quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Pelo andar da carruagem, Moro não chega às urnas em 2022

Por Joaquim de Carvalho (*)

O pacote criminoso de Sérgio Moro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)  


Moro está no centro de dois escândalos: confessou ter combatido o PT como juiz e protegeu o aliado Álvaro Dias, beneficiário de doações do doleiro Youssef

Esta quarta-feira, 29.12.2021,  pode ter selado o destino de Sergio Moro: seu nome fora das urnas em 2022 e ele de volta para os EUA, onde estará protegido, inclusive pelo contrato milionário com a Alvarez & Marsal, que beneficiou quando era juiz. 

Duas empresas que Moro quebrou com suas ações judiciais, a OAS e a Odebrecht, viriam a ser administradas judicialmente por esse escritório de advocacia norte-americano. Quando deixou de servir a Bolsonaro como ministro, Moro assinou contrato com a Alvarez & Marsal.

A Folha de S. Paulo detonou o primeiro escândalo desta quarta-feira, ao jogar holofotes para um caso que já havia sido revelado em 2015, mas que, como tudo o que se referia a Moro e a seus aliados nessa época, foi devidamente ignorado pela velha imprensa. Descrição: .

Alberto Youssef havia assumido na CPI da Petrobras que fez doações eleitorais para Álvaro Dias, na campanha de 1998. Pelo menos parte delas constou da contabilidade oficial da campanha do senador, como mostrou a Folha.

Tanto Moro quanto Álvaro Dias se apressaram a rebater a reportagem, com um discurso unificado: na época da doação, ninguém sabia que Youssef era criminoso. Mentira: o doleiro que viria a ser conhecido como “delator de estimação” do ex-juiz já tinha sido preso nos anos 80 por contrabando.

O segundo escândalo foi detonado pelo próprio Moro, na entrevista que deu para uma rádio do Mato Grosso. Ele confessou que, como juiz, combateu o PT. 

"Como é que a gente pode defender um governo desse? Com pessoas [com fome] da fila de ossos, um governo que foi negligente com as vacinas, um governo que ofende as pessoas, um governo que desmantelou o combate à corrupção. Tudo isso por medo do quê? Do PT? Não. Tem gente que combateu o PT na história de uma maneira muito mais efetiva, muito mais eficaz. A Lava Jato", disse Moro.

É claro que a intenção do ex-juiz não era admitir o que até as pedras de Curitiba sabem: que ele agiu com objetivo político na condução da Lava Jato e que, na verdade, o que sempre quis foi prender Lula e tirá-lo da disputa eleitoral em 2018 e abrir caminho para a vitória de um adversário do ex-presidente.

Mas, como não tem habilidade no manejo das palavras, se entregou.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

A contínua luta pela permanência estudantil nas UEBAs

 

29 de dezembro de 2021

O MOMENTO – DIÁRIO DO POVO

Por Vinícius Kaiowá

Como observamos nos últimos dois anos, a pandemia escancarou as péssimas condições de permanência a que estão submetidos os/as estudantes das Universidades Brasileiras. Na Bahia não tem sido diferente: sem políticas efetivas de inclusão digital, com atrasos nas bolsas de formação docente e há dois anos sem lançar edital do Programa de Permanência “Mais Futuro”, as Universidades Estaduais realizam a corrida para garantir o retorno das atividades presenciais, secundarizando as condições dos estudantes de retornar em segurança.

A juventude foi marcada pelo aumento da vulnerabilidade social e do desemprego. Fazendo um rápido balanço, não é preciso ir longe para encontrar situações de estudantes que trancaram disciplinas ou desistiram de seus cursos. Dentre os que vêm de fora das cidades-eixo das Universidades Estaduais da Bahia (UEBAs), sem os serviços de Restaurante Universitário e Auxílio Alimentação, muitos abandonaram o local de moradia para retornarem às suas cidades-natais, além dos sucessivos cortes de bolsas que não levam em conta a autonomia das resoluções flexibilizadoras de cada UEBA, tampouco o momento pandêmico.

Para estudantes, o alto custo dos aluguéis, móveis e alimentação comprometem pensar em retornar sem dificuldades aos estudos. O Mais Futuro, principal – e, para muitos, a única – possibilidade de acesso às bolsas, passou pelo processo restrito de alteração neste ano. A ótima oportunidade para corrigir erros e critérios excludentes do Programa foi atravessada pela resistência do Governo do Estado em não aceitar as propostas do Movimento Estudantil.

O Programa alterou o limite de disciplinas possíveis de serem reprovadas e trancadas por estudantes durante todo seu curso, de duas para quatro. Para a categoria, que propôs o aumento para dez disciplinas, o aumento se apresenta como uma melhora, mas ainda é insuficiente e mantém o caráter meritocrático, excludente e produtivista, que nega ao aluno o direito estabelecido no calendário acadêmico de cada Universidade.

Alertas foram emitidos por órgão federal sobre chuvas na Bahia

 

Yahoo, Redação Notícias

 



Rua completamente alagada em Itajuipe, na Bahia, uma das cidades castigadas pelos temporais que atingem a região


·         Mais de 60 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas

·         Primeiro alerta sobre os temporais saiu no dia 20 de dezembro

·         Volume de chuva em alguns locais foi maior que o previsto

Desde o último dia 20 de dezembro, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), vem alertando municípios do sul e sudoeste da Bahia que chuvas intensas iriam atingir a região. No entanto, o volume em alguns locais foi maior que o previsto, o que causou destruição em várias localidades.

Os documentos foram produzidos pelo Cemaden, entre 20 e 23 de dezembro e compartilhados com o Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres), ligado ao Ministério do Desenvolvimento Regional —e responsável pelos contatos com as defesas civis dos estados e municípios. Ainda segundo o Cemaden, a média histórica na região de chuva é de 150 mm nesse período. Porém, até ontem (27), várias cidades já registraram acúmulo de água superior a 400 mm. Cada milímetro equivale a um litro de água em um metro quadrado.

Os primeiros alertas

O primeiro alerta do Cemaden, do dia 20, saiu por meio de uma nota técnica sobre a previsão de chuvas intensas, entre os dias 24 e 25 de dezembro, com riscos de deslizamentos de terra e inundações. Já o segundo, divulgado no dia 21, amplia o período de chuva previsto para 24 e 26. O terceiro e último, do dia 23, afirma que a situação poderia se agravar e estender durante vários dias, em princípio até esta esta terça-feira, 28 de dezembro.

No entanto, em pelo menos duas cidades baianas, as chuvas foram maiores do que o previsto, chovendo em 3 dias, o previsto para o mês todo. Em Valença foram 215 mm (corresponde a mais do que o triplo da climatologia de dezembro, de 64,9mm) e em Ilhéus, 209 mm. A chuva medida, porém, pode ter sido bem maior em algumas localidades, visto que nem todas as cidades têm estação meteorológica. Apesar de parecer erro de previsão, José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden cita que não há tecnologia possível de prever com exatidão fenômenos naturais, ainda mais com os eventos extremos ocorrendo com mais frequência.

A tragédia até agora (Previsão em 27.12.2021)

Segundo balanço da Defesa Civil da Bahia, divulgado ontem, 20 pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas na Bahia, que deixaram 358 feridos e atingiram mais de 470 mil pessoas. órgão já contabiliza mais de 60 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas, segundo levantamento com dados enviados pelas prefeituras e consolidados pelo governo do estado. Todos tiveram de deixar suas casas, mas, no caso dos desabrigados, os cidadãos necessitam de assistência do governo para ter uma moradia temporária. Já são 116 municípios afetados — 100 deles decretaram situação de emergência.

EM TEMPO: É uma tragédia ambiental e o alerta deve ser permanente, uma vez que o desmatamento desenfreado, ora  patrocinado pelos capitalistas, continuará sem o devido freio do Estado Brasileiro. Interessante é o fato da maioria da imprensa burguesa não se referir a essa  catástrofe como sendo resultado da agressão ambiental em curso. 

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Lula não pode fazer aliança a qualquer preço, diz Erundina

FOLHApress - JOELMIR TAVARES

 

 

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Decana da esquerda brasileira, a deputada federal Luiza Erundina, 87 (PSOL-SP), diz que a oposição não pode titubear diante da candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) e prega união em torno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas faz ressalvas sobre as alianças.

"Não pode ser a qualquer preço", diz à Folha a ex-prefeita de São Paulo, que resiste à entrada do ex-governador Geraldo Alckmin (recém-saído do PSDB, agora sem partido) como vice na chapa. Para ela, o modelo histórico dos tucanos destoa de um projeto de reconstrução que o petista deve apresentar.

Licenciada da Câmara dos Deputados por ordem médica em razão do risco de contaminação por Covid-19, ela mantém o trabalho parlamentar em seu escritório na capital paulista e em atividades virtuais.

Erundina faz também críticas ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e ao Orçamento de 2022 aprovado pelo Parlamento, com cifras que ela considera "escandalosas e criminosas" para o fundo eleitoral (R$ 4,9 bilhões) e as emendas de relator (R$ 16,5 bilhões).

"O Congresso é corresponsável pelo que acontece, funciona de costas para a sociedade", afirma.

Folha - Quais as suas queixas sobre Lira, que é alvo frequente de críticas em suas redes sociais?

Luiza Erundina - Discordo da forma como ele conduz a presidência da Casa. É responsável, como presidente da Câmara, e com o apoio do centrão, pelos malefícios que recaem sobre o nosso povo.

Quem governa o país não é Bolsonaro, com as bobagens que ele faz todo dia. Quem governa, comprometendo o futuro do país, seu patrimônio, sua soberania, é sem dúvida nenhuma Lira e [Paulo] Guedes [ministro da Economia]. Os dois têm uma base de sustentação alimentada a preço de ouro, haja vista o quanto se destinou no Orçamento para as emendas de relator, mais de R$ 16 bilhões.

Sem dúvida nenhuma, a história vai registrar o papel do Lira e do Congresso, neste período de tragédia bolsonarista no Brasil, como grandes responsáveis pelo comprometimento do futuro do país, do ponto de vista social, econômico, ambiental. É por isso que recomendo aos partidos que cuidem das eleições proporcionais. Não dá para menosprezar a escolha dos deputados e senadores.

Folha - Lira, quando questionado sobre a fisiologia do centrão, diz que os partidos de centro são responsáveis por dar estabilidade a todos os governos. Acha possível governar sem o centrão?

Luiza Erundina - Sim, é só fechar a torneira das emendas. O centrão se vende permanentemente, a quem estiver disposto a comprar voto. E ele [Lira] é um dos chefões do centrão.

Sem falar na forma como ele procede na aplicação do regimento da Casa. Chegou a alterar dispositivos regimentais no curso de votações importantes para conseguir obter os resultados que queria. É um absurdo. Em seis mandatos, nunca vi tanto abuso e desrespeito à Constituição e ao regimento.

As oposições não conseguem aprovar um destaque a uma matéria que é danosa para o nosso povo. A correlação de forças é muito desigual. Não se consegue o número de votos porque vem o rolo compressor do centrão e da maioria, regados a dinheiro público. Essa é a verdade. O Orçamento de 2022 é um retrato fiel disso e vai deixar registrado o atual Congresso como o mais corrupto da história do país.

Folha - A sra. se constrange de alguma forma diante da pesquisa Datafolha que mostrou estar em 10% a aprovação da população ao Congresso, menor índice da atual legislatura?

Luiza Erundina - Com certeza, me constranjo, porque eu gostaria que houvesse um processo radicalmente democrático, controlado pela sociedade civil, com participação direta, como ocorre em outros países. Se a democracia direta e participativa não é exercitada, o sistema não é aperfeiçoado, vai sempre ficar refém do Congresso.

Folha - Por que acha que a avaliação é tão ruim?

Luiza Erundina - Nosso Congresso funciona de costas para a sociedade. Quando a sociedade está se desmontando, com a humilhação do desemprego em massa, mais de 600 mil mortes por Covid que poderiam em grande parte terem sido evitadas, a população disputando comida no lixo ou comendo ossos... Em uma das economias mais fortes do mundo.

Isso me dá um enorme desgosto. Desgosto com a política em si, com a forma como ela é exercida. Esta legislatura é a pior composição que a Câmara já teve, não tenho a menor dúvida. A corrupção corre solta, os acordos, os arranjos. Não tem nem sequer um presidente independente.

Folha - E mesmo assim a sra. cogita disputar mais um mandato. Por quê?

Luiza Erundina - Porque eu quero ter voz para denunciar. Sonho é algo que me alimenta. E falo isso não só pensando no meu tempo de vida. Sonho, para mim, é algo que não cabe em uma vida, porque é medido pelo tempo da história.

Estou com saúde, com a cabeça boa. Recebo manifestações das pessoas que votam em mim para que não desista, que vá em frente. Mas nem decidi ainda se saio ou não [candidata]. Estou conversando com o meu pessoal para ver se é o caso, se interessa ou não ao meu partido.

Folha - A sra. discorda do valor de R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral, mas qual seria uma alternativa para o financiamento de campanhas?

Luiza Erundina - Esse valor para campanhas é escandaloso e criminoso. E isso vai para o bolso de alguns candidatos, os donos dos partidos, as candidaturas laranjas.

Lamentavelmente, as últimas reformas políticas se resumiram a remendos na legislação em benefício dos partidos. Este país precisa fazer uma reforma política de fôlego, com debate sobre teto para o financiamento público, orçamentos mais modestos de campanha, controle, fiscalização e transparência.

Folha - E no curto prazo, de que o país precisa?

Luiza Erundina - De fato, não há soluções simples para garantir o futuro deste país, que está comprometido. Por isso, nestas eleições, não se pode apenas ficar discutindo nomes ou posições de chapa. Tem que se apontar o que se pretende fazer em medidas de emergência no pós-pandemia. Não tenho entusiasmo nenhum de discutir nomes, sejam eles os melhores da praça, se isso não vier associado a um projeto, a planejamento, a compromissos.

Folha - No debate que ocorre dentro do seu partido, a sra. acha que o PSOL tem que necessariamente ter candidato próprio à Presidência?

Luiza Erundina - Não, não acho isso. Acho que, exigindo as questões que considero fundamentais, de não ser só [apoio a] um nome, ou um nome junto de não sei quem lá, [pode haver composição]. Com base no objetivo primeiríssimo, que é derrotar Bolsonaro.

Folha - Alas do PSOL desaprovam as movimentações de Lula ao centro e a possível chapa com Alckmin. Como avalia?

Luiza Erundina - Antes da possibilidade de ter aliança com Alckmin na vice, havia quase consenso no partido de uma frente ampla com unidade das forças que queiram tirar o país deste abismo em que se encontra, derrotando o bolsonarismo, não só o Bolsonaro.

E não seria apoiar qualquer um, porque Lula não é qualquer um, já foi testado como presidente duas vezes. Não é que ele tenha sido perfeito. Tenho restrições, fiz críticas a seus governos. Mas não dá para titubear, ele provavelmente seja um dos poucos capazes de derrotar Bolsonaro.

Folha - Como deveria ser negociada essa aliança, essa frente ampla?

Luiza Erundina - Não pode ser a qualquer preço. Não pode ser a preço de conciliações que não permitirão que se façam as reformas de que o país precisa. Precisamos recuperar aquilo que se perdeu ao longo de três anos de Bolsonaro. A busca de governabilidade não pode levar a conciliações que não servem para construir um outro país.

Não é questão de nomes. Não tenho nada contra a pessoa do ex-governador [Alckmin], mas o partido do qual ele fez parte a vida inteira é conciliador de primeiríssima hora. Todo governo, seja qual for, tem tucano nele. Lembremos que o [governador João] Doria apoiou o Bolsonaro. O modelo histórico do PSDB é de governos privatistas, neoliberais, de Estado mínimo e que subordinam o Legislativo.

Folha - Que programa Lula deveria então propor?

Luiza Erundina - Primeiro, tem que haver uma frente democrática, de união nacional. Não necessariamente tem que ser uma frente de esquerda, ortodoxa. E o programa tem que sair não do candidato ou dessa frente, mas da sociedade.

Não vi até agora nenhuma discussão de programa. O que se pretende fazer com a economia, com os prejuízos que este governo deixou, com a austeridade fiscal imposta pelo teto de gastos?

Folha - E como lidar com o bolsonarismo?

Luiza Erundina - Não acho que, ao derrotar o Bolsonaro, estaremos derrotando o bolsonarismo, que é uma corrente ideológica radical de direita e um movimento mundial. Mas no Brasil muita gente já se converteu e viu a bobagem que fez ao eleger esse cara. Percebeu o equívoco.

Folha - O Brasil já teve políticos de direita melhores?

Luiza Erundina - Não, a direita é sempre a direita. Não tem isso de melhor ou pior. É como a história de "capitalismo selvagem": todo capitalismo é selvagem. Agora, essa direita que vive à custa da desigualdade e da discriminação racial e de gênero está atrasada demais.

Eu faço política preocupada com os meus atos e posições. Quando retirei a minha candidatura a vice na chapa do Haddad [na eleição municipal de 2012], depois do encontro do Lula e do Haddad com o [Paulo] Maluf, é porque não faço concessões. Esse pragmatismo é bom na política? Não. Mas, se for para fazer do mesmo jeito, é preferível deixar para a direita, que faz melhor, por não ter escrúpulos.

Folha - Ter chegado ao segundo turno na eleição de 2020 em São Paulo, como vice de Guilherme Boulos (PSOL), deu à sra. novo fôlego?

Luiza Erundina - Sim, sem dúvida. Sou movida a desafios e não consigo viver acomodada, me queixando que tudo está ruim. Acho que tem sempre jeito. Já vivi tanto e vi tanta virada neste país.

Sou de uma família de dez filhos nordestinos, camponeses, sem-terra. Meus primeiros dois irmãos morreram crianças, por subnutrição. E no Nordeste é assim: família pobre e numerosa, quando não morre no primeiro ano de vida, se cria e é forte. E eu sobrevivi.

Folha - Como avalia o governo Ricardo Nunes (MDB) na Prefeitura de São Paulo?

Luiza Erundina - Péssimo. É um prefeito ilegítimo, ele não teve voto. É absolutamente desconhecido do eleitor, uma pessoa que não foi testada pelas urnas. Política é coisa séria. Não pode a prefeitura da maior cidade do país estar na mão de um aprendiz.

Com que sentimento a sra. entra em 2022? Eu cultivo a esperança. A desesperança é conservadora, porque é paralisante. Quando você reduz as expectativas, deixa de agir para mudar aquilo que precisa mudar. Sempre vou acreditar nisso. É por isso que eu vou morrer jovem, apesar da minha idade.

Eu não preciso mais de mandato, poderia estar descansando. Mas não posso. Nasci para fazer as coisas que imagino serem obrigação minha, em nome dos pobres, dos excluídos, dos marginalizados. Eu sou dessa origem. E estou arrastando outras pessoas. É isso o que eu acho que é a política.

RAIO-X Luiza Erundina de Sousa, 87

Nascida em Uiraúna (PB), é deputada federal por São Paulo, em seu sexto mandato. Foi prefeita da capital paulista (1989-1992), além de vereadora, deputada estadual e ministra. Militou no PT de 1980 a 1998, quando migrou para o PSB. Filiou-se ao PSOL em 2016 e concorreu novamente a prefeita. Foi vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo em 2020, derrotada no segundo turno.

EM TEMPO: Convém lembrar que os deputados federais Luiza Erundina e Glauber Braga, ambos do PSOL, foram os nossos principais defensores na aprovação da nossa proposta de implantação da CODEVAM (Companhia de Desenvolvimento do Vale do Mundaú), a qual foi  defendida pelo projetista e engenheiro civil Paulo Camelo de Holanda Cavalcanti e, pela Associação Quilombola do Castainho. Portanto, a proposta foi aprovada por unanimidade pelos integrantes da CLP (Comissão de Legislação Participativa) da Câmara dos Deputados. A nossa madrinha Luiza Erundina se comprometeu a lutar pela implantação da CODEVAM, órgão semelhante a CODEVASF, a qual será  possível num provável governo Lula. 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

General na direção-geral do TSE é uma aberração

BRASIL 247 – Por Jeferson Miola  (*)

27 de dezembro de 2021


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(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil | Carolina Antunes/PR | Valdenio Vieira/PR)  

"A aceitação natural pelas instituições, pela mídia e pelo Congresso desta aberração é tão espantosa quanto a nomeação do general", escreve Jeferson Miola   

O general Fernando Azevedo e Silva foi escalado pela segunda vez para ocupar um alto posto em tribunais superiores do poder civil. Desta vez, como Diretor-geral do TSE, a quem cabe a responsabilidade pelas áreas de cibersegurança, informações e sistema eletrônico da eleição. Assim como aconteceu na primeira nomeação dele para uma Corte superior – para o STF, ocorrida no transcurso da eleição de 2018 – 2022 também é um ano eleitoral. Coincidência?Descrição: .

Segundo noticiado, a ideia inédita de aboletar o general na direção-geral do TSE teria partido dos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes. Para Fachin, “manter as Forças Armadas ao lado da Justiça Eleitoral é um pilar importante para a garantia da estabilidade democrática” [sic]. Não deixa de ser espantoso, além de totalmente absurdo, um ministro da Corte constitucional invocar a presença das Forças Armadas para garantir/tutelar a democracia. Em qual artigo da Constituição da República o ministro fundamenta esta esdrúxula e insustentável opinião?

Em palestra no Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa o general Azevedo e Silva afirmou que “a missão ali é fazer eleições seguras, precisas e divulgar o resultado com vencedor e vencidos independentemente de partido e posição ideológica”. O general poderia resumir sua autoproclamação como tutor da democracia e garantidor de “eleições seguras” numa frase curta: “a Constituição sou eu!”.

Se a eleição está ameaçada de instabilidade e insegurança, é preciso identificar os autores dos atentados e aplicar a Lei. E nem é preciso grande esforço para identificá-los. É notório que quem ameaça criar o clima de “Capitólio de Brasília” e virar a mesa em 2022 é justamente Bolsonaro, o clã miliciano, sua base social insana e os oficiais conspiradores e golpistas que atuam como um partido militar. Em maio passado Bolsonaro ameaçou que “Se não tiver voto impresso, não vai ter a eleição”. Ele foi endossado pelo general Braga Netto, que mandou um recado intimidatório ao Congresso: “A quem interessar, diga que, se não tiver voto impresso e ‘auditável’, não terá eleição”.

domingo, 26 de dezembro de 2021

Bolsonaro: Cofres públicos desembolsaram R$ 5 milhões para motociatas

Foto: Getty Images.

Yahoo, Redação Notícias

dom., 26 de dezembro de 2021

 

·         Segundo informações do levantamento, as motociatas de Bolsonaro já custaram quase R$ 5 milhões aos cofres públicos;

·         A viagem mais cara do presidente foi para Pernambuco no dia 4 de setembro, que custou R$ 607 mil;

·         A Presidência gastou R$ 3,3 milhões no total para Bolsonaro poder participar das motociatas.

De acordo com levantamento realizado a partir dos mais de 50 pedidos via Lei de Acesso à Informação, as motociatas de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) já custaram cerca de R$ 5 milhões aos cofres públicos.

Entre as despesas presentes no montante estão o uso do cartão de pagamento do governo federal e gastos declarados pelos estados, de forma a fazer a segurança da comitiva do presidente e da população. A viagem de Bolsonaro ao Paraná para a motociata do dia 6 de novembro não está no cálculo; o custo não foi divulgado pela Presidência. Os gastos da visita do presidente não foram informados pela Polícia Militar do Paraná.

A primeira motociata aconteceu no dia 9 de maio em Brasília. Desde então, mais 12 eventos ocorreram por quase todo o Brasil, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco e Paraná. Bolsonaro utilizou as ocasiões como palanque político e propaganda para demonstrar sua força durante a queda de popularidade diante de fatores como o avanço da inflação e exposição do governo federal na CPI da Covid.

Por causa dos pedidos formulados pela Lei de Acesso à Informação, o governo divulgou os valores gastos com as viagens. Contudo, detalhes a cerca das despesas não foram informados. O Tribunal de Contas da União (TCU) está analisando os gastos da comitiva presidencial em pedido de integrantes da CPI da Covid no Senado.

A viagem mais cara do presidente foi a para Pernambuco, no dia 4 de setembro, que custou quase R$ 607 mil. A Presidência gastou R$ 3,3 milhões no total para Bolsonaro poder participar das motociatas.

Com informações do Jornal Folha de São Paulo.

EM TEMPO: Campanha eleitoral antes do tempo regulamentar o que é proibido. Além de ser um ato golpista, imitando o Ditador Italiano e Fascista, Benito Mussolini. Bozo é mais hum amostrado e de extrema-direita. Como vai agir o TSE diante dessa campanha eleitoral antecipada e com uso do dinheiro público?

sábado, 25 de dezembro de 2021

A privatização da Atenção Primária à Saúde no Brasil

Mais do mesmo ou aumento das exigências do capital: a ADAPS e o aprofundamento da privatização da Atenção Primária à Saúde no Brasil

Secretariado da Fração Nacional de Saúde do PCB

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, como resultado do acúmulo de lutas dos movimentos populares, social e sindical das duas décadas anteriores, desde seu início já dava mostras das contradições fundamentais que o constituem: propunha-se a ser uma política de saúde inscrita num modelo de proteção social amplo, incompatível com o advento das políticas neoliberais que se instauravam, naquela época, no país.

Mesmo reconhecendo os avanços trazidos pelo SUS à população, as exigências do modelo econômico capitalista neoliberal de diminuição de investimentos em políticas sociais, flexibilização de direitos, dentre outras, podem ser apontadas como condições limitantes ao pleno exercício do direito à saúde, resultando em problemas como restrição de acesso a assistência, medicamentos, insumos e realização de exames, contribuindo com isso para a situação precária em que se encontram os trabalhadores da saúde (más condições de trabalho, salários defasados, perda de direitos, etc.).

Essa orientação política neoliberal, implementada a partir dos anos 1990, não foi rompida por nenhum governo, apesar de diferenças pontuais na execução das políticas de saúde. Hoje podemos caracterizar o SUS como um sistema historicamente subfinanciado, com uma ampla rede de atenção primária à saúde limitada em suas possibilidades assistenciais e uma rede de média e alta complexidade insuficiente, hegemonizada pelo setor privado conveniado ao SUS, que drena ainda mais seus recursos pela venda de serviços. 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Eleitores pobres e da periferia migram de Bolsonaro para Lula, aponta pesquisa

O GLOBO - Bernardo Mello


RIO — Cruzamento realizado com dados da pesquisa Ipec divulgada na semana passada mostra que os eleitores de menor remuneração, cuja renda familiar mensal vai até um salário mínimo, e aqueles que moram em municípios nas periferias de grandes centros urbanos são hoje os que mais acenam com a intenção de migrar do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o ex-presidente Lula (PT) na eleição presidencial de 2022. Entre os que declararam ter votado em Bolsonaro em 2018, segundo o Ipec, 45% apontam intenção de repetir o voto. Já os outros 55% indicam outras opções, inclusive a hipótese de votar branco ou nulo.

A pesquisa do Ipec, realizada entre 9 e 13 de dezembro, apontou que Lula é o principal herdeiro dos eleitores de Bolsonaro, dos quais 22% dizem que votariam no petista hoje.

Saiba mais sobre quem são os eleitores de Bolsonaro em 2018 que planejam votar em Lula em 2022, o comportamento dos eleitores evangélicos e jovens, em reportagem exclusiva para assinantes do Globo.


Reforma do ensino médio e mais precarização do trabalho

Reforma do ensino médio: a aplicação da doutrina neoliberal e a formação da nova classe trabalhadora

UJC de Niterói e São Gonçalo (RJ)

A Reforma do Ensino Médio não pode ser vista como um elemento à parte das demais reformas empreendidas do governo Temer para cá. A Reforma Trabalhista, o Teto de Gastos e a Reforma da Previdência são elementos complementares entre si na aplicação radical do neoliberalismo no Estado brasileiro. Desde sua transformação de Medida Provisória em Lei e aprovação, em menos de 5 meses de tramitação dos “debates” em 2016 no Legislativo, o projeto apresentado mostrava um atropelo para implementação da Reforma a qualquer custo.

Os grandes conglomerados da educação privada, como a Kroton, a Anhaguera – e também organizações liberais como o ‘Todos pela Educação’, foram agentes ativos na redação do texto e nos debates empreendidos pela Câmara.

Algumas das mudanças que marcarão o novo ensino médio brasileiro são: o aumento da carga horária, a aniquilação das ciências humanas e da natureza e a adoção de matérias como empreendedorismo e educação financeira, dão o caráter de qual educação a classe dominante, aliada aos interesses do capital internacional, providenciará para a juventude trabalhadora. Resultado: perpetuação do modo vida alienante, e o desprendimento de inovação tecnológica e científica, alçando o país a ser um eterno reprodutor de tecnologia estrangeira.

A Reforma do Ensino Médio que, em linhas gerais, irá aprofundar um ensino que mesmo antes da sua aplicação, já era tecnicista e alienante em seu conteúdo e precarizado em sua forma e estrutura, o tornará uma máquina de evasão escolar, jogando a juventude para o mercado de trabalho o quanto antes em condições de trabalho precarizada.