sábado, 31 de agosto de 2019

Bolsonaro queima o Brasil para o mundo


ISTO É - Marcos Strecker



© Reprodução IRADO O presidente Jair Bolsonaro espelha Nero, o Imperador Romano. Só faltou a harpa

Ainda não é possível dimensionar a extensão do dano ambiental que a atual temporada de queimadas na Amazônia provocou. O estrago à imagem do Brasil, no entanto, já é uma realidade – tornou-se gigantesco, sem precedentes na recente história republicana. Em oito meses de gestão, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu um feito às avessas: aniquilou a reputação do País em um dos poucos setores em que brilhávamos soberanos, o da preservação das nossas florestas. Agiu como Nero, o Imperador tirano e autoritário que, para reafirmar seu poder, ordenou o incêndio criminoso em Roma no trágico 18 de julho de 64 d.C. Enquanto Roma ardia em chamas, Nero tocava sua harpa.

A chamada estação anual do fogo sempre existiu. É fato. Bolsonero sabotou, porém, todas as formas de combatê-la ao anunciar sua oposição às multas do Ibama, proibir que fossem destruídos equipamentos clandestinos na mata, questionar os dados do INPE, demitir seu diretor e romper com o Fundo Amazônia. 

Especialistas são unânimes em afirmar que o grau de desmatamento é inversamente proporcional à fiscalização. Quando esta diminui, o outro aumenta. É como se os desmatadores tocassem sua harpa de ouvido. Se o mandatário inclina-se à permissividade, o sinal verde está dado para a valsa fúnebre das queimadas.

Não à toa, o assunto dominou as manchetes de todos os grandes jornais e TVs. Líderes se reuniram para debater o assunto e celebridades como o ator Leonardo DiCaprio e o jogador Cristiano Ronaldo se mobilizaram. A hashtag #PrayForAmazonia (reze pela Amazônia) foi a mais compartilhada do planeta. É como se o dia 19 de agosto, quando o dia virou noite em São Paulo por causa de uma frente fria associada à fuligem, tivesse feito “cair a ficha” da comunidade internacional as queimadas desprovidas de freio, que já preocupavam pelo discurso antiambiental de Jair Bolsonaro. Para o Brasil, o episódio se revelou devastador.

A briga com Macron

Por que a Amazônia pode se tornar foco de crise entre Bolsonaro e a Igreja Católica





BBC NEWS
 

© Tomas Sereda / Getty Images A Basílica de São Pedro, em Roma: críticas vindas da Igreja podem ser mais um capítulo na crise de imagem do Brasil

No último domingo (25), o papa Francisco falou sobre os incêndios na Amazônia, antes de rezar o Angelus com os fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano. "Estamos todos preocupados com os grandes incêndios que se desenvolveram na Amazônia. Oremos para que, com o empenho de todos, sejam controlados o quanto antes. Aquele pulmão de florestas é vital para o nosso planeta", disse o chefe máximo da Igreja Católica.

O discurso do papa tocou em um assunto que é motivo de preocupações a 8.901 quilômetros dali, no Palácio do Planalto, em Brasília. A repercussão internacional das queimadas ao longo da semana passada reavivou no governo de Jair Bolsonaro (PSL) a preocupação com possíveis críticas ao governo brasileiro no Sínodo da Amazônia.

Trata-se de uma reunião de bispos dos países da região amazônica com o papa Francisco para discutir a atuação da Igreja Católica na área.

O encontro acontece de 6 a 27 de outubro, em Roma. Participarão do encontro 102 bispos de nove países, sendo 57 brasileiros. Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa (departamento ultramarino da França) também enviarão representantes.

Um revés no Sínodo contribuiria para aumentar o desgaste internacional do país. Nos últimos dias, a atuação do governo brasileiro na área ambiental foi criticada por líderes estrangeiros. A crise na Amazônia foi debatida no último fim de semana na reunião do G7, fórum que reúne algumas das maiores economias do mundo.

No começo desta semana, o Itamaraty decidiu suspender as férias de todos os embaixadores brasileiros na Europa e em países que integram o G7. Trata-se de um esforço para responder à crise de imagem provocada pelas queimadas, segundo a agência de notícias Reuters.

Na semana passada, o governo brasileiro despachou para a Itália o novo embaixador brasileiro junto à Santa Sé, o diplomata de carreira Henrique da Silveira Sardinha Pinto - o nome dele foi aprovado pelo plenário do Senado em meados de junho. O diplomata foi instruído a tratar da questão do Sínodo com representantes do Vaticano.

Que a Igreja se atenha aos 'limites'

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Maduro culpa Bolsonaro por incêndios na Amazônia



ESTADÃO - EFE

© Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, culpou nesta quinta-feira, 29, o presidente Jair Bolsonaro pelos incêndios registrados na Ama-zônia e acusou o governo brasileiro de querer entregar a floresta para a "oligarquia dos fazen-deiros".

"Quanto nos doeu os incêndios que Jair Bolso-naro provocou na Amazônia brasileira (...). É o fascismo destruindo os direitos sociais e ele não fica só com a destruição dos direitos sociais, mas entregou a Amazônia aos fazendeiros que estão a incendiando", disse Maduro.


Há uma semana, o governo da Venezuela ofereceu uma "modesta ajuda" para combater as chamas que afetam áreas da floresta no Brasil e na Bolívia.

Nesta quarta-feira, 28.08.2019, porém, Bolsonaro e o presidente do Chile, Sebastián Piñera, articularam uma reunião de líderes dos países amazônicos sem a Venezuela, que tem parte da floresta em seu território, para debater medidas conjuntas de prevenção e combate aos incêndios.

Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia tem 7,4 milhões de quilômetros quadrados, que estão espalhados por oito países - Brasil, Bolívia, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Suriname e Guiana Francesa.


quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Os governos mentem. É preciso virar o jogo!


Os governos mentem, o desemprego só aumenta e precisamos virar o jogo

Por Giovanni Frizzo

Radiocom

Nesta semana, o CAGED (cadastro geral de empregados e desempregados) da Secretaria Especial do Trabalho publicou dados informando que Pelotas perdeu 1.173 empregos formais nos primeiros sete meses de 2019. E, só no mês de julho, o Rio Grande do Sul (RS) perdeu 3.648 vagas de empregos formais, engrossando os milhares de desempregados no país (12,8 milhões de pessoas).
Desde 2013, convivemos com uma grande falácia imposta ao povo trabalhador brasileiro, que tem seus direitos arrancados enquanto os grandes ricos enriquecem cada vez mais. Todos os governos federais que se passaram nesse período operaram um desmonte, sem precedentes, das garantias mínimas de vida que a Constituição Federal assegurava. E, como efeito cascata, os governos estaduais do RS e o governo municipal de Pelotas “abraçaram a causa” dos ricos que se apresentam como “pobres vítimas” da crise do capitalismo mundial que eles mesmos causaram.

Todas as medidas destes governos vinham e vêm acompanhadas da grande mentira: “é preciso tomar estas medidas para retomar o emprego da população”.

Esse era o argumento da ex-presidenta Dilma quando anunciava os vários cortes orçamentários para a educação/saúde públicas e privatizava portos, aeroportos, rodovias e os hospitais universitários.
Esse foi o argumento do usurpador Temer (cujos livros de história deverão nomeá-lo de O Golpista), quando impôs a Lei da Terceirização, a Reforma Trabalhista e a Emenda Constitucional 95 – que reduziu investimentos públicos por 20 anos.
Esse foi o argumento do governador Sartori (PMDB) quando apresentou o Regime de Recuperação Fiscal que reduziria investimentos nos serviços públicos e começou a parcelar o salário de servidores públicos, incluindo o magistério estadual que sequer recebe o piso salarial nacional.

Esse é o argumento do Bolsonaro (PSL), quando impõe a Reforma da Previdência, retira recursos da educação para comprar votos de parlamentares e privatiza empresas estatais e serviços públicos, como a Embraer, Correios, Telebras, Eletrobras, Casa da Moeda, empresas do setor de petróleo, gás e do setor mineral.

Esse é o argumento do governador Eduardo Leite (PSDB), que, além de reduzir o orçamento para direitos sociais e manter o parcelamento de salários de servidores, vai privatizar a CEEE, a SulGás e a Companhia Rio-grandense de Mineração, sem a realização de plebiscito, conforme previsto na Constituição do Estado do RS.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Libération diz que popularidade de Bolsonaro “virou fumaça”

© Fotomontagem RFI

RFI

jornal Libération desta quarta-feira (28.08.2019) traz uma matéria de página dupla sobre a queda de popularidade de Jair Bolsonaro. No título, a publicação diz que a simpatia pelo presidente brasileiro “virou fumaça”, vinculando as últimas pesquisas de opinião pública às queimadas na Amazônia.

A correspondente do Libé no Brasil, Chantal Rayes, relata que após perder total credibilidade no cenário internacional, o presidente Jair Bolsonaro passou a contar somente com o apoio de sua ala mais radical. “Ele é o chefe de Estado mais detestado no mundo. O Brasil nunca chegou a passar por uma crise de imagem tão grave, mesmo durante a ditadura”, afirma o ex-diplomata Rubens Ricupero.

A jornalista lembra que boa parte da reputação internacional do Brasil vem da proteção da maior floresta tropical do planeta, conhecida com o pulmão do mundo. “Bolsonaro acreditou, erroneamente, que a promessa de mudar as políticas do Ministério do Meio Ambiente para fortalecer o agronegócio, havia recebido o aval da maioria do povo brasileiro”, conta Chantal. “No entanto, em uma recente pesquisa, 96% dos entrevistados são a favor de regras mais duras contra o desmatamento”, ressalta.

Popularidade despencou

Com isso, a cota de popularidade de Bolsonaro nunca esteve tão baixa. Pela primeira vez, os brasileiros que julgam seu governo como ruim ou péssimo passaram a ser maioria (54% em agosto, contra 28% em fevereiro). Já o número de opiniões favoráveis passou de 57,5% à 41%. “Cada vez mais brasileiros têm vergonha de Jair Bolsonaro”, afirma o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro. “Muitos se arrependem de ter votado nele”, ressalta.

Até mesmo exportadores agrícolas criticam as atitudes do presidente brasileiro. Essas empresas, que batalham há anos para desvincular suas marcas do desmatamento, fazem pressão sobre Bolsonaro para tentar levá-lo de volta à razão. Com o objetivo principal de garantir que o acordo entre a União Europeia e o Mercosul não seja comprometido.

Macron sai fortalecido no cenário internacional.

Os embates com o presidente francês, Emmanuel Macron, ajudaram Bolsonaro a fidelizar o seu eleitorado mais radical, “o único que o interessa”, segundo Renato Janine Ribeiro. “Mas politicamente, Bolsonaro permitiu que Macron melhorasse sua imagem internacional perante os defensores ecológicos”, afirmou.

Agora, Bolsonaro fará de tudo para deixar a França de fora de discussões sobre a preservação da Amazônia, buscando ajuda em aliados, como os Estados Unidos e Israel, “os dois únicos países que contam para ele”, conclui Renato Janine Ribeiro.


terça-feira, 27 de agosto de 2019

Quais os interesses de Macron, Merkel e o G7 diante do fogo bolsonarista na Amazônia?



Quais os interesses imperialistas no seio da depredação bolsonarista da Amazonia?

Por André Acier  -  Natal | @AcierAndy   

Incêndios na Amazônia, interesses dos imperialistas e do agronegócio brasileiro e a "briguinha de compadres" entre Macron versus Bolsonaro (grifo do blog)

A crise com a devastação da Amazônia pela sede predatória de Bolsonaro e dos capitalistas do agronegócio ganhou novas proporções. O tema ganhou repercussão internacional e agora envolve um choque mais direto entre o governo de extrema direita no Brasil, de um lado, e algumas potências imperialistas, em particular a França, de outro.

Emmanuel Macron, presidente de uma das mais antigas nações colonialistas da terra, buscou nestes últimos dias se apropriar, em função de seus objetivos particulares, da ira mundial desatada diante da destruição da maior floresta tropical do mundo pelo agronegócio brasileiro. Na reunião o G7 - cúpula que abriga os países líderes da espoliação mundial - Macron sugeriu tomar medidas acerca do tema. Jornais alemães como o Die Zeit sugerem que chegou o momento de aplicar sanções contra Bolsonaro.

Na fase atual do conflito,  Macron acusou Bolsonaro de mentir ao assumir compromissos em defesa do ambiente na cúpula do G20, em junho, e afirmou que isso inviabilizaria a ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul (a Irlanda seguiu a mesma linha). Esse acordo comercial entre os dois blocos - um pacto de submissão do Cone Sul aos mandamentos do capitalismo europeu - prevê, em 15 anos, zerar as tarifas de importação sobre cerca de 90% do comércio bilateral, aprofundando o viés agrário-exportador do Brasil em troca da importação da manufatura e alta tecnologia.

Desde a cúpula do G20 Macron (com o beneplácito da chanceler alemã Angela Merkel) e Bolsonaro vem se engalfinhando em disputas retóricas, e lançando mão de uma verdadeira constelação de hipocrisias: o governo francês tenta se retratar como “o maior defensor da biodiversidade e da natureza”, escudado no Acordo de Paris de 2015, enquanto Bolsonaro chegou ao cúmulo de se postar  como “combatente pela soberania nacional contra a mentalidade colonial” dos europeus.

É impossível defender a biodiversidade e os recursos naturais amazônicos sem atacar profundamente os interesses dos capitalistas, tanto os nacionais quanto os estrangeiros, que fazem a Amazônia - fundamental, entre outras questões, para a regulação da temperatura na terra - arder em chamas, espremida entre o agronegócio e a voracidade imperialista.

Crime contra a humanidade


Brasil de Fato

Em nota, organização camponesa denuncia política destrutiva de Bolsonaro e exige combate aos crimes ambientais.

Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST


Ambientalistas e políticos do mundo todos começaram a debater os incêndios que estão queimando a Floresta Amazônica há algumas semanas. Sendo a Amazônia um dos maiores repositórios de dióxido de carbono do planeta, imagens divulgadas pela NASA mostram a situação alarmante na qual nos encontramos.
Neste contexto, o governo Bolsonaro tem divulgado várias explicações para o número recorde de incêndios, incluindo uma teoria de que ONGs ambientais poderiam ter criado as chamas para “envergonhá-lo”.
Dados científicos e especialistas apontam que esta crise está ligada diretamente às medidas do governo Bolsonaro para área. Ao contrário do que afirma o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, 2019 não é realmente um ano de seca extrema. Se fosse esse o caso, o número de incêndios florestais seria o dobro do que estamos vendo hoje.
Diante das acusações e das mentiras deflagradas por este governo, a Via Campesina alerta sobre os riscos destas políticas destrutivas e a necessidade de ação contra os ataques às instituições e à Amazônia.
Confira abaixo a nota na íntegra:

Quatro incêndios como este podem acabar com a Amazônia, diz cientista



CORREIO BRAZILIENSE - Cláudia Dianni


© Maurício Torres/Fapesp O biólogo e cientista norte-americano Philip Fearnside

De acordo com o biólogo e cientista norte-americano Philip Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), é preciso se preocupar com os impactos dos incêndios na Amazônia nas mudanças climáticas já que, quando queimam, as florestas liberam gás carbônico e metano, o que contribui para o aquecimento global e novos incêndios. De acordo com o cientista, as madeiras queimadas tornam a floresta mais vulnerável a outros incêndios ainda mais intensos. Os dois fenômenos contribuem para um ciclo vicioso, que colocar a floresta em risco. 

Para ele, governo, sociedade e setor produtivo precisam tomar consciência dos serviços ambientais prestados pela Amazônia. “É muito importante que o próprio governo assuma a responsabilidade que tem, mantendo o trabalho dos agentes ambientais e as políticas. O país precisa deixar esse sentimento de que está sendo enganado, pois o interesse de preservar a floresta é do próprio país” disse, com relação à ajuda internacional. Fearnside pesquisa agro-ecossistemas tropicais, desmatamento, degradação ambiental e impactos das hidrelétricas na Amazônia. Ele  vive em Manaus há mais de vinte anos.  

Qual a gravidade dessas queimadas? É possível atribuir a causa à seca?

Após fala de Macron sobre Amazônia, Bolsonaro recusa R$ 83 milhões do G-7



ESTADÃO - Julia Lindner, Mateus Vargas e Mariana Haubert

Dia 26.08.2019

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto informou na noite desta segunda-feira, 26, que rejeitará a ajuda de US$ 20 milhões, equivalente a R$ 83 milhões, prometida nesta segunda pelo G-7, o grupo de países mais ricos do mundo, para auxiliar no combate a incêndios na Amazônia. A decisão foi tomada após o presidente da França, Emmanuel Macron, dizer que não descarta a possibilidade de conferir um status internacional à floresta, caso líderes da região tomem decisões prejudiciais ao planeta. 

Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro afirmam que qualquer anúncio de apoio feito sem diálogo direto com o Brasil será rejeitado. “Acreditamos que o assunto deve ser encapsulado como uma questão sul-americana, dos países amazônicos, e não como um tema global”, disse um aliado do presidente. A intenção do Planalto é recusar a ajuda capitaneada por Macron, restringindo a cooperação a países da região amazônica e aliados do presidente, como Israel e Estados Unidos.

Segundo pessoas próximas, o presidente não conversou com o presidente francês, Emmanuel Macron. Caso ele queira ajudar o Brasil, afirmam que terá de pedir para falar com Bolsonaro. Mais cedo, o titular do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a dizer que a verba seria “excelente” e “bem-vinda”. Mas cobrou autonomia do País na utilização do dinheiro.

“Quem vai decidir como usar recursos para o Brasil é o povo brasileiro e o governo brasileiro”, disse, em um evento em São Paulo. O ministro ainda cobrou de países desenvolvidos um crédito de US$ 2,5 bilhões (o equivalente a R$ 10 bilhões) que o País teria, segundo ele, de acordo com os termos do Protocolo de Kyoto. “Desde 2005, o Brasil tem cerca de 200 milhões de toneladas de gás carbônico em MDL, mecanismo de desenvolvimento limpo, para receber. Pedimos para que os países desenvolvidos, incluindo o G-7, nos ajudem a quitar a fatura.”

O anúncio de recursos para a Amazônia foi feito pela manhã, na França, por Macron e pelo presidente do Chile, Sebastián Piñera – que apesar de não integrar a cúpula agiu na condição de observador. A verba seria usada principalmente para o envio de aviões para apagar o fogo na região. 

Além disso, o G-7 estaria elaborando um plano de ajuda a médio prazo destinado ao reflorestamento, que seria apresentado na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas no fim do mês que vem. Hoje, no âmbito do Acordo de Paris, o Brasil se propõe a reduzir as emissões de gás carbônico em 37% em relação a 2005, e prevê restaurar 12 milhões de hectares de florestas e alcançar desmatamento ilegal zero na Amazônia brasileira até 2030.

Soberania

A decisão do presidente francês, de trabalhar o assunto no G-7 mesmo contra a vontade do governo brasileiro, motivou desde o princípio dúvidas se não haveria um enfrentamento à soberania brasileira. “Este não é o quadro da iniciativa que estamos tomando, mas é uma questão real que se impõe, se um Estado soberano tomar medidas concretas que obviamente se opõem ao interesse de todo o planeta”, disse Macron. “As conversas entre (Sebastián) Piñera (presidente do Chile) e Bolsonaro não vão nessa direção, acho que ele está ciente desse assunto”. “Em qualquer caso, quero viver com essa esperança.”
Há dúvidas sobre qual seria o grau de interferência sugerido. 

Em francês, a palavra “statut” é utilizada tanto para definir status como estatuto (no caso uma regulamentação). A questão também não é nova: em 1983, a premiê britânica Margaret Thatcher sugeriu que “os países subdesenvolvidos que não pudessem pagar suas dívidas vendessem seus territórios”. Já o ex-presidente Francês François Miterrand sugeriu que o Brasil admitisse “soberania relativa” sobre a área. Em 2000, o americano Al Gore, famoso pela ação ambientalista, chegou a dizer que a Amazônia “pertence a todos”.

Macron se limitou a dizer agora que essa intervenção internacional “é um caminho que permanece aberto e continuará a florescer nos próximos meses e anos”. “A questão é tal no plano climático que não podemos dizer ‘este é um problema só meu’. É o mesmo para aqueles que têm espaços glaciais em seu território ou que afetam o mundo inteiro.” Ele garantiu, no entanto, que construiu a iniciativa que será proposta às Nações Unidas “para respeitar a soberania de cada país”.

A fala do francês veio após o presidente Bolsonaro acusá-lo de ter uma “mentalidade colonialista” por exigir ação internacional a respeito da região. À noite, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, rebateu as declarações. “Sobre a Amazônia falam brasileiros e as Forças Armadas.”

Nos bastidores, o governo brasileiro se mantém em oposição ao francês e tenta impedir que Macron ganhe algum lucro político com o episódio. A avaliação é de que Macron fracassou na reunião de países do G-7 ao tentar responsabilizar Bolsonaro pelas queimadas na região amazônica e discutir o tema sem a presença dos principais atores envolvidos. Um dos sinais disso é a declaração final do encontro, que não incluiu a Amazônia, mostrando que não houve consenso sobre o tema entre os líderes de Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Ministros de FHC, Lula, Dilma e Temer vão ao Congresso apelar contra leis que ameaçam meio ambiente


MÔNICA BERGAMO
Folhapress26 de agosto de 2019

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pelo menos sete ex-ministros que comandaram a pasta do Meio Ambiente assinaram um texto em que pedem ao Congresso a “suspensão imediata da tramitação de todas as matérias legislativas que possam, de forma direta ou indireta, agravar a situação ambiental no país”.
No manifesto, eles defendem a “moratória ambiental para projetos de leis e outras iniciativas legislativas que ameacem a Amazônia, povos indígenas e biodiversidade”. E propõe a realização de audiências públicas para que o tema possa ser discutido “em caráter de urgência”.
A iniciativa é apoiada também pela OAB e pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
O documento será entregue na quarta (28) aos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Os ex-ministros ocuparam os cargos nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer.
Devem ir ao Congresso, em Brasília os ex-ministros Rubens Ricupero (governo Itamar Franco), Sarney Filho, Gustavo Krause e José Carlos Carvalho (governo FHC), Marina Silva e Carlos Minc (governo Lula), Izabela Teixeira (governo Dilma) e Edson Duarte (governo Temer).
A ideia é entregar o documento pessoalmente a Maia e Alcolumbre.
“O Brasil vive uma emergência ambiental”, afirmam eles no texto. “O desmatamento da Amazônia, que atingiu 7.900 km2 entre agosto de 2017 a julho de 2018, está em crescimento acelerado conforme demonstram as projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, corroboradas por diversas instituições de pesquisa nacionais e internacionais”, justificam.

domingo, 25 de agosto de 2019

Apostar na mobilização popular para derrotar Bolsonaro-Mourão e reconstruir o Brasil



Nota Política do PCB – Partido Comunista Brasileiro

O Brasil vive a conjuntura mais difícil e complexa desde o final da ditadura, num processo em que se mesclam, de um lado, uma ofensiva global do grande capital internacional contra os direitos e garantias dos trabalhadores e, internamente, uma crise econômica e social que ganha contornos dramáticos, com mais de 26 milhões de trabalhadores desempregados ou com empregos precários ou ainda desalentados.
 A situação se torna mais grave em função da emergência de um governo de extrema-direita que vem realizando uma guerra aberta contra os trabalhadores, a juventude, os aposentados, um ataque permanente às liberdades democráticas, à educação pública e gratuita, ao meio ambiente, aos indígenas e quilombolas, à cultura e ao povo pobre das favelas e periferias.
Estamos diante de um governo representante dos bancos, das grandes empresas industriais e de serviços, do agronegócio e do imperialismo e que atua descaradamente para aprofundar a ferro e fogo a pauta neoliberal e a entrega do patrimônio público ao setor privado. Um governo que conta com o apoio desses setores e da grande burguesia em geral para promover a retirada de direitos da classe trabalhadora – sintetizada na reforma da previdência, na flexibilização e fragilização das relações de trabalho para facilitar o processo de acumulação do capital.
Trata-se de um governo ilegítimo, antinacional, antipopular e antidemocrático.
Ilegítimo porque foi eleito a partir de uma conspiração criminosa, estruturada nas sombras pela Operação Lava a Jato, envolvendo o atual ministro da Justiça e procuradores inescrupulosos, cujo objetivo central era afastar Lula da disputa presidencial, quando este liderava todas as pesquisas de opinião. A artimanha abriu espaço para Bolsonaro ganhar vantagem na campanha eleitoral, mediante a manipulação descarada das redes sociais, difusão em massa e diária de fake news, boatos, mentiras e intrigas visando envenenar politicamente a população e criar um clima de polarização para favorecer o candidato de extrema-direita, fatos que resultaram em sua vitória eleitoral. 

Vozes pela Amazônia: “Se a floresta tombar, nós vamos juntos”, diz ecólogo


Exame.com - Vanessa Barbosa
Dia 25.08.2019




© iStock/Thinkstock Amazônia: floresta presta serviço ambiental inestimável.

São Paulo – O cientista norte-americano Philip Fearnside conhece a Amazônia como poucos. Ele fincou os pés na região no final dos anos 1970 e chegou a viver a beira da Transamazônica em experiência de campo para seu doutorado. Não à toa, tornou-se um dos nomes mais respeitados internacionalmente quanto o assunto é a maior floresta tropical do mundo. Em 2007, o ecólogo recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC).

Fearnside é pesquisador titular há mais de quatro décadas no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), um dos mais importantes centros de pesquisa sobre o bioma, que estuda desde o impacto da perda de floresta sobe os regimes de chuvas até o desenvolvimento de produtos a partir da biodiversidade amazônica.

Em entrevista para o site EXAME, o cientista critica as decisões do governo federal para a pasta ambiental e destaca o papel central que a Amazônia desempenha no equilíbrio do clima planetário.
Segundo ele, a morte da floresta emitiria mais gases de efeito estufa para a atmosfera do que a humanidade tem emitido através de suas atividades, como queima de combustível fóssil para geração de energia e uso da terra. Isso iniciaria um processo incontrolável de aquecimento global, com graves consequências para as sociedades humanas.

“O fato de termos um governo que deliberadamente ataca o meio ambiente é muito grave e estimula um estado de impunidade e o aumento do desmatamento que estamos vendo. Não dá para esperar três anos e meio para o fim do mandato atual para começarmos a fazer nossa parte no combate às mudanças climáticas, precisamos de ações imediatas, que passam pelo combate ao desmatamento e reconhecimento do aquecimento global”, diz o ecólogo.

Confira a entrevista na íntegra a seguir:

EXAME: O governo anunciou cortes nos orçamentos para pesquisa no Brasil. Como isso afeta o trabalho dos cientistas e institutos que estudam meio ambiente, incluindo o Inpa?