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Reprodução 'A arte alemã da próxima década será heróica (...) Ou não será
nada', disse Goebbels; "A arte brasileira da próxima década será heróica
(...) ou então não será nada", disse Alvim
Descrito
por especialistas no nazismo como o responsável pelas estratégias de lavagem
cerebral do regime alemão, entre os anos 1930 e 1940, o ministro da Propaganda
de Hitler, Joseph Goebbels, tornou-se um dos temas mais discutidos pelos
brasileiros após o secretário nacional de Cultura, Roberto Alvim, ter divulgado
na noite de quinta-feira (16) um vídeo em que usou frases quase idênticas às de
um dicurso do alemão.
"A
arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional. Será dotada de
grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto
que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não
será nada", disse Alvim.
Em
8 de maio de 1933, dois dias antes de promover uma grande queima de livros
considerados impróprios pelo regime, Goebbels disse, segundo o biógrafo Peter
Longerich:
"A
arte alemã da próxima década será heróica, será de um romantismo ferrenho, será
objetiva e sem sentimentalismos, será nacional com um grande pathos e será, ao
mesmo tempo, igualmente obrigatória e vinculante, ou não será nada."
O
alemão fez o comentário em pronunciamento a diretores de teatro. Já a frase de
Alvim foi dita no vídeo de lançamento do Prêmio Nacional das Artes, divulgado
pelos perfis oficiais da Secretaria Nacional de Cultura em redes sociais.
Quem
foi, afinal, este homem a que Alvim parece ter feito referência em seu
discurso?
Biografia
Paul
Joseph Goebbels (1897-1945) foi um político nazista alemão e ministro da
Propaganda do regime de Adolf Hitler, entre 1933 e 1945.
Goebbels
foi o nazista responsável pelo ministério da Propaganda; Alvim diz que
semelhança com discurso foi 'coincidência retórica'
Goebbels
filiou-se ao partido nazista em 1924 e, dois anos depois, foi promovido a líder
distrital de Berlim. A partir daí, tornou-se mais próximo de Hitler, a quem era
devoto.
Nos
dias depois das vitórias eleitorais do partido em julho de 1932, Hitler informou
Goebbels que ele pretendia colocá-lo como diretor do novo Ministério da
Propaganda. Ele foi apontado em 1933.
O
ministério tinha como objetivo fazer a população alemã obedecer os nazistas e
adorar a Hitler. Para tanto, lançava mão de uma série de métodos diferentes.
"A
educação nacional do povo alemão", escreveu Goebbels, segundo a
Enciclopédia do Holocausto do Memorial do Holocausto dos EUA, "será
colocada nas minhas mãos".
"Goebbels
exerceu enorme influência", diz o texto. Cinema, rádio, teatro e a imprensa
estavam sob sua tutela, e por ali ele transmitia a ideologia nazista enquanto
censurava outras informações.
A
pasta era dividida em sete departamentos: administração e jurídico; imprensa;
rádio; filmes e censura; falas públicas, saúde, juventude e raça; arte, música
e teatro; e combate à contra-propaganda.
"Aos
35 anos, Goebbels, o ministro mais jovem do novo gabinete, tornou-se
indispensável ao regime de Adolf Hitler", diz o texto da enciclopédia.
Censura
Qualquer
meio que transmitisse ideias antinazistas ou outros estilos de vida era
censurado. O controle sobre jornais, rádio, cinema e teatro foi reforçado.
Todos os jornais eram controlados pelo governo e só poderiam publicar textos
favoráveis ao regime nazista.
Apenas
livros que concordavam que os pontos de vista nazistas eram permitidos. Todos
os outros livros foram banidos e muitos foram queimados publicamente a partir
de maio de 1933.
Milhares
de livros vistos como subversivos ou representativos de ideologias opostas ao
nazismo foram lançados em grandes fogueiras. Isso incluía livros escritos por
autores judeus, pacifistas, clássicos, liberais, anarquistas, socialistas ou
comunistas.
O
orador do evento foi Goebbels que, segundo seu biógrafo Longerich, declarou que
"a era do pretenso intelectualismo judeu" havia acabado.
Na
música clássica, obras de compositores judeus como Mendelssohn e Mahler foram
banidos, e obras do compositor alemão Richard Wagner foram promovidas. Os
nazistas eram grandes opositores do jazz, que eles referiam como "música
de negros" e chamavam de "degenerada".
"Que
músicos têm os ingleses que se comparam a Beethoven ou Richard Wagner, e que
artistas podem apresentar os americanos que se comparam a Michelangelo ou
Leonardo da Vinci? Eles falam de cultura humana. Nós a temos, e nos mantemos
hoje como guardiões e protetores", afirmou Goebbels em um discurso em
junho de 1943 na abertura de uma exibição de arte alemã.
O
texto está disponível na página de Propaganda Nazista e do Leste Alemão da
Calvin University, de Michigan, nos EUA.
Rádio
Rádios
eram vendidos por um valor barato para que a maior parte dos alemães pudesse
tê-los.
Toda
transmissão de rádio era controlada pelo ministério de Goebbels. Além disso,
rádios com alto-falantes eram colocados pelos nazistas em lugares como cafés,
fábricas, praças e esquinas de ruas para que todos pudessem ouvir a mensagem
dos nazistas.
Grande
parte das informações recebidas reforçava a mensagem da superioridade racial
ariana, além de demonizar judeus e outros "inimigos" do regime.
Junto
ao rádio, o uso de vídeos como recurso inovador para chamar a atenção das
pessoas para a divulgação de conceitos nazistas foi uma das marcas da gestão de
Goebbels à frente do ministério da Propaganda de Hitler.
Fotos
de Hitler estavam por todas as partes, e ele era retratado como o salvador da
Alemanha. Slogans simples foram usados para introduzir a ideologia nazista ao
povo alemão: "Acabe com o comunismo", "Livre a Alemanha dos
judeus", entre outros.
O
símbolo da suástica aparecia em todos os uniformes do governo e prédios
públicos. Além disso, o povo alemão tinha que se cumprimentar dizendo
"Heil Hitler" com a famigerada saudação do braço levantado.
Demonstrações
públicas em apoio ao nazismo envolviam música, discursos e demonstrações da
força alemã. Todos os anos, uma grande demonstração acontecia em Nuremberg.
'Semblante
cavalheiro'
Em
entrevista ao jornal inglês The Guardian, em 2016, a secretária pessoal de
Goebbels, Brunhilde Pomsel, admitiu que entre suas tarefas estava
"adulterar estatísticas reduzindo números oficiais de soldados mortos, bem
como aumentar os índices de estupros de mulheres alemãs pelo Exército
Vermelho".
Ao
jornal, Pomsel descreveu o ministro nazista como "baixo, mas bem
tratado", com um "semblante cavalheiro", sempre "com um
bronzeado leve" e usando "os melhores ternos". Goebbels mancava
por uma má-formação em um dos pés e por isso não foi lutou em guerras.
"Ele
tinha mãos bem cuidadas, provavelmente fazia manicure todos os dias",
disse a secretária.
EM TEMPO: Bolsonaro e o seu guro Olavo de Carvalho até que são semelhantes ao Goebbels e Alvim.
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