
Uma reviravolta em 11 anos
Os Estados Unidos são, atualmente, os maiores produtores mundiais de hidrocarbonetos. Atingiram essa posição, ultrapassando a Arábia Saudita e a Rússia, em apenas uma década graças ao investimento bilionário interno – com repercussões externas – na exploração de gás e petróleo de xisto através de uma atividade designada fracking, altamente contaminadora de águas e poluente de terrenos, além de bastante dispendiosa.
A posição de primeiro classificado na produção é um trunfo, mas não um triunfo. Daí que os grandes arautos da livre concorrência e do mercado capaz de se regular a si próprio estejam agora envolvidos na guerra – é disso que se trata – para domesticar o mercado dos combustíveis fósseis em seu proveito.
Por um lado, porque é preciso rentabilizar o elevado investimento feito no fracking; por outro, porque o controle dos fluxos de energia permite dominar o mundo, sobretudo se não tiver absoluta confiança na supremacia militar.
Daí que a administração de Donald Trump tenha estabelecido uma nova fase da estratégia petrolífera, orientada sobretudo para o controle dos fluxos e um balanço harmônico entre os mercados internos e internacional. Embora pouco midiatizada, essa preocupação tem sido determinante, visível até no preenchimento das cadeiras governamentais e de outras em proeminentes agências.
A designação de Rex Tillerson, presidente da Exxon Mobil, como primeiro secretário de Estado e, sobretudo, a nomeação de Michael Pompeo como diretor da CIA e, posteriormente, como secretário de Estado, têm tudo a ver com a guerra da energia. Sem esquecer que Trump não pode deixar de cumprir as promessas eleitorais feitas aos investidores e produtores de gás e petróleo de xisto. As suas doações ajudam qualquer campanha política.
O papel de Pompeo
Michael Pompeo, com anos de experiência em áreas petrolíferas, com relevo para o fornecimento de equipamentos de exploração1 2, é hoje a peça-chave da guerra norte-americana da energia. Os seus passos diplomáticos como secretário de Estado deixam pegadas de petróleo.
Hoje não há reserva de gás ou petróleo que não esteja cadastrada em Washington para cair sob alçada norte-americana – dos Montes Golã ao Iêmen, do Líbano à Venezuela, da Síria à Líbia e às costas do Brasil; e não há movimento «diplomático» junto da União Europeia, de grandes e médias potências mundiais que não implique reivindicações – leia-se exigências – em torno dos fluxos planetários de hidrocarbonetos.
No Departamento de Estado, Michael Pompeo criou um gabinete de recursos energéticos dirigido por um secretário adjunto, Francis Fannon, que orienta a estratégia global de Washington, coordenando-a com a poderosa indústria norte-americana do setor.
Em termos gerais, a estratégia energética global dos Estados Unidos baseia-se numa estabilização do mercado mundial de hidrocarbonetos alcançada com uma cota rentável de matéria-prima produzida pelo sistema de fracking em território norte-americano. Para que esse volume seja alcançado e garanta preços compensadores é necessário que o gás e o petróleo de xisto internos sejam essencialmente para exportação, substituídos, em nível nacional, pela extração convencional e, sobretudo, pela dinamização de novas formas de produção energética, incluindo as renováveis; e, ao nível global, é imprescindível abrir espaço para a produção de hidrocarbonetos de xisto made in America, nem que seja «secando» algumas das maiores fontes, controlando a produção de outras, travando projetos de distribuição prometedores para mercados concorrenciais, sobretudo o russo, e manipulando os preços em conjunto com as petroditaduras árabes.
Das sanções às guerras
Existem exemplos abundantes de todas estas variáveis, que deverão convergir num sentido único: o controle energético global por Washington.
Como se secam algumas das principais fontes de hidrocarbonetos que não são manipuláveis pelos Estados Unidos?
Os métodos são vários.
Os dirigidos contra o Irã e a Venezuela estão à vista: sanções econômicas com repercussões também na indústria petrolífera, sabotagem política interna, conspirações para mudar os governos e ameaças de guerra convencional.
O Irã tem um potencial que o coloca entre os principais exportadores da OPEP, em pé de igualdade com o Iraque e logo depois da Arábia Saudita. Atualmente está submetido a congestionamentos de exportação devido ao cerco internacional, não sendo de excluir a possibilidade de ser vítima de uma guerra de agressão conduzida por Israel e os Estados Unidos. Os resultados das eleições israelenses reforçam essa possibilidade.
A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo e está, neste momento, praticamente fora do mercado internacional devido às pressões econômicas, políticas e militares norte-americanas. Os Estados Unidos encaram esta situação como uma fase transitória até que haja em Caracas um governo que mereça confiança absoluta de Washington.
Uma confiança como a que merece agora o governo de Brasília. O fascista Bolsonaro, um súdito às ordens de Trump, chegou ao poder na sequência de um golpe político desencadeado quando se tornou claro que as reservas petrolíferas – o pré-sal – detectadas em águas territoriais do Brasil catapultaram o país para terceiro potencial do ranking global. É facílimo prever o que lhes vai acontecer.
Na Síria existem reservas de hidrocarbonetos que multiplicam em muito o potencial de exploração que existia antes da guerra. Estão agora em mãos de empresas estatais russas; e foi a ação de Pompeo, enquanto secretário de Estado, que invalidou a promessa de retirada das tropas norte-americanas do país. Elas vão continuar, possivelmente reforçadas, sobretudo nas zonas leste e nordeste, precisamente onde se situa o maná petrolífero.
A Rússia, por seu lado, não dá sinais de começar a exploração dessas reservas, que seria essencial para a reconstrução do país e a melhoria da situação do povo. Mais do que isso: não dá sinais de levar até ao fim a operação de liquidação dos terroristas alimentados pela OTAN, designadamente em Idleb.
Desde 2016, ano em que se tornou membro da OPEP+ (junção de dez países ao núcleo original da OPEP), que a Rússia acompanha o processo de estabelecimento de preços internacionais e evita inundar o mercado para não fazer baixar os preços – o que, na prática, não lhe permite contrariar os Estados Unidos nesta área. Daí a imobilidade quanto à exploração na Síria e os claramente insuficientes apoios ao Irã e à Venezuela para que vençam as barreiras à exportação de hidrocarbonetos.
No Iraque, país fragmentado em consequência da invasão norte-americana, tropas do Pentágono mantêm-se no terreno apesar de as riquezas petrolíferas terem sido privatizadas e, no essencial, estarem sob controle de Washington. Trata-se, sobretudo, de manter a produção e dominar os fluxos de hidrocarbonetos no Curdistão iraquiano, uma tarefa que tem repercussões colaterais, como as de apoiar os curdos na Síria, nas zonas deste país onde se situam as reservas de petróleo. Apesar de essa opção ter envenenado as tradicionalmente fraternais e atlantistas relações entre os Estados Unidos e a Turquia. Ao que parece, a escolha vale o preço a pagar.
Ainda em relação ao controle das fontes, claramente aprofundado com Michael Pompeo como principal agente, há que sublinhar acontecimentos recentes: o reconhecimento norte-americano da anexação dos Montes Golã por Israel poucos anos depois de ali terem disso identificadas importantes reservas de gás natural3; e a mais recente ofensiva do secretário de Estado norte-americano contra o Líbano, ameaçando instaurar uma guerra civil se Beirute não marginalizar o Hezbollah, por exemplo, cedendo parte das suas reservas de petróleo offshore a Israel, para saírem do controle do grupo xiita, logo do Irã, segundo a rotulagem de Washington e Telavive.
Daí que não surpreenda o envolvimento claro dos Estados Unidos na guerra de destruição imposta pela Arábia Saudita no Iêmen, onde os agressores querem, no fundo, ter acesso aos importantíssimos recursos petrolíferos deste país.
Daí que não surpreenda também a ofensiva em curso do marechal Khalifa Haftar na Líbia, contra um governo apoiado pela ONU, sobretudo se tivermos em conta que se trata de um militar há muito ligado à CIA. Através dele, os Estados Unidos «disciplinarão» a gestão do petróleo líbio – as maiores reservas da África – que tem estado nas mãos de milícias tribais e fundamentalistas desde que a OTAN destruiu o país em aliança com o terrorismo islâmico.
O caso Nord Stream 2
Ao reservar para exportação a maior percentagem de gás e petróleo de xisto produzidos internamente, de forma a obter retorno dos enormes investimentos nessa atividade e controlar os fluxos e os preços do mercado internacional, os Estados Unidos necessitam de compradores.
O que não seria fácil, em termos puros de mercado, uma vez que os preços nada têm de convidativos quando se trata de exportação transcontinental via transporte marítimo. Ora quando o mercado não se comporta como deve ser, os fundamentalistas do mercado livre dão uma ajuda: fazendo imposições e manipulando a concorrência – que supostamente também deveria ser livre.
Daí a oposição frontal norte-americana, em termos bélicos se for necessário, à construção de gasodutos e oleodutos que escapem ao seu controlo, sobretudo se tiverem participações russas ou iranianas.
A exportação do petróleo e do gás de xisto (liquefeito) norte-americanos é feita por transporte marítimo e exige infraestruturas específicas ou adaptadas de recepção e distribuição, que vão onerar ainda mais o processo.
Nada que perturbe a estratégia norte-americana.
O caso mais conhecido passa-se com o gasoduto Nord Stream 2, um negócio entre a Rússia, a Alemanha e outros países europeus que permitirá o abastecimento de gás natural à economia europeia a preços muito favoráveis.
Mas se os interesses das populações do continente não coincidem com os dos magnatas norte-americanos do fracking, que se sacrifiquem os primeiros. Washington pôs a funcionar um arsenal de pressões contra a Europa, incluindo antagonismos existentes na União Europeia, chantagem militar e diplomática, sanções contra empresas e a «ameaça russa» para travar o Nord Stream 2 e impor o seu gás de xisto a preços exorbitantes. Este vale-tudo tem apanhado pelo meio a Alemanha da Senhora Merkel, onde a grande indústria não se importa de consumir gás russo, que garante bem melhores resultados econômicos.
Mesmo assim, Washington está longe de desistir, ainda que a eventual tempestade tenha dimensão para abalar a União Europeia. Por isso, dão que pensar as manobras intraeuropeias para designar como próximo presidente da Comissão Europeia o principal rival político de Merkel, embora seu correligionário, o bávaro Martin Weber, grande inimigo do Nord Stream 2.
Quando se trata da guerra pela energia, como se percebe, as apostas são altas, muito altas mesmo. Nesse domínio não têm qualquer valor a vida humana, a soberania dos Estados, a dignidade dos povos, a estabilidade de organizações e alianças, os mecanismos democráticos, os direitos humanos – nem sequer a liberdade do mercado, imagine-se.
Trata-se de poder absoluto e global. Esse não se discute: se impõe por quem tem força e despudor para isso.
1. Michael Pompeo é, pelo menos antes de 2010, presidente da Sentry International, «uma firma especializada no fabrico e venda de equipamento usado em campos de petróleo» que mantém uma parceria com a Koch Industries por intermédio do seu distribuidor brasileiro, a GTS Representações & Consultoria, mas desde o início que a sua carreira, como homem de negócios e como político, foi feita à sombra dos patrões da Koch Industries. Ver Lee Fang, «Meet Mike Pompeo: The Congressional Candidate Spawned By The ‘Kochtopus’», em Thinkprogress, 8 de novembro de 2010. A designação do conglomerado, no título do artigo («Kochtopus»), remete para a sua estrutura tentacular e perniciosa na sociedade americana.
2. Charles e David Koch são os patrões da Koch Industries, um dos maiores grupos industriais do mundo e a segunda maior empresa privada dos EUA. Os irmãos Koch financiam largamente grupos de reflexão (think thanks) ligados à direita americana. O AbrilAbril tem denunciado, em vários artigos, o papel dos irmãos Koch como pontas de lança do que de mais reacionário tem a sociedade e a política americanas. Por exemplo, o financiamento de organizações que promovem a desfiliação de trabalhadores dos sindicatos, ou o financiamento de candidatos políticos pró-negócios, como é o caso de Mike Pompeo.
3. Vale a pena ler, como exemplo da mentalidade fanática político-religiosa da extrema-direita sionista que domina Israel, com a cumplicidade dos EUA, as considerações e argumentos produzidos no artigo «Huge Oil Discovery on the Golan Heights!», da Aliança Messiânica Judaica da América (Messianic Jewish Alliance of America, MJAA).
https://www.abrilabril.pt/internacional/o-imperio-move-se-petroleo


Eleições em Israel: “não à paz e sim à ocupação”
11 de abril de 2019

Partido Comunista de Israel

O presidente palestino, Mahmoud Abbas (Abu Mazen) disse, nesta quarta-feira, 10 de abril, que ele está acompanhando os resultados das eleições parlamentares de Israel, que ocorreram na terça-feira. Abbas falou na inauguração de um novo departamento de oncologia do Hospital Istishari, perto da cidade de Ramallah, na Cisjordânia.
Abbas enfatizou: “Eles (Israel) devem entender que a paz é do nosso interesse tanto quanto deles e de todo o mundo. Por essa razão, eles precisam ir à mesa de negociações. Nossa mão é sempre estendida para negociações, mas não vamos abandonar nossos direitos. Abbas reiterou que não aceitará o chamado para o “Deal of the Century” (Acordo do Século) dos Estados Unidos, dizendo: “Seja o que for, nós o rejeitamos porque ele ignora nossos direitos legitimados pela comunidade internacional”.
O líder palestino acrescentou: “se eles concordarem em seguir a legitimidade internacional, então nossas mãos serão estendidas para alcançar a paz. Se não o fizerem, então permaneceremos firmes aqui”. Em referência à inauguração do novo departamento hospitalar, Abbas disse que “o que vimos aqui hoje neste grande hospital nos deixa muito orgulhosos e promete um futuro melhor”. Concluiu: “Se tivermos a oportunidade, estaremos em pé de igualdade com o restante dos povos do mundo, se não melhores, porque temos o potencial e as capacidades que oferecemos para o nosso grande povo”.
Saeb Erekat, secretário geral do Comitê Executivo da OLP, disse em um tweet na noite de terça-feira que os israelenses votaram não à paz. “O que os resultados sugerem é que os israelenses votaram para preservar o status quo. Eles disseram não à paz e sim à ocupação. ”Ele acrescentou:“ Apenas 14 dos 120 membros eleitos do parlamento israelense apóiam a solução de dois estados nas fronteiras de 1967. ”
Uma declaração do membro do Comitê Executivo da OLP (Organização para Libertação da Palestina), Hanan Ashrawi, apontou: “Lamentavelmente, os israelenses votaram esmagadoramente em candidatos que estão inequivocamente comprometidos em consolidar o status quo da opressão, ocupação, anexação e espoliação da Palestina e da escalada de ataques aos direitos humanos e nacionais dos palestinos. Eles escolheram um parlamento predominantemente de direita, xenófobo e antipalestino para representá-los. Os israelenses decidiram consolidar e expandir o apartheid”.
A declaração de Ashrawi acrescentou: “A agenda extremista e militarista, liderada por Benjamin Netanyahu, foi encorajada pelas políticas imprudentes e apoio cego do governo Trump … O povo palestino vai superar este capítulo obscuro e altamente perigoso e permanecer profundamente enraizado em nossa terra natal”.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
 “Nitro Zeus”, guerra cibernética e o apagão na Venezuela
por Whitney Webb

Durante quase quatro dias, grande parte da Venezuela esteve sem energia, situação que paralisou a economia do país. 
Embora o abastecimento esteja regressando – e o governo de Caracas tenha recebido ofertas de ajuda de muitos países, designadamente da China – políticos e autoridades dos Estados Unidos aproveitaram os acontecimentos para acusar o Governo Nicolás Maduro pela crise; este, por seu turno, não tem dúvidas de que se trata de “sabotagem” de origem norte-americana, realizada através de ataques cibernéticos contra a rede de energia, utilizando também agentes infiltrados dentro da Venezuela.
Embora muitos meios de comunicação norte-americanos tenham feito apenas eco da versão oficial do governo de Washington, até alguns jornalistas de meios mainstream se afastaram desta corrente. Um notável exemplo é o de Kalev Leetaru, ao escrever na revista Forbes que a possibilidade de “intervenção remota dos Estados Unidos na rede energética venezuelana é, de fato, bastante realista”.
Planos de guerra híbrida
Leetaru observou também que “o momento em que os apagões acontecem, numa fase de agitação social criada para retirar legitimidade ao governo em funções, de modo a permitir a imposição de um governo alternativo, é, na verdade, uma das táticas previstas” nos planos de guerra híbrida do governo dos Estados Unidos; estes deverão contribuir “para enfraquecer um adversário antes da invasão convencional ou para efetuar uma mudança forçada e indiscutível de um governo estrangeiro”.
Para lá das afirmações de Leetaru, outros jornalistas abordaram o possível envolvimento da administração Trump depois de constatarem que o senador Marco Rubio – profundamente envolvido na política do presidente contra a Venezuela – pareceu ter conhecimento prévio do apagão, uma vez que publicou um tweet sobre o assunto apenas três minutos depois de o corte de energia ter sido efetuado.
Embora vários jornalistas tenham abordado a alta possibilidade de o governo Trump ser responsável pelo blecaute, poucos – ou nenhum – revelaram que os Estados Unidos têm planos muito avançados para recorrer a ataques cibernéticos contra infraestruturas críticas de redes elétricas em países que são alvo de operações de mudança de regime por parte de Washington.
Primeiro foi o Irã …
O mais conhecido programa desse tipo tem o nome de código “Nitro Zeus”, foi criado durante o governo de George W. Bush e teve como alvo original o Irã. Com tantos ex-funcionários de Bush dando agora ordens na administração Trump, especialmente na política para a Venezuela, o possível retorno do vírus “Nitro Zeus”, desta feita concebido por medida para a situação venezuelana, parece cada vez mais provável.
A existência do projeto “Nitro Zeus” tornou-se do conhecimento público em novembro de 2016, quando o New York Times o descreveu como um “plano elaborado” para usar contra o Irã porque as negociações sobre o programa nuclear deste país falharam. O programa teve como alvo “as defesas aéreas do Irã, sistemas de comunicações e partes cruciais da sua rede elétrica”. No ponto mais alto da sua aplicação “envolveu milhares de militares norte-americanos e pessoal de inteligência”, acreditando-se que tenha custado dezenas de milhões de dólares. A ação mobilizou intimamente a unidade de operações de acesso sob medida da Agência Nacional de Segurança (NSA) e o Cibercomando dos Estados Unidos.
O programa foi desativado quando se concretizou o Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA ou 5+1); porém, quando o governo de Trump decidiu retirar-se unilateralmente do acordo voltaram a surgir especulações sobre a sua reativação. Embora isso possa não ter acontecido em relação ao Irã, existe a possibilidade de ter sido adaptado à Venezuela, em função das acusações proferidas pelo governo de Caracas sobre um ataque cibernético feito pelos Estados Unidos.
De facto, Kalev Leetaru sublinhou no seu recente artigo na Forbes que, “dada a preocupação de longa data do governo dos Estados Unidos com o governo da Venezuela, é provável que Washington mantenha já uma presença profunda nas infraestruturas da rede energética nacional”, como aconteceu com o programa “Nitro Zeus” para o Irã.
Este programa “Nitro Zeus” não é tão conhecido como o seu parente Stuxnet, desenvolvido em conjunto pelos Estados Unidos e Israel para ser usado contra o software iraniano que controla as centrais de enriquecimento de urânio. No entanto, apesar da sua relativa falta de fama, o “Nitro Zeus” é notável por várias razões.
Novo patamar de guerra cibernética
Em primeiro lugar, “elevou as guerras cibernéticas praticadas pelos Estados Unidos para um novo nível”, de acordo com um ex-funcionário do projeto citado pelo New York Times. Porque, antes dele, “os Estados Unidos nunca tinham montado um plano combinado de ataques cibernéticos e convencionais a essa escala e também porque a execução do programa teria “efeitos significativos sobre civis, sobretudo se Washington tivesse de cortar muitos setores das redes elétrica e de comunicações do país”.
Outra razão pela qual o “Nitro Zeus” é notável, designadamente à luz dos esforços dos Estados Unidos para interferir na Venezuela, é o motivo da sua criação. De fato, embora o “Nitro Zeus” se tenha tornado, durante o governo Obama, o programa “enorme e enormemente complexo” pormenorizado pelo New York Times, a sua atividade tinha se iniciado durante a administração de George W. Bush. De acordo com uma reportagem da publicação Daily Beast, Bush considerava o “Nitro Zeus” como “uma alternativa tática necessária depois de a guerra do Iraque ter sabotado as suas hipóteses de iniciar outra invasão no Médio Oriente”. Por outras palavras, após o desastre da guerra do Iraque, tornou-se mais difícil para os Estados Unidos lançar outras intervenções militares unilaterais; por isso, a administração optou por desenvolver ferramentas militares “não convencionais” que não incomodem tanto a opinião pública nos Estados Unidos e nos países aliados.
Além disso, como escreveu Tyler Rogoway no Foxtrot Alpha:
“Programas como o ‘Nitro Zeus’ podem ser combinados com outros para obter sinergias, deixando os militares do país alvo cegos e surdos e a população em sofrimento, o que pode ser alcançado sem nunca ter deixado cair uma bomba e até mesmo sob um plausível véu de negação”.
Estas características, segundo Rogoway, fizeram com que programas deste tipo se tornem “uma alternativa cada vez mais viável às formas tradicionais de ataque, uma vez que os Estados Unidos podem negar o seu envolvimento, evitando potenciais consequências diplomáticas, e porque podem causar danos não apenas na estrutura militar de um país mas também entre a sua população civil”.
Há planos para todas as contingências
Embora o “Nitro Zeus” nunca tenha sido utilizado contra o Irã, é provável que o programa tenha gerado alternativas semelhantes contra redes de energia de outras nações sob mira, tendo em vista o precedente estabelecido. Como o New York Times sublinhou nas suas páginas: “Os militares dos Estados Unidos desenvolvem planos de contingência para todos os tipos possíveis de conflitos, como um ataque norte-coreano contra a Coreia do Sul, a utilização de armas nucleares no Sudeste Asiático, revoltas em África ou na América Latina. A maioria desses planos fica na prateleira, mas são atualizados de tempos a tempos”.
Este ponto de vista foi desenvolvido por Rogoway, que escreveu: “O ‘Nitro Zeus’ é, provavelmente, um dos muitos programas para atacar potenciais inimigos através de armas cibernéticas. Programas que certamente existem para todos os potenciais adversários dos Estados Unidos e, possivelmente, alguns serão muito mais elaborados e mortais do que qualquer coisa que tenha sido divulgada até agora”.
Existem mais do que simples indicações de que muitos “planos de contingência” mais agressivos passaram para o topo da caixa de ferramentas da administração Trump. Por exemplo, os principais ex-funcionários da administração Bush que estão agora na equipa de Trump, particularmente John Bolton e Elliot Abrams, são conhecidos pelas suas posições agressivas e pela disponibilidade de promoverem políticas extremas contra os adversários, recorrendo mesmo às que prejudicam ou matam numerosos civis inocentes. Assim sendo, vozes como aquelas que se ouviram no Departamento de Estado ou no Conselho de Segurança Nacional durante o tempo de Obama, alertando sobre os eventuais efeitos adversos que um apagão provocado pelo “Nitro Zeus” pode causar sobre civis, provavelmente não influenciarão Bolton e Abrams – que têm um papel de enorme dimensão na definição da política a aplicar contra a Venezuela.
Acresce que um programa como este tem tudo para ser considerado como valioso por Bolton e Abrams, da mesma forma que Bush valorizou o “Nitro Zeus” quando ficou “com as mãos amarradas” após o desastre da guerra do Iraque.
O passo mais provável
Em relação à Venezuela, Bolton e Abrams também parecem de mãos atadas em termos de uma operação militar, uma vez que a intervenção militar de qualquer tipo foi rejeitada, de maneira inequívoca, pelos aliados dos Estados Unidos na América Latina e noutros lugares. E não foi apenas isso que fracassou: o mesmo aconteceu em relação à tática favorita de Abrams, que é a de fornecer armas disfarçadas de “ajuda humanitária” aos insurgentes, restringindo as ações agressivas ao dispor da administração.
Perante a incapacidade de iniciar uma intervenção militar – aberta ou encoberta – o recurso a um ataque cibernético com o “Nitro Zeus” seria, provavelmente, o passo seguinte a dar depois do fracassado golpe da “ajuda humanitária” e da rejeição de qualquer tipo de intervenção militar por parte de aliados dos Estados Unidos.
Além de tudo isto, muitos dos responsáveis pela criação do “Nitro Zeus” partilham ligações com neoconservadores influentes na administração Trump. Por exemplo, Keith Alexander era diretor da NSA na época em que o “Nitro Zeus” começou a ser desenvolvido e desempenha agora as funções de presidente da administração da IronNet Cybersecurity, a sua nova empresa consultora de segurança cibernética. Sentado ao lado de Alexander na administração da IronNet está Jack Keane, um zeloso general na reserva que Trump aprecia a ponto de lhe ter oferecido o cargo de secretário da Defesa, que ele recusou. Keane é um colaborador próximo da família neoconservadora Kagan; atualmente é presidente do Instituto de Estudos de Guerra, fundado por Kimberly Kagan e financiado pelos principais fabricantes de armas dos Estados Unidos.
É obra de Trump
Uma vez que os belicistas da era Bush dominam agora a política de Trump para a Venezuela, parece cada vez mais provável que tenham existido esforços para ressuscitar o programa “Nitro Zeus” dos tempos de Bush e Obama. De fato, um programa tão complexo e de tanto impacto, reforçado com planos dele derivados e desenvolvidos na última década, poderiam constituir o caminho mais fácil para nova medida agressiva apoiada pelos Estados Unidos a adotar contra a Venezuela.
No entanto, se os Estados Unidos estão a realizar ataques cibernéticos contra a rede energética venezuelana os culpados não são os poderosos neoconservadores integrados na administração Trump, uma vez que apenas o presidente pode autorizar operações ofensivas desse tipo. Portanto, se partes do apagão na Venezuela resultaram de sabotagem dirigida pelos Estados Unidos foi porque o presidente Donald Trump mandou atacar infraestruturas civis na Venezuela, coisa estranha para alguém que diz preocupar-se tanto com o povo venezuelano.
15/Março/2019
en.wikipedia.org/wiki/Nitro_Zeus news.softpedia.com/…
A versão em português encontra-se em www.oladooculto.com/noticias.php?id=288
https://www.resistir.info/venezuela/nitro_zeus_15mar19.html


EUA não ficarão de braços cruzados ante ação da Rússia na Venezuela
Mike Pompeo
                                                                      AFP  em  25.03.2019

O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, acusou nesta segunda-feira a Rússia de agravar as tensões na Venezuela com sua presença militar para apoiar o regime Nicolás Maduro e advertiu que Washington não permanecerá de braços cruzados diante disso.

"Os Estados Unidos e os países da região não ficarão de braços cruzados enquanto a Rússia exacerba as tensões na Venezuela", declarou Pompeo a seu colega russo, Sergei Lavrov, durante uma ligação telefônica nesta segunda-feira, informou o porta-voz adjunto do Departamento de Estado Robert Palladino.
No sábado, dois aviões das Forças Armadas da Rússia aterrissaram no aeroporto de Maiquetía, em Caracas, transportando militares e equipamentos, confirmou neste domingo a agência estatal russa Sputnik.
A missão chega em "cumprimento" aos "contratos de natureza técnico-militar", segundo uma matéria da Sputnik, que citou fontes da embaixada russa em Caracas, sem dar mais detalhes.
Contactadas pela AFP, as autoridades venezuelanas não emitiram comentários.
Segundo a imprensa local, dois aviões militares russos - um jato e um cargueiro transportaram para a Venezuela cem soldados liderados pelo general Vasily Tonkoshkurov, diretor da alto comando das Forças Armadas do país europeu. Segundo o jornal El Nacional, "35 toneladas de materiais" chegaram junto com a missão militar.
A colaboração militar entre Caracas e Moscou fortaleceu desde o inicio do chavismo, com a compra de equipamentos e armamento militar.
Em dezembro passado, dois bombardeiros TU160, um avião de carga e outro de passageiros foram enviados pela Rússia para a Venezuela para participar de exercícios de defesa com a Força Armada venezuelana.

PERGUNTAR NÃO OFENDE: SERÁ QUE AGORA OS  AGITADORES DO CLÃ BOLSONARO E SEUS ALIADOS, BRASILEIROS,  VÃO  ENCARAR? 

EUA cometem crimes de lesa humanidade contra a Venezuela


Resumen Latinoamericano

“Washington atua no país sulamericano como torturador e salvador ao mesmo tempo”.
Dois dias depois da tensa jornada vivida na fronteira colombiano-venezuelana, no passado 23 de fevereiro, o autodenominado Grupo de Lima decidiu aprovar a designação, por parte do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, de um especialista independente para avaliar o que qualificam como uma “crise humanitária” na Venezuela.
O conclave, que agrupa as nações alinhadas ao projeto dos EUA de depor o Governo do presidente Nicolás Maduro, qualificou como um “crime de lesa humanidade” que se impedisse o ingresso pela força de um lote de “ajuda humanitária” proveniente da Colômbia, que tentou entrar por ordens do autoproclamado “presidente encarregado” Juan Guaidó.
Sobre o tema, Alfred-Maurice de Zayas, especialista em Direitos Humanos designado pelas Nações Unidas para a promoção de uma ordem internacional democrática e igualitária (2012-2018), disponibilizou em sua conta no Twitter a assinatura de um documento para que a Alta Comissária de Direitos Humanos, Michelle Bachelet, visite a Venezuela e constate a verdadeira situação do país. A mesma petição foi feita em novembro passado pelo presidente Nicolás Maduro.
“O Governo dos EUA e outros países que impõem sanções são os que cometem crimes de lesa humanidade”.
O também ex secretário do Comitê de Direitos da ONU oferece sua perspectiva logo após ter visitado a Venezuela para entrevistar-se com autoridades oficiais, especialistas e dirigentes de oposição e instituições públicas e privadas do país caribenho.
Rusia Today (RT): há uma crise humanitária na Venezuela?
Alfred-Maurice de Zayas (A.Z.): Quando estive na Venezuela em novembro – dezembro de 2017, certamente não havia crise humanitária. Qualquer comparação com Gaza, Iêmen, Síria, Líbia, Sudão é absurda. Porém, a situação tem piorado desde então por causa das sanções.
RT: Você crê que as sanções dos EUA estão dirigidas a afetar o governo de Nicolás Maduro?
A.Z.: As sanções são um fator importante que contribui para a crise. A desnutrição e a falta de medicamentos podem ser atribuídas diretamente às sanções e constituem delitos geopolíticos na categoria de crimes de lesa humanidade.
“Os EUA não podem estrangular primeiro a economia venezuelana para depois reclamar que a Venezuela necessita de assistência humanitária”.
RT: Os EUA advertem que a Venezuela necessita de “ajuda humanitária”. Vive o país o mesmo cenário que Líbia, Iêmen, Malí, Somália, Sudão e Miamar?
A.Z.: A Venezuela apenas necessita pôr fim ao bloqueio financeiro e às sanções. A Venezuela tem agradecido a assistência internacional para resolver os problemas criados pelas sanções. Os EUA não pode m estrangular primeiro a economia venezuelana para depois reclamar que o país necessita de assistência humanitária. Isto é cínico, maquiavélico, de má fé ao extremo. Não podem ser o torturador e o salvador ao mesmo tempo.
RT: Os detratores de Maduro, incluindo os EUA, dizem que a Venezuela comete um “crime de lesa humanidade” ao não permitir que entre a “ajuda humanitária”. Que pensa sobre isso?
A.Z.: O Governo dos EUA e outros países que impõem sanções são os que cometem crimes de lesa humanidade. A Venezuela, por sinal, aceita qualquer assistência oferecida de boa fé e já recebeu 933 toneladas de alimentos e medicamentos da China, Índia e Turquia. Há alguns dias chegou um avião de carga da Rússia com toneladas de medicamentos e equipamento médico. A Venezuela aceita assistência da ONU e de outros organismos, mas não de seu principal torturador.
RT: A Corte Interamericana de Direitos Humanos diz que a Venezuela exige um “monitoramento especial” em Direitos Humanos. Como você avalia isso?
A.Z:. Nas últimas décadas, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) tem sido altamente politizada, tem sido seletiva e não tem acompanhado a situação em muitos Estados membros, onde as violações dos direitos humanos são mais graves do que os da Venezuela. Especialmente desde que Luis Almagro se tornou Secretário Geral da OEA, a Comissão tem sido mais arbitrária e parece servir aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos. Em outras palavras, a Comissão aplica arbitrariamente seu próprio Estatuto, sob demanda.
Antes da minha missão na Venezuela, li todos os relatórios relevantes da CIDH. Eu os considero fundamentalmente falhos porque eles dependem principalmente das informações fornecidas pela oposição política a Chávez e Maduro, por ONGs internacionais com suas próprias agendas. Essencialmente eles ignoram as informações e documentos fornecidos por ONGs locais venezuelanas como FUNDALATIN ou a Rede Nacional de Direitos Humanos. Além disso, a Comissão não dá o devido peso às respostas e documentos fornecidos pelo Governo da Venezuela.
RT: Como você avalia o papel da ONU na atual situação na Venezuela?
A.Z .: A ONU violaria sua própria Carta se reconhecesse Guaidó. O artigo 2 (7) da Carta, a resolução 2625 da Assembleia Geral e outros estatutos a proibiriam. Além disso, a ONU e suas agências já ajudam significativamente a Venezuela com serviços de consultoria e assistência técnica.
RT: Qual é a melhor contribuição que a comunidade internacional pode dar em relação à Venezuela?
A.Z .: A comunidade internacional deve mostrar solidariedade ao povo venezuelano e exigir a suspensão das sanções. Deve lutar contra as falsas notícias que Washington desencadeou e insistir que a Carta das Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos (OEA) sejam rigorosamente aplicadas.
RT: Os problemas econômicos e a crise política na Venezuela só serão resolvidos se o presidente Maduro deixar o cargo, como afirmam os Estados Unidos?
A.Z .: Maduro não irá renunciar. Será que ele tem de ser assassinado como foi Salvador Allende, após o que se seguirá um enorme retrocesso em matéria de Direitos Humanos, como em 2002, durante o golpe contra Hugo Chávez, quando Pedro Carmona emitiu um decreto que removeu 49 peças da legislação social? Claro, nesse cenário, os EUA levantariam as sanções e começariam a grande pilhagem dos recursos naturais da Venezuela. Tudo voltaria aos anos 80 e 90.
Fonte: RT http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/03/22/experto-en-derechos-humanos-de-la-onu-ee-uu-comete-crimenes-de-lesa-humanidad-contra-venezuela/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
 Bolsonaro: submissão total aos EUA
Brasil de Fato

Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) foi assinado nesta segunda-feira (18) por representantes dos dois países Redação

Os Estados Unidos avançaram, nesta segunda-feira (18), em direção a utilização restrita da Base de Alcântara (MA) no Brasil. O acordo foi assinado pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e por representantes do governo americano, após quase 20 anos de negociação entre os dois países. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) acompanhou a assinatura. O documento ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional.
O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), que concede o uso comercial do centro de lançamento, foi barrado duas vezes pelos brasileiros: no Congresso Nacional, em 2001, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e por meio de plebiscito realizado na mesma época. Em 2016, o governo Temer se empenhou para aprová-lo, mas não conseguiu.
A proposta original do governo estadunidense proibia a utilização da base pelo Brasil devido à confidencialidade tecnológica, impondo uma submissão brasileira ao país estrangeiro, que detém 80% do mercado espacial. No novo texto, a expressão “área segregada” foi substituída para “área restrita”, para tentar abafar críticas que questionam a autonomia do país perante o acordo comercial com os Estados Unidos.
Flávio Rocha, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), afirma que agora os Estados Unidos têm acesso ao local mais estratégico – de todo o mundo – para lançamento de satélites. O especialista em geopolítica e segurança internacional entende que o acordo é motivado por uma política “ultra-neoliberalizante”.
“Busca-se um alinhamento geopolítico a todo custo, a curto prazo, com os Estados Unidos”, avalia Rocha, que é enfático ao afirmar que a negociação da base de Alcântara coloca a soberania do país sob perigo. “O maior risco que vejo nisso é uma perda de autonomia política e ideológica do país para desenvolver uma série de tecnologias que seriam de interesse nacional. São tecnologias que nos permitiriam escolher parceiros estratégicos, parceiros para desenvolver toda uma gama de ciência e tecnologias, que poderiam colocar o Brasil em um patamar distinto do que ele está hoje na comunidade científica mundial”, complementa.
Durante as tratativas realizadas pelo governo Temer, em entrevista para o Brasil de Fato em 2017, Ronaldo Carmona, pesquisador de geografia da Universidade de São Paulo (USP), alertou para o risco da presença norte-americana no país. Segundo ele, o interesse dos EUA é conter a emergência de novas potências.
“Os EUA sempre manobraram no sentido de diminuir a capacidade estratégica do Brasil de ser um país que tivesse maior autonomia e condição de se afirmar como uma potência  entre as nações”, diz Carmona.
Edição: Lu Sudré
Para especialistas, acordo coloca soberania do Brasil em risco / (Foto: Miguel Schincariol/AFP)

https://www.brasildefato.com.br/2019/03/18/bolsonaro-entrega-base-de-alcantara-a-trump-e-concretiza-subordinacao-aos-eua/
Diante do apagão golpista, prontidão para defender a Venezuela
POR CARLOS AZNÁREZ, Resumen Latinoamericano

Outro apagão imperialista para tentar obter o que não podem por outras vias, mas novamente se chocaram com o muro do povo venezuelano.
O Império não cessa de demonstrar sua capacidade de ingerência e agressão brutal contra a Revolução Bolivariana. Depois do estrondoso fracasso do golpe de Estado em 23 de fevereiro, e de não poder quebrar a unidade cívico-militar, o único que resta é o terrorismo ou uma aberta intervenção armada. 
Desta última se afastam até mesmo seus lacaios dos governos do Cartel de Lima, como já o expressaram tanto os comandantes do exército do Brasil e os próprios funcionários das chancelarias ligadas à OEA.
Por isso agora decidiram prosseguir com golpes de efeito, contando com o apoio dos setores mais reacionários de uma oposição interna que perdeu definitivamente o rumo.
O recente atentado que provocou um imenso apagão nacional é parte deste emaranhado golpista que busca aterrorizar o povo e gerar o pandemônio suficiente para uma “provocação”, segundo os cálculos imperiais, que leve a “um levante generalizado”.
Porém, o povo venezuelano, tal qual o ocorrido na Síria, não quer voltar a um passado que o submeteu à escravidão da fome e da miséria. Por isto, numa situação em que muitos estados ainda se encontravam sem energia elétrica, milhares de homens e mulheres saíram às ruas, não para se manifestar contra o governo, mas, pelo contrário, para tentar ir trabalhar pelos meios que fossem. Este bravo povo que venceu as guarimbas violentas (atentados) nas vésperas da eleição da Constituinte e que, em 23 de fevereiro, junto com as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, combateu na fronteira para evitar a invasão dos terroristas, hoje deseja unicamente a paz, para o que se prepara a fim de rechaçar uma vez mais os golpistas de dentro e de fora.
Enquanto o funcionário ianque Mike Pompeo delata a si mesmo afirmando que “não há comida, não há remédios e agora não há eletricidade” querendo colocar a culpa no governo e o jovem mancebo Marco Rubio segue convocando a sublevação militar, a Venezuela se mantém em calma e rechaça outra vez estes novos embates imperiais. A consigna do momento é estar muito atentos e atentas ao que vier a ocorrer e respaldar todas as orientações passadas pelo governo, em seu propósito de ir restabelecendo o consumo elétrico em todo o país, algo que já acontece em vários Estados.
Na Venezuela somos o futuro da Pátria Grande. Não passarão!
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/03/08/frente-al-apagon-golpista-rodilla-en-tierra-para-defender-a-venezuela/
 Apagão na Venezuela: o ciberataque como guerra permanente


                                                                                        
por Rodrigo Benedith* 

Mais de 10 anos se passaram desde quando os senhores da guerra se deram conta de um novo teatro para operações militares, um cenário universal e até então em expansão: a internet.


Já em 2010 Anders Fogh Rasmussen, então secretário-geral da OTAN, declarou que “não é um exagero dizer que os ciberataques tornaram-se uma nova forma de guerra permanente e de baixa intensidade”.                                                                      

Já em 2010 Anders Fogh Rasmussen, então secretário-geral da OTAN, declarou que “não é um exagero dizer que os ciberataques tornaram-se uma nova forma de guerra permanente e de baixa intensidade”. 
Nesse mesmo ano, o general Keith Alexander, chefe do Ciber Comando dos Estados Unidos, declarou num painel do Congresso que o que mais o preocupava eram os ataques destrutivos que vinham, particularmente os ataques à infraestrutura crítica dos setores bancários e elétricos do seu país.
Quando Alexander falava de ataques destrutivos referia-se à utilização de ciberataques já não unicamente para roubo de informação ou negação de serviço de alguns sítios da web e sim para a destruição real da infraestrutura vital de um país.
Nesse mesmo ano realizou-se o maior e mais refinado cibertaque conhecido até então: o governo israelense, com um suposto apoio dos EUA, através de um verme informático chamado Stuxnet, infiltrou sistemas de controle industrial em instalações do governo iraniano, destruindo suas centrifugadoras nucleares.
Em 2012, um cibertaque à Aramco, a companhia petrolífera de propriedade do governo da Arábia Saudita, apagou 75 por cento da sua informação, afetando 30 mil computadores e 2 mil servidores, que incapacitaram a companhia durante um mês.
Enquanto uma pessoa comum utiliza motores de busca como o Google ou o Bing para encontrar informação, os hackers podem usar o Shodan, um motor de busca que localiza dispositivos conectados à internet: desde câmeras de computador, buzinas, refrigeradores até instalações geradoras de energia, sistemas de controle industrial e bases de dados. Com o Shodan podemos localizar, pelo menos, 288 dispositivos conectados na Venezuela que incluem redes do Ministério das Relações Interiores e Justiça, hospitais do Ministério da Defesa e o Banco do Tesouro da República Bolivariana. Todos estes dispositivos vulneráveis a um ciberataque coordenado por um governo hostil ou por grupos de hackers organizados. Em 2013, a cadeia noticiosa CNN dos EUA descobriu que sistemas de controle industrial de centrais hidreléctricas francesas puderam ser facilmente encontrados, junto com todas as suas vulnerabilidades, utilizando o Shodan.
Em 2015 os Estados Unidos e seus aliados já haviam incorporado plenamente a ciberguerra na sua doutrinas militar. Em julho desse ano, oficiais de alta patente dos EUA e do Reino Unido realizaram uma simulação de três semanas em Suffolk, Virgínia. Não era a primeira vez que se fazia; no entanto, nessa simulação contou-se com a presença de novos atores: representantes das indústrias bancária e de energia elétrica. Ali se praticaram exercícios de ataque a sistemas de controle industrial de instalações de tratamento de águas, interrupção de tubulações de petróleo e gás, congelamento da retirada de dinheiro em cash e desconexão de energia elétrica.
O almirante da marinha estadunidense Kevin E. Lunday, participante daquelas simulações, declarou: “não se trata de saber se esse cenário ocorrerá e sim de quando ocorrerá”.
Recentemente o Ciber Comando dos EUA assinou um contrato de 460 milhões de dólares para apoio a missões de ciberguerra e a elaboração de uma quantidade significativa de “munições digitais”, além do recrutamento de 6200 cibersoldados.
Com tudo o que se disse, deve ficar claro que a ciberguerra é uma estratégia de sabotagem de infraestruturas chaves de países considerados inimigos dos Estados Unidos a fim de preparar o terreno para uma guerra convencional ou, em certos casos, para impulsionar uma guerra civil. Bill Leighter, outro almirante estadunidense, sugere que, se um comando aéreo quisesse lançar um ataque, este poderia ser antecedido por um ciberataque para, por exemplo, apagar a rede elétrica das instalações a bombardear e, assim, degradar a capacidade defensiva do inimigo.
Após a sabotagem do sistema de controle da central hidreléctrica Simón Bolívar, nestes últimos dias, continuaremos nós a acreditar que tudo é uma teoria da conspiração? Ou já faz sentido o tipo de guerra de baixa intensidade a que a Venezuela está tendo de combater? 12/Março/2019 Ver também: “Una falla eléctrica podría animar la inestabilidad pública”: ¿El Pentágono sabía que se produciría el apagón de Venezuela?
[*] Mexicano, economista especializado em desenvolvimento e direitos humanos e na utilização de tecnologia em política e governança. Foi gerente do Programa de Direitos Humanos da Cidade do México (2007-2009) e secretário da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Assembleia Legislativa da Cidade do México (2015-2018).
O original encontra-se em www.cubaperiodistas.cu/…
https://www.resistir.info/venezuela/ciberguerra_12mar19.html

  Venezuela é peça-chave no atual xadrez geopolítico

Caio Andrade

Quanto mais se aprofunda a crise política na Venezuela, mais fica evidente a importância mundial dos acontecimentos naquele país. 
O conflito em questão vai muito além de uma simples disputa pelo poder entre o Nicolás Maduro, Presidente da República reeleito em maio do ano passado, e Juan Guaidó, líder da oposição, presidente da Assembleia Nacional e, desde 23 de janeiro, autoproclamado chefe do poder executivo. Há muitos outros elementos envolvidos neste processo. Além do mais, a clara vinculação entre a luta de classes na Venezuela e a evolução da ordem internacional, bem como as preocupações com o destino do país não são exatamente fenômenos recentes.
Com efeito, desde o final da década de 1990, a Venezuela tem se tornado objeto de atenção especial por parte das tradicionais potências do Ocidente. Naquele período, a grande burguesia ainda comemorava a derrota do assim chamado socialismo real, proclamando o que Francis Fukuyama designaria como “O Fim da História”. Acreditava-se que, com a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), teria chegado ao fim a busca por uma sociedade mais avançada e o slogan There Is No Alternative ¹, atribuído a Margareth Tatcher, passou a ser o lema da Nova Ordem Mundial. Ou seja, a combinação entre democracia liberal e economia de mercado representaria o ápice da evolução humana, sendo inútil ou mesmo prejudicial insistir na procura por novos modelos.
Todavia, antes mesmo da chegada do século XXI, a realidade já começava a frustrar a euforia ideológica burguesa, colocando em xeque os postulados do Consenso de Washington. Enquanto os países que seguiram o receituário do Fundo Monetário Internacional (FMI) enfrentaram sérias crises econômicas e sociais, com grave elevação do desemprego e da concentração de renda, a China, que nunca aderiu ao pressuposto neoliberal do estado mínimo, manteve as maiores taxas de crescimento econômico do mundo.
Neste período, a vitória eleitoral de Hugo Chávez na Venezuela, em 1998, constituiu um marco fundamental para a derrota do neoliberalismo na América Latina. A chegada do coronel socialista ao Palácio Miraflores inaugurou uma virada na correlação regional de forças, dando início a uma guinada à esquerda que foi muito além das fronteiras venezuelanas.
Na sequência, diversos líderes da esquerda propriamente dita e de um campo progressista mais amplo também venceram eleições presidenciais nos países vizinhos, fortalecendo o que alguns pesquisadores chamaram de “Onda Rosa”: Lagos e Bachelet (Chile), Lula e Dilma (Brasil), Néstor e Cristina Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), Mauricio Funes (El Salvador), Manuel Zelaya (Honduras), Daniel Ortega (Nicarágua), Fernando Lugo (Paraguai), Vásquez e Mujica (Uruguai).
Depois de frustrar uma tentativa de golpe ² da oposição em 2002, Chávez foi protagonista de importantes iniciativas no terreno diplomático. Em 2004, na cidade de Havana, o presidente venezuelano e Fidel Castro criaram a Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), acordo pelo qual Cuba forneceria médicos, remédios e materiais hospitalares à Venezuela que, em contrapartida, forneceria petróleo à Ilha Rebelde. Sete anos depois, em Caracas, era criada a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), desafiando a Organização dos Estados Americanos (OEA) e, por conseguinte, a hegemonia dos Estados Unidos.
Porém, em meio à crise financeira iniciada em 2008, os golpes de estado perpetrados em Honduras (2009) e no Paraguai (2012), já apontavam o início de uma contraofensiva do bloco formado pelas elites locais, em aliança com a Casa Branca. Em seguida, a morte de Hugo Chávez, em 2013, configurou mais um duro baque à Revolução Bolivariana e às iniciativas contra-hegemônicas de integração latino-americana. Desde então, Maduro assumiu o desafio de dar continuidade à política anti-imperialista inaugurada por seu antecessor, em condições cada vez mais adversas.
Esta não foi a única mudança importante ocorrida na América Latina nos últimos anos. A partir de 2013, nas Jornadas de Junho, o ciclo petista começou a dar os primeiros sinais claros de esgotamento. Depois de uma vitória apertada contra Aécio Neves no segundo turno, em 2014, o PT subiu no cadafalso montado por Sérgio Moro (Operação Lava Jato), em ação combinada com as grandes empresas de comunicação do país e, por fim, com movimentos de direita como o Movimento Brasil Livre (MBL). Enquanto isso, na Argentina, o neoliberal Mauricio Macri vencia o pleito presidencial de 2015.
Em 2016 o golpe parlamentar encetado contra o mandato de Dilma apeou o PT do Palácio do Planalto, cabendo a Michel Temer a tarefa de iniciar uma guinada à direita. Em 2018, o conservador Iván Duque elegeu-se presidente da Colômbia. No Brasil, a eleição do político de extrema direita, defensor da ditadura militar, Jair Bolsonaro, radicalizou o fechamento de um período político na América Latina. O refluxo da onda progressista iniciada ao final dos anos 1990 isolou e fragilizou os governos de esquerda que ainda resistem à nova conjuntura. Especialmente a Venezuela, que se tornou uma peça ainda mais central no atual xadrez geopolítico.
A derrubada de Maduro, conforme propõe o Grupo de Lima, significa muito mais do que uma “mudança de regime” na Venezuela. Estão em jogo, na verdade, três grandes questões:
1) Unipolaridade x Multipolaridade – A existência de governos não alinhados aos EEUU no continente Americano, sobretudo o caso emblemático da Venezuela, fortalece a “causa multipolar”, ou seja, fortalece estrategicamente os países interessados na quebra da supremacia militar, política e econômica exercida pela Casa Branca no mundo, notadamente China e Rússia. A queda de Maduro é decisiva para ressuscitar a velha Doutrina Monroe ³.
2) Petróleo – A Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do mundo, mais de 300 bilhões de barris. Maior importador do óleo no planeta, os EUA tem interesse direto na obtenção de petróleo venezuelano a baixos custos. Maduro representa um obstáculo nesse sentido, ao contrário de Guaidó, que além de refazer a lista de parceiros comerciais prioritários da Venezuela, pode alterar o destino dado internamente à renda obtida com a exportação da commodity, sobretudo diminuindo a oferta de serviços públicos gratuitos e políticas sociais para atender as demandas do empresariado no país.
3) Cuba – A parceria entre Cuba e Venezuela, em vigor desde 2004, tem sido fundamental para a recuperação econômica da Ilha, bastante prejudicada com o isolamento decorrente da extinção de seu maior parceiro, a URSS, em 1991. Em função de sua exiguidade territorial, Cuba tem grande carência de fontes de energia. Somado a isso, o bloqueio econômico realizado pelos EUA desde os anos 1960 impõe sérias restrições à Revolução Cubana. Deste modo, o petróleo fornecido pela Venezuela em troca dos serviços médicos de Cuba é essencial para a manutenção do socialismo no país governado por Miguel Díaz-Canel. Ou seja, é estratégico para os Estados Unidos e seus satélites que o Miraflores seja ocupado por políticos alinhados ao Ocidente capitalista, comprometendo a parceria com Cuba e estrangulando economicamente a Ilha que teima em mostrar para o mundo que outro tipo de sociedade é possível.
1 – Em português, “Não Há Alternativa”.
2 – A esse respeito, é muito importante conferir o documentário “A Revolução Não Será Televisionada”, disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=MTui69j4XvQ
3 – Conferir “Moscou: declaração de Bolton sobre Doutrina Monroe é um insulto a toda América Latina”, disponível em https://br.sputniknews.com/americas/2019030413428932-eua-bolton-venezuela-doutrina-monroe-lavrov-america-latina/
Publicado em 10 de março de 2019

Sim-sim e nem-nem: a submissão sem máscaras ao imperialismo

Jorge Cadima
ODiario.info
A História comprova à saciedade que o imperialismo se acha no direito de impor o seu poder planetário por todos os meios: guerras, subversões, golpes de Estado, embargos, bombas atômicas, armas químicas, campos de concentração, tortura, assassinatos. Sempre «justificados» por mentiras de destruição em massa. Para o imperialismo, soberania, vontade dos povos ou Direito Internacional são meros entraves a serem ignorados se a correlação de forças o permitir. Ao seu estilo, o governo Trump torna tudo descarado e oficial. Deixa cair o véu hipócrita, mostrando a verdadeira e eterna face do imperialismo.
O governo dos EUA proclama abertamente que pondera uma intervenção militar na Venezuela. Aplica sanções às chefias militares por não aderirem ao golpe e ameaça as suas famílias. Ameaça Cuba e Nicarágua. Pela voz de Bolton invoca a Doutrina Monroe de 1823, que declarava o hemisfério ocidental um quintal dos EUA. Ameaça levar para o campo de tortura de Guantánamo o presidente eleito e constitucional da Venezuela, Nicolás Maduro. Confessa abertamente a «grande diferença que faria, no plano econômico, para os EUA», se pudesse botar a mão ao petróleo da Venezuela (Fox News, 28.1.19). Já começou a roubar os bens do país.
Trump aponta como alvo o «socialismo», entendido como tudo aquilo que não se submeta aos ditames do grande capital dos EUA. O que não impediu o Governo do PS em Portugal e outros governos da União Europeia de serem participantes ativos na tentativa de golpe e pilhagem da Venezuela. É a política do sim-sim, do obedecer servilmente às ordens de além-Atlântico, mesmo que prejudiquem os interesses do país e dos portugueses. O BE (Bloco de Esquerda), após se alinhar com o governo PS, proclama um nem-nem, afirmando não estar «nem» com o agressor, «nem» com a vítima (Público, 1.3.19). Encoraja o agressor, ao isolar quem lhe resiste.
Exemplo clássico da política do nem-nem foi a traição das democracias burguesas à República Espanhola, quando em 1936 Franco desencadeou o golpe militar e a guerra que terminaria com a vitória fascista. Formalmente democráticas, a Inglaterra e a França (também com um governo de Frente Popular) em vez de apoiar o governo constitucional e legítimo de Espanha, saído de eleições multipartidárias, proclamaram a Não Intervenção: um embargo às duas partes, que tratava por igual a vítima e o golpista e na prática negava ao governo o direito a comprar armas para se defender, enquanto Hitler e Mussolini asseguravam o apoio militar que permitiria a Franco esmagar pelo sangue a resistência popular. O desenlace é conhecido: a conivência da Inglaterra e da França não livrou os dois países da agressão pelo monstro fascista que as suas classes dominantes alimentaram. Uma lição relevante nos dias que correm.
Não compreendem que a Humanidade vive uma das páginas mais perigosas da sua existência? Um sistema capitalista decadente e sem perspectivas (nos EUA e na UE) ameaça arrasar tudo, no seu afã de pilhagem. Tira de novo o açaime ao fascismo. Não está em causa apenas a Venezuela. O imperialismo pretende inculcar nos povos a ideia de que não pode haver nem alternativa, nem resistência, nem mesmo legalidade internacional. É o nem-nem do imperialismo. Aos povos resta a opção da luta, da resistência e da solidariedade com quem resiste. O resto são enganos.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2362, 07.03.2019


Toda solidariedade ao povo da Venezuela! Abaixo o golpe imperialista!
Nota Política do PCB

O imperialismo foi parcialmente derrotado no último dia 24 de fevereiro, quando os golpistas não conseguiram implementar a estratégia da “ajuda humanitária” e invadir o país para derrubar Maduro e destruir o processo bolivariano. O circo montado pelo governo Trump, através da farsa da “ajuda humanitária”, expediente utilizado pelos EUA em outros países, como o Iraque, a Líbia e a Síria, para justificar a invasão militar e a espoliação das riquezas naturais, no caso da Venezuela evidencia ainda mais a hipocrisia deste “auxílio”, pois as dificuldades vividas hoje pelo povo venezuelano são decorrentes em grande parte do bloqueio econômico promovido pelos Estados Unidos e seus aliados.
A atual escalada de ataques do imperialismo estadunidense e de seus aliados à Venezuela inclui medidas de bloqueio de recursos financeiros em bancos norte-americanos, confisco de ouro depositado no Banco da Inglaterra, boicote à importação de alimentos e medicamentos, forte ofensiva ideológica na mídia internacional contra o governo de Maduro, além de movimentações militares de posicionamento de tropas norte-americanas em bases militares no Caribe. No plano interno, é evidente a presença de “militantes” financiados via Miami para sabotar o regime.
A escalada se dá no momento em que a extrema-direita chega ao poder no Brasil, em que o neoliberal Macri segue governando na Argentina, em que a direita mais beligerante volta ao governo da Colômbia e em que o conservadorismo e as forças fascistas crescem em vários países europeus, governando em alguns deles.
A ação presente se soma a muitas outras que vêm sendo empreendidas contra o processo bolivariano, que, desde o primeiro governo de Chávez, promove reformas populares, coloca a Venezuela no campo anti-imperialista e a retira do papel de fornecedor de petróleo barato aos Estados Unidos, rompendo prática adotada pelos governos anteriores há décadas. Assim, o combate ideológico ao governo bolivariano é resultante da clara intenção dos Estados Unidos de retomar o controle sobre as gigantescas reservas petrolíferas e também as de ouro da Venezuela.
A escalada atual é também uma ação direta de Trump, que, ao promover o reposicionamento dos Estados Unidos na economia e na cena política internacional – com o reforço do protecionismo e das posições contrárias a qualquer agenda progressista, como na esfera ambiental – busca manter seus aliados conservadores e reacionários internos com o incremento de ações externas que combinam as estratégias de guerra hibrida com a intimidação e agressão militar, como vem sendo o padrão da postura internacional dos EUA nas últimas décadas, predominante nos casos do Afeganistão, Iraque, da Líbia, Síria e outros.
Os contrapontos a essa ofensiva são, no plano externo, os governos de Cuba, Bolívia, México e Uruguai, que se opõem à agressão militar e buscam uma solução política para a crise, assim como a ação firme da Rússia e da China nos terrenos diplomático, econômico e militar. Os governos do Brasil e do Peru, somente após a clara derrota do movimento golpista, recuaram do posicionamento anterior e declararam-se, na reunião de terça-feira (26/02) do Grupo de Lima, contrários à ação militar na Venezuela. Outros países seguem o mesmo caminho.
No plano interno, ainda que haja insatisfações reais com o desemprego, os baixos salários e o desabastecimento, há também um sentimento de que a oposição pode destruir as conquistas sociais dos últimos 20 anos, obtidas pelo regime bolivarianista, referendadas com a vitória na eleição da Assembleia Constituinte, com a votação consagradora obtida por Maduro e a coligação que o apoia nas últimas eleições presidenciais e para os governos estaduais.
É bastante significativo, também, na população, o sentimento anti-imperialista e anti-EUA. Apesar do massivo apoio dado ao processo bolivariano e ao governo nas seguidas consultas eleitorais e referendos feitos junto à população, a mídia hegemônica capitalista continua chamando o governo Maduro de ditadura, enquanto nada é dito a respeito da Arábia Saudita, dos Emirados e outros países aliados do imperialismo, que são monarquias absolutistas.
A operação de lançar Guaidó como presidente interino autodeclarado foi uma ação articulada pelos Estados Unidos, Colômbia, Brasil e o chamado Grupo de Lima para criar um governo paralelo e um clima de caos interno para a derrubada de Maduro, no qual a farsa da “ajuda humanitária”, com as provocações nas fronteiras da Colômbia e Brasil era uma das principais táticas do plano golpista. No entanto, essa tentativa fracassou em função da mobilização popular e da firme posição das Forças Armadas Bolivarianas.
A saída de Guaidó em helicóptero militar para a Colômbia representa também não só a intromissão do governo de Iván Duque nos assuntos internos da Venezuela e sua submissão rasteira ao imperialismo, mas uma clara traição nacional do fantoche Guaidó, uma vez que ele, cinicamente, defendeu uma intervenção armada dos Estados Unidos na Venezuela.
Fora do país, Guaidó poderá tentar formar um “governo no exílio” ou seguir organizando operações de sabotagem e contrainformação na mídia. Se ficar fora da Venezuela, acabará perdendo a condição de presidente da Assembleia Nacional e de “presidente encarregado” da nação, falso status criado pelos golpistas para forçar a derrubada de Maduro. Se voltar, poderá ser processado e preso por tentativa de golpe e outros crimes.
Apesar de o golpe ter fracassado, os EUA vão seguir no intento de sabotar e isolar politicamente a Venezuela e estrangular sua economia. Não está descartada ainda a possibilidade de uma intervenção armada.
Todavia, é preciso reconhecer que as insatisfações de grande parte da população têm base material. A Venezuela segue importando cerca da metade de tudo o que consome, inclusive os alimentos, e os empresários importadores não têm interesse em mudar esse quadro. Houve poucos avanços na produção industrial e agrícola interna, apesar das várias iniciativas nesse sentido. Há corrupção em vários setores governamentais, os trabalhadores não dirigem as grandes empresas, faltam empregos, e muitos vão para o exterior em busca de trabalho e melhores salários. Mas grande parte dessa conjuntura é resultante do boicote realizado pelos Estados Unidos.
O quadro estrutural e político interno torna-se mais adverso para o povo venezuelano em função das ações de desestabilização empreendidas pelo imperialismo dos EUA, que de forma unilateral e sem qualquer decisão tomada em organismos internacionais, decidiu aplicar sanções econômicas à Venezuela, com o objetivo de provocar uma “crise humanitária” que justifique a invasão militar e a destruição das conquistas sociais obtidas pela Revolução Bolivariana.
Entretanto, mesmo havendo desabastecimento, ninguém passa fome na Venezuela, pois o governo adota políticas emergenciais, como o provimento de cestas básicas, além de garantir a continuidade de importantes conquistas, como a construção de 2 milhões de novas habitações, que atendem a 8 milhões de pessoas (1/4 da população), e a criação de várias universidades públicas. De fato, a vida só melhorou para a imensa maioria da população com Chávez e Maduro.
A Rússia e a China vão seguir apoiando política e economicamente a Venezuela. Mas a hora é de radicalizar o processo revolucionário bolivariano, fazendo avançar as mudanças internas, com a manutenção e o aprofundamento das conquistas sociais, a expropriação dos sabotadores internos da economia, a promoção da reforma agrária, realizando a produção interna para superar a dependência quase absoluta em relação ao petróleo e avançando na construção do poder popular, no rumo do socialismo.
O recado já foi dado pela população venezuelana. Entretanto, a batalha será dura e longa, e o momento exige a solidariedade internacionalista, com a participação, sem subterfúgios, de todos aqueles que têm compromisso com a luta anticapitalista e anti-imperialista. Não há, na conjuntura mundial de hoje, enfrentamento mais importante que este, para derrotar o projeto estadunidense de dominar o continente americano e de exercer, a qualquer custo, o poder hegemônico no espaço considerado pelo governo dos EUA como seu “quintal”. O desenlace deste quadro terá repercussões que ultrapassarão as fronteiras da Venezuela e da América Latina. Está em jogo a defesa da soberania popular e a autodeterminação dos povos.
TODO APOIO À REVOLUÇÃO BOLIVARIANA!
SOLIDARIEDADE MILITANTE AO POVO DA VENEZUELA!
ABAIXO O IMPERIALISMO!
PELO PODER POPULAR, RUMO AO SOCIALISMO!
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Publicado em 28 de fevereiro de 2019


 Partidos Comunistas da América do Sul repudiam intervenção na Venezuela
25 de fevereiro de 2019


#TrumpManosFueradeVenezuela
Os Partidos Comunistas abaixo assinados repudiam com veemência qualquer tentativa de de intervenção militar na República Bolivariana da Venezuela.

Repudiamos também o bloqueio e o confisco de recursos que os Estados Unidos impuseram à Venezuela com a cumplicidade dos governos que aderem às políticas neocolonialistas do imperialismo.
São os mesmos que rapidamente avalizaram a tentativa de Guaidó, títere das políticas intervencionistas, de autoproclamar-se “presidente encarregado”, com a intenção de legitimar os ataques contra a República Bolivariana da Venezuela.
Com a desculpa de fazer entrar na Venezuela uma suposta “ajuda humanitária”, o governo dos Estados Unidos e seus seguidores na região ameaçam com um ataque que só causaria morte e destruição para o povo venezuelano com graves consequências para a paz em toda a América Latina e o Caribe.
Os comunistas nos manifestamos pelo irrestrito apoio à soberania dos povos, contra qualquer intervenção estrangeira em nossos países e seguimos lutando para que América Latina e Caribe sejam territórios de paz.
– Não à intervenção militar na Venezuela e em qualquer país da Nossa América! – América Latina e Caribe de paz!
Partido Comunista da Venezuela – Oscar Figuera   
Partido Comunista da Argentina – Victor Kot     
Partido Comunista da Bolívia – Ignácio Mendoza Pizarro  
Partido Comunista do Brasil – Luciana Santos, Walter Sorrentino  
Partido Comunista Brasileiro – Edmílson Costa   
Partido Comunista do Chile – Guillermo Teillier   
Partido Comunista Colombiano – Jaime Caycedo Turriago     
Partido Comunista Paraguaio – Najeeb Amado   
Partido Comunista Peruano – Luís Villanueva Carbajal  
Partido Comunista do Uruguai – Juan Castillo
 Ajuda dos EUA para Venezuela não é humanitária, afirma Cruz Vermelha

RFI © REUTERS/Marco Bello

A Cruz Vermelha já havia anunciado que não pretendia participar da distribuição na Venezuela da ajuda vinda dos Estados Unidos. Para a organização, os carregamentos enviados por Washington vêm da parte de um governo e, por essa razão, não podem ser considerados como “ajuda humanitária”.


Desde 10 de fevereiro o Comitê da Cruz Vermelha se posicionou sobre a situação na Venezuela. O chefe da delegação da entidade na Colômbia, Christoph Harnisch, afirmou que não pretendia participar da iniciativa norte-americana de enviar carregamentos para o país latino americano.

“Para nós, não se trata de uma ajuda humanitária, e sim de uma ajuda decidida por um governo”, declarou, lembrando que sua instituição deve respeitar princípios de independência, imparcialidade e neutralidade.

Nessa segunda-feira (25), em entrevista publicada no site da revista colombiana Semana, Harnisch reforçou suas afirmações. Para ele, “infelizmente, a primeira vítima do que está acontecendo é a palavra ‘humanitária’, porque há um debate, há uma controvérsia pública, há uma manipulação deste termo por todas as partes”. Segundo o representante da Cruz Vermelha, “'humanitário' é algo que não deve ser controverso, deve ser do interesse do povo”.

Harnisch também preferiu não se posicionar em caso de uma eventual intervenção militar na Venezuela. “Isso é pura especulação”, declarou, alegando que mesmo se algo do gênero ocorra, as ONGs humanitárias precisam de um período de observação da situação antes de agir.

No entanto, o chefe da Cruz Vermelha local concorda que o êxodo provocado pela crise venezuelana é um dos mais graves do mundo. “Há uma migração de sírios que era muito mais importante em termos de número de pessoas. Mas nesse caso havia muitos mais países receptores. Aqui a concentração é de alguns países, dois ou três”. Além disso, lembra, as nações que recebem esses migrantes “não são países com um desenvolvimento industrial do mais alto nível. Na Europa, em alguns casos sim, mas isso não pode ser dito da Colômbia ou do Equador e do Peru”.

Publicado em 25.02.2019


 Venezuela obtém vitória, mas não se pode baixar a guarda
Por Carlos Aznárez (da Venezuela)
Resumen latino-americano 23 de fevereiro de 2019
Chegou o que muitos definiram como o “Dia D”, e outros repercutiram, em Cúcuta ou Miami, pensando que o “grande momento” em que a “ajuda humanitária e o “ditador” e sua Revolução Bolivariana seriam derrubados como um castelo de cartas. Parece um roteiro ruim para um filme de muito baixa categoria, mas o pior é que muitas pessoas no mundo, aquela parte da população que religiosamente acredita no que diz a mídia hegemônica, tinham entrado no ringue e imaginaram que, na Venezuela, em questão de horas, aquele infame boneco chamado Juan Guaidó chegaria com todas as honras ao Palácio de Miraflores.
Finalmente o que ocorreu é o que vem sofrendo o Império e seus aliados frente ao chavismo em todas as últimas contendas, sejam as diplomáticas ou amparadas em um belicismo verbal mais que irritante: voltaram a fracassar. Não puderam com o povo nem o governo legítimo encabeçado por Nicolás Maduro. Nem na zona fronteiriça com a Colômbia nem na que limita com o Brasil, tampouco na rota marítima. Não lograram mobilizar os 600 mil (sic) que havia anunciado Guaidó e que se converteram neste sábado 23F num pequeno grupo agressivo de malandros pagos que montaram algumas poucas mas violentas guarimbas (arruaças) e vários falsos positivos.
Assim ocorreu com o incidente matinal do roubo dos caminhões na ponte que leva a Cúcuta, e que terminou com a deserção de um grupo ínfimo de guardas que não apenas se passaram para o lado inimigo como também mostraram um perfil criminoso. Os covardes destruíram dezenas de cercas que fechavam o lugar, ferindo pelo impacto uma camerógrafa chilena e uma leal policial bolivariana. Do outro lado, foi possível observar a cumplicidade dos policiais de Iván Duque, que os ajudavam ostensivamente. Enquanto isso, dois dos líderes das guarimbas deste sábado, o deputado direitista José Antonio Olivares e um de seus asseclas chamado Vilca Fernández festejavam a façanha.
Mais tarde, se repetiu a farsa ao tentar fazer entrar alguns poucos caminhões com a famosa “ajuda”. De pronto, ao passar pela ponte foram incendiados por um grupo de guarimberos que incendiaram os veículos com gasolina enquanto eram filmados e fotografiados por muitos repórteres. Mas, como os meios de comunicação hegemônicos são a tropa avançada e violenta do envenenamento massivo, inventaram outra notícia mentirosa, acusando o chavismo de gerar esse ataque. Mais ainda: contaram que eram os integrantes da Guarda Nacional Bolivariana, que estavam situados a grande distância dos acontecimentos, os culpados dessa torpe ação.
O que não disseram é que os malandros “contratados” pela oposição ligada a Guaidó e protegidos pela polícia colombiana (aí estão os vídeos nas redes como prova) se perderam enormemente porque as coisas não saíram bem e não lhes pagaram os “honorários” pactuados. Daí que uma turba de encapuzados e outros com a cara descoberta pregaram uma boa surra nos “contratadores”. É o caso do deputado Olivares, a quem um grupo distribuiu uns bons tapas na cara e na cabeça ao grito de “ladrões, paguem o que prometeram”.
Tampouco contam os meios de comunicação a verdade sobre o ocorrido no extremo contrário ao lado colombiano da ponte Simón Bolívar, onde se concentraram milhares de patriotas bolivarianos para defender com seus corpos a soberania de seu país frente a qualquer intenção de invasão estrangeira. Sobre eles caíram bombas molotov, pedras de grande tamanho e disparos de armas de fogo. Alguns dos atacados são parte da lista de 42 feridos, dois deles a balaços e três queimados em grande parte de seus corpos pelo efeito das bombas incendiárias. Também há policiais venezuelanos na lista, que tal qual naqueles meses duros em que se votava a Constituiente, se jogaram por inteiro para impedir que a turba de Ivan Duque e da oposição fascistoide que preside Guaidó pusessem seus pés no território venezuelano.
Outro incidente ocorreu quando opositores que cruzaram a fronteira desde o Brasil atacaram e queimaram uma caminhoneta militar bolivariana no posto fronteiriço de Pacaraima. Cada um destes atos de violência, assim como o ocorrido na sexta quando um grupo de paramilitares atacou indígenas pemones, se reduz ao que para Donald Trump, Marco Rubio, Elliot Adams, John Bolton e Luis Almagro ia ser a “solução final” para o que eles denominam “ditadura” socialista. Este processo libertador e outros que surgirão, sobre os quais o criminoso organizador do fracassado concerto de Cúcuta, o “Puma” Rodríguez, advertiu que “de pronto cairiam todas as que há na América Latina”. Vão ficar com o desejo, no caso venezuelano.
Não puderam, não poderão. isso é o que se viu com clareza nesta jornada. Foram derrotados novamente por um povo que tem ideias e convicção da luta por seu presente, que além de tudo possui memória do que foi seu passado e se prepara dia a dia para forjar um futuro socialista.
Este espírito nobre e guerreiro de Bolívar, que passou a nutrir o de Fabricio Ojeda, que depois herdou o Comandante Chávez e hoje levanta com dignidade Nicolás Maduro, é o que se viu, na mesma hora em que não se produzia a anunciada invasão “humanitária”,desfilar pelas ruas de Caracas. Outra vez a maré “vermelha” cobriu de ponta a ponta a avenida Urdaneta e mostrou ao mundo que, na Venezuela, além de se viver em total paz e normalidade, são milhões os que constroem o escudo que protege este enorme processo libertador.
Marcharam com fervor e muita alegria, não havia raiva em seus gestos, pelo contrário. Bailaram, cantaram e entoaram as consignas anti-imperialistas de toda a vida, desde o “ianques go home” até o “não passarão” das lutas antifascistas dos povos. Eram operários, estudantes, gentes dos bairros humildes, mulheres empoderadas e milhares de jovens que cresceram com o direito de ingressar nas Universidades populares e ter acesso aos planos de saúde das Missões. Saíram às a ruas, com a decisão de mostrar aos que ainda duvidam deste processo libertador de que eles sim estão dispostos a defendê-lo. Ali também estava uma aguerrida delegação dos movimentos sociais do mundo, que neste domingo inauguraram o Encontro da Assembleia Internacional dos Povos, instância organizativa que começará a se construir passo a passo em prol da Revolução internacional. Entre eles e elas, pôde ver-se sul-africanos do sindicato metalúrgico Numsa, que dançaram seus bailes típicos dando vivas a Venezuela, junto a brasileiros que gritavam “Lula Livre”, argentinos que protestavam contra Macri e até jovens bascas e catalãs abraçadas com suas bandeiras nacionais. Por todas as suas vozes, “a espada de Bolívar” segue caminhando, como fará o socialismo, pela América Latina, e em seu grito militante recebiam como devolução das massas chavistas “saudações solidárias e revolucionárias”. Uma festa do povo, que comemorava a vitória obtida frente a uma nova tentativa do Império mais terrorista que já atacou a humanidade.
Em seguida falou seu presidente, eleito em maio por milhões e não como esse covarde que se autoproclamou e agora terá que ficar vivendo em Cúcuta ou Bogotá ou terminar em um presídio junto com outros terroristas de seu calibre. Escutá-lo nesta ocasião dirigindo-se aos construtores cotidianos da Revolução lembrou outros atos similares protagonizadas por seu mestre Hugo Chávez, a quem Maduro não somente homenageia como também na prática cumpre com seu legado.
Neste 23F a Revolução Bolivariana obteve outro tento, o da paz com justiça social frente à guerra imperialista. Porém, não se pode ser triunfalista com o inimigo que se enfrenta hoje. Insistirão, são ferozes, impiedosos. Já o demonstraram e usam o que têm às mãos para hostilizar os povos. Por isso não há que baixar a guarda. Guaidó já pediu a seus cúmplices praticamente que ponham em marcha o recurso da intervenção armada. Trump, que seguramente se dá conta dos inúteis que são seus “muchachos”, estará imaginando novas investidas. É preciso valorizar a conquista por ora, sem se descuidar.
Não podem com a coragem deste povo. Não poderão.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/02/24/venezuela-bolivariana-se-anoto-otra-victoria-estrategica-este-23f/
 Gleisi critica ajuda humanitária à Venezuela e diz que Brasil se submete aos EUA

Presidente do PT e Dep. Fed., Gleisi Hoffmann, 
Poder360 em 23.02.2019


© Jefferson Rudy 

Presidente nacional do PT atacou a ajuda humanitária oferecida ao país.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou em seu perfil no Twitter que o
Brasil se submete aos “interesses dos EUA” ao enviar ajuda humanitária à Venezuela.

“Dias tristes nos esperam na América Latina com essa intervenção fantasiada de ajuda na Venezuela. Sofreremos por essa posição do Brasil de se submeter aos interesses dos EUA. Não serão eles a viver os efeitos desse conflito. Alertei tempos atrás”, escreveu a petista.


 A mensagem de Gleisi reforça o discurso feito pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Caracas. O chavista acusou os Estados Unidos de ser 1 país imperialista e afirmou que a comida enviada pelos norte-americanos é “podre e cancerígena que sobrou do Exército”.

“Escute bem, Donald Trump, jamais vou trair ao juramento que fiz ao comandante Chávez de defender a pátria”, declarou Maduro.

O governo brasileiro enviou 2 caminhões com alimentos básicos –arroz, feijão, café, leite em pó, açúcar e sal– e kits de primeiros-socorros.

Eis 1 mapa com os países e cidades que fazem fronteira com a Venezuela:


 Chamado urgente contra a ameaça de agressão imperialista a Venezuela



Tribuna Popular – PCV
Por: Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos
A Venezuela Bolivariana nos convoca a todos ao máximo esforço para que se imponha a paz e se enfrente a agressão militar do governo dos Estados Unidos. Seguindo o roteiro que executaram na Líbia e no Iraque, onde provocaram mais de um milhão de mortos, guerra, saques e ocupação, se prepara hoje a invasão militar à irmã República Bolivariana da Venezuela utilizando como pretexto a “ajuda humanitária”.
Em franca violação do Direito Internacional e à carta das Nações Unidas, o governo dos EUA pôs em marcha um plano de brutal agressão contra a Venezuela que segue ao pé da letra o manual da guerra de quarta geração: guerra midiática sem cessar um só día, criação de uma oposição mercenária e colonialista, ataques criminosos à população e a objetivos econômicos vitais, sanções econômicas, hiperinflação, bloqueio financeiro, congelamento de ativos em terceiros países; desrespeito à soberania e desconhecimento do legítimo Presidente Nicolás Maduro, eleito por ampla maioria; pressões a países incluindo organismos internacionais como a ONU; fabricação de um “presidente” ao estilo Frankestein, armado e produzido em Washington, que não representa ninguém, que não foi eleito por ninguém e que apenas responde aos interesses do golpe en curso promovido pelo governo dos Estados Unidos.
Há alguns dias o governo cubano alertou e ontem reiterou o Chanceler Bruno Rodríguez: “estão realizando voos de transporte militar estadunidenses, originados de instalações militares norte-americanas a partir das quais operam unidades de forças de operações especiais e de infantería de marinha utilizadas para realizar ações encobertas, inclusive contra líderes ou pessoas consideradas valiosas. Com absoluto desconhecimento dos governos dos territórios referentes e total desrespeito pela soberania desses Estados, continua a preparação de uma ação militar com pretexto humanitário”.
Em sua apresentação à mídia em Miami em 18 de fevereiro, o presidente Trump afirmou: “Todas as opções são possíveis”, em clara alusão à opção militar.
O dia 23 de fevereiro é o prazo que os EUA impuseram para o ingresso forçado da “ajuda humanitária”. Utilizarão para isto o território da dolorida Colômbia em Cúcuta, fronteira com a Venezuela da qual a separa uma ponte sobre o rio, para provocar desde aquele ponto a agressão, “o tempo que dure a reconstrução”.
Nos perguntamos de que reconstrução falam quando a Venezuela acaba de entregar Duas Milhões e Quinhentas Mil habitações, suas crianças vão à escola e os jovens às universidades, o país trabalha e funciona com normalidade. A Venezuela resiste aos embates do cerco financeiro que provoca privações ao seu povo.
A Venezuela não necessita de esmolas, a Venezuela é um país muito rico, é o primeiro produtor de petróleo e um dos maiores em ouro, o que necessita a Venezuela é que os EUA suspendam as sanções, o bloqueio financeiro e respeite a decisão soberana de seu povo.
Recordemos Fidel quando, no ano de 1992, em plena agressão dos EUA, que contavam os dias para que Cuba sucumbisse após a queda da União Soviética, acirravam o bloqueio e aprovavam as leis Helms-Burton. Fidel nos disse: “Cuba não anda de pedinte pelo mundo, anda como nação irmã. Quem se levanta com Cuba se levanta para todos os tempos”.
Hoje dizemos: levantamo-nos junto com a Venezuela Bolivariana e o legítimo governo de Nicolás Maduro, junto com sua Força Armada Nacional Bolivariana FANB e o bravo povo de Bolívar e Chávez.
Chamamos os amigos, intelectuais, parlamentares, organizações políticas e movimentos sociais a barrar a ingerência dos EUA e evitar por todas as vias possíveis a agressão militar.
Inundemos as redes sociais em todos os idiomas com mensagens pela paz; todos podemos fazer dos nossos próprios sítios.
Chamamos à mobilização em frente às sedes das embaixadas dos Estados Unidos no mundo; pela publicação de manifestos na imprensa, divulgação de cartazes, realização de manifestações e atos para dizer alto e claro:
MÃOS FORA da VENEZUELA!
VENEZUELA NÃO ESTÁ SÓ!
VENEZUELA QUER PAZ!
Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos
Publicado em 23 de fevereiro de 2019

 A Venezuela no limiar de uma provocação
22 de fevereiro de 2019



Por Carmen Esquivel*
Havana (Prensa Latina)
Invocando a ”ajuda humanitária” e a ”responsabilidade de proteger”, Estados Unidos e seus aliados buscam um pretexto para agredir a Venezuela, como evidenciam os voos militares no Caribe e a tensão nas zonas fronteiriças.
Desde o início do mês começaram a chegar à cidade colombiana de Cúcuta, limítrofe com a Venezuela, e a outros pontos, aviões da Força Aérea estadunidense com a chamada “ajuda humanitária” que se pretende introduzir no país vizinho mediante a pressão e a força.
Cúcuta, onde a pobreza atinge 40 por cento da população, se converteu em epicentro de todo um show e ali está previsto também neste 23 de fevereiro um concerto organizado pelo multimilionário Richard Branson, para arrecadar fundos com o alegado fim de ajudar os venezuelanos.
Mas resulta paradoxal que os Estados Unidos anunciem uma ajuda de 20 milhões de dólares para a Venezuela, quando por outro lado aplica sanções e bloqueios econômicos contra esse país que já causaram perdas de 30 bilhões de dólares.
A Cúcuta chegou nos últimos dias o senador norte-americano Marco Rubio, ferrenho opositor do governo legítimo do presidente Nicolás Maduro, para reiterar que Donald Trump tem sobre a mesa todas as opções.
Também está prevista a chegada dos chefes de Estado da Colômbia, Chile e Paraguai, países integrantes do chamado Grupo de Lima que reconheceram o deputado Juan Guaidó, autoproclamado presidente em exercício da Venezuela.
Guaidó, junto com um grupo de deputados da oposição, viajou ao estado de Táchira, fronteiriço com a Colômbia, com o propósito de fazer entrar pela força o referido carregamento humanitário, fato considerado pelas autoridades de Caracas uma afronta à soberania.
É a crônica de uma provocação anunciada, segundo advertiu a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Maria Zajarova. De acordo com Zajarova, os promotores do plano contra as autoridades legítimas da Venezuela preveem provocar um incidente para que os guardas fronteiriços e os militares recorram à força.
A fronteira colombiano-venezuelana tem uma extensão de 2.219 mil quilômetros, com 63 balizas que marcam a linha divisória, mas a maior parte está em terrenos agrestes e desabitados ou dividida por rios.
Autoridades venezuelanas alertaram que Washington e seus aliados da direita tentam montar um cenário para justificar uma intervenção militar com o fim de derrubar o governo de Nicolás Maduro e se apoderar dos recursos naturais desse país, sobretudo do petróleo.
Pretextos similares foram utilizados para justificar invasões, com ou sem o aval da ONU, em países como Somália, Iraque, Líbia e Iugoslávia.
Entre os casos mais escandalosos de manipulação está o da menina Nariyah, cujas declarações na televisão estadunidense contribuíram para convencer a população sobre a necessidade de intervir no Iraque em 1990 e pouco depois se soube que o depoimento era falso e a menor era filha do embaixador kuwaitiano em Washington.
No caso da Líbia, em 2011, a ONU aprovou criar um corredor humanitário que deu luz verde à intervenção dos Estados Unidos, Reino Unido e França, a qual provocou milhares de mortos e mergulhou o país no caos até hoje.
Uma aventura militar disfarçada de intervenção humanitária prepara também os Estados Unidos contra a República Bolivariana da Venezuela, advertiu o governo cubano por meio de uma declaração pública. O texto faz referência aos voos de aviões de transporte militar para o aeroporto Rafael Miranda, de Porto Rico; para a base aérea de San Isidro, na República Dominicana e para outras ilhas do Caribe estrategicamente localizadas. Nas últimas horas, a Venezuela decidiu fechar suas fronteiras marítima e aérea com Aruba, Bonaire e Curaçao e pôr em revisão as relações diplomáticas com esses países.
Também foi fechada até novo aviso a fronteira com o Brasil e não se descarta que possa ser adotada uma medida similar com a Colômbia. A chancelaria venezuelana manifestou sua preocupação com a utilização de algumas nações como plataformas para planejar operações ilegais contra o Governo.
Uma operação denominada Sentinela está ativada com efetivos da Força Armada Nacional Bolivariana para evitar qualquer violação à integridade do território.
rr/ucl/car/mm/gdc https://www.prensalatina.com.br/index.php?o=rn&id=22098&SEO=venezuela-no-limiar-de-uma-provocacao
 Venezuela: quem é o golpista Juan Guaidó



por Max Blumenthal [*] e Dan Cohen [**]

Antes do fatídico dia 22 de janeiro, menos de um em cada cinco venezuelanos tinha ouvido falar de Juan Guaidó. Há apenas alguns meses, este homem com 35 anos era um personagem obscuro de um grupo de extrema-direita politicamente marginal e associado a tenebrosos atos de violência nas ruas. Mesmo no seu próprio partido, Guaidó não passara de uma figura de nível médio na Assembleia Nacional dominada pela oposição e que agora age como um órgão que despreza a Constituição da Venezuela.
Porém, após um único telefonema do vice-presidente dos Estados Unidos da América, Michael Pence, Guaidó proclamou-se presidente da Venezuela. Ungido em Washington como dirigente máximo do seu país, um personagem político anteriormente desconhecido foi colocado nos palcos internacionais como chefe de uma nação que possui as maiores reservas petrolíferas do mundo.
Ecoando o consenso existente em Washington, o New York Times saudou Guaidó como “um rival credível” para Maduro, com “um estilo refrescante e uma visão capaz de levar o país em frente”. O Conselho Editorial da Blooomberg aplaudiu-o por procurar a “restauração da democracia” e o Wall Street Journal declarou-o “um novo líder democrático”. Enquanto isso, o Canadá, numerosos países europeus, o Parlamento Europeu, Israel e o bloco de países latino-americanos de direita conhecido como Grupo de Lima reconheceram Guaidó como dirigente legítimo da Venezuela.
Mais de uma década de preparação
Guaidó parece ter-se materializado do nada; ele é, no entanto, o produto de mais de uma década de preparação a cargo das fábricas de mudanças de regimes geridas pelo governo dos Estados Unidos.
Juntamente com um grupo de ativistas estudantis de direita, Juan Guaidó foi treinado para minar o governo de orientação socialista da Venezuela, desestabilizar o poder e, um dia, tomar o poder. Embora tenha sido uma figura menor na política venezuelana, passou anos mostrando-se nos salões de poder em Washington.
“Juan Guaidó é um personagem criado para esta circunstância”, afirmou Marco Teruggi, um sociólogo argentino e cronista da política da venezuelana, à publicação The Grayzone. “É o produto de uma lógica de laboratório: Guaidó é como uma mistura de vários elementos que dão forma a um personagem que, com toda a honestidade, oscila entre o ridículo e o preocupante”.
Diego Sequera, jornalista e editor venezuelano da publicação de investigação Misión Verdad, concordou: “Guaidó é mais popular fora do que dentro da Venezuela, especialmente nos círculos de elite da Ivy League [1] e Washington”, disse. “É uma figura conhecida nesses meios, previsivelmente de direita e leal às opiniões e tendências que aí se manifestam”.
Embora Juan Guaidó seja vendido como o rosto da “restauração democrática”, passou a sua carreira interna dentro da facção mais violenta da oposição mais radical da Venezuela, colocando-se na vanguarda das campanhas de desestabilização, uma após outra. O seu partido tornou-se amplamente desacreditado na Venezuela e é parcialmente responsável por fragmentar uma oposição enfraquecida.
“Esses dirigentes radicais não têm mais que 20% nas sondagens de opinião”, escreveu Luís Vicente León, principal investigador nessa área. Segundo León, o partido de Guaidó continua isolado, porque a maioria da população “não quer guerra, o que pretende é uma solução”.
Não é democracia, é colapso
É precisamente por isso, porém, que Guaidó foi escolhido por Washington: não se espera que instaure a democracia na Venezuela, mas provoque o colapso de um país que, nas últimas duas décadas, tem sido um baluarte da resistência à hegemonia dos Estados Unidos. A sua ascensão significa o culminar de um projeto de duas décadas para destruir uma forte experiência progressista.
Desde a eleição de Hugo Chávez, em 1998, os Estados Unidos lutaram para restabelecer o controle sobre a Venezuela e as suas vastas reservas de petróleo. Os programas sociais de Chávez podem ter redistribuído a riqueza do país e ajudado a tirar milhões da pobreza, mas tornaram-no um alvo a abater.
Em 2002, a oposição de direita conseguiu derrubar Chávez com apoio e reconhecimento dos Estados Unidos, mas só até que as forças armadas restabelessem a sua presidência, após uma mobilização popular de massas. Durante as administrações norte-americanas de George W. Bush e Barack Obama, Chávez sobreviveu a vários planos para o assassinarem, antes de sucumbir de câncer em 2013. O seu sucessor, Nicolás Maduro, sobreviveu a três tentativas de assassinato.
A administração Trump elevou imediatamente a Venezuela até o topo da lista de alvos da mudança de regime a conseguir por Washington, qualificando o país como o principal da “troika da tirania”. No ano passado, a equipe de segurança a serviço de Trump tentou recrutar militares para montar uma junta ditatorial, mas o esforço falhou.
De acordo com o governo venezuelano, os Estados Unidos também estiveram envolvidos numa conspiração com o nome-código de “Operação Constituição” para capturar Maduro no palácio presidencial de Miraflores; e numa outra ação, designada Operação Armagedon, para o assassinar em julho de 2017, durante uma parada militar. Pouco mais de um ano depois, chefes da oposição exilados tentaram matar Maduro com bombas instaladas num drone numa parada militar em Caracas.
Experiência no “açougue dos Bálcãs”
Mais de uma década antes destes acontecimentos, um grupo de estudantes da oposição de direita foi selecionado e preparado com pormenores por uma academia de treino de mudanças de regime, financiada pelos Estados Unidos para derrubar o governo da Venezuela e restaurar a ordem neoliberal. Tratou-se de um processo de treino inserido no quadro de “exportação da revolução” e que semeou várias “revoluções coloridas”.
Em 5 de outubro de 2005, com a popularidade de Hugo Chávez no auge e o seu governo concretizando programas sociais, cinco dirigentes estudantis venezuelanos chegaram a Belgrado, Sérvia, onde começaram a ser treinados para uma insurreição.
Os estudantes viajaram por cortesia do Centro de Ação e Estratégias Não-Violentas Aplicadas ou CANVAS na sigla anglo-saxônica. Esta organização é financiada em grande parte pelo National Endowment for Democracy (NED), uma instância da CIA que funciona como o principal braço do governo dos Estados Unidos para promover mudanças de regime; cofinanciam-na também o Instituto Internacional Republicano e o Instituto Nacional Democrata para Assuntos Internacionais, organizações dos dois partidos norte-americanos. De acordo com e-mails internos dados a conhecer pela Stratfor, uma empresa de inteligência conhecida como “a sombra da CIA”, o CANVAS “também pode ter recebido financiamento e treinamento da CIA durante a luta anti-Milosevic em 1999/2000”.
A rede dos EUA para promover “revoluções coloridas”, CANVAS, é um ramo do Otpor, um grupo insurrecional sérvio fundado por Srdja Popovic em 1998 na Universidade de Belgrado. Otpor significa “resistência” em servo-croata e ganhou fama internacional – e promoção no nível de Hollywood – ao mobilizar os movimentos que conduziram à queda de Slobodan Milosevic.
Esta célula de especialistas em mudanças de regime opera de acordo com as teorias do falecido Gene Sharp [2] , o chamado “Clausewitz da luta não-violenta”. Sharp trabalhou com um ex-analista dos serviços de espionagem militares norte-americanos, o coronel Robert Helvey, para conceber um projeto estratégico que transforma os protestos numa forma de guerra híbrida, projeto esse para aplicar nos Estados que não se acomodam ao domínio unipolar de Washington.
O Otpor foi apoiado pelo National Endowment for Democracy, a USAID e o Instituto Albert Einstein de Gene Sharp. Sinisa Jikman, um dos principais “formadores” do Otpor, revelou uma vez que o grupo chegou a receber financiamento direto da CIA.
De acordo com um dos e-mails que um funcionário da Stratfor deu a conhecer, depois de contribuírem para derrubar Milosevic, “os jovens que geriam o Otpor cresceram, passaram a vestir terno e gravata e projetaram o CANVAS… Ou, por outras palavras, um grupo de ‘exportação da revolução’ que lançou as sementes para várias revoluções coloridas. Ainda recebem financiamento dos Estados Unidos e, basicamente, percorrem o mundo tentando derrubar ditadores e governos autocráticos (aqueles dos quais os Estados Unidos não gostam)”.
A Stratfor revelou que o CANVAS “voltou a sua atenção para a Venezuela” em 2005, depois de treinar movimentos de oposição que lideraram operações de mudanças de regime favoráveis à OTAN em toda a Europa Oriental.
A Stratfor estudou o programa de treinamento do CANVAS e descreveu a sua agenda insurrecional numa linguagem surpreendentemente contundente:
“O êxito não está de forma alguma garantido e os movimentos estudantis são apenas o começo do que poderá ser um esforço de anos para desencadear uma revolução na Venezuela, mas os formadores são pessoas que adquiriram experiência no ‘Açougue dos Balcãs’. Têm aptidões fora do comum. Quando virem cinco estudantes em cinco universidades venezuelanas realizando manifestações simultâneas é sinal de que o treinamento acabou e o trabalho real começou”.
Passagem ao “trabalho real”
O “trabalho real” começou dois anos depois, em 2007, quando Guaidó se licenciou na Universidade Católica Andrés Bello de Caracas. Mudou-se para Washington e inscreveu-se no Programa de Governança e Gestão Política da Universidade George Washington, sob tutela do venezuelano Luís Enrique Berrizbeitia, um dos principais economistas neoliberais da América Latina. Berrizbeitia é ex-diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) e passou mais de uma década trabalhando no setor energético venezuelano sob o regime oligárquico que foi derrubado por Chávez.
Nesse ano, Guaidó contribuiu para promover comícios contra o governo depois de este não ter renovado a licença da Radio Caracas Televisión (RCTV). Esta estação privada desempenhou um papel de liderança no golpe de 2002 contra Hugo Chávez. A RCTV mobilizou manifestações antigovernamentais, falsificou informações atribuindo a apoiantes do governo a responsabilidade por atos de violência praticados por membros da oposição e proibiu reportagens favoráveis ao executivo durante o golpe. O papel da RCTV e de outras estações pertencentes a oligarcas na condução da frustrada tentativa de golpe foi revelado no aclamado documentário The Revolution Will Not Be Televised.
No mesmo ano, os estudantes reclamaram os louros por terem contribuído para derrotar o referendo constitucional sobre o programa do governo de Chavez para “Um socialismo do séc. XXI”, mediante o qual se previa “estabelecer o quadro legal para a reorganização política e social do país, dando poder direto às comunidades organizadas como um pré-requisito para o desenvolvimento de um novo sistema econômico”.
“Geração 2007”
Dos protestos em torno da RCTV e do referendo nasceu um grupo especializado de ativistas para a mudança do regime apoiado pelos Estados Unidos. Chamou-se “Geração 2007”.
Os formadores do CANVAS e os meios de divulgação da Stratfor identificaram o aliado de Guaidó – um organizador de arruaças chamado Yon Goicoechea – como um “fator-chave” para derrotar o referendo constitucional. No ano seguinte, Goicoechea foi recompensado pelos seus esforços com o Prêmio Milton Friedman do Cato Institute for Advancing Liberty no valor de 500 mil dólares, que ele investiu na construção da sua própria rede política Primero Justicia.
Friedman, claro, foi o patrono dos neoliberais Chicago Boys importados no Chile pelo ditador Augusto Pinochet para aplicar o programa econômico do regime. O Cato Institute é o think tank libertário baseado em Washington e fundado pelos irmãos Koch, os dois principais doadores do Partido Republicano e que se tornaram agressivos defensores da direita em toda a América Latina.
WikiLeaks divulgou um e-mail de 2007 enviado para o Departamento de Estado, o Conselho de Segurança Nacional e o Departamento da Defesa pelo embaixador norte-americano na Venezuela, William Brownfield. Nele elogia a “Geração 2007” por “ter derrotado o presidente venezuelano, acostumado a estabelecer a agenda política”. Entre os “líderes emergentes”, Brownfield identificou Freddy Guevara e Yon Goicoechea, este último “um dos mais articulados defensores das liberdades civis dos estudantes”.
Das nádegas nuas ao Vontade Popular
Cheios de dinheiro doado pelos oligarcas libertários, os grupos radicais venezuelanos levaram para as ruas as suas táticas aprendidas com o Otpor.
Em 2009, os jovens ativistas da Geração 2007 montaram a sua manifestação mais provocatória baixando as calças em público e recorrendo às ultrajantes táticas de guerrilha delineadas por Gene Sharp nos seus manuais para mudanças de regime. Os manifestantes mobilizaram-se contra a prisão de um aliado de um outro grupo juvenil, o JAVU. Este grupo de extrema-direita “reuniu fundos de uma variedade de fontes do governo dos Estados Unidos, o que lhe permitiu ganhar uma rápida notoriedade como linha dura dos movimentos de oposição”, segundo o livro “Construindo a Comuna” do acadêmico George Ciccarello-Maher.
Embora o vídeo do protesto não esteja disponível, muitos são os venezuelanos que testemunham a presença de Guaidó como um dos principais participantes. Não é possível confirmar estas declarações, as quais, no entanto, são plausíveis: os manifestantes com as nádegas a descoberto eram membros do núcleo duro da Geração 2007, a que Guaidó pertencia, e envergavam camisetas com a sua marca registada “Resistência!”.
Em 2009, Juan Guaidó expôs-se ao público de outra maneira, fundando um partido político para canalizar a dinâmica anti-Chávez que a sua Geração 2007 tinha desencadeado. Chamado Vontade Popular, o grupo é dirigido por Leopoldo López, um ativista de direita educado em Princeton, fortemente envolvido em programas do New Endowment for Democracy e eleito como presidente da Câmara de um município de Caracas que era um dos mais ricos do país. Lopez é uma figura da aristocracia política venezuelana, descendente direto do primeiro presidente do país. É também primo direto de Thor Halvorssen, fundador da Fundação dos Direitos Humanos, com sede nos Estados Unidos e que funciona como centro de marketing para ativistas apoiados pelos Estados Unidos em países que são alvos de Washington para mudanças de regime.
Embora os interesses de Leopoldo Lopez estivessem perfeitamente alinhados com os de Washington, as comunicações diplomáticas norte-americanas divulgadas por WikiLeaks salientavam as suas tendências fanáticas que acabariam por levá-lo a uma marginalização em relação às tendências populares. Um e-mail tornado público qualifica-o como “uma figura de divisão dentro da oposição (…) frequentemente descrita como arrogante, vingativa e faminta de poder”. Outros destacavam a sua obsessão pelos “confrontos de rua” e as suas “opiniões inflexíveis” como fontes de tensão com outros dirigentes da oposição que davam prioridade à unidade e à participação nas instituições democráticas do país.
Explorando a seca contra o povo
Em 2010, o Vontade Popular e os seus apoiantes estrangeiros mobilizaram-se para tirar partido da maior seca que atingiu a Venezuela em décadas. Profunda escassez de energia eléctrica atingiu o país devido à falta de água nas barragens. A recessão econômica global e o declínio dos preços do petróleo agravaram a crise, provocando um alastramento do descontentamento popular.
Stratfor e CANVAS – conselheiros essenciais de Guaidó e dos quadros anti-governamentais – elaboraram um plano de elevado cinismo para apunhalarem o coração da Revolução Bolivariana. O esquema dependia de um colapso de 70% do sistema elétrico do país, em abril de 2010.
“Este poderia ser o divisor de águas, pois há pouco que Chávez possa fazer para proteger os pobres do fracasso deste sistema”, lê-se num memorando interno da Stratfor. Tais condições provavelmente “teriam o impacto de galvanizar a agitação pública de uma forma que nenhum grupo de oposição poderia esperar alcançar. Naquele momento, um grupo de oposição que melhor soubesse tirar partido da situação e virá-la contra Chávez ficaria mais perto dos seus objetivos”, salienta ainda o memorando.
Por essa altura, a oposição venezuelana recebia as generosas verbas de 40 a 50 milhões de dólares por ano de organizações governamentais dos Estados Unidos, tanto a USAID como a NED, de acordo com um think tank espanhol, o Instituto Fride. Além disso, extraía vantagens das suas próprias contas bancárias, existentes sobretudo no exterior do país.
Embora o cenário descrito pela Stratfor não se tenha concretizado, os ativistas do partido Vontade Popular e os seus aliados puseram então de lado quaisquer pretensões de não-violência e aderiram ao plano mais radical para desestabilizar o país.
Nova “formação”, agora no México
Em novembro de 2010, segundo e-mails obtidos pelos serviços de segurança venezuelanos e apresentados pelo ex-ministro da Justiça Miguel Rodriguez Torres, Guaidó, Goicoechea e vários outros ativistas estudantis participaram num treinamento de cinco dias no hotel Fiesta Mexicana na Cidade do México. As sessões foram conduzidas pelo Otpor, a instituição para mudanças de regime baseada em Belgrado e apoiada pelo governo dos Estados Unidos. A iniciativa teve a bênção de Otto Reich, um exilado cubano e fanático anticastrista que trabalhava no Departamento de Estado norte-americano da administração de George W. Bush, e do ex-presidente colombiano de extrema-direita Álvaro Uribe.
No hotel Fiesta Mexicana, segundo os e-mails, Guaidó e os seus colegas ativistas traçaram um plano para derrubar o presidente Hugo Chávez gerando o caos violento e permanente nas ruas.
Três figuras de proa do setor do petróleo – Gustavo Torrer, Elígio Cedeño e Pedro Burelli – terão coberto as despesas no hotel mexicano, da ordem dos 52 mil dólares. Torrer é um autodenominado “ativista dos direitos humanos” e um “intelectual”, cujo irmão mais novo, Reynaldo Torrer Arroyo, é o representante na Venezuela da empresa privada de petróleo e gás mexicana Petroquímica do Golfo, que tem um contrato com o Estado venezuelano.
Cedeño, por sua vez, é um empresário venezuelano trânsfuga que pediu asilo nos Estados Unidos; e Pedro Burelli é um ex-executivo do JP Morgan e ex-diretor da empresa estatal petrolífera da Venezuela (PDVSA), que abandonou em 1998 quando Hugo Chávez assumiu o poder. É membro do Comitê Consultivo do Programa de Liderança na América Latina da Universidade norte-americana de Georgetown.
Burelli insistiu que os e-mails pormenorizando a sua participação foram fabricados e contratou até um detetive particular para alegadamente o comprovar. O investigador declarou que os registos do Google revelaram que os e-mails em causa nunca foram transmitidos.
Ainda hoje, porém, Burelli não esconde o seu desejo de ver o atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deposto – e até arrastado pelas ruas e sodomizado com uma baioneta, como aconteceu com o dirigente líbio Muammar Khadaffi, vítima de terroristas apoiados pela OTAN.
As sangrentas “guarimbas”
A trama do Fiesta Mexicana evoluiu para outro plano de desestabilização revelado numa série de documentos divulgados pelo governo venezuelano. Em maio de 2014, meios governamentais mostraram provas de uma trama de assassinato de Nicolás Maduro encabeçada por Maria Corina Machado, de Miami, uma dirigente de linha dura, com tendências para a retórica extremista, que tem funcionado como um elo internacional da oposição e foi recebida em 2005 pelo presidente norte-americano George W. Bush.
“Acho que é hora de reunir esforços; faça os telefonemas necessários e obtenha financiamento para liquidar Maduro, porque o resto irá desmoronar-se”, escreveu Corina Machado num e-mail dirigido ao ex-diplomata venezuelano Diego Arria, em 2014.
Num outro e-mail, Machado afirmou que a opção violenta teve a bênção do embaixador dos Estados Unidos na Colômbia, Kevin Whitaker. “Eu já me decidi, a luta continuará até que este regime seja derrubado e entregarmo-nos aos nossos amigos no mundo. Se fui a San Cristobal e me expus com a presença na OEA, então nada temo. Kevin Whitaker já reconfirmou o seu apoio e definiu os novos passos. Temos um talão de cheques mais forte do que o do regime para quebrar o anel de segurança internacional”.
Naquele mês de fevereiro, manifestantes estudantis que agiam como tropa de choque da oligarquia exilada ergueram violentas barricadas em todo o país, transformando bairros controlados pela oposição em fortalezas violentas conhecidas como “guarimbas”. Enquanto os meios de comunicação internacionais retratavam a revolta como um protesto espontâneo contra o governo de mão de ferro de Maduro, havia provas de que o Vontade Popular orquestrava o espetáculo.
“Nenhum dos manifestantes usavam camisetas das universidades, mas sim do Vontade Popular e do Primero Justicia”, declarou agora um dos participantes nas guarimbas. “Podem ter sido grupos de estudantes, mas os conselhos estudantis eram manipulados pelos partidos de oposição e são responsáveis por eles”.
Interrogado sobre quem eram os líderes do movimento, o mesmo participante nas guarimbas disse: “Bem, para ser completamente honesto, eles agora são legisladores”.
A mão de Guaidó
Quarenta e três pessoas foram mortas durante as guarimbas de 2014. Três anos depois irromperam de novo, provocando destruições massivas nas infraestruturas públicas, o assassinato de apoiantes do governo e a morte de 126 pessoas, muitas das quais chavistas. Em vários casos, partidários do governo foram queimados vivos por gangues armados.
Guaidó esteve diretamente envolvido nas guarimbas de 2014. Na verdade, twittou um vídeo em que se exibia envergando um capacete e máscara de gás, cercado por figuras encapuzadas e armadas que tinham fechado uma estrada onde ocorria um confronto violento com a polícia. Referindo-se à sua participação na Geração 2007, proclamou: “Lembro-me que em 2007 gritávamos ‘Estudantes!’ Agora gritamos: ‘Resistência! Resistência!'”
Guaidó apagou o twitt, manifestando aparente preocupação com a sua imagem como defensor da democracia.
Em 12 de fevereiro de 2014, no auge das guarimbas de então, Guaidó juntou-se a Lopez no palco de um comício do Vontade Popular e Primero Justicia. Numa longa diatribe contra o governo, Lopez instou a multidão a marchar até as instalações da procuradora-geral, Luísa Ortega Diaz. Logo depois, essas instalações foram atacadas por gangues armadas que tentaram queimar a procuradora depois de a jogarem no solo. A vítima denunciou o que qualificou como “violência planejada e premeditada”.
Durante uma entrevista na TV, em 2016, Guaidó desvalorizou as mortes resultantes de “guayas” – prática de guarimba que consiste em estender um cabo de aço atravessando de um lado ao outro de uma estrada para ferir ou matar motociclistas – como “um mito”. Estes comentários tentaram retirar o aspecto tenebroso de uma armadilha mortal que assassinou civis desarmados como Santiago Pedroza e decapitou Elvis Durán, entre outros.
Esta indiferença e insensibilidade perante a vida humana viria a caracterizar a Vontade Popular aos olhos de grande parte do público, incluindo muitos opositores de Maduro.
Guaidó não prestou contas à Justiça
À medida que a violência e a polarização política aumentavam em todo o país, o governo começou a agir contra os dirigentes do Vontade Popular que contribuíram para a situação.
Freddy Guevara, vice-presidente da Assembleia Nacional e segundo no comando do Vontade Popular, foi o principal líder dos distúrbios de 2017 nas ruas. Foi julgado por esse fato; refugiou-se na Embaixada do Chile, onde permanece.
Lester Toledo, membro da Assembleia do Estado de Zulia eleito pelo Vontade Popular, foi procurado pela Justiça em setembro de 2016 sob a acusação de financiar o terrorismo e planejar assassinatos, em colaboração com o ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe. Toledo fugiu da Venezuela, fez viagens e palestras organizadas por Human Rights Watch, a Casa da Liberdade, apoiada pelo governo norte-americano, o Congresso dos Deputados de Espanha e o Parlamento Europeu.
Carlos Graffe, outro membro da Geração 2007 treinado pelo Otpor e também membro do Vontade Popular, foi preso em julho de 2017. Segundo a polícia, tinha consigo um saco de pregos, explosivos C4 e um detonador. Foi libertado em 27 de dezembro de 2017.
Leopoldo Lopez, líder de longa data do Vontade Popular, está sob prisão domiciliar, acusado de ter um papel fundamental na morte de 13 pessoas durante as guarimbas de 2014. A Anistia Internacional definiu Lopez como “prisioneiro de consciência” e declarou “insuficiente” a sua transferência para o regime de detenção na residência. Enquanto isto, familiares das vítimas das guarimbas apresentaram uma queixa com mais acusações contra Lopez.
Yon Goicoechea, o ícone de propaganda dos irmãos Koch e fundador do Primero Justicia, com apoio dos Estados Unidos, foi preso em 2016 pelas forças de segurança, que alegaram ter encontrado um quilo de explosivos no seu veículo. Num artigo no New York Times, Goicoechea protestou contra as acusações como “uma invenção” e afirmou que tinha sido preso simplesmente devido ao seu “sonho de uma sociedade democrática, livre do comunismo”. Foi libertado em novembro de 2017.
David Smolansky, igualmente membro da Geração 2007, treinada pela Otpor, tornou-se o mais jovem presidente de município da Venezuela quando foi eleito em 2013, no subúrbio de El Hatillo. Foi destituído e condenado a 15 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal por incitar à violência nas guarimbas.
Fugiu da prisão, raspou a barba e com óculos escuros entrou no Brasil disfarçado de padre, com uma Bíblia na mão e um rosário ao pescoço. Vive em Washington, onde foi pessoalmente escolhido pelo secretário da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luís Almagro, para dirigir o grupo de trabalho sobre a crise migratória e dos refugiados da Venezuela.
Em 26 de julho, Smolansky realizou o que qualificou como “uma reunião cordial” com Elliot Abrams, o criminoso do escândalo Irã-Contras agora escolhido por Trump como enviado especial norte-americano para a Venezuela. Abrams é conhecido por supervisionar a política clandestina dos Estados Unidos para armar esquadrões da morte durante os anos oitenta na Nicarágua, em El Salvador e na Guatemala.
O papel que agora lhe foi atribuído no golpe venezuelano faz temer o lançamento de outra guerra por procuração banhada em sangue.
Quatro dias antes, Corina Machado proferira outra ameaça violenta contra Maduro declarando que “se quer salvar a vida tem de perceber que o seu tempo acabou”.
O colapso do Vontade Popular devido à violência da campanha de desestabilização afastou grandes setores do público apoiante e feriu parcialmente a sua liderança.
Presidências sem eleições
Guaidó continuava a ser uma figura relativamente menor, tendo passado a maior parte dos nove anos de carreira na Assembleia Nacional como membro suplente. Oriundo de um dos Estados menos populosos da Venezuela, Guaidó ficou em segundo lugar na sua lista das eleições parlamentares de 2015, conquistando apenas 26% para assegurar o seu lugar na Assembleia Nacional. Na verdade, até agora, talvez as suas nádegas fossem mais identificáveis do que o seu rosto.
Guaidó é conhecido como presidente da Assembleia Nacional, dominada pela oposição, mas nunca foi eleito para o cargo. Os quatro partidos da oposição que compõem a Mesa de Unidade Democrática na Assembleia decidiram estabelecer uma presidência rotativa. A vez do Vontade Popular era a seguinte, mas o seu presidente, Leopoldo Lopez, está em prisão domiciliar; o segundo na chefia, Freddy Guevara, está refugiado na Embaixada do Chile; o seguinte na ordem eleitoral seria Juan Andrés Mejía, mas, por razões que não são claras, Juan Guaidó foi o selecionado.
“Há uma hipótese que pode explicar a ascensão de Guaidó”, admite Diego Sequera, analista venezuelano. “Mejía é de classe alta, estudou numa das universidades privadas mais caras da Venezuela e é difícil popularizá-lo, ao contrário de Guaidó”, diz. “Por um lado, Guaidó tem características mestiças comuns, como a maioria dos venezuelanos, e parece mais um homem do povo. Além disso, Mejía não fora exposto na mídia, não poderia ser construído a partir do nada.
Em dezembro de 2018, Guaidó passou clandestinamente a fronteira e foi a Washington, à Colômbia e ao Brasil coordenar o plano de manifestações em massa durante a posse do novo mandato de Maduro. Na noite anterior à cerimônia de posse de Maduro, o vice-presidente norte-americano, Michael Pence, e a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Chrystia Freeland, telefonaram a Guaidó para lhe manifestarem o seu apoio.
Uma semana depois, o senador Marco Rubio, o senador Rick Scott e o congressista Mario Diaz-Balart – todos oriundos da base de exilados cubanos de direita – juntaram-se ao presidente Trump e ao vice-presidente Pence na Casa Branca. A pedido deles, Trump concordou que, se Guaidó se proclamasse presidente, ele apoiaria.
O secretário de Estado, Michael Pompeo, encontrou-se pessoalmente com Guaidó em 10 de janeiro, segundo o Wall Street Journal. No entanto, Pompeo não conseguiu pronunciar o nome de Juan Guaidó quando o mencionou numa conferência de imprensa em 25 de janeiro, referindo-se-lhe como “Juan Guido”.
No dia 11 de janeiro, a página da Wikipedia de Guaidó tinha sido editada 37 vezes, o que revela um esforço para moldar uma figura até então mal conhecida e que agora se tornara um quadro nas diligências de Washington para mudar o governo da Venezuela. No final, a supervisão editorial da sua página foi remetida ao Conselho de Elite de “enciclopedistas” da Wikipedia, que o definiu como “presidente contestado da Venezuela”.
Guaidó pode ter sido uma figura obscura, mas a sua combinação de radicalismo e oportunismo satisfez as exigências de Washington. “Esta peça interna estava em falta”, disse um membro da administração Trump a propósito de Guaidó. “Ele era a peça de que necessitávamos para que a nossa estratégia fosse coerente e completa”.
“Pela primeira vez”, disse William Brownfield, o embaixador norte-americano na Venezuela, “temos um líder da oposição que está claramente dando sinal às forças armadas e à polícia de que pretende mantê-las ao seu lado”.
Venha a “intervenção humanitária”
No entanto, o partido da Vontade Popular de Guaidó criou as suas tropas de choque das guarimbas, que provocaram a morte a policiais e cidadãos comuns. O próprio Guaidó vangloriou-se da sua participação em violentas arruaças. Agora, para conquistar os corações e as mentes dos militares e da polícia, Guaidó teve de apagar essa história banhada em sangue.
Em 21 de janeiro, um dia antes do golpe, a esposa de Guaidó divulgou um discurso em vídeo no qual apelou aos militares para se levantarem contra Maduro. A sua performance foi tosca e desinspirada, ecoando as perspectivas políticas limitadas do marido.
Numa conferência de imprensa perante os seus apoiadores, quatro dias depois, Guaidó anunciou a sua solução para a crise: a realização de “uma intervenção humanitária”.
Enquanto aguarda assistência direta, Guaidó continua a ser o que sempre foi – um projeto de estimação das cínicas forças externas. “Não interessa se cai e se queima com todas estas desventuras”, declarou Sequera sobre a figura do golpe. “Para os americanos, ele é descartável”.
(1) Tem uma conotação essencialmente desportiva mas, em geral, significa o conjunto das oito universidades de elite do Nordeste dos Estados Unidos: Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth, Harvard, Princeton, Pensilvânia e Yale.
(2) Professor de Ciências Políticas da Universidade de Massachusetts defensor da “desobediência política” e da “não violência”, cujas teses têm sido aproveitadas para desestabilizar regimes que o establishment norte-americano pretende derrubar. As instituições por ele fundadas são financiadas por organismos da CIA, como a NED, sobretudo quando se trata de organizar operações do tipo da que ocorre na Venezuela.
[*] Jornalista premiado, autor de vários livros, entre eles o best-seller Gomorra Republicano, e documentários, designadamente Killing Gaza. Fundador, em 2015, de The Grayzone Project . [**} Jornalista e cineasta; autor de documentários e podcasts com ampla distribuição, designadamente sobre o conflito israelense-palestino.
Ver também: “President” Juan Guaido, a Neocon Tool for Unlocking Venezuela’s Vast Resources ¿Quién es quién en la “nueva directiva” de Citgo designada por Guaidó? NED, a janela legal da CIA O império ataca de novo Will you support genocide in Venezuela?: Congress member challenges notorious coup-monger Elliott Abrams
O original encontra-se em grayzoneproject.com/… e a tradução em www.oladooculto.com/noticias.php?id=235
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ . Publicado em 19.02.2019


Cinco “intervenções humanitárias” dos EUA terminaram em tragédia
Resumen Latinoamericano

Nota editorial:
Desde os primeiros meses do ano passado, esta tribuna realizava um painel sobre as graves consequências que trazem consigo as intervenções militares com fins supostamente humanitários. Agora que a oposição venezuelana, articulada sob a tutela absoluta de Washington, desenha um novo “Dia D” (o 23 de fevereiro) para ingressar com a “ajuda humanitária”, convém refrescar a memória e buscar em exemplos históricos recentes as tragédias sociais que ficaram no rastro este método de mudança de regime. Sobretudo, e daí a importância e o interesse de republicar esta investigação, se faz necessário insistir nos personagens e ações que as promovem há tempos, tendo em vista que sobre a Venezuela se abate uma ameaça real de intervenção militar. Sem mais preâmbulo, recordemos.
O século XXI foi inaugurado por um novo mecanismo de intervenção e guerra contra nações soberanas promovido pelo alto comando oficial do Pentágono e seus “sócios” europeus da OTAN. Trata-se da “intervençãi humanitária”, uma ferramenta geopolítica usada em algumas regiões do mundo no marco da estratégia formulada por assessores militares de inteligência como Thomas Barnett e apoiado na burocracia estadunidense, pelas mãos do almirante da reserva Arthur K. Cebrowski.
O mencionado plano do Pentágono para o planeta se baseia na divisão binária entre Norte (“the Functioning Core”) e Sul (“Non-Integrating Gap”). No mapa extraído de uma apresentação que fizera Barnett en 2003, na parte superior se encontram os países do chamado “Primeiro Mundo”, onde se concentram os grandes capitais privados e negócios e a estabilidade política pretende ser preservada; na parte inferior, fica o “Terceiro Mundo”, região toda que estaria destinada, segundo os militares estadunidenses, a ser “balcanizada”, ou seja, territórios a serem desmembrados, absorvidos no caos, de onde se captam riquezas em benefício dos grandes capitais centrais do Norte para sua própria opulência.
Precisamente o termo “balcanização” foi cunhado logo da primeira experiência de “intervenção humanitária” no mundo, com a instrumentalização dos direitos humanos e das leis internacionais a favor dos interesses estratégicos da OTAN, aplicada à extinta Iugoslávia. Revisemos este e outros quatro casos deste tipo de guerra (e suas variantes) para chamar a atenção sobre a atualidade venezuelana nos moldes deste plano militar estadunidense e da proposta de Antonio Ledezma de solicitar uma intervenção neste estilo.
IUGOSLÁVIA
Em 1999, a OTAN bombardeou Belgrado, uma das cidades mais antigas da Europa, nos marcos do (fabricado) conflito armado entre os separatistas albaneses do Exército de Libertação de Kosovo (KLA) e as forças militares e policiais da Iugoslávia, então integrada por Sérvia e Montenegro.
Segundo os máximos responsáveis da OTAN, o governo iugoslavo havia criado uma “catástrofe humanitária” com o pretexto de um suposto genocídio (limpeza étnica) dos kosovares. A medida tomada pela organização gringo-europeia não foi sancionada pelo Conselho de Segurança da ONU, questão que sabemos não lhe importou.
Os ataques aéreos se realizaram de março a 10 de junho de 1999. Segundo estimativas publicadas por Sputnik Mundo, as bombas mataram umas 2 mil 500 pessoas e mais de 10 mil ficaram feridas. O prejuízo econômico foi estimado entre 30 e 100 bilhões de dólares. A divisão da Iugoslávia em “republiquetas”, com a instalação de uma imensa base militar estadunidense no coração de Kosovo, foi conhecida como “balcanização”, pois ampliou o panorama jurídico-político no mapa dos Bálcãs.
Kosovo é, na atualidade, produto desta “intervenção humanitária”, um centro logístico do narcotráfico e do mercado de armas na Europa, e funciona como uma “fábrica de terroristas” albaneses-kosovares que lutam nas fileiras do Estado Islâmico no Oriente Médio e parte dos Bálcãs até o território asiático. Todo um paradigma.
IRAQUE
Uma das fake news mais poderosas da história recente foi a das “armas de destruição em massa” de Saddam Hussein, usada contra o Iraque para justificar sua invasão. O governo de George W. Bush usou provas falsas para envolver numerosos países no apoio à operação militar que posteriormente ocupou o território iraquiano, pois supostamente o governo de Saddam teria usado tais armas contra a população curda.
Durante anos, os EUA e seus “aliados” mantiveram um embargo econômico e financeiro sobre o Iraque, que provocou as condições precárias de abastecimento alimentar e medicinal e que serviu ao Ocidente como justificativa para a “intervenção humanitária”. Isto, junto com as “armas de destruição em massa”, foram a desculpa midiática para o garrote militar.
A operação foi vendida com base em nada, sob o pretexto da “liberdade” do povo iraquiano, pois logo após a chegada das tropas estadunidenses e britânicas, não se encontraram evidências do armamento citado.
Entre 30 de março e primeiro de maio de 2003, os exércitos dos EUA, Reino Unido, Espanha, Austrália e Polônia invadiram e tomaram o controle do governo iraquiano. Somente no lado estadunidense morreram em combate uns 5 mil e 500 soldados e mercenários de empresas privadas de segurança. Entre os iraquianos murreram, de acordo com distintas fontes, uns 500 mil, dentre os quais 120 mil eram civis.
Cabe destacar que, das guerras étnicas fabricadas no Iraque pela intervenção realizada por militares estadunidenses, nasceu o conhecido Estado Islâmico, que em 2014 tomou a cidade de Mosul.
LÍBIA
Meios de comunicação ocidentais viralizaram montagens e notícias falsas em torno do suposto massacre que perpetrava o governo de Muammar Khaddafi contra a população líbia. Sob o lema da Responsabilidade para Proteger (R2P), os EUA assumiram a liderança junto com a OTAN para invadir e bombardear a Líbia, e assim permitir que os grupos mercenários-terroristas tivessem o acesso às principais regiões do país africano.
A Líbia também recebeu a etiqueta de “crise humanitária” com a intenção de se aprofundar o expediente da intervenção, apesar de que o país vivia uma de suas épocas mais prósperas sob a égide do “socialismo árabe” de Khaddafi.
A revolução colorida na Líbia começou com protestos “pacíficos” que terminaram em assassinatos pelo uso de armas convencionais por parte de manifestantes contra as forças líbias de segurança. Os mortos civis foram atribuídos a Khaddafi e seu governo, enquanto o Pentágono preparava a aprovação das Resoluções 1970 e 1973 no Conselho de Segurança da ONU, que autorizavam uma zona de exclusão aérea em território líbio. As consequências são evidentes hoje, já que o outrora país mais rico da África é agora uma sopa de caos.
Estatísticas anunciadas pela Telesur ilustram as mais de 20 mil pessoas mortas pela “intervenção humanitária”, além de uns 350 mil refugiados devido à crise fabricada pela guerra.
SOMÁLIA
Entre a pobreza extrema e a guerra civil, iniciada em princípios da década de 1990, a Somália tem vivido uma das piores ondas de fome da história da humanidade. Segundo a Cruz Vermelha, já morreram cerca de 1 milhão e meio de pessoas. Os ditames do FMI e do Banco Mundial em matéria de política econômica e monetária sobre o governo somali do ditador Mohamed Siad Barre, aliado de petroleiras estadunidenses, provocaram tão lamentável legado. As facções locais em conflito contribuíram com o contrabando de alimentos por armas com comerciantes ocidentais.
Em 1993, o Pentágono usou a ferramenta de “intervenção humanitária” sobre a Somália com 30 mil marines, numa operação denominada “Restaurar a esperança”. Conoco Somalia Ltda., petroleira americana, foi a única transnacional importante que manteve uma filial ativa na capital Mogadíscio, antes e durante a invasão. A empresa cedeu suas infraestruturas e instalações em Mogadíscio para que fossem utilizadas como embaixada e quartel general do comboio especial das tropas estadunidenses.
Informes e reportagens indicam que a fome e a crise sanitária no país africano se multiplicou 10 vezes mais que no princípio da guerra. A “ajuda humanitária” era só uma camuflagem para a militarização dos recursos gerais e o começo do projeto de “balcanização” no Chifre da África, onde a USAID tem mais negócios em curso, região esquecida pelo mundo.
HAITI
O abuso no número de invasões e ocupações estadunidenses no Haiti na história da última centúria dá uma mostra aos EUA de que deveria repensar um novo pretexto para voltar a militarizar a ilha caribenha. Em 2010 se deu uma intervenção de caráter lucrativo, em resposta à tragédia de 222 mil e 570 pessoas mortas pelo terremoto, que deixou um milhão e meio de cidadãos na indigência e perdas materiais calculadas em 7 bi e 900 milhões de dólares.
A nova “invasão humanitária” haitiana dos EUA e da ONU tomou o controle da ilha e instalou a missão MINUSTAH, com mais de 7 mil soldados e policiais. Houve centenas de denúncias por abusos criminosos (sexuais e de força) dos corpos de segurança estrangeiros (Capacetes Azuis, exército dos EUA) sobre a população haitiana. Além disso, a ONU recebeu um questionamento legal dos próprios haitianos que sofreram com a epidemia de cólera causada pela organização multilateral. A enfermidade matou mais de 8 mil e 300 pessoas e deixou enfermos mais de 650 mil desde outubro de 2010, cerca de 7% da população. A ONU não respondeu.
A recolonização do Haiti ocorreu por meio de uma usurpação multimilionária e um assassinato seletivo: em julho de 2017 foi encontrado morto Klaus Eberwein, ex-funcionário de Estado do Haiti, que pretendia denunciar a Fundação Clinton no senado de seu país por fraude e corrupção nos moldes das “ajudas humanitárias” do Ocidente para a ilha. Eberwein afirmou que 0,6% das doações feitas por doadores internacionais à Fundação Clinton, com o propósito expresso de ajudar diretamente os haitianos e reconstruir infraestruturas vitais logo após o terremoto de 2010, terminou nas mãos de organizações haitianas. Outros 9,6% terminaram en mãos do governo haitiano. Os 89,8% restantes, ou seja, 5 bi e 400 milhões de dólares, foram canalizados para organizações não-haitianas, e a principal responsável foi a entidade dirigida pelo casal Clinton.
Foi uma “ajuda humanitária” que não ajudou.
O PLANO DE INTERVENÇÃO “HUMANITÁRIA” NA VENEZUELA
O fugitivo da justiça Antonio Ledezma tem visitado vários países do Ocidente com o fim de promover a malfadada “intervenção humanitária” para derrubar o Governo Bolivariano em nome da “sociedade civil”. Representante internacional do grupo Soy Venezuela, o ex-prefeito de Caracas se fez dono e senhor da grita intervencionista contra o país que o viu nascer e, apesar do prontuário deste tipo de ações militares por parte dos EUA e cia, segue empenhado em arregimentar, junto com outros dirigentes do Vontade Popular e Primero Justicia, recursos de poder brando e poder duro contra a Venezuela, que derivem em uma “intervenção humanitária”.
Ledezma se reuniu com no mínimo uma dezena de altos políticos do mundo, como o governador da Flórida, Rick Scott; os presidentes latino-americanos Sebastián Piñera, Mauricio Macri e o outrora presidente (por corrupção) Pedro Pablo Kuczynski, a vice-presidenta do Panamá; com os europeus Emmanuel Macron, Mariano Rajoy; o vice-presidente dos EUA, Mike Pence; para citar alguns por ora.
Uma paisagem de destruição nacional e morte será a conclusão da solicitação de Antonio Ledezma, tal como ocorreu com a Iugoslávia, o Iraque, a Líbia, a Somália e o Haiti. Não somos nós a dizer, mas a história.
Fuente: Misión Verdad
Publicado em 19 de fevereiro de 2019

Tradução: Partido Comunista Brasileiro
http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/02/18/cinco-intervenciones-humanitarias-de-eeuu-que-terminaron-en-desgracia-2/
 Trump quer assaltar a Venezuela




Por Narciso Isa Conde

A conquista da maioria eleitoral na Assembleia Nacional da Venezuela foi usada pela extrema direita venezuelana, sob a tutela antes de Obama e, em seguida (com mais raiva e grande estupidez) de Donald Trump, tentando derrubar internamente o Governo Central, eleito por maioria, a favor das forças chavistas.
No centro dessa determinação estava – e está – o poder imperialista dos EUA e seus aliados em escala continental e global.
A resposta bolivariana a esta determinação imperialista, depois de muitas provocações, foi o cancelamento desse corpo legislativo sedicioso e a convocação da Assembleia Constituinte para reestruturar as bases constitucionais e instituições daquele país.
Então, o chavismo passou para a ofensiva e a extrema direita começou a decair, registrando-se uma vitória esmagadora do PSUV e das forças aliadas; o plano dos EUA, pois, retornou àquele de dar prioridade à sedição e especificamente optou mais categoricamente por uma saída do tipo da Líbia, ajustada às condições latino-caribenhas.
Às portas de uma derrota em novas eleições presidenciais, semelhante às prévias nas legislativas estaduais, Washington ordenou seus fantoches locais a se abster de concorrer às eleições para, mais tarde, declarar “ilegítima” a certa reeleição de Maduro.
Rumo a outra variante da “guerra de quarta geração”
Isso é o que está sendo executado desde 10 de janeiro, dentro de uma estratégia de amplo espectro tende a desencadear uma variante continental da “guerra de quarta geração” a cargo do Pentágono, com contribuição intensa e pérfida do Estado terrorista colombiano e a fatídica Aliança do Pacífico, assim como a vergonhosa adesão do governo traidor de Lenin Moreno (Equador) e a honrosa exceção do México, liderado agora por Lopez Obrador.
A esses tipos de governos bandidos (incluindo Argentina, Brasil, Paraguai e Honduras, sob mandatos neofascistas), absolutamente desprezíveis, se juntou, com a sinuosidade própria do peledismo, o governo da ditadura constitucional mafiosa presidida por Danilo Medina (República Dominicana).
Tremenda lição, não a única, para o presidente Maduro e a direção do PSUV, que privilegiaram as relações políticas privilegiadas em favor do PLD e incorreram em graves faltas de solidariedade com as lutas travadas nos últimos anos pelo povo dominicano, pelas esquerdas e movimentos sociais mais consequentes.
O burro e quem o montou
TRUMP está por trás de seu Macri, seu Bolsonaro, seu Juan Orlando Hernández … para nomear seu governador de colônia em uma presumida Venezuela pós-Bolivariana e pós-Chávez.
Agora, em seu Juan Guaidó, ele tem seu Temer como “transição” ou “situação provisória”, candidato a “presidente interino” de sua programada invasão pós-moderna.
Trump está em busca de seu próprio modelo. Mas, acima de tudo, o império decadente que ele agora preside está atrás do petróleo, do gás, do ouro, da água, da biodiversidade, de minerais estratégicos, solo, subsolo e sobressolo desse país imensamente rico. Está em busca da anulação de sua soberania. Em busca da recolonização de todo o Continente.
Apenas “uma coisa pensa o burro” … porque a verdade verdadeira é que a Venezuela e o povo-povo que Chávez deixou, para além das limitações, erros, inconsistências, hesitações, inconsequências e falta de jeito do presidente Maduro e sua equipe de governo (ainda que é preciso reconhecer seu anti-imperialismo e firmeza, o que não é pouca coisa) – têm uma alta autoestima e um grande senso de soberania e sentimento de Pátria Grande.
Nossa América, além disso, não deve mais ser considerada “quintal” e cenário de escárnio e pilhagem.
Lá e além vai ter luta e muita luta. A guerra que Trump propõe terá sua contraparte, se ele definitivamente ousar implantá-la.
Acontece que na Venezuela a insurgência pode ser radical e massiva, não é apenas um confronto entre exércitos e pode estender-se para além de suas próprias fronteiras.
A Venezuela não está sozinha. A contraofensiva bestial dos EUA no continente provoca mudanças temporárias, mas não estabilidade.
A infâmia desaparece quando a bestialidade exibe sua verdadeira face.
O processo bolivariano tentou ser pacífico, mas nunca se desarmou, nem no nível das forças armadas chavistas regulares, que têm uma vocação revolucionária, nem no nível do povo.
Vamos nos preparar então. A hora dos fornos se aproxima e exige internacionalismo de verdade e solidariedade sem limites.
Tradução do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Publicado em 24 de janeiro de 2019


 Venezuela: o golpe imperialista em 6 fases

Por: Estevam Vieira,



1) Tudo começa com a tentativa de golpe de Estado na madrugada (02h50) de segunda-feira contra bases da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) na Zona Oeste de Caracas. Cerca de 27 militares corruptos (todos de baixa patente) se amotinaram e invadiram o quartel da GNB, roubaram veículos, munições, armamentos e mantiveram policiais e guardas como reféns.
Foram rapidamente neutralizados pela FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) ainda na madrugada. Os militares amotinados confessaram os detalhes da articulação golpista: caso o golpe obtivesse êxito, receberiam dinheiro, casas e propriedades como pagamento, mas foram deixados sozinhos pelos mandantes do golpe (membros do “Voluntad Popular” e agentes da CIA).
É óbvio que se tratou de uma tentativa desesperada da ala golpista, da extrema-direita e dos grupos pró-EUA, mas visou duas coisas: criar um fato político, seja em cima da prisão de “militares insatisfeitos com Maduro” (essa foi a linha amplamente reproduzida na imprensa golpista internacional), seja para fomentar a “confusão”, entre as fileiras militares, de que há militares insatisfeitos ou contrários a Maduro, o que estimularia outros grupos a também se rebelarem. Ambos os fatos são falsos.
Primeiro porque o Alto Escalão das FANB estão com Maduro e cerrados na defesa da soberania do país, assim como as patentes intermediárias e baixas, enfim, o corpo geral das forças armadas está com Maduro. Claro que em meio a este corpo gigante de militares, há sujeitos e frações corruptas, mas são setores meramente marginais e sem apoio concreto da caserna venezuelana.
É importante pontuar também que, das 51 armas roubadas, 40 foram recuperadas. O Ministro das Comunicações, Jorge Rodríguez, disse que as armas não recuperadas foram entregues a civis do Voluntad Popular e transportadas para a região de Cúcuta, na Colômbia, para treinamento paramilitar. Além disso, há paramilitares em fase de treinamento na região de Tona, na Colômbia.
2) Começa a se desenrolar a partir da manhã de segunda-feira, quando pequenos grupos de mascarados, agitados pelos golpistas de farda, fizeram provocações nas ruas com focos de “manifestações” de tom insurrecional. As forças armadas dispararam gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes que se reuniram do lado de fora do posto de comando onde os soldados foram detidos. Houve muitos confrontos por toda Caracas.
À noite, fascistas e mercenários incendiaram prédios públicos, em específico a Casa de la Memoria y la Juventud “Robert Serra” (nome que faz homenagem ao militante do PSUV assassinado em 2014) que foi totalmente destruída. O espaço cultural servia de sede para a Productora y Distribuidora Venezolana de Alimentos (PDVAL), responsável por distribuir alimentos aos moradores do bairro, além de ser um espaço educativo, cultural e que realizava atividades recreativas para a comunidade. Um verdadeiro crime. A atual etapa do golpe se seguirá ante ao aprofundamento da violência e, desde o inicio da semana, há lutas encarniçadas para obter a hegemonia das ruas. A direita e o golpismo recuperaram o fôlego para convocar e mobilizar protestos (algo que não conseguiam desde agosto de 2017), mas o chavismo também mostra grande capacidade de mobilização.
3) Em meio à onda de protestos nas ruas, segundo dados do OVCS (Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais), pelo menos 4 pessoas morreram em meio às manifestações até então (a imprensa golpista fala em 11 mortes). Sob liderança de Juan Guaidó e dos golpistas, a oposição convocou manifestação para este 23 de janeiro, data que marca a tentativa de derrubada de Pérez Jiménez, em 1958. A ocasião foi aproveitada para que Guaidó se autoproclamasse “Presidente” do país, ou seja, um grande teatro foi armado. A manifestação da oposição não tratou de “lutar por democracia” (esta não é sua preocupação), mas de uma grande encenação, um ato “simbólico” para deslegitimar internacionalmente o governo.
Por outro lado, as forças do chavismo, movimentos sociais e populares, sindicatos, organizações e partidos de esquerda também convocaram atos de resistência para este dia, dando uma resposta firme para os golpistas. Diosdado Cabello, Presidente da Assembleia Constituinte, organizou grupos militares e de voluntários para manter o Palácio de Miraflores, sede do governo nacional, sob vigilância e em defesa da legitimidade do Presidente Maduro. Nas ruas ainda há movimentações constantes, sem previsão de esvaziamento.
4) Revelam-se os evidentes elos entre os atos da extrema-direita e a imprensa: a imprensa golpista busca retransmitir os protestos violentos internacionalmente e à exaustão. As manifestações são apresentadas como atos “espontâneos”, feitos por “pessoas comuns”, quando, na verdade, trata-se de ações programadas, elaboradas por grupos armados e provocadores financiados, para desatar ações de incêndio, violência, agressões em bairros e vizinhanças nas favelas/comunidades populares, visando gerar uma sensação de defensiva do chavismo e de avanço e força da direita.
Os níveis e intensidades de violência são vários: vão desde provocadores, grupelhos insurrecionais de rua, até bandos armados (como vimos em 2017), que chegaram a assaltar quartéis militares e praticar assassinatos — tudo isto é parte do plano golpista. A mobilização chavista contra o ato convocado pela direita neste dia foi importantíssima para demonstrar que o chavismo continua forte, capilarizado entre a população, organizado e com capacidade de mobilizar as ruas. As “barriadas” são atos pacíficos, politizados com grande poder de mobilização através das redes sociais e organismos do governo, como a TV e o rádio.
5) Venezuelanos, imigrados na região de Ibarra, no norte do Equador, foram duramente perseguidos e atacados por grupos xenófobos. A perseguição vinha desde sábado, resultando na morte de uma venezuelana (chamado de feminicídio na imprensa equatoriana). Após o assassinato, iniciou-se uma forte onda de xenofobia, com mensagens de ódio, agressões, linchamentos e perseguição que terminou com a expulsão dos venezuelanos da região, que iniciaram uma peregrinação para sair do país. Maduro reforçou investimentos e ampliação do importante programa “Regreso para Mi Pátria”.
6) Em meio a tentativas de golpe, histeria insurrecional e espasmos de violência nas ruas, Mike Pence (vice-presidente de Trump, pertencente à “linha dura” do governo), gravou vídeos e postou tuítes incentivando as forças golpistas e a população a “tomarem as ruas” e anunciou a convocação de um “governo de transição”. Ou seja, chamou abertamente um golpe de Estado contra a Venezuela.
Algumas horas após o tuíte de Pence, o golpista Juan Guaidó ataca novamente se autodeclarando “Presidente interino” da Venezuela, sendo imediatamente reconhecido pelos EUA, Brasil, Paraguai, Peru, Colômbia, Canadá, Porto Rico, enfim, todo o Cartel de Lima e mais a Organização dos Estados Americanos (OEA). Como resposta (corretíssima, não tenhamos dúvidas), Maduro, anunciou o rompimento das relações diplomáticas e políticas com os EUA e deu um prazo de 72 horas a toda equipe diplomática dos EUA para que deixem o país.
7) Um breve comentário: a atual tática do golpismo, chancelado pelos EUA, pela UE, pelo Cartel de Lima, pelo Brasil de Bolsonaro e Ernesto Araújo, pela burguesia venezuelana, vassala até a medula aos EUA, configura a tática da “usurpação” de poderes, do sequestro na “mão grande” das competências do Executivo, que obviamente é anticonstitucional. A Assembleia Nacional foi considerada pelo Tribunal Supremo de Justicia (TSJ) “suspensa”, com status de “desacato”, tendo suas ultimas ações revogadas, portanto, é um organismo ilegal, não possui qualquer poder/legitimidade real.
A atual AN se guia pelo sequestro das competências do Executivo, sendo uma delas a direção das relações exteriores do Estado venezuelano. Juan Guaidó, o novo rosto do golpismo venezuelano, é aclamado como novo “líder” da oposição. Entretanto, Guaidó é velho conhecido: foi protagonista das ações violentas em 2007, 2014 e 2017. Ele nega a participação nas ações radicais e protestos violentos, que culminaram em assassinatos de vários manifestantes chavistas.
8) A atual etapa do golpe trata-se da 3ª fase da agressão imperialista contra a Venezuela (dividida em 6 fases), das quais cito (baseado nas análises de @josenegronv):
Fase 1 (ativada): instabilidade e caos doméstico através de a) guerra institucional, b) guerra econômica, c) fakenews, guerra de desinformação e propaganda anti-governo.
Fase 2 (ativada): articulação de frentes e organizações da pequena-burguesia, em apoio ativo na 1ª Fase, para combater, desmoralizar e debilitar o governo. Essa etapa também envolve a instabilidade político-institucional e econômica.
Fase 3 (ativada): fomentar conflitos regionais através de a) iniciativas políticas exercidas pelo Grupo de Lima e outros organismos, como a OEA, UE, CIA, OTAN, b) ações militares ou paramilitares encobertas, como foi o caso dos navios da Exxon Mobil em águas venezuelanas.
Fase 4 (por ativar): aprofundar o desgaste, desmoralização e deslegitimação do governo através de a) manifestações, b) greves, c) violência civil, d) violência contra figuras do governo, e) mutilações, f) assassinatos de figuras públicas.
Fase 5 (por ativar): articular milícias e grupos paramilitares em escala regional para atuar em zonas geográficas de interesse estratégico (fronteiras do país e mesmo dentro do Estado venezuelano) para a) impulsionar conflitos nas fronteiras ocidentais com paramilitares colombianos, brasileiros e caribenhos, b) mobilizar grupos de desestabilização na região Sul do país (Evo Bolívar), especialmente em zonas mineiras visando destruir infraestruturas do Estado.
Fase 6 (por ativar): invasão/intervenção militar multinacional, ou seja, uma frente de países liderados por Colômbia, com o apoio de Paraguai, Peru, Chile, Argentina e claro, os EUA, os britânicos e a OTAN na retaguarda. O centro do possível conflito será na delicada região de fronteiras entre Colômbia e Venezuela.
9) Ainda não está claro o papel do Brasil neste xadrez. Mourão diz que “Brasil não participará de nenhuma intervenção na Venezuela”. Não caiam nessa. A via da invasão/intervenção militar multinacional é uma “carta que está na mesa” (de acordo com Trump e Pence).
Na verdade, há duas táticas em curso: a guerra civil, dividindo o país entre chavistas e antichavistas, lançando a Venezuela numa guerra interna com bandos armados ou a intervenção militar propriamente dita (6ª fase do golpe imperialista). Aposto na primeira opção, pois a segunda, nesta atual etapa, enfrentará grande resistência do povo venezuelano. Porquanto, a 3ª fase do golpismo se dá no plano político-econômico, mas a via militar está sendo preparada, não tenhamos dúvidas.
Veremos, mais cedo ou mais tarde, uma frente militar multinacional devidamente formada. Vale tudo depois da resposta firme de Maduro em cortar relações com os EUA. A Venezuela tende à maior aproximação com Rússia, China e Coréia do Norte, além do maior fortalecimento da aliança latina com Bolívia, Cuba e Nicarágua. O Brasil ainda é uma incógnita. Meu palpite é que, de fato, não entre como “liderança” na intervenção, mas venha na “retaguarda”, como “ajuda humanitária” ou “força de paz” mediada pela ONU e tutelada pelos EUA/OTAN, após destruição parcial ou completa do país venezuelano, com a conversa fiada de “ajudar a reconstruir o país” (leia-se, auxiliando o imperialismo e as grandes transnacionais e abocanhando alguma fatia do país vizinho), tal como no Haiti.
Mas nada está definido.
Abaixo o imperialismo!
Todo apoio à Venezuela Bolivariana!
Em defesa da autodeterminação dos povos!
Publicado em 25 de janeiro de 2019
Por: Estevam Vieira, militante do PCB Amazonas

As razões dos EUA para declarar guerra à Venezuela
                                                              ODIARIO.INFO
                                                               Nazanín Armanian





Para o imperialismo EUA o que está em causa na Venezuela é bastante mais do que a recolonização do seu «quintal» e o saque (já realizado em relação a muitas toneladas de ouro) das riquezas do país. Tal como no Oriente Médio, é o confronto com Rússia e China e com qualquer país que não se sujeite ao seu domínio. E é também represália pelo dispendioso insucesso na Síria, Iraque, Afeganistão.
Big Stick ou “Grande Porrete” é o nome dado pelo Presidente Theodor Roosevelt à inicial política imperialista dos EUA para a América Latina: havia-o retirado do ditado africano que diz “fala suavemente e leva um cajado grande, assim chegarás longe”. A própria experiência de Washington nas últimas décadas e em todo o mundo mostrou o quão errado é este conselho.
Enquanto os cientistas “venezuelólogos” nos informam sobre as causas internas da atual crise deste país, o interesse demonstrado pelas potências mundiais (que ignoram a gravíssima situação humanitária no Sudão, Iêmen ou Congo) indica que existem razões complementares. Que Donald Trump e seus aliados se preocupem com as liberdades na Venezuela enquanto mantêm magníficas relações com o reino do terror saudita revela a vigarice dos seus “valores democráticos”. EUA e Europa consideram inimigos aqueles estados que resistem às suas pretensões colonizadoras. Se a verdade é sempre a primeira vítima de todas as guerras, qual é a da Venezuela?
As “razões” dos EUA
1. Recursos naturais: A Venezuela possui a maior reserva de ouro do mundo, além de diamantes, ferro, cobre, alumínio, bauxita, coltan, urânio, gás; um patrimônio natural extraordinário e também muita água doce, embora a joia em sua coroa seja o petróleo: a Venezuela possui 24% das reservas da Opep, cerca de 301.000 milhões de barris, acima da Arábia Saudita, que possui 21% . Disse o general nazista Adolf Galland que a principal razão para a derrota do seu país na Segunda Guerra Mundial foi não ter combustível para os seus aviões: o assalto a Stalingrado tinha o objetivo de acessar o petróleo do Azerbaijão (hoje parceiro de Israel e da OTAN). Os aliados ganharam, entre outras razões, porque tinham petróleo. Hoje os EUA procuram desesperadamente esta matéria: a produção tem diminuído para 115.000 barris por dia nas reservas do Texas, Oklahoma ou Dakota. A Venezuela já tentou, em 1960, salvar sua indústria da pilhagem das “sete irmãs” anglo-americanas que dominavam o mundo do ouro negro, fundando a OPEP. Hoje, produz 1.245.000 barris por dia (em 2000, foram 3,4 milhões), dos quais 600.000 são enviados para os EUA.
2. A presença da China e da Rússia: O demitido secretário de Estado Rex Tillerson disse em fevereiro de 2018 que apoiaria um golpe militar na Venezuela, mostrando a sua preocupação pelos “excessivos laços econômicos da região com a China”, país que é o maior credor da Venezuela, seguido pelos EUA e Grã-Bretanha. Os bancos chineses emprestaram mais dinheiro aos países latino-americanos do que o Banco Mundial. Pequim planeja investir, por exemplo, US $ 40 milhares de milhões na ferrovia bioceânica Atlântico-Pacífico (contra a qual o Brasil de Bolsonaro se opôs). Também assinou cerca de 700 acordos de cooperação no valor de 70.000 milhões de dólares em petróleo, mineração, alta tecnologia (para os satélites Venesat-1), entre outros; concedeu 65.000 milhões de dólares em empréstimos, em troca do recebimento de petróleo. A estatal petroquímica chinesa Sinopec planeja investir 14 milhares de milhões de dólares na grande jazida da Faixa Petrolífera do Orinoco, em cooperação com a russa Rosneft, a italiana Eni e a espanhola Repsol. A Rússia também tem acordos de cooperação militar e cultural (com a Russia Today em castelhano na frente) e cooperação econômica com a Venezuela. Com um investimento de 17.000 milhões de dólares desde 1999, negociou com Caracas um empréstimo de 6.000 milhões, cujo pagamento começa a partir de 2023, enquanto perdoou 2 milhares de milhões de dólares da dívida da Venezuela em troca do reforço da presença da Rosneft no mercado do país, embora manobras como as dos bombardeiros russos “cisnes brancos” em dezembro de 2018 no Mar do Caribe com a Venezuela não estivessem alinhadas com os interesses dos trabalhadores venezuelanos. O golpe de Estado contra a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, a prisão de Lula e a ascensão ao poder pelo ultradireitista Bolsonaro – que não oculta a sua cruzada contra a esquerda – certamente tem muito a ver com que o Brasil era uma das letras do BRICS, a aliança geoeconômica das cinco economias emergentes mais importantes do mundo lideradas pela China e pela Rússia, em favor da cooperação Sul-Sul. Tanto Pequim como Moscou estavam cientes da crise política do país quando assinaram acordos de longo prazo com a Venezuela: a sua relação é estratégica. A Rosneft, que produz 8% do petróleo deste país, assinou em 2017 com Caracas um acordo de exploração do gás de Trinidad por 30 anos.
3. Fracassos no Oriente Médio e o regresso à América: apesar das devastadoras agressões militares dos EUA e seus aliados, destruir as vidas de cerca de 100 milhões de pessoas na região do Próximo Oriente – outra região empapada em petróleo – e afundar as economias dos invasores, Washington não conseguiu controlar o Iraque, Afeganistão, Iêmen, Líbia, Sudão ou Síria devido à contundente presença de outros atores globais e regionais nos mesmos cenários. Recuperar a América Latina é a missão da Doutrina Monroe: América para EUA, esmagando as forças de esquerda e progressistas que chegaram ao poder no Equador, Venezuela, Argentina, Bolívia, Nicarágua, Brasil e México, por meio de operações secretas, sanções econômicas e ameaças militares. Mesmo a “eleição” de um Papa latino-americano para o Vaticano (considerando que a América Latina responde por 40% dos católicos do mundo) deve ser interpretada no sentido de usar a religião no Médio Oriente e Europa Oriental pelos EUA; durante a Guerra Fria elevaram ao posto de Papa o cardeal polaco e férreo anticomunista Karol Wojtyla no Vaticano para apoiar Lech Walesa e o seu sindicato direitista-católico na Polônia e, de caminho, perseguir a Teologia da Libertação: o assassinato de dezenas de freiras e clérigos, enquanto a extrema-direita religiosa lançava operações como o “Plano Banzer” eram parte desse plano.
4. Acabar com o projeto de integração econômica do MERCOSUL.
5. Desmantelar o Petrocaribe, a iniciativa da Venezuela lançada em 2005 para fornecer 100.000 barris de petróleo por dia aos países da região em condições de pagamento preferencial. A singularidade da política de petróleo de Trump é que, além de querer assumir as reservas de outras nações, pretende dominar o mercado de energia.
6. Debilitar o Acordo Comercial dos Povos, ALBA, alternativa ao tratado de livre comércio da ALCA promovido pelos EUA.
7. Evitar mais golpes no petrodólar: a Venezuela já comercializa o seu petróleo em yuan, rublo, euro e também a rúpia da Índia. A desdolarização do comercio mundial enfraquece a hegemonia financeira dos EUA.
8. A necessidade de Trump ter a “sua guerra”: todos os presidentes dos EUA devem ter pelo menos uma, e Donald pensou que os riscos de invadir a Venezuela são menores do que a Coreia do Norte, o Irã ou a Síria. Hoje, pela primeira vez Trump não está sozinho: o Partido Democrata, a Europa e grande parte dos regimes da América do Sul estão com ele. Trump não entrou na história pelo “seu muro”, fá-lo-á pela Venezuela?
9. A pressão do lobby pró-Israel na América Latina contra a presença do Irã. A CIA alertou para a “penetração do Irã na América Latina” como se tivesse invadido propriedade privada sua. A estranha relação entre a teocracia islamita do Irã e a república da Venezuela é baseada no pragmatismo, pelo menos da parte de Teerã. Na verdade, quando Obama assinou o acordo nuclear com o Irã, a relação reduziu-se a favor da Europa, da China, da Rússia (e Caracas descobriu Teyyeb Erdogan da Turquia). Com a reimposição de sanções ao Irã desde 2018, um setor da República Islâmica volta a olhar para o país bolivariano e anunciou inclusive o envio de navios de guerra para as águas do “país irmão” (o que não ajuda o povo venezuelano) . A CIA também – e também a Confederação de Associações israelitas da Venezuela – acusam Nicolas Maduro de enviar urânio para o Irã, acolher os membros do “grupo terrorista” Hezbollah libanês e a “Força Quds” para treinar guerrilheiros na região: deste modo, eles poderão ligar o presidente da Venezuela ao “terrorismo internacional”, enviando-o para Guantánamo, como sonha Bolton.
Medidas dos EUA
Fabricar líderes da “oposição”: segundo o Wikileaks, entidades norte-americanas, tais como o National Endowment for Democracy (NED), o USAID (que controla o Afeganistão), a CIA e o Instituto Albert Einstein reciclaram a organização anticomunista Jugoslava Otpor, criada em 2003 para desestabilizar o governo de Slobodan Milosevic, com o fim de planejar uma “mudança de regime” em Caracas. Para isso contataram o hoje autoproclamado presidente da Venezuela Juan Guaidó. A imprensa norte-americana já fala abertamente da conspiração Trump-Guaidó tecida em segredo. A Casa Branca nomeou Elliot Abrams, um dos patrocinadores do terrorismo dos Esquadrões da Morte na América Central, para organizar a “transição democrática” na Venezuela. Estrangular a economia venezuelana baixando o preço do petróleo. Isso afundou a indústria petrolífera venezuelana, que sofre além disso da “doença holandesa” típica das economias “rentistas”. A fórmula “petróleo por empréstimo” reduziu as receitas em divisas da Venezuela, que em parte foram destinadas nos últimos anos para retirar da pobreza milhões de pessoas. A China financiou parte dos programas sociais da Venezuela para habitação social, hospitais, escolas, etc. Ao pacto Trump-Suad (conseguido graças ao assassinato de Khashogi) para baixar os preços do petróleo associou-se a Rússia, aumentando a sua produção, apesar da forte oposição do Irã, Iraque e Venezuela. O Irã é outra das vítimas desta política, embora, paradoxalmente, se houver sanções contra o petróleo venezuelano, Trump não terá outro remédio senão renovar a exclusão de oito países, incluindo China e Índia, das sanções ao petróleo iraniano. Outro beneficiário do aumento da procura do Ouro Negro será a Rússia que, desde 2015 – pela a primeira vez na era pós-soviética -, conseguiu produzir 10,74 milhões de barris por dia, convertendo-se no maior produtor do mundo.
Suspender linhas de crédito (de empresas como BlackRoak e Goldman Sachs), impedir Caracas de ter acesso à renda do seu petróleo para a entregar à oposição direitista, privando o governo venezuelano de uns 11.000 milhões: haverá mais fome e pobreza; uma vez que cheguem os “salvadores”, os meios de comunicação deixarão de nos mostrar as calamidades sofridas pelo povo.
Preparar uma invasão militar por procuração: ciente de que a ONU não autorizará uma intervenção militar na Venezuela, Trump encarregou Colômbia, Brasil e Peru de prepararem as suas tropas. Em novembro de 2017 esses países, juntamente com os EUA e outros 22 estados, realizaram a manobra militar “AmazonLog 17″ em solo brasileiro, visando a Venezuela. Na Síria, Obama delegou a missão de preparar o caminho às suas tropas no Estado Islâmico. Em maio de 2001, os EUA promoveram a Operação Balboa, atribuindo à Espanha a organização da simulação militar de uma invasão da Venezuela a partir da Colômbia e do Panamá. É isso mesmo: o Estado Profundo ignora Trump e sua intenção de que os EUA deixassem de ser “a polícia do mundo”.
É possível que os parceiros europeus dos EUA prefiram que Trump se entretenha na Venezuela e esqueça o Irã (embora Israel e Arábia Saudita estejam aí para o lembrar).
O fracasso do plano Trump – Bolton
A cobiça turva a mente: eles projetaram como 1) derrubar Maduro, 2) declarar Guaidó presidente interino e 4) apropriar-se dos recursos da Venezuela. Falta o 3): como vão esmagar a resistência de milhões de venezuelanos!
Eles também não tomaram em conta a questão no Iraque, onde os invasores não tiraram todo o proveito que queriam da ocupação. Por um lado, têm que coabitar com o Irã e, por outro, de ver como as empresas chinesas e russas vencem a licitação pelo o petróleo iraquiano. Os chineses compram quase metade da produção de petróleo iraquiana: 1,5 milhões de barris por dia. Na Venezuela vislumbram-se também anos de instabilidade.
A guerra há muito deixou de ser “o último recurso para resolver o conflito entre estados” para se tornar um suculento negócio. Agora teríamos que esperar por “incidentes de bandeira falsa” para “justificar” perante o público uma intervenção agressiva dos EUA.
Ainda estamos a tempo de impedir uma nova guerra, desta vez contra o povo venezuelano.
Publicado em 11 de fevereiro de 2019


Crise na Venezuela: ‘Parte da esquerda não aprende as lições da história’, diz Mujica
Gerardo Lissardy  BBC News Mundo





como um todo na América Latina
O ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica defende que, para evitar que a crise na Venezuela termine em uma guerra, é preciso haver eleições gerais no país, com um forte monitoramento internacional que garanta a participação de todas as correntes políticas.
Em entrevista à BBC Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC, Mujica afirmou acreditar que os Estados Unidos estão dispostos a intervir na Venezuela para viabilizar uma vantagem geopolítica em relação à China. A intenção do governo americano seria impedir que o gigante asiático controle o petróleo do país da América do Sul.
Embora o ex-guerrilheiro tupamaro tenha mantido uma relação próxima como o ex-presidente da Venenzuela Hugo Chávez, que morreu em 2013, ele evita se posicionar sobre Nicolás Maduro.
Mujica reconhece, porém, que "o regime venezuelano" prejudicou a esquerda na América Latina. "Parte da esquerda não aprende as lições da história", criticou.
Na entrevista, Mujica evitou arriscar palpite sobre as intenções do líder da oposição, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela com o apoio de países como Estados Unidos, Canadá e Brasil.
Nesta semana, o Uruguai vai realizar uma reunião inaugural do Grupo Internacional de Contato sobre Venezuela, com a presença de representantes da União Europeia e de nações da América Latina. O grupo foi criado para tentar encontrar uma solução para a crise venezuelana.
Leia os principais trechos da entrevista de Mujica à BBC News Mundo:
Trump já disse que eventual opção militar para a crise na Venezuela segue sobre a mesa
BBC - O senhor tem defendido que haja eleições gerais na Venezuela. Por quê?

José Mujica - Porque o pior dos resultados seria um mal menor. Estou convencido e tenho elementos para dizer que, em última instância, se os Estados Unidos não virem outro remédio, eles vão intervir. O tema central para mim é evitar a guerra.

A política norte-americana em relação à Venezuela nos tempos de Obama era apostar que (o governo da Venezuela) se desgastasse sozinho. Mas a política atual mudou. Decidiram frear o desenvolvimento da China. E isso tem que ser visto pelo contexto geopolítico. Por isso, foram tomadas essas medidas econômicas em relação à China.

E eu sei que as pessoas que rodeiam Trump têm assustado os diplomatas de carreira dos Estados Unidos, por causa da posição intervencionista. Por isso, se o grande império não vai aceitar de braços cruzados que o petróleo venezuelano seja administrado pela China, estamos diante de uma possibilidade de guerra.
Não julgo as intenções do presidente autoproclamado. Mas estou convencido de que, com essa polarização, é impossível fazer eleições dentro da Venezuela sem uma forte intervenção de monitoramento do processo, e se as Nações Unidas lavam as mãos... Em vez de tanta declaração, tanto cerco, tanta ameaça, (era preciso) garantir um processo eleitoral em que todos pudessem participar.

BBC - Mas Maduro até agora rechaçou qualquer possibilidade disso...

José Mujica - Mas, o que estão oferecendo ao regime venezuelano? Renda-se e depois veremos. E ainda há um importante personagem do governo americano dizendo que vão levá-lo (Maduro) a Guantánamo. Então, se você quer evitar uma guerra, tem que criar alternativas. Porque, pelo andar das coisas, estão obrigando a uma guerra. Você pode ir à guerra por convicção ou por não ter mais remédio além disso. Ninguém vai se render para simplesmente ser encarcerado.
A dificuldade é conseguir ver essa realidade a fundo ante essa nuvem de declarações que oculta o essencial, que é o tema da guerra. Nesta área da América, sabe-se quando uma guerra começa, mas não quando termina.
que é preciso dar opções a Maduro, porque, para ele, presidente venezuelano não vai simplesmente se render 'para ser preso'
BBC - Há quem diga, entre a oposição na Venezuela, que faz tempo que há uma guerra no país: tem repressão, presos políticos, tortura...

José Mujica - Há uma guerra sem tiros. Mas não é esse o pano de fundo do assunto. Porque presos políticos, violações de direitos humanos, falta de garantias jurídicas existem em vários países pelo mundo. Os Estados Unidos hoje negociam com os talibãs. Temos a Arábia Saudita, etc., etc. Se vamos romper relações a julgar por essas questões, pobre mundo. Temos que romper com meia humanidade.
Não é isso o essencial. Que piada! Os Estados Unidos aceitaram por quase um século a realidade em Cuba. Mas não aceitam a realidade da Venezuela. Por quê? Para mim, é mais uma evidência que salta aos olhos. Mas a realidade é a realidade. Essa vontade política existe e vão levá-la às últimas consequências. Portanto, é preciso pensar numa alternativa capaz de garantir, pelo menos, a paz.

BBC - O senhor tem se mostrado disposto a oferecer uma espécie de mediação. Tem falado concretamente sobre isso com alguém?

José Mujica - Não falei com ninguém. Nada disso é legítimo do ponto de vista legal, porque existe um intervencionismo brutal. Não me lembro de governos que tenham se autoproclamado. Mas me parece que a discussão jurídica não é o mais relevante aqui. A grande potência está disposta a intervir. A Venezuela pode se tornar marco de uma luta geopolítica. O (que poderia permitir menor impacto) são eleições com garantias para que subsistam todas as correntes políticas e o diálogo.

BBC - Mas as eleições também podem gerar polarização se ninguém estiver disposto a ceder. Seriam eleições entre Maduro e Guaidó? Ou outros candidatos?
prometeu convocar eleições gerais se conseguir tirar Maduro do poder
José Mujica - Não, todas as correntes políticas. Nisso que se chama de oposição, existem várias vertentes. Inclusive, tem um chavismo opositor. Todos têm que se expressar. E terão que ser formadas coalizões. Mas é um jogo de democracia mais ou menos liberal que permita fugir ao perigo dos tiros.
Naturalmente, é possível que surja um governo opositor ao que tem sido a política de Maduro e todo o resto. Não tenho dúvida disso. Mas é melhor que isso tenha um respaldo eleitoral e que haja um jogo democrático.

BBC - O senhor fala em regime de Maduro. Então, para o senhor trata-se de uma ditadura?

José Mujica - Não vou entrar nessa questão, porque se quero negociar, não posso insultar. Tenho que reconhecer a realidade. Também não vou insultar o senhor presidente autoproclamado. Para encontrar uma saída, é preciso ter a delicadeza necessária.
Entendo perfeitamente, por exemplo, a atitude do México (o governo mexicano declarou apoio a Maduro). O México vai enxergar o mundo através dos cristais de sua história. O México nunca avalizou qualquer tipo de intervencionismo. Perdeu metade do território e 12 mil soldados aos Estados Unidos, e essas coisas estão latentes na cultura do país. Pode ser que algumas pessoas não compreendam, não sabem o que é uma guerra.

BBC - Ao mesmo tempo em que a crise na Venezuela se aprofundou, vários governos de esquerda na América Latina perderam voto popular. Há uma conexão? O que acontece na Venezuela prejudica a esquerda latino-americana?

José Mujica - Sim, claro que sim. Há uma velha confusão entre socializar e estatizar que desemboca na burocracia, uma doença humana que fez até Roma padecer. E existe uma parcela da esquerda latino-americana e mundial que não aprende as lições da história. rcela da esquerda latino-americana e mundial que não aprende as lições da história',
Isso não significa que seja preciso abandonar a bandeira da luta pela redução da desigualdade. O crescimento substancial joga a favor da economia transnacional e do mundo financeiro, e as classes médias estão congeladas e em perigo no mundo todo. A luta pela igualdade se justifica mais que nunca. Não pela igualdade absoluta, mas para reduzir os abismos.
Eu não acredito que o México tenha despertado de repente e retornado à esquerda. No México, houve um voto de protesto ao que havia na política. As pessoas estão votando contra o que há, porque existe uma insatisfação enorme nas classes médias. Isso está complicando tudo.

BBC - Um ex-chanceler do México afirmou que o Uruguai está prisioneiro dos negócios que fez com a Venezuela e que o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, urgiu que o Uruguai esclareça esses negócios...

José Mujica - Essa é uma infâmia a mais que se diz, porque eventualmente essas coisas ventilaram na Justiça e houve uma decisão da Justiça. Se questionam a Justiça uruguaia, que falem com a Justiça uruguaia.
O Uruguai assumiu uma posição que não é nem de apoio nem de condenação. O Uruguai está assustado com a possibilidade de uma guerra.
O Uruguai é um país insignificante. Tem 3 milhões de habitantes. Mas amanhã vai receber representantes de diversos governos, porque essa preocupação existe. A causa da paz está acima de qualquer outra causa.
Publicado em 07.02.2019




Em defesa da soberania do povo venezuelano!
Publicado em 24 de janeiro de 2019














Nota da Comissão Política Nacional do PCB


O Partido Comunista Brasileiro (PCB) vem a público condenar de forma veemente a tentativa de ingerência imperialista da administração Trump (EUA) e da OEA (Organização dos Estados Americanos), em conluio com as forças reacionárias da Venezuela, contra a soberania do povo venezuelano e seu direito de decidir democraticamente sobre os destinos do país.
O PCB considera haver em curso um processo golpista com a ilegítima proclamação de Juan Guaidó como Presidente da Venezuela, acompanhada do desconhecimento, pela Assembleia Nacional, dominada por políticos de direita, do Presidente Nicolás Maduro, eleito diretamente pelo povo venezuelano, em processo francamente democrático ocorrido em maio de 2018.
É inaceitável o reconhecimento de vários governantes estrangeiros ao golpista Guaidó, a exemplo do que fez de imediato o reacionário presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Tais dirigentes atuam como fantoches do imperialismo estadunidense e defendem a derrubada do Presidente Maduro, para destruir o processo bolivariano de conquistas sociais e impor um regime que pretende saquear os recursos naturais, humanos e econômicos existentes na Venezuela, com destaque para o petróleo.
A crise econômica que atinge o povo venezuelano é, em grande parte, resultante das ações desestabilizadoras promovidas pelo imperialismo estadunidense, pelos governos a ele subservientes na América Latina e pela direita da Venezuela, que se utilizam inclusive de métodos terroristas, como a tentativa de assassinato do Presidente Maduro em agosto de 2018.
Os últimos processos eleitorais na Venezuela, tanto para a Assembleia Nacional Constituinte, que obteve muito mais votos do que os conquistados pelos parlamentares da Assembleia que hoje assume claramente sua face golpista, quanto para a presidência da República, demonstraram a opção do povo venezuelano, que deseja manter e aprofundar a Revolução Bolivariana e não retroceder à condição anterior de nação submissa ao imperialismo. Tal opção também se verifica através das manifestações populares, nas ruas de Caracas e em outras regiões do país, de apoio a Maduro e contrárias à ingerência externa na vida dos venezuelanos.
Somente o povo e a classe trabalhadora da Venezuela têm o direito de decidir sobre seu destino, mais ninguém. Repudiamos as investidas do imperialismo e de seus fantoches e declaramos irrestrita solidariedade ao povo e ao governo venezuelanos, na certeza de que saberão, mais uma vez, resistir a esses covardes ataques e avançar no caminho para construir uma sociedade capaz de superar o capitalismo, as desigualdades sociais e a exploração imperialista.
Todo apoio à luta do povo, da classe trabalhadora e do campesinato venezuelanos em respeito a sua soberania e autodeterminação! Nossa solidariedade, em especial, para com o Partido Comunista da Venezuela!
Imperialistas, tirem as mãos da Venezuela!
Comissão Política Nacional do PCB
Fonte da imagem:
http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/01/23/venezuela-rompe-relaciones-diplomaticas-y-politicas-con-estados-unidos/

Roger Waters defende Maduro e diz que Venezuela é alvo de golpe dos EUA





Folhapress . Em 04.02.2019

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O músico britânico Roger Waters declarou nesta segunda-feira (4) seu apoio ao ditador venezuelano Nicolás Maduro e disse que ele é alvo de uma tentativa de golpe feita pelo presidente americano, Donald Trump. 
Em postagem nas redes sociais, o cantor e compositor pediu para os "EUA tirarem a mão da Venezuela". 
Na mensagem, Waters ainda convocou seus seguidores para participarem de uma manifestação de apoio a Maduro na frente da sede das Nações Unidas em Nova York. 
"Parem essa última insanidade americana, deixem a população venezuelana em paz. Eles têm uma democracia real, parem de tentar destruí-la para que o 1% possa roubar seu petróleo", escreveu ele.
O músico ainda usou as hastags "Nicolás Maduro" e "Parem o golpe de Trump na Venezuela". 
A Venezuela vive atualmente uma crise política que opõe Maduro ao líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autodeclarou presidente encarregado do país.
O Legislativo não reconhece a autoridade do ditador porque considera que a votação que o reelegeu em maio de 2018 não foi legitima - o pleito foi boicotado pela maioria da oposição e foi marcado por denúncias de fraude. 
Guaidó recebeu o apoio de diversos países, incluindo dos Estados Unidos, do Brasil e de parte da Europa.  
Conhecido por suas posições políticas, Waters costuma manifestar publicamente seu apoio a líderes de esquerda, incluindo o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez (1954-2013) e o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). 
Em outubro do ano passado, durante a eleição brasileira, o ex-integrante da banda Pink Floyd virou alvo de polêmica durante passagem pelo país. Em seus shows, ele exibiu no telão a hashtag #EleNão, usado por críticos do então candidato (e atual presidente) Jair Bolsonaro (PSL). 
Ele também incluiu o Brasil em uma lista de países ameaçados pelo fascismo, citando novamente Bolsonaro. 
A lista incluía outros líderes mundiais, como o presidente americano Donald Trump, o premiê húngaro Viktor Orbán e a líder da direita radical na França, Marine Le Pen.
Bolsonaro chegou a entrar na Justiça com uma ação contra Fernando Haddad (PT), por suposto abuso de poder econômico praticado nos shows de Waters, mas o caso acabou arquivado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).



América Latina: a zona de influência do governo Trump
4 de fevereiro de 2019









Por Rodrigo Bernardo Ortega, Resumen Latinoamericano

A recente eleição do ultra-direitista Jair Bolsonaro como presidente do Brasil confirma o fatídico presente da democracia na América Latina. Com exceção de alguns casos, a direita conservadora recuperou o poder no continente. Começam a ficar para trás as grandes conquistas sociais dos governos progressistas, que reduziram acentuadamente as taxas de pobreza na região. Como se isso não bastasse, o líder da chamada “democracia mais antiga do mundo” é um indivíduo com ideias perigosas e incendiárias. De fato, Donald Trump mostrou que instituições e mídia não são mais obstáculos para realizar seus projetos e ambições. O magnata-presidente quer promover sua visão de mundo, na qual os empresários depredam recursos, a humanidade é apenas um elo para elevar alguns homens, e a democracia, com seus pesos e contrapesos, é um sistema cada vez mais inconveniente. Esta é a era do darwinismo social.
Tão maleáveis são os líderes da América Latina que, no processo eleitoral presidencial, todos em uníssono criticaram o então candidato Trump e o acusaram de ser “radical e antidemocrático”; hoje eles o elogiam e até o converteram na estrela polar de alguns governos da região. Basta mencionar os casos da Colômbia, da Argentina e do Brasil, cujos presidentes pediram o apoio de Trump para que seus negócios fossem concretizados. Por exemplo, o presidente Iván Duque não hesitou em receber conselhos militares para “acabar com o problema do narcotráfico”. A nova perspectiva do governo é impedir a todo custo o aumento de hectares de folha de coca, mesmo em detrimento do que é estipulado no Acordo de Paz como substituição voluntária. O imperialismo voltou a abrir caminho ao sul do continente.
No entanto, um elemento deve ser tomado como certo: a América Latina não é e não será uma prioridade para Donald Trump (nem para nenhum governo dos EUA após as duas guerras mundiais). Isso não implica necessariamente que a Casa Branca não tenha uma estratégia para influenciar constantemente as decisões adotadas no sul do continente (https://www.desarrollando-ideas.com/2017/07/la-politica-exterior-de-los -estado-unido-para-américa-latina-na-era-trunfo /).
A realidade é que a administração Trump percebe como “subordinados fiéis” os presidentes da direita latino-americana. E na verdade eles são. As ordens promovidas de Washington, como o abandono da Unasur (uma das poucas organizações que apoiaram a unidade dos países do Sul), são uma amostra da política externa invasiva e imperial que é aceita sem grande oposição por líderes medíocres, sem dignidade ou soberania.
Enquanto a política externa de Trump visa fechar acordos importantes com a União Europeia e seus parceiros no Oriente Médio, a América Latina nada mais é do que sua “zona tradicional de influência”, seu quintal. Deve ser mencionado o caso do jornalista Jamal Kashoggi, brutalmente assassinado no consulado saudita na Turquia, morte essa que, segundo investigação realizada pela CIA, foi ordenada pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (https://www.bbc. com.br / world / news-international-46246458). No entanto, o presidente Trump procurou minimizar as circunstâncias do assassinato, já que o Reino da Arábia é um dos seus principais parceiros comerciais. Isso mostra que os negócios estão acima dos direitos humanos e da democracia. Mutatis mutandi, para o caso da América Latina, a Casa Branca tem promovido uma política fiscal com base em um modelo econômico extrativista e predatório, sem nem se preocupar com as violações que são perpetradas para tal.
Após o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos ficaram sem argumento para combater a “influência do comunismo no mundo”; começaram então uma campanha para “proteger a democracia”, como se isso fosse a sua missão na história. Além das intervenções de meados do século XX, momento em que ditaduras sangrentas receberam apoio dos EUA, o Pentágono está agora em busca de “restaurar a ordem” após a ascensão de administrações esquerda no continente (https://elordenmundial.com/estados-unidos-en -latinoamerica /). Mais do que uma “zona de influência” em termos geopolíticos tradicionais, a América Latina é, para o magnata-presidente, uma região de exploração, um espaço de “tentativa e erro”, onde, não encontrando oposição (na verdade, muito pelo contrário), pode colocar em prática as teses do neoliberalismo radical. Nesse sentido, um sistema tributário em favor dos mais ricos é um sinal de que a democracia é um sistema cada vez mais hostil para os negócios. Por essa razão, o subcontinente, mais que uma região de influência, é uma zona de controle e imposição. Benvindos ao passado.
Além do exposto, o neo-intervencionismo imperial se manifestou na intromissão nas eleições na América Latina. Somados ao escândalo da Cambridge Analítica – a empresa britânica que vendeu informações para lidar com mais de 50 milhões de usuários de campanha no Facebook para promover Donald Trump, mediante a criação seletiva de publicidade e notícias falsas -, estão os casos das votações no Brasil, na Argentina e no México. De fato, em 2017 a Cambridge Analítica abriu uma subsidiária no Brasil e provocou um impacto notável nas eleições presidenciais que deram a vitória a Jair Bolsonaro. Através de falsas notícias e publicidade torpe contra o Partido dos Trabalhadores, o ex-militar conseguiu chegar ao topo do poder no Brasil. Casos semelhantes ocorreram no México e na Argentina, onde empresas e candidatos estavam envolvidos na compra de informações dos eleitores (https://www.celag.org/cambridge-analytica-el-big-data-y-su-influencia-en-las- eleições /). Por trás dessas “empresas de votos” estão os interesses do governo dos Estados Unidos, pois os candidatos apoiados são de tendência conservadora.
Em outras palavras, uma das novas frentes de ação da política intervencionista da Casa Branca é a manipulação das eleições. No caso colombiano, foi notável a última disputa presidencial em que a campanha do candidato progressista Gustavo Petro foi sistematicamente atacada com rumores e fatos falsos. As redes sociais tornaram-se, consequentemente, o novo cenário de batalha dos grupos econômicos. De fato, a manipulação como estratégia política foi revelada no plebiscito pela paz que o “Não” ganhou por uma margem estreita. O gerente dessa campanha, Juan Carlos Velez reconheceu a rede de manipulação que atacou o processo de paz (https://www.semana.com/nacion/articulo/plebiscito-por-la-paz-juan-carlos-velez -revela-Estrategia-y-financeiras-del-no / 497938). Não é de admirar que, por trás, estivessem os interesses do Pentágono, que finalmente conseguiram a vitória com o seu candidato fantoche, Ivan Duque.
A influência nas eleições na América Latina não é, no entanto, o maior problema que o continente enfrenta. A declaração do presidente Trump, de considerar a intervenção militar, juntamente com as declarações do jornal brasileiro Folha de São Paulo, segundo as quais seria orquestrada uma coalizão para intervir no governo venezuelano, acendem os alarmes sobre o alcance que terá o novo relacionamento de Trump com governos de direita do continente (https://www.larepublica.co/economia/medio-brasileno-asegura-que-duque-y-bolsonaro-planean-intervenir-en-venezuela-2787961). Durante sua campanha, Jair Bolsonaro concordou com uma ação militar para derrubar o presidente Nicolás Maduro e, de maneira dissimulada, os governos vizinhos apoiaram essa medida. Embora o ministro das Relações Exteriores colombiano Carlos Holmes Trujillo tenha negado as acusações de estar organizando uma “coalizão”, a realidade é que está se desenvolvendo um plano para atacar o governo Bolivariano e, por trás de tudo, estão as garras da águia imperial.
O triângulo de influência de Washington é completado com a “ideologia do desequilíbrio”, isto é, com a tendência impositiva de dirigir o mundo livre sob certos parâmetros que atualmente são baseados apenas na proteção dos grandes capitais. O desequilíbrio é posto na impossibilidade de contrariar estas orientações. A Casa Branca não está interessada em ter parceiros, mas subordinados; não se preocupa com a segurança do continente, muito menos com sua prosperidade, só se preocupa em aprofundar as relações de desigualdade e formar elites locais que não se opõem aos seus interesses.
As visitas do ex-secretário de Estado Rex Tillerson a certos países da América Latina no início de 2018 e do novo secretário de Estado Mike Pompeo em fins do mesmo ano confirmaram, de um lado, o desejo de se intrometer nos assuntos internos conforme o caso venezuelano e, por outro, a falta de interesse e desprezo que Donald Trump sente pelos países do sul.
A partir dessa perspectiva, estamos presenciando uma nova era de relações entre a América Latina e os Estados Unidos, baseadas tão somente na visão anacrônica do “quintal”. Para o governo Trump, os países do sul só trazem problemas de imigração, são os culpados do aumento do tráfico de drogas e do aumento das taxas de criminalidade. Além disso, contam com classes dominantes locais que traem a dignidade de seu próprio povo e seguem cegamente as diretrizes do Pentágono. O sucesso da administração Trump foi minar a unidade e a confiança das nações latino-americanas. Para isso, utilizou influências ideológicas, militares e eleitorais para ganhar o controle dos negócios no continente, sempre olhando com desprezo para os países de nossa região. Por essa razão, não deve ser descartado que por trás da onda de “endireitamento” na América Latina está o governo dos Estados Unidos, promovendo a segurança em detrimento dos direitos humanos e a barbárie em nome da liberdade.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/02/03/analisis-america-latina-la-zona-de-influencia-del-gobierno-trump/

 POR QUE BOMBARDEIROS RUSSOS ESTÃO ATERRISSANDO NA VENEZUELA


O ministro da defesa venezuelano, Vladimir Padrino (segundo à esquerda) dá boas-vindas às aeronaves russas

A força aérea russa aterrissou nesta semana na Venezuela.

Quatro aeronaves - incluindo dois bombardeiros Tupolev 160 (Tu-160), com capacidade para transportar armas nucleares - pousaram na segunda-feira no Aeroporto Internacional de Maiquetía Simón Bolívar, nos arredores de Caracas - em uma demonstração de apoio da Rússia ao governo do presidente Nicolás Maduro.

O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, participou de um evento de boas-vindas às aeronaves e afirmou que elas fazem parte de exercícios de cooperação militar entre os dois países.

"Estamos nos preparando para defender a Venezuela até o último momento caso seja necessário."

"Vamos fazer isso com nossos amigos porque temos amigos no mundo que defendem relações respeitosas e de equilíbrio", completou.

No domingo, Maduro afirmou que havia uma tentativa "coordenada diretamente pela Casa Branca de perturbar a vida democrática na Venezuela e tentar dar um golpe de Estado contra o governo constitucional, democrático e livre do país" em andamento.
Padrino explicou que os aviões russos são "logísticos e bombardeiros" e acrescentou que ninguém deve se preocupar com a presença das aeronaves no país.
"Somos construtores da paz, não da guerra", declarou.

© AFP Os bombardeiros Tupolev 160 têm capacidade para transportar armas nucleares
O embaixador da Rússia na Venezuela, Vladimir Zaemskiy, disse, por sua vez, que uma das áreas de cooperação entre os dois países é militar-técnica - e, segundo ele, "se desenvolveu de forma muito frutífera nos últimos anos".

Aliança Maduro-Putin
Um exercício militar conjunto foi anunciado poucos dias depois do encontro de Maduro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou. A reunião resultou na assinatura de contratos da ordem de US$ 6 bilhões em investimentos russos nas áreas de mineração e petróleo na Venezuela.

Os dois países são aliados próximos de longa data. E o governo de Maduro, pressionado pelas sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia contra o que consideram violações de direitos humanos na Venezuela, quer reforçar esses laços - incluída, aí, a frente militar.

O embaixador da Rússia lembrou que a cooperação na área de defesa começou em 2005, quando Hugo Chávez era presidente.
Mas o plano de ambos os governos agora é aprofundar essa relação.

 Encontro de Maduro e Putin resultou na assinatura de contratos da ordem de US$ 6 bilhões em investimentos russos nas áreas de mineração e petróleo.
O ministro Padrino contou que Caracas aguarda a chegada de uma delegação russa com a qual devem discutir formas de fortalecer o arsenal das Forças Armadas venezuelanas - embora a difícil situação dos cofres públicos do país sul-americano, que vive a maior recessão de sua história, seja um obstáculo para a aquisição de armamentos mais sofisticados.

Em meio à grave crise econômica, política e social que a Venezuela atravessa, especialistas ouvidos pela BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, acreditam que a presença militar russa pode ter o objetivo de "desencorajar" terceiros a realizar "algum tipo de intervenção militar" no país. Mas, além de beneficiar a Venezuela, essa aliança também é considerada vital para o governo Putin, de acordo com os analistas.

A anexação russa da Crimeia em 2014 foi duramente condenada por países ocidentais, gerando uma onda de sanções econômicas contra o país que continuam sendo renovadas.
A partir daquele momento, as relações entre a Rússia e os EUA e a União Europeia se deterioraram drasticamente. E é nesse contexto que a Venezuela ganha uma importância especial.

"(Moscou) está procurando países que ainda querem se relacionar com eles, e isso inclui a Venezuela", destaca Steven Pifer, ex-embaixador dos EUA na Ucrânia e pesquisador do centro de análises Brookings Institution.

"O que o Kremlin quer é passar a imagem de uma Rússia que não está isolada, quando na verdade está."

Ajudar econômica e militarmente a Venezuela - um dos poucos países que apoiaram a ação russa na Crimeia - serve para sustentar que "a Rússia tem conexões ao redor do mundo".
O editor do serviço russo da BBC, Famil Ismailov, concorda e destaca outra vantagem para Putin ao apoiar Caracas: a imagem que pode vender dentro do país.

"É muito importante mostrar ao público interno que, apesar das sanções, a Rússia cumpre seu papel de superpotência e tem países amigos. Vale a pena pagar por isso", explica Ismailov, fazendo referência a Putin.

Uma 'provocação' aos EUA

O envio das aeronaves para a Venezuela também serviria como um recado aos EUA, de acordo com especialistas.

O governo russo criticou em diversas ocasiões a "interferência" dos EUA na Ucrânia e o envio de tropas americanas para o Mar Negro e o Báltico, como parte das operações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

E mandar os bombardeiros para a Venezuela pode ser uma resposta, uma maneira de "colocar o dedo na ferida" dos EUA.

"Parte da razão (para o envio dos bombardeiros) é treinar pilotos russos em voos de longa distância, outra parte é destinada simplesmente a irritar os Estados Unidos", afirma o ex-embaixador na Ucrânia.

As autoridades americanas fizeram, por sua vez, críticas duras ao envio dos aviões.
"A Rússia envia bombardeiros para a Venezuela e nós, um navio-hospital", afirmou o coronel Robert Manning, porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA.

Em entrevista coletiva no Pentágono, Manning se referiu ao USNS Comfort, que partiu em meados de outubro rumo à América Central e à América do Sul com a missão de oferecer ajuda humanitária aos refugiados venezuelanos.

"O mais importante é que estamos ao lado do povo da Venezuela em um momento de necessidade", acrescentou.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou que se trata de "dois governos corruptos esbanjando recursos públicos".

O governo russo classificou a declaração como "completamente inapropriada" e "pouco diplomática".

Mas a Rússia não é a única a enviar jatos militares para outros países. Os EUA também mandaram aviões para seus aliados, incluindo a Ucrânia, cujas relações com Moscou permanecem tensas após a anexação da Crimeia.

Tu-160

Confira abaixo as principais características dos bombardeiros Tupolev 160:
© AFP/Getty Images Os bombardeiros Tupolev 160 são conhecidos como 'cisnes brancos' na Rússia Conhecidos como Cisnes Brancos na Rússia, são aviões do tipo "swing-wing (de geometria variável)", com velocidade máxima duas vezes maior que a do som. A frota foi lançada em 1981, e modernizada em 2000. O alcance de voo é de cerca de 12 mil quilômetros e os aviões têm capacidade para transportar armamentos nucleares.

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