Foto: Carl de Souza/Por AFP |
Extraído do Blog do Magno Martins. Com edição de Ítala Alves
Encontro com mais de
600 líderes de 45 etnias do país acontece na aldeia Piaraçu na Terra Indígena
Capoto/Jarina.
Do Terra - Por AFP
Mais de 600 líderes indígenas reunidos pelo chefe
Raoni Metuktire nesta sexta-feira, 17, concluíram uma ampla reunião em Mato
Grosso, denunciando que o governo está promovendo um projeto político de
"genocídio, etnocídio e ecocídio" no país. "Fomos convocados
pelo chefe Raoni com o objetivo de unir forças e denunciar que um projeto
político do governo brasileiro de genocídio, etnocídio e ecocídio está em
andamento", diz o rascunho do manifesto dos mais de 45 povos indígenas
participantes da extensa reunião realizada entre terça e sexta-feira na Terra
Indígena Capoto/Jarina .
O cacique kayapó Raoni, que ganhou fama mundial por
sua luta pela causa indígena, convocou a reunião em resposta à agenda do
presidente Jair Bolsonaro, que anunciou projeto para legalizar a mineração e a
exploração de energia em áreas de proteção ambiental e terras indígenas.
"O atual presidente da República está ameaçando nossos direitos, nossa
saúde e nosso território. O governo está nos atacando e quer tirar a terra de
nossas mãos", destaca o texto que foi lido na "casa dos homens",
casa central da aldeia do Piaraçu, onde também foram realizados os quatro dias
de sessões.
"Não aceitamos mineração em nossas terras, nem
madeireiros, pescadores ilegais ou hidrelétricas. Somos contra tudo que destrói
a floresta", enfatiza. O rascunho do manifesto foi lido em português e
imediatamente traduzido para as várias línguas dos povos participantes para
aprovação do texto final, que deve ocorrer nas próximas horas.
O esboço também aponta que "ameaças e palavras
de ódio do governo estão promovendo a violência contra os povos indígenas e os
assassinatos de nossos líderes" e afirma que os povos indígenas precisam
enfrentar "não apenas o governo, mas também a violência de um povo".
setor da sociedade que expressa claramente o racismo".
Em 2019, pelo menos oito líderes indígenas foram
assassinados, três deles em menos de uma semana. O balanço é o pior em onze
anos, desde o primeiro levantamento da Comisión Pastoral de la Tierra.
"Repudiamos a perseguição e a tentativa de criminalização de nossos
líderes, organizações e aliados", destaca o documento que también exige
"punição para aqueles que matam nossos parentes". Também exigem
respeito a Raoni, que teria 89 anos, a quem consideram comolíder, e
desautorizam os indígenas que apoiam Bolsonaro.
O texto, que também formalizou a aliança com as
comunidades amazônicas para proteger a floresta, será levado a Brasília para
exigir que as autoridades públicas respeitem seus direitos constitucionais e
tratados internacionais em questões indígenas. /AFP
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