segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Defesa divulga carta de Lula; leia na íntegra


(Ajay Aggarwal/Hindustan Times via Getty Images)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou, por meio de seu site oficial, carta ao povo brasileiro. No novo documento, afirma que não irá “aceitar barganhar direitos e liberdade".
Novamente, o ex-presidente fez acusações contra o ministro da Justiça, Sergio Moro, que foi o juiz responsável por julgar seu caso. Lula também escreveu sobre o que diz serem erros e mentiras da operação Lava Jato.

Por fim, Lula reiterou o que tem dito em entrevistas recentes: que acredita em suas convicções e que sairá da cadeia provando ser inocente.
Leia a íntegra do documento:
“Ao povo brasileiro,
Não troco minha dignidade pela minha liberdade.
Tudo que os procuradores da Lava Jato realmente deveriam fazer é pedir desculpas ao povo brasileiro, aos milhões de desempregados e à minha família, pelo mal que fizeram à Democracia, a Justiça e ao país.
Quero que saibam que não aceito barganhar meus direitos e minha liberdade.
Já demonstrei que são falsas as acusações que me fizeram. São eles e não eu que estão presos às mentiras que contaram ao Brasil e ao mundo.
Diante das arbitrariedades cometidas pelos Procuradores e por Sergio Moro, cabe agora à Suprema Corte corrigir o que está errado para que haja justiça independente e imparcial. Como é devido a todo cidadão.
Tenho plena consciência das decisões que tomei nesse processo e não descansarei enquanto a verdade e a justiça não voltarem a prevalecer.
Curitiba - 30/09/2019”




RESISTÊNCIA DE BOLSONARO NAS PESQUISAS

Crédito da foto:  O Estado de São Paulo. Em 18.05.2019

Fonte: Blog do Magno Martins em 30.09.2019


 A resiliência de Jair Bolsonaro nas pesquisas

De O Estado de S. Paulo - Coluna do Estadão
       
Apesar do viés de baixa nas recentes pesquisas de avaliação, o fenômeno Jair Bolsonaro tem impressionado pesquisadores mais experientes por sua resiliência. Mesmo com a economia ainda patinando e sob ataque intermitente de adversários políticos, inclusive internacionais, o presidente perde apoios na sociedade num ritmo considerado lento e que começa a dar sinais de desaceleração (se não ocorrerem fatos negativos novos). O segredo da resistência de Bolsonaro? A brutal polarização da sociedade, na qual opiniões não convergem para o centro.
Na série de pesquisas do Ibope deste ano, em abril, 35% dos entrevistados disseram que o governo Bolsonaro era ótimo ou bom. Em junho, 32%. Neste mês, 31%. Na outra ponta da pesquisa, o ruim ou péssimo, os índices foram 27%, 32% e, agora, 34%.
Mantido esse ritmo, a equipe de Ciência de Dados da Quaest Consultoria fez os cálculos: estima que porcentual de ruim/péssimo do governo Bolsonaro chegará a 45% entre o fim de dezembro do ano que vem e o início de janeiro de 2021.
Em 2015, o governo Dilma saltou de 24% de ruim/péssimo em fevereiro para 69% em junho (quase quatro meses apenas), conforme o Ibope. Analistas acham que, acima de 45% de rejeição, governos perdem muito apoio no Parlamento. Naquele ano, a Câmara abriu o processo de impeachment da petista.
EM TEMPO: É muito simples entender essa questão da “resiliência”, uma vez que a mesma reside na característica conservadora da maioria da população brasileira e na baixa cultura de considerável parcela do nosso povo (grifo do blog de Paulo Camelo).



domingo, 29 de setembro de 2019

Tensão crescente sobre futuro da Lava Jato invade o Supremo




CORREIO BRASILIENSE – Por Jorge Vasconcellos


© Nelson Jr/SCO/STF Plenário do Supremo Tribunal Federal: com seis dos 11 votos a favor, ministros julgaram que réus em acordos de colaboração com a Justiça devem apresentar defesa depois dos delatores. Decisão pode levar à anulação de 32 sentenças.



O futuro da operação que nos últimos cinco anos se consolidou como referência no combate à corrupção está coberto de incertezas. Em um cenário de crescente tensão entre instituições e poderes, uma série de revezes se abateu sobre a Lava Jato e seus integrantes. Os abalos vão desde o vazamento de mensagens privadas dos procuradores a julgamentos decisivos no Supremo Tribunal Federal (STF). De um lado, apoiadores denunciam uma articulação para livrar políticos de investigações, enquanto, de outro, os críticos apontam parcialidade nas decisões judiciais e exploração política e até financeira da operação.

Os membros da força-tarefa começam a semana com mais uma grande preocupação. Na quarta-feira, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, vai apresentar uma proposta para delimitar o alcance do entendimento da Corte de que réus que não firmaram acordos de colaboração premiada devem apresentar as alegações finais depois dos delatores. Segundo levantamento da Lava Jato, essa tese, firmada durante julgamento na semana passada, poderá levar à anulação de 32 sentenças, favorecendo 143 condenados na operação.

A preocupação é ainda maior porque o plenário da Suprema Corte vai discutir a questão ainda sob o impacto das recentes confissões do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em entrevistas, ele contou que, em maio de 2017, entrou armado no STF com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes. O episódio é considerado o mais tenso da conflituosa relação entre a força-tarefa, da qual Janot era o líder maior, e o tribunal.

sábado, 28 de setembro de 2019

O Novo Plano Condor no Continente


IHU – UNISINOS

“Como especialistas em Direito Internacional Público, somos obrigadas a alertar para o grave perigo de reviver o TIAR, bastante em desuso, para dotá-lo de competência criminal e persecutória nas relações interamericanas, em especial no atual contexto das guerras híbridas que abalam a região. Destacamos que o uso anômalo, que extrapola os limites da própria finalidade, configura violações contundentes aos princípios basilares do direito internacional”.
O artigo é de Gisele Ricobom, Larissa Ramina e Carol Proner, doutoras em direito internacional, membros da Secretaria de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD, publicado por Jornal GGN, 25-09-2019.
Eis o artigo.
No último dia 11 de setembro, o Conselho Permanente da OEA, por iniciativa da Colômbia, decidiu invocar o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca – TIAR contra a Venezuela sob o argumento de que o governo estaria vinculado ao narcoterrorismo e que abrigaria, treinaria e financiaria os remanescentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e do Exército de Libertação Nacional (ELN).

Menos de duas semanas após, em reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores, foram definidas resoluções a serem implementadas no marco do Mecanismo de Segurança Coletiva, prevendo todas as medidas disponíveis para “investigar, processar, capturar, extraditar e punir” pessoas ou entidades associadas ao regime de Nicolás Maduro por atividades ilícitas de ativos, tráfico de drogas e terrorismo. E ainda, identificar pessoas que exerçam ou tenham exercido funções como altos funcionários do governo da Venezuela, que tenham participado de atos de corrupção ou de violações graves aos direitos humanos.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

A crise de uma estratégia



Contrapoder
Por  Mauro Luis Iasi*

Nosso maior problema é que a crise em que estamos não é uma mera crise política conjuntural, mas a crise terminal de uma estratégia que, tendo se desenvolvido plenamente, encontrou seus limites intransponíveis.
Uma estratégia é o caminho escolhido por forças políticas que procuram transformações sociais, é a forma como se espera combinar as ações realizadas para atingir o objetivo esperado. No entanto, ela não pode ser compreendida pela pura intencionalidade dos sujeitos e dos protagonistas políticos em cada momento, uma vez que é, também, a expressão de uma época, de seus acúmulos e certezas, de uma certa leitura de nossa formação econômico-social.
A estratégia que predominou em nossa época é a Democrática Popular e seu protagonista é, sem dúvida, o Partido dos Trabalhadores. Ela se fundamenta em três convicções: a) o desenvolvimento do capitalismo brasileiro deixou de realizar tarefas da revolução burguesa (reforma agrária, desigualdades regionais e sociais, consolidação de uma ordem democrática, etc.); b) estas tarefas não podem ser enfrentadas em aliança com uma suposta burguesia nacional e tem por protagonistas as classes populares (trabalhadores do campo e da cidade e demais setores explorados pelo capitalismo); c) o caminho de realização da estratégia (o que chamamos de via) seria o acúmulo de forças que combinaria um forte movimento de massas com acúmulos institucionais que culminaria na chegada à Presidência da República para realizar um conjunto de reformas apresentadas no Programa Democrático-Popular (antimonopolista, antilatifundiário e anti-imperialista).

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Jarbas: Decisão do Governo é irresponsável e desleal


O senador Jarbas Vasconcelos ocupou a Tribuna do plenário da Casa, hoje, para criticar a decisão do Governo Federal que autorizou a importação sem taxação de 750 milhões de litros de Etanol do EUA para serem distribuídos nos nove estados do Nordeste.

“Essa medida do Governo é um ato de insensibilidade e irresponsabilidade com o povo trabalhador da região. Essa importação foi autorizada justamente no período da safra de cana-de-açúcar, o que atinge em cheio e de forma desleal a vida dos produtores e trabalhadores do setor”, afirmou o senador pernambucano.
Na avaliação de Jarbas, a decisão do Governo não é justa nem correta com um setor tão relevante para a economia da nossa região. A indústria sucroenergética do Nordeste – mesmo diante das dificuldades climáticas e geográficas –, se modernizou e é referência em eficiência produtiva.
Atualmente são cerca de 60 usinas que empregam diretamente 300 mil trabalhadores e produzem 2,2 bilhões de litros de Etanol por ano. “É essa produção e são esses empregos que estão agora ameaçados por conta da decisão de privilegiar a importação ao invés de fortalecer a nossa economia”, disse o senador.
Para tentar barrar essa decisão, Jarbas e os demais parlamentares nordestinos – senadores e deputados –, estão se reunindo para tentar colocar em votação um decreto legislativo que pode barrar essa importação. “Não iremos nos calar diante de mais um ato de desrespeito com o povo nordestino”, finalizou.
EM TEMPO: Os demais parlamentares que foram eleitos e bem votados em Garanhuns/PE, nas Eleições de 2018, vão se posicionar a esse respeito? Ou o silêncio irá dominá-los? 


Invasões a terras indígenas disparam sob Bolsonaro, aponta conselho da CNBB


 
© Lucas Landau/Rede Xingu + Indígenas se apresentam durante encontro que reuniu representantes 14 etnias e de quatro reservas extrativistas na Terra Indígena Menkragnoti, no Pará  (grifo do blog)


RUBENS VALENTE,   Folhapress 


BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O número de invasões a terras indígenas no país explodiu durante os nove primeiros meses do governo Jair Bolsonaro, segundo dados preliminares divulgados nesta terça-feira (24) pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Em todo o ano passado, segundo o Cimi, foram registrados 111 casos do tipo em 76 terras indígenas. Somente de janeiro a setembro deste ano, o número pulou para 160 invasões em 153 terras indígenas.
Ou seja, faltando ainda três meses para encerrar 2019, já há um aumento de 44% no total de ataques e de 101% no de terras atingidas.
No ano passado, os ataques ocorreram em 13 estados da Federação. De janeiro a setembro, os ataques ocorreram em 19 estados.
O aumento das invasões é ainda maior quando considerados os últimos três anos. Em 2016, foram 59 casos, menos da metade do número registrado nos primeiros nove meses de 2019.
Os ataques às terras indígenas incluem, segundo o Cimi, "arrendamento e loteamento de terras indígenas; invasões; desmatamento; destruição de patrimônio; exploração ilegal de recursos naturais; garimpo de ouro e diamantes; contaminação de rios; queimadas e incêndios; caça e pesca ilegal; e contaminação por agrotóxicos e metais pesados, dentre outras ações criminosas que incluem a abertura de rotas para o tráfico de drogas".
Além disso, também cresceu 22% o número de indígenas assassinados em 2018, na comparação com 2017, passando de 110 casos para 135.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Witzel e Bolsonaro deram à polícia “licença para matar”


Juca Guimarães
Brasil de Fato
São Paulo (SP)
Episódios como o assassinato da estudante Ágatha Félix, de 8 anos, ocorrido na sexta-feira (20) no Rio de Janeiro, são resultado direto da autorização tácita para matar que policiais e outros agentes do Estado vêm recebendo de autoridades como o governador fluminense, Wilson Witzel (PSC), e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A avaliação é de Julita Tannuri Lemguber, socióloga, ex-diretora do Sistema Penitenciário e ex-ouvidora da Polícia no Rio.
Ágatha estava dentro de uma kombi com o avô, no Complexo do Alemão, quando foi baleada nas costas. Moradores afirmaram que PMs atiraram contra uma moto que passava pelo local, e o tiro atingiu a criança.
“No momento em que você tem governantes como o Bolsonaro e o Witzel, que defendem o excludente de ilicitude, ou seja, defendem que o policial pode matar e não responder por isso, é claro que a polícia se sente com licença para matar”, disse a socióloga.
A figura do “excludente de ilicitude” consta do pacote de “Leis Anticrime” produzido pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, e que está em análise no Congresso Nacional. O “excludente” prevê atenuantes para policiais que cometerem assassinatos, inclusive o direito de sequer responder judicialmente pelo ato.
A “licença para matar” pode ser traduzida em números. Nos primeiros seis meses deste ano, quando começaram os mandatos de Bolsonaro e Witzel, a polícia do Rio matou 881 pessoas, aumento de 15% em relação a igual período ano passado (769 mortes).
O número, em termos estatísticos, equivale a 5,2 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Para se ter uma ideia da gravidade, em São Paulo, onde o governador João Doria (PSDB) também defende a letalidade policial, esse índice é de 0,9 por 100 mil. Os dados são do Instituto de Segurança Pública, no Rio, e da Secretaria de Segurança Pública, em São Paulo.

PT REPUDIA AMEAÇAS A ZÉ CARLOS DO CASTAINHO



O grupo “Amarra teu arado a uma estrela”, do Partido dos Trabalhadores em Garanhuns, divulga Nota de Repúdio  contra as ameaças sofridas pela liderança quilombola,  José Carlos Lopes,  da comunidade do Castainho. 

Nós, que fazemos parte do Partido dos Trabalhadores, em Garanhuns, vimos, por meio desta Nota, manifestar o nosso repúdio as ameaças de morte sofridas pelo senhor José Carlos Lopes, liderança quilombola da comunidade do Castainho, localizada na área rural da referida cidade. 

Zé Carlos, como carinhosamente o conhecemos, é uma importante liderança da luta das comunidades quilombolas, tendo seus trabalhos, comunitário e social, sendo reconhecidos estadual e nacionalmente. De muitas conquistas, ele esteve à frente lutando pelos moradores do Castainho e, de modo geral, para o movimento quilombola de Pernambuco, pois as principais delas, foi tornar o Castainho como a primeira comunidade quilombola, remanescente de quilombos, a ser reconhecida pela Fundação Cultural Palmares e a primeira a ter seu território regularizado pelo INCRA, no estado de Pernambuco, o que possibilitou a concretização de muitas outras vitórias. 

Ao longo de sua história, sr. Zé Carlos esteve à frente de inúmeras parcerias estabelecidas com diversas instituições, entre elas, a UFRPE-UAG, o IPA, a FUNDARPE, a Secretária de Cultura de Pernambuco, a FUNASA, entre outras, que desenvolvem, há vários anos, trabalhos de desenvolvimento local e social na comunidade do Castainho. 

No entanto, vivemos tempos em que as relações democráticas, vividas no cotidiano, vêm sendo atacadas e destruídas. O Brasil tem se tornado um dos países mais perigosos para a militância democrática, em defesa de direitos sociais e humanos. No campo, lideranças rurais que lutam por direitos sociais e de território de populações quilombolas, indígenas e de agricultores familiares, são, cada vez mais, ameaçadas e assassinadas, em vários lugares do país, e tais crimes cometidos, muitas vezes, ficam impunes, ao longo tempo, naturalizando tais práticas. 

Por isso, não podemos aceitar essa banalização da vida, a perseguição e a ameaça torpe, por partes daqueles que, para conseguirem o que querem, recorrem ao recurso da violência, em todos os seus matizes, alicerçando as injustiças sociais, histórica e culturalmente falando. Nesse sentido, ao nos indignarmos, reafirmamos toda a nossa solidariedade e apoio ao companheiro José Carlos Lopes, bem como às demais comunidades quilombolas de Garanhuns, principalmente no tocante às lutas que realizam pelos seus locais de vida, moradia e agricultura. 

Em defesa da vida, da democracia e dos direitos e liberdades individuais! Não à violência! Nenhum(a) de nós a menos! 

Amarra teu Arado a uma Estrela  
Partido dos Trabalhadores – Garanhuns

Fonte:  Blog do Roberto Almeida

Ágatha, Raoni e Marielle: a realidade que ameaça abafar a voz de Bolsonaro na ONU. Mais as queimadas na Amazônia (grifo nosso)



EL PAÍS - Jamil Chade

© BRENDAN SMIALOWSKI (AFP) Sede da ONU em Nova York.

Não tragam discursos. Tragam planos. O recado foi passado pelo secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, aos chefes de estado e de governo que começam a desembarcar nesta segunda-feira em Nova York.

O português sabe muito bem do que fala. Sua entidade vive provavelmente sua pior crise, em mais de 70 anos de história. E sua recuperação dependerá da vontade de líderes em trabalhar sobre planos concretos. E não mais um acúmulo de mentiras, declarações diplomáticas ou apertos de mãos.

No fundo, quando Jair Bolsonaro abrir a Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, ele estará discursando para uma entidade decadente. O déficit em suas contas, o cinismo ecoado nos corredores, a manipulação de valores humanistas para que governos atinjam seus objetivos de poder, a tentativa de acobertar violações sexuais pelas tropas de paz e a incapacidade de manter a segurança no planeta são apenas extratos de um profundo mal-estar.

Guterres sabe que o palco mundial está repleto de goteiras, fissuras e vive um clima de dúvidas sobre o futuro da entidade. Algo parecido ao que se viveu quando o mundo viu o fracasso do plano da Liga das Nações, há quase cem anos.

Por isso, ele precisa de líderes que tragam para a mesa um plano sobre como trabalhar de forma conjunta em diversas áreas. De líderes que entendam que fortalecerão a soberania de seus países justamente ao admitir que, sozinhos, não serão capazes de dar respostas a desafios que não respeitam fronteiras soberanas.

A convocação enfrenta uma enorme resistência: neste ano, o palanque será ocupado por chefes de estado e de governo cujos atos são antagônico com o propósito da ONU de buscar soluções globais para problemas globais. Não serão poucos os que evocarão a tal “soberania”, uma forma diplomática de alertar: não se metam por aqui.

Certamente Bolsonaro recorrerá ao conceito ao tratar da Amazônia. Mas ele não estará sozinho nesta onda nacionalista, populista e míope. Outros usarão a mesma palavra para falar de seu direito de fechar suas fronteiras aos refugiados, para justificar o protecionismo comercial ou para rejeitar qualquer prestação de contas em relação às denúncias de execuções de opositores aos regimes.


Freixo conta com maioria para rejeitar excludente de ilicitude mais branda

Veja.com  -  Leonardo Lellis

© Luis Macedo/Câmara dos Deputados O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) acredita que o grupo de trabalho da Câmara que analisa o projeto anticrime, proposto pelo ministro Sergio Moro (Justiça), não terá dificuldades em suprimir da proposta original um dispositivo que amplia as hipóteses de excludente de ilicitudade, quando um crime é cometido em legítima defesa. 

O colegiado vota nesta terça-feira, 24, seu relatório final. O tema ganhou especial relevância depois que a estudante Ágatha Felix, de oito anos, foi morta durante uma ação policial no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira.

Seguindo uma promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que pretende dar “segurança jurídica” para evitar a condenção de policiais que matarem em serviço, a proposta prevê que uma eventual pena pode até deixar de ser aplicada se o excesso na abordagem “decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. Para Freixo, o texto abre brecha para uma avaliação subjetiva do Judiciário e o Código Penal já é suficiente para que os policiais possam fazer seu trabalho.

“O grupo tem ampla maioria para aprovar a supressão [do dispositivo sobre excludente de ilicitude] porque não há necessidade alguma de alterar o texto da lei, aumentando ou flexibilizando a legítima defesa. O texto já é muito confortável para garantir ao policial agir dentro da lei e sua alteração pode levar a uma situação de maior risco para toda a sociedade”, afirma. Ele alerta que a lei não vale só para policiais e, como exemplo, cita que um crime cometido por ciúmes pode ser enquadrado na hipótese de “violenta emoção” para que a pena do infrator seja abrandada.

Freixo contabaliza cerca de 10 votos no grupo de trabalho, formado por 16 parlamentares, para apoiar alterações que adequem o projeto às garantias constitucionais e aos direitos humanos. “Este é um debate que a maioria se forma a partir de opinião técnica. Tem deputado do PRB, PSDB, PSOL , PT e PSB votando juntos. O que há em comum? Convicção no tema.”

Em funcionamento desde julho, o grupo de trabalho já retirou do texto que será apresentado à Comissão de Constituição e Justiça a possibilidade de prisão em segunda instância — algo que só pode ser feito por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição — e criou a figura do juiz de garantias no Código de Processo Penal, responsável por supervisionar a legalidade das investigações e do inquérito policial. Os deputados também removeram a possibilidade de réus que confessarem seus crime receberem em troca uma pena menor, o chamado “plea bargain”.

Na semana passada, o PSL, partido da base de Bolsonaro, abandonou o grupo. “Fizemos audiências públicas, ouvimos dezenas de especialistas para, na penúltima reunião, dizerem que o grupo de trabalho não vale porque não foi aprovado tudo o que queriam. Isso é desrespeitoso, autoritário e imaturo, coisa de gente mimada”, diz Freixo.

O deputado, entretanto, não acredita que o assunto se dê por encerrado amanhã, já que os dispositivos podem voltar a ser apreciados em Plenário — o deputado Felipe Francischini, presidente da CCJ, já adiantou que o colegiado tentará retomar os pontos derrubados no grupo de trabalho. “Espero que o Plenário tenha bom senso depois do que aconteceu com a Ágatha. Não é possível que se flexibilize esse tipo de coisa”, afirma Freixo.

EM TEMPO: Esta é que é a função do parlamentar. Votar na Direita é votar contra si próprio.

domingo, 22 de setembro de 2019

Corpo de Ágatha, de 8 anos, morta com tiro de fuzil, é sepultado no RJ

Foto: REUTERS/Pilar Olivares

                                                                                       Yahoo Notícias, 22 de setembro de 2019
RESUMO DA NOTÍCIA

·         Corpo de Ágatha Félix, morta com um tiro de fuzil pelas costas, foi enterrado no Cemitério de Inhaúma, zona norte do Rio

·         Polícia Civil investiga o caso e fará perícia nas armas dos PMs que patrulhavam a região no momento em que a menina foi atingida


O corpo de Ágatha Félix, de 8 anos, morta com um tiro de fuzil nas costas no Complexo do Alemão na noite de sexta-feira (20), foi sepultado na tarde deste domingo (22), no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
O velório começou na manhã deste domingo e foi restrito à família e amigos próximos, numa capela próxima ao cemitério. O cenário, segundo relato do G1, era de forte comoção.

Em clima de revolta e grande comoção, o enterro foi acompanhado por familiares e moradores do complexo. "Vamos ver até quando esse governo vai acabar com as famílias, vai acabar com o futuro promissor das nossas crianças", disse o avô de Ágatha, Ailton Félix.
Antes do velório, moradores do Complexo do Alemão realizaram uma manifestação, caminhando até o bairro de Inhaúma, onde Ágatha foi enterrada, acompanhados por um cortejo de mototaxistas da comunidade.
Quando o corpo deixou a capela do velório, os presentes gritavam "Justiça" e "Witzel é assassino". Os mototaxistas fizeram um buzinações. Precedido por faixas contra a violência --"parem de nos matar", dizia uma delas, o cortejo andou por 500 metros até o cemitério de Inhaúma.
"Ela está agora no céu, que é o lugar que ela merece", dizia o avô, que seguiu o carro funerário abraçado a parentes e amigos. "O mundo está vendo o que aconteceu com a minha neta", protestou.
Investigação

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Movimentos convocam Greve Ambiental Mundial


OLHAR COMUNISTA

Sindicatos, organizações políticas, movimentos sociais e personalidades internacionais como Noam Chomsky estão convocando a população mundial para uma greve geral, de 20 a 27 de setembro de 2019, voltada para a denúncia da degradação ambiental e a mobilização para o enfrentamento da crise climática. 
No mesmo dia 20 de setembro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, convocou os países para a Cúpula do Clima, cujo objetivo é incentivar o aumento do comprometimento dos governos com as metas acordadas em 2015, em Paris, para a redução da emissões de gases do efeito estufa – e até para superá-las.
A continuidade da vida no planeta está seriamente ameaçada, uma vez que os sistemas naturais vêm sendo submetidos a uma imensa e crescente pressão nos níveis de poluição do ar e das águas, no desmatamento, no consumo de água, na utilização de recursos não renováveis em grande escala, como nos casos do petróleo e do carvão, principalmente para a geração de energia, precipitando o seu esgotamento. Os estoques de alguns metais já são muito baixos: 10 anos para o chumbo, por exemplo; o petróleo, se nada mudar, tem reservas para um período entre 40 e 70 anos, ou seja, um futuro bastante próximo.
O aquecimento global é um fato e vem gerando efeitos muito graves como o derretimento de geleiras, a elevação do nível dos mares, as secas, os furacões, as mudanças climáticas em geral, com consequências desastrosas para populações numerosas, principalmente aquelas dos países e regiões mais pobres. A temperatura média da Terra, que em 2018 foi a quarta mais alta registrada até hoje (0,79 graus acima da média do século XX), pode aumentar mais do que 2 graus, um limite definido na Conferência de Paris, em 2015 (sem os Estados Unidos…). Vale lembrar que, na última era glacial (há 60 milhões de anos), a queda da temperatura média do planeta foi de apenas 5 graus.