Jornal O Poder Popular / Fundação Dinarco Reis
A trajetória do
Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 25 de março de 1922, é parte
integrante da história das lutas da classe trabalhadora e dos oprimidos contra
a exploração capitalista e em defesa dos direitos sociais e trabalhistas e
pelas liberdades democráticas, sempre ameaçadas pelos grupos reacionários no
Brasil.
Um dos momentos mais
importantes dessa trajetória foi a atuação dos comunistas na Assembleia
Constituinte de 1946, reunida após a Segunda Guerra Mundial e o fim da ditadura
do Estado Novo, quando o PCB se tornava o principal partido representante do
operariado e das massas exploradas, tendo obtido significativa votação nas
eleições de dezembro de 1945.
A bancada comunista
na Constituinte de 1946
O PCB era a quarta
maior força política da Assembleia Constituinte de 1946, com uma bancada
integrada por um senador (Luiz Carlos Prestes) e 15 deputados (dentre os quais
Carlos Marighella, um dos mais atuantes), todos eles militantes destacados nos
movimentos populares ativos nas décadas de 1930 e 1940, muitos dos quais presos
durante o Estado Novo. O PCB elegeu parlamentares na Bahia, Pernambuco,
Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Apesar de
minoritária, a bancada comunista teve uma intensa participação na Constituinte
e de imediato protestou contra a “Grande Comissão” encarregada de elaborar o
anteprojeto que serviria de base para a apresentação de emendas pelos
deputados. Os comunistas criticaram os aspectos reacionários do anteprojeto,
tais como a negação ao direito de voto a soldados e analfabetos, o não
estabelecimento do critério proporcional na organização do sistema eleitoral, a
falta de autonomia política dos municípios e a proibição de eleições diretas
para governantes em várias cidades do Brasil, o não reconhecimento pleno ao
direito de greve, a não separação entre a Igreja e o Estado e a excessiva
influência do clero católico conservador na redação dos dispositivos
constitucionais.
Na luta por direitos
e pelas liberdades
Os comunistas fizeram
várias propostas em defesa das liberdades democráticas e dos direitos
econômicos, sociais e políticos dos trabalhadores: implantação do
parlamentarismo, extinção do cargo de vice-presidente da República, fim do
Senado e adoção do sistema unicameral; laicidade do ensino nas escolas
públicas; ampla liberdade de crença e livre exercício de cultos religiosos;
instituição do divórcio; desapropriação de terras voltadas à especulação, para
fins de Reforma Agrária; participação dos trabalhadores no lucro e na gestão
das empresas; ampla autonomia e liberdade sindicais; jornada máxima de 8 horas
de trabalho; nacionalização de trustes e monopólios; extensão da legislação
trabalhista aos trabalhadores do campo; direito de greve aos funcionários
públicos; garantia de asilo a todos os perseguidos políticos; supressão da
censura prévia para a publicação de livros e periódicos, dentre muitas outras.
Embora a maior parte
das propostas tenha sido rejeitada, algumas foram aprovadas, como a ampla
liberdade religiosa e de culto (emenda de Jorge Amado), a maior remuneração
para o trabalho noturno, o acréscimo do item “Higiene e Segurança do Trabalho”
nas recomendações a serem observadas pela legislação trabalhista, a
transferência para os municípios de 10% do imposto de renda arrecadado pela União
e a isenção de tributos à importação de livros, periódicos e papel de imprensa.
Mas este movimento de
afirmação política foi brutalmente interrompido pela Guerra Fria: entre 1947 e
1948, o Partido é posto na ilegalidade e perseguido pelo Governo Dutra.
Compelido à clandestinidade, o PCB respondeu à truculência do governo do
Marechal Dutra com uma política menos ampla (expressa nos Manifestos de 1948 e
1950), o que conduziu os comunistas a um isolamento político.
XX Congresso do PCUS:
conflitos
As tensões explodem
em 1956, com o impacto do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética
(PCUS): a denúncia do chamado “culto à personalidade de Stalin” catalisou a
atenção dos militantes e irrompeu no interior do PCB, provocando a emersão de
divergências e conflitos internos.
A luta interna que se
seguiu ao impacto causado pelo XX Congresso do PCUS (na qual, além de um número
expressivo de militantes, o PCB perdeu importantes dirigentes e quadros
intelectuais) começou a ser ultrapassada em março de 1958, quando foi divulgada
a Declaração Política que propunha uma nova perspectiva de ação dos comunistas.
A Declaração de Março vinculava a conquista do socialismo à ampliação dos
espaços democráticos e formulava uma estratégia revolucionária de longo prazo.
Partido Comunista
Brasileiro, PCB
O V Congresso do PCB
(realizado em setembro de 1960) consolidou esta orientação e pôs como tarefa
imediata a conquista da legalidade, para o que era necessário o Partido se
adequar juridicamente à legislação partidária, inclusive com a mudança do nome
“Partido Comunista do Brasil (PCB)”, que existia desde a fundação, em março de
1922, designando a Seção Brasileira da Internacional Comunista, para Partido
Comunista Brasileiro – PCB.
Posteriormente, o
nome Partido Comunista do Brasil seria restaurado por dirigentes e militantes
comunistas que saíram do PCB e criaram, em fevereiro de 1962, o PC do B, uma
outra organização comunista, que, na época, discordara do processo de
“desestalinização” ocorrido na União Soviética e, mais tarde, numa variação de
sua linha político-ideológica (a exemplo do que voltaria a acontecer outras
vezes na trajetória deste partido), haveria de se vincular ao maoísmo.
Golpe da burguesia e
dissidências
Com a nova
orientação, o PCB experimentou grande crescimento. Renovando amplamente o seu
contingente de militantes, passou a exercer papel hegemônico na
intelectualidade de esquerda e, principalmente, aumentou sua influência no
movimento sindical, articulando alianças amplas e flexíveis, que se mostraram eficazes
em certas conjunturas políticas difíceis, como, por exemplo, na posse de João
Goulart, em setembro de 1961. Tais alianças, contudo, justamente por sua
amplitude, muitas vezes colocaram o Partido a reboque do interesse de outras
classes, fragilizando seu papel de vanguarda política do proletariado. Foi
neste sentido que o golpe de abril de 1964, articulado pelas frações
hegemônicas da burguesia monopolista brasileira, não encontrou nem nas forças
populares, nem no Partido as condições necessárias à resistência imediata,
impondo ao PCB e ao conjunto das forças democráticas e de esquerda mais um duro
período de repressão e clandestinidade.
O Partido, porém, se
recompôs e definiu uma linha de ação antiditatorial centrada na recusa de
quaisquer propostas que não envolvessem ações políticas de massas. Esta recusa
ao foquismo e às várias formas de luta armada que não levassem em conta a
necessidade de organização e participação do movimento de massas, representando
uma fase de predominância do esquerdismo político no combate à ditadura, custou
ao PCB a perda de importantes dirigentes, tais como Carlos Marighela, Mário
Alves, Jacob Gorender e Apolônio de Carvalho, dentre tantos outros. Esta
orientação foi ratificada no VI Congresso que o PCB realizou em dezembro de
1967, uma vitória contra a repressão que se instalara no país.
Repressão e exílio
Os anos seguintes,
balizados pela fascistização do regime ditatorial (principalmente a partir do
Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968), marcaram, paradoxalmente, a
comprovação do acerto da estratégia política do PCB. Ao mesmo tempo em que a
combinação da ação política clandestina com a utilização dos espaços legais
(especialmente através da atuação no interior do MDB) revelava-se a forma
correta de isolar o regime ditatorial, o PCB era violentamente golpeado. Entre
1973 e 1975, um terço de seu Comitê Central foi assassinado pela repressão, e
milhares de militantes foram submetidos à tortura, alguns até a morte, dentre
os quais o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manuel Fiel Filho. Os
governos sanguinários de Médici e Geisel foram responsáveis pela criação e
implementação da chamada Operação Radar, desencadeada pelas forças da repressão
para destruir o PCB, considerado então o inimigo número 1 da ditadura, pela sua
capacidade de organização e de articulação política eficiente com o conjunto
das forças sociais de oposição ao regime autocrático.
Nem por isso os
comunistas deixaram de intervir ativamente na vida brasileira. Mesmo tendo a
maioria da sua direção exilada e boa parte presa nos presídios da ditadura, o
PCB desenvolveu uma política que privilegiava a unidade das forças
democráticas. Assim, com a conquista da anistia, que fazia parte do programa do
PCB desde o VI Congresso (1967), em setembro de 1979, o retorno de dirigentes e
militantes que estavam no exterior e a volta à vida social de quadros que
estavam na clandestinidade foram elementos centrais na dinamização da luta
contra a ditadura em sua crise mais aguda, após o fim do chamado ciclo do milagre
econômico.
VII Congresso do PCB:
a consolidação da “via democrática”
Reestruturando-se em
todo o país desde 1979, o PCB realizou, em dezembro de 1982, o seu VII
Congresso, que formulou uma linha política para as novas condições da
sociedade, sob o título “Uma alternativa democrática para a crise brasileira”.
O PCB atualizava o seu projeto de tornar-se um partido nacional de massas
vinculando organicamente o objetivo socialista a uma democracia de massas, a
ser construída no respeito ao pluralismo e nos valores fundamentais da
liberdade.
O Partido, no
encaminhamento deste Congresso, viu-se mais uma vez engolfado por lutas
internas de graves consequências. Por um lado, o chamado eurocomunismo (que
propunha a ocupação de espaços no interior da sociedade burguesa sem uma clara
afirmação da luta de classes e da derrubada revolucionária do capitalismo, numa
leitura deturpada e rasteira das ideias do dirigente comunista italiano Antonio
Gramsci) havia construído sólidas bases no pensamento partidário. Por outro
lado, o grupo liderado por Luiz Carlos Prestes, divergindo da orientação da
maioria do Comitê Central, rompia com o Partido, após inúmeros embates que
vinham se acirrando desde o exílio.
Devido às
divergências internas e ao fato de o Congresso não ter terminado, tendo sido
invadido pelas forças de repressão, o Comitê Central, somente no ano de 1984,
conseguiu publicar o documento final de “Uma Alternativa Democrática para a
crise brasileira”, documento este permeado de contradições geradas pela
tentativa de contemplar as principais facções e abafar os conflitos internos,
buscando evitar, por alguns anos, a fragmentação partidária.
Mesmo assim, tendo
como Secretário-Geral o ex-combatente de 1935 Giocondo Dias, o Partido alcançou
ganhos na cena política, apesar de muito enfraquecido no interior dos
movimentos populares (especialmente no interior do movimento operário, no qual
sua política de conciliação de classes viu-se amplamente questionada). Esta
débil inserção nos movimentos acabaria por fragilizar a intervenção política do
PCB, em que pese sua relevância nas articulações institucionais da esquerda e
do campo democrático. Assim, no decurso da derrota da ditadura e da transição
democrática, o Partido não se afirmou como organização de massas, nem esteve na
vanguarda das principais lutas e greves operárias no decorrer dos anos 1980,
mesmo tendo participado com destaque em inúmeras lutas sindicais, a exemplo da
atuação no Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e outros.
Legalidade e crise
O VIII Congresso
(Extraordinário), já realizado sob condições de legalidade, em julho de 1987,
não fez avançar a política do PCB: importantes questões táticas (por exemplo, a
ação sindical e a política de alianças) e estratégicas (o próprio formato da
organização partidária, a concepção de um caminho brasileiro para o socialismo)
não foram efetivamente equacionadas. Uma crise velada atingia o conjunto
partidário, expressa na estagnação do contingente de militantes, na perda de
inserção no movimento sindical, na pobreza dos resultados eleitorais e na
ineficiência dos instrumentos partidários, como o semanário Voz da Unidade e
todas as publicações da Editora Novos Rumos , que não eram legitimados pela
militância.
O IX Congresso
(1991), levado a cabo na sequência da queda do Muro de Berlim, mostrou o
Partido dividido, desde o Comitê Central até as bases, entre aqueles que
desejavam capitular frente à ofensiva neoliberal e adaptar-se ao novo ciclo de
hegemonia burguesa e aqueles que propugnavam a reconstrução revolucionária do
Partido. Já neste processo, os liquidacionistas pretendiam mudar o nome e o caráter
marxista-leninista do Partido, sendo impedidos de fazê-lo pela enorme
resistência de alguns dirigentes e das bases partidárias.
X Congresso do PCB: o
racha
A crise explodiu no X
Congresso extraordinário (em janeiro de 1992, em São Paulo), montado com o
único intuito de, finalmente, levar a cabo as propostas liquidacionistas. O
embate se deu entre uma maioria numérica forjada, da qual participaram não
filiados ao PCB e membros de outros partidos, e os militantes do Movimento
Nacional em Defesa do PCB, isto é, entre os que sairiam para criar o Partido
Popular Socialista – PPS e aqueles que reclamavam a continuidade do PCB.
No mesmo instante em
que a maioria forjada votava pela liquidação do Partido, os militantes do
Movimento Nacional em Defesa do PCB, após exporem sua decisão e objetivo na
abertura do espúrio X Congresso, se retiraram em passeata até o Colégio
Estadual Roosevelt. Ali, foi realizada a Conferência Extraordinária de
Reorganização do PCB, que decidiu, por aclamação, pela continuidade do Partido,
com manutenção do seu nome e sigla históricos, prosseguindo na luta pelo
socialismo.
A retomada: a luta
pela reconstrução revolucionária do PCB
A luta pela
existência do PCB se deu em várias frentes: na luta de massas e no nível legal
e institucional. Os militantes mantiveram vivo o Partido nos movimentos de
massa, afirmando nos espaços de luta popular a reconstrução revolucionária do
PCB. Na Justiça Eleitoral, foi travado um embate de mais de um ano pelo direito
ao uso da sigla histórica. Ao final da disputa legal, a sentença do então
ministro do TSE, Sepúlveda Pertence, deixou claro que a sigla PCB e seu símbolo
só poderiam pertencer a quem de fato se afirmava herdeiro do legado político e
histórico do Partido.
Iniciou-se a
reorganização do Partido nos movimentos de massa, especialmente nos movimentos
estudantil e sindical. Neste período, para definir nova linha política e o
caráter do Partido, foram realizados uma Conferência Política Nacional em
Brasília (1995) e dois Congressos: o X Congresso no Rio de Janeiro (1993), que
ratificava o propósito de construir no Brasil uma alternativa revolucionária,
tendo no marxismo sua base teórica e na construção do Partido junto ao
movimento de massas a tarefa primordial visando a organização consciente do
proletariado para as transformações rumo ao socialismo no Brasil; o XI
Congresso, também no Rio (1996), que superou as avaliações
nacional-libertadoras e etapistas que ainda vicejavam desde o racha com o PPS.
Estes ricos processos de debates da militância partidária afastaram de vez
qualquer formulação reformista e enfatizaram o caráter revolucionário do PCB.
Retomaram o conceito de centralismo democrático, de acordo com suas origens, e
reafirmaram o caráter marxista-leninista do Partido. No mês de abril de 2000,
em Xerém (Rio), realizou-se o XII Congresso. Além de aprofundar sua leitura
sobre a conjuntura política nacional e internacional e formular a sua atuação
política, os comunistas do PCB avançaram em outras questões que se colocam para
a sociedade no enfrentamento à exploração capitalista. A construção de uma
frente das esquerdas em um projeto de confronto ao neoliberalismo e a unidade
dos comunistas no Brasil foram importantes resoluções aprovadas pelo Congresso.
A consolidação da política de organização leninista foi concretizada na
aprovação do novo estatuto partidário.
Em março de 2005, em
Belo Horizonte, o PCB realizou seu XIII Congresso e reforçou a compreensão de
que a “revolução socialista é um processo histórico complexo”, isto é, que o
“triunfo do Socialismo não é um fato que acontecerá de forma natural ou
inexorável, como afirmam algumas leituras mecanicistas da obra de Marx, mas sim
uma possibilidade histórica que deve ser construída”. Balizou a necessidade de
ruptura com a política governamental que o então Presidente Lula desenvolvia no
país, sob uma orientação social-liberal e conciliadora com os interesses e
perspectivas das elites e do imperialismo. Em janeiro de 2006, o PCB decidia
por não mais atuar nos fóruns da CUT (Central Única dos Trabalhadores), por
entender que esta entidade tornara-se um braço governamental e promotor da
conciliação de classes. O Partido contribuiu para a construção da Intersindical
– instrumento de organização e luta da classe trabalhadora – e propôs o debate
sobre os desafios colocados para o movimento sindical de corte classista, na
perspectiva da construção de uma nova e ampla entidade sindical, classista,
democrática e independente, capaz de conduzir as lutas do proletariado, em
especial da classe operária brasileira.
XIV Congresso:
construir o Bloco Revolucionário do Proletariado
No XIV Congresso,
realizado em outubro de 2009 no Rio, comprovou-se o acerto no trabalho de
reinserção do PCB no movimento comunista internacional e de solidariedade
militante aos partidos, movimentos e governos que avançavam na luta
anticapitalista e anti-imperialista em todo o mundo. Verificou-se a forte
presença de convidados estrangeiros ao Congresso, através das delegações dos
Partidos Comunistas Cubano, Grego, da Alemanha, dos Povos da Espanha, dos
Mexicanos, Libanês, Colombiano, da Venezuela, da Bolívia, do Chile, Peruano,
Paraguaio, Argentino, do Polo do Renascimento Comunista Francês, da Frente
Popular de Libertação da Palestina, da Coordenadora Continental Bolivariana, do
Partido Comunista do Vietnã e do Partido do Trabalho da Coréia.
Também compareceram,
como convidados, companheiros do PSOL, do PSTU, do PDT, do PH, da Consulta
Popular, do MST, do PCR, da Intersindical, da CUT, da Refundação Comunista, do
CECAC, de entidades de solidariedade internacionalista e da nossa querida União
da Juventude Comunista, demonstrando o crescimento do trabalho do PCB no
interior dos movimentos sociais e políticos no Brasil.
No XIV Congresso, o
PCB afirmava que o Brasil já tinha cumprido o ciclo burguês, tornando-se uma
formação social capitalista desenvolvida, terreno propício para a luta de
classes aberta entre a burguesia e o proletariado. E asseverava que o cenário
da luta de classes mundial e suas manifestações no continente latino-americano,
o caráter do capitalismo monopolista brasileiro e sua profunda articulação com
o sistema imperialista mundial, a hegemonia conservadora, os resultados deste
domínio sobre os trabalhadores e as massas populares no sentido de precarização
da qualidade de vida, desemprego, crescente concentração da riqueza e
flexibilização de direitos levavam a reafirmar que o caráter da luta de classes
no Brasil inscreve a necessidade de uma ESTRATÉGIA SOCIALISTA.
Para tanto, propôs a
formação de uma frente política permanente de caráter anticapitalista e
anti-imperialista, que não se confunda com mera coligação eleitoral, na
perspectiva da constituição do Bloco Revolucionário do Proletariado como um
movimento rumo ao socialismo.
XV Congresso: lutar,
criar Poder Popular!
No XV Congresso,
realizado em abril de 2014, os militantes do PCB reafirmaram categoricamente a
contradição entre capital e trabalho em nível global como a contradição
fundamental a exigir a organização da classe trabalhadora na luta contra o
sistema dominante. Mesmo reconhecendo que as mutações sofridas pela classe
trabalhadora no quadro do redimensionamento global do capitalismo atual
acarretaram alterações muito expressivas no conjunto do proletariado, fazendo
com que, nos dias de hoje, ela seja bastante diferente do proletariado
industrial identificado como sujeito revolucionário do Manifesto do Partido
Comunista, consideravam ser esse contingente de trabalhadores, por sua posição
central no processo de produção de riquezas, o grupo capacitado a assumir o protagonismo
na luta de classes, rumo à construção do socialismo e da sociedade comunista.
Como alternativa à
ordem burguesa, o XV Congresso avançava na formulação acerca do Poder Popular,
cujo processo de construção deve se dar a partir das ações independentes da
classe trabalhadora em seus embates contra as manifestações concretas do
capitalismo, através de mobilizações, greves e movimentos que coloquem em
marcha os diferentes segmentos do proletariado e da classe trabalhadora em
geral. Tais lutas podem vir a se transformar em enfrentamentos mais intensos
contra o sistema capitalista, mas somente a unidade programática em torno de
eixos comuns capazes de unificar as demandas setoriais fragmentadas em uma
pauta cada vez mais precisa de bandeiras e reivindicações, dará forma efetiva
ao campo popular e de esquerda, no rumo de um programa político de
transformações de caráter anticapitalista. Deste modo, o Poder Popular assumirá
sua potencialidade como germe de um novo Estado sustentado pelas massas
populares e pela classe trabalhadora, como germe de um Estado Proletário – a
Ditadura do Proletariado – que conduzirá a transição socialista visando a
erradicar a propriedade privada, as classes e, portanto, o próprio Estado
através da livre associação dos produtores.
A Declaração Política
elaborada pelo Comitê Central eleito no XV Congresso afirma:
“A reconstrução
revolucionária do PCB avança agora com um Partido renovado, dinâmico, presente
nas diferentes frentes de luta da classe trabalhadora e em todas as regiões do
país, coeso em torno de formulações precisas e princípios revolucionários,
buscando organizar os trabalhadores em seus locais de trabalho e moradia,
atento à conjuntura nacional e internacional e ciente da imensa tarefa e
responsabilidade de representar os ideais do comunismo neste século.”
No momento atual,
vivemos uma conjuntura de retrocessos políticos em que trabalhadores e
trabalhadoras sofrem os intensos ataques dos capitalistas e dos governos a eles
submissos, como o de Bolsonaro, que pretende destruir o conjunto de conquistas
sociais obtidas por meio de muita luta ao longo de todo o século XX e
princípios deste século, mesmo período em que o PCB se firmou no cenário
nacional, com suas ações combativas e muitas vezes heroicas ao lado da classe
trabalhadora. Mirando-nos no exemplo histórico dos comunistas do PCB,
seguiremos firmes na resistência e avançaremos na direção do Poder Popular e de
um Brasil Socialista.
FOMOS, SOMOS E
SEREMOS COMUNISTAS!
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