31 de março de 2019
Ditadura nunca mais!
Em defesa dos
direitos da classe trabalhadora, pelas liberdades democráticas e pelo Poder
Popular!
O Partido Comunista
Brasileiro (PCB), através de seu Secretário Geral, Edmílson Costa, assinou
manifesto conjunto dos partidos de oposição a Bolsonaro, como forma de externar
a mais veemente repulsa às anunciadas comemorações, pelo governo, ao golpe de
1964 e ao período da ditadura que, imposta pela força das armas para barrar o
crescente movimento popular do início da década de 1960 e favorecer os
interesses do grande empresariado e do imperialismo, promoveu ampla perseguição
política, tortura, assassinou e exilou militantes, massacrou organizações e
pessoas que se opuseram ao regime discricionário.
No entendimento do
PCB, Partido que foi alvo da Operação Radar, criada por Médici e implementada
por Geisel para destruir nossa organização, tendo perdido 1/3 do Comitê
Central, centenas de militantes torturados e exilados, muitos dos quais também
assassinados, é necessária a construção de ampla unidade de ação na resistência
aos ataques que hoje Bolsonaro e seus seguidores promovem contra os lutadores
sociais.
Apesar de
consideramos que o fim da ditadura no Brasil não representou a conquista de
democracia plena, pois foram mantidos os aparatos repressivos dos tempos do
regime autocrático e não se realizaram mudanças estruturais profundas, já que a
transição pelo alto deu continuidade às relações capitalistas e à subordinação
do Brasil ao imperialismo, unimo-nos às manifestações em defesa das liberdades
democráticas e repudiamos toda e qualquer tentativa de se impor ainda mais
restrições às conquistas políticas e sociais duramente conquistadas graças à
luta histórica do povo brasileiro.
Editoria da página do
PCB
Leia, abaixo, o
manifesto na íntegra:
Um dia, 21 anos de
Ditadura Militar
No dia 1º de abril de
1964, tropas amotinadas do Exército Brasileiro depõem o presidente
constitucional e democraticamente eleito do Brasil, João Goulart. O cargo
presidencial foi declarado vago pelo Congresso Nacional ainda em presença do
legítimo presidente em território Nacional.
Iniciava-se um regime
autoritário que suprimiu liberdades e direitos civis e políticos, massacrou a
oposição, perseguiu, sequestrou, torturou, matou e desapareceu com os corpos de
militantes da resistência democrática.
Tal como hoje em que
as liberdades democráticas estão sob ataque, o golpe militar contou com apoio
da coalizão de todos os setores conservadores e reacionários do país.
Soube-se, anos
depois, do papel absolutamente decisivo do imperialismo estadunidense, de
lideranças políticas, empresariais, midiáticas e eclesiásticas que concorreram
para que os setores militares que tomaram a frente do novo regime chegassem a
essa intervenção militar que durou mais de 21 anos de autoritarismo.
Os partidos políticos
abaixo signatários manifestam sua perplexidade com a desfaçatez com que o
Presidente da República, Jair Bolsonaro, adota como chefe de Estado, ao arrepio
da Constituição e da Lei, o discurso de louvação desse regime de exceção que marcou
sua atuação como parlamentar e candidato. Repudiam a convocação pelo Presidente
da República de atos de desagravo ao regime militar e aos piores algozes da
democracia produzidos naquele período.
Não aceitam que
qualquer instituição da República promova o revisionismo histórico e
negligencie a verdade dos fatos que a sociedade brasileira pacientemente veio
construindo nos anos de democracia que se sucederam ao regime de exceção, cujo
ápice se encontra no relatório da Comissão Nacional da Verdade que concluiu
seus trabalhos em 2014.
Assim, os partidos
políticos que se expressam nessa nota apoiam os questionamentos formais feitos
desses atos do novo Governo pelo Ministério Público Federal, no âmbito do
Congresso Nacional e pela sociedade civil brasileira. Se associam aos atos
convocados em todo o país pela democracia, pelo Estado Democrático de Direito,
pelos Direitos Humanos e pelo Direito à Memória, à Verdade e a Justiça. Se
irmanam às vítimas da ditadura, suas famílias e entidades representativas, na
denúncia de seu sofrimento e na sua luta por reparação.
E reafirmam seu
compromisso de continuar lutando contra os retrocessos sociais, econômicos e
culturais que vêm sendo impostos ao povo brasileiro e à soberania da Nação por
este novo Governo, cujas condições de governar vão desabando perante a
população por desatinos e provocações como as que se anunciam para o 31 de
março e o 1º de abril de 2019.
Memória, Verdade,
Justiça!
Ditadura Nunca Mais
Democracia Já
Brasília, 30 de março
de 2019.
Gleisi Hoffmann, presidenta
nacional do PT
Luciana Santos,
presidenta nacional do PCdoB
Carlos Luppi,
presidente nacional do PDT
Carlos Siqueira,
presidente nacional do PSB
Edmilson Costa,
secretário-geral nacional do PCB
Juliano Medeiros,
presidente nacional do PSOL
Conferir a matéria em
Brasil 247:
https://www.brasil247.com/pt/247/poder/388702/Em-manifesto-seis-partidos-da-oposi%C3%A7%C3%A3o-condenam-celebra%C3%A7%C3%A3o-da-ditadura.htm