Os homens da Transparência e da Lava Jato: Bruno, Ugaz, Moro e Danilo (Foto: Justiça Federal) |
O magistrado que
assumiu o lugar de Appio é aliado de Moro, e ambos se reuniram com a ONG
estrangeira em 2016, ano em que Dilma foi derrubada.
Por Joaquim de
Carvalho (Jornalista do Portal 247)
31 de janeiro de 2024
A foto que ilustra este artigo é uma prova de que o lavajatismo sobrevive no Judiciário e na imprensa corporativa, que podemos chamar de velha imprensa ou imprensa entreguista. É uma aliança entre jornalistas e agentes públicos que sabotam todo projeto de soberania nacional. Mas vamos à foto, tirada em 2016, ano do golpe contra a presidente Dilma Rousseff. O homem de barba à esquerda é Bruno Brandão, executivo da Transparência Internacional que ajudou Deltan Dallagnol a formatar seus negócios com dinheiro da Petrobras e da Odebrecht.
Também orientou procuradores no acordo de colaboração da JBS. Seria uma espécie de sócio de Dallagnol em projetos bilionários. Ao lado dele, está José Carlos Ugaz, que foi juiz no Peru e presidia a Transparência Internacional. Na época, a ONG com sede em Berlim se consolidava no Brasil graças à articulação de Josmar Verillo, que representava os interesses de uma multinacional que se aproveitou do cerco à JBS para tentar comprar a fábrica de celulose Eldorado, um negócio que é contestado hoje na Justiça.
Ao centro, está o notório Sergio Moro, e ao lado dele, Danilo Pereira Júnior, também juiz federal. É sobre Danilo que se pretende jogar o foco neste artigo. O homem da ponta é um servidor administrativo da Justiça Federal em Curitiba. Danilo era colega de Moro e foi denunciado por Tony Garcia, na série de entrevistas que deu à TV 247 e também nos depoimentos que prestou na investigação determinada pelo ministro Dias Toffoli, do STF.
Danilo era advogado do consórcio Garibaldi, em 1994, quando houve a intervenção do Banco Central por irregularidades graves. Uma delas era o sorteio fraudulento de carros, e uma das beneficiadas foi a esposa de Danilo. Mais tarde, Danilo fez concurso e entrou na Justiça Federal, quando o processo criminal estava adormecido. Em 2003, depois que assumiu a Vara de Crimes Financeiros de Curitiba, Sergio Moro resgatou o processo e foi atrás de Tony Garcia.
Para isso, o papel de Danilo foi decisivo. Ele procurou seu antigo chefe no consórcio, Agostinho Souza, e o orientou a prestar depoimento de colaboração a Moro, Danilo já era juiz. O depoimento contém uma declaração que mais tarde o próprio Agostinho desmentiu, quando foi processado por Tony Garcia. Agostinho disse a Moro que tinha sido ameaçado de morte por Tony, mas na Justiça Estadual do Paraná, onde corria o processo por crime contra a honra, chorou e admitiu que não era verdade. Mas, para Tony, já era tarde.
Com base no depoimento de Agostinho, Moro enviou ofício ao Superior Tribunal de Justiça, e pressionou para que o habeas corpus que trancava a ação contra Tony Garcia fosse cassado, e ele pudesse retomar o processo. Cassado o habeas corpus, Tony foi preso e fez um acordo que o tornou agente infiltrado de Moro, cometendo crimes em série para satisfazer o magistrado, segundo contou. Moro usou Tony não no processo do Garibaldi, mas para atingir outros alvos. Danilo foi poupado na ação, e a esposa dele nem sequer foi intimada a depor.
Procurei Danilo para que ele se manifestasse sobre essas questões, mas ele optou pelo silêncio. Algumas semanas depois, Danilo pediu para assumir como titular a vara que foi de Moro e concentra os processos e arquivos da Lava Jato. Danilo só assumiu o cargo depois que Eduardo Appio foi, na prática, obrigado a se transferir para outra vaga. Juiz é inamovível, mas a alternativa de Appio seria enfrentar um processo administrativo que poderia provocar sua aposentadoria compulsória.
A presença de Danilo na 13a. Vara pode se tornar um problema para o Judiciário, não só porque foi um longa manus de Moro, mas porque, antes de se candidatar à vaga, ele votou pela suspeição de Appio quando substituiu um desembargador na 8a. Vara do Tribunal Regional Federal da 4a. Região. Esse voto dele pode gerar pedidos de suspeição em série nos casos da Lava Jato, já que contribuiu para inviabilizar a permanência de Appio na 13a. Vara. Que interesse ele tem? Preservar os arquivos que podem comprometer Moro e Gabriela Hardt?
É sabido que a correição que sacudiu a Justiça Federal no sul só foi aberta no Conselho Nacional de Justiça depois que Appio comunicou a suspeita de desvio bilionário. Algumas semanas depois, caiu. São fatos graves que a velha imprensa, aliada do lavajatismo, omite ou não procura saber. É por isso que, sim, o lavajatismo sobrevive, e é inimigo dos interesses nacionais.