Jair Bolsonaro (à esq.) e Alexandre Ramagem. Foto: Divulgação |
25 de janeiro de 2024
"É necessário aprofundar as investigações e
dar uma satisfação à sociedade que acaba de resistir a uma tentativa de golpe
de estado", escreve Kakay (Antônio Carlos de Almeida Castro – Advogado Criminalista)
Em um voo de Sevilha para Paris leio, estarrecido, o despacho do Ministro Alexandre de Moraes sobre a “Abin paralela.” A investigação trata de uma rede de proteção aos filhos do presidente Bolsonaro, da tentativa de fazer ligações falsas e criminosas de Ministros do Supremo com o PCC, de monitoramento ilegal de Ministros e Parlamentares e cidadãos, enfim, de uma organização criminosa que se apoderou do Estado. Boa parte do que ouvíamos sobre a bandidagem estruturada no governo Bolsonaro está exposto na manifestação do Ministério Público e na decisão de Sua Excia o Ministro do Supremo.
É um momento grave da consolidação da democracia.
As medidas, ainda que vigorosas, tomadas pelo Ministro do Supremo, não parecem
suficientes para conter o verdadeiro ânimo golpista que ainda parece coordenar
este grupo terrorista.
É necessário aprofundar as investigações- não estou
afirmando que isto não está sendo feito- sobre o general que coordenava a Abin.
É possível imaginar uma teia tão grave de insurreição sem o conhecimento do
general Augusto Heleno? Afinal ele se dizia tão atento e pressuroso do seu
poder. Era um general de fachada? Um fantoche? Tudo de tão grave passava sob
suas barbas e ele desconhecia? Que general é este que desonra assim o exército
brasileiro com uma incompetência brutal? Desconhecia tudo? Ou ele se apresenta
como assistente de acusação ou vai deixar muito mal o exército.
É necessário aprofundar as investigações e dar uma
satisfação à sociedade que acaba de resistir a uma tentativa de golpe de
estado. Mais uma vez o Poder Judiciário, em regra patrimonialista e
reacionário, assume a responsabilidade pela estabilidade democrática. Urge que
o Congresso se manifeste pois , ao que consta, parlamentares foram
criminosamente investigados. E todos nós, cidadãos que nos aliamos pela
consolidação da democracia, temos que acompanhar e cobrar uma investigação
deste escândalo. A democracia continua em risco. Até porque há uma sombra a ser
desvendada de certo grupo do atual governo ter trabalhado para o não
esclarecimento dos crimes. Grave!
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