"A gritaria despertada pela decisão óbvia de refinar no Brasil o petróleo brasileiro revela que a guerra híbrida ainda não acabou", escreve Leonardo Attuch
21 de janeiro de 2024
Lula e Jean Paul Prates na refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE) 18/01/2024 (Foto: Ricardo Stuckert)
Bastou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o
presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciarem a retomada das obras da
Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, para que todas as máscaras caíssem. A
mídia corporativa brasileira, supostamente democrática e civilizada, cerrou
fileiras contra uma decisão elementar tomada pela Petrobras e pelo governo
Lula: a de refinar no Brasil o petróleo brasileiro. É uma medida correta por
vários motivos. Não apenas porque a obra interrompida pela Lava Jato precisa
ser finalizada, como também porque é muito mais eficiente processar derivados
no Brasil do que importar de outros países, como Rússia e Estados Unidos. Além
disso, estando presente no refino e também na distribuição, como se espera que
ocorra em breve, a Petrobras terá melhores condições para praticar preços
consistentes com uma estratégia de desenvolvimento nacional e de proteção aos
consumidores brasileiros. Em outras palavras, uma estratégia de soberania
energética, como definiu o ministro Paulo Pimenta.
A reação uníssona de veículos como Globo, Folha de
S. Paulo, CNN e Estado de S. Paulo, assim como de seus colunistas amestrados,
sugere que o governo Lula teria entrado em território proibido. Como tais
veículos de comunicação são aparelhos ideológicos do imperialismo no Brasil, e
que se prestam à defesa de interesses internacionais, e não do povo brasileiro,
há uma mensagem clara sendo transmitida: o presidente Lula não pode ousar
desenvolver o Brasil, rompendo com o modelo agro-financista que ganhou força no
Brasil após o golpe de estado de 2016, interrompido com a volta de Lula ao
poder, em 2022.
As forças golpistas, na certa, imaginavam que o
presidente Lula, escaldado pelos 580 dias da prisão política de Curitiba, não
sairia do script traçado. Faria um governo engessado pelas restrições impostas
por um Congresso conservador e pelas medidas aprovadas durante o período
Temer-Bolsonaro, como a autonomia do Banco Central e as mudanças no estatuto da
Petrobras. Entretanto, com os bons resultados econômicos alcançados no primeiro
ano de seu terceiro mandato, Lula conquistou legitimidade para avançar no processo
de retomada de investimentos estratégicos e de uma estratégia de
desenvolvimento nacional.
Num país normal, soberano e independente, as
iniciativas do governo não apenas estariam sendo celebradas pela imprensa, mas
também seriam debatidas em detalhes. Por exemplo, seria natural que a imprensa
discutisse uma estratégia de industrialização do Nordeste a partir dos
investimentos que estão sendo feitos em Pernambuco. Mas não é assim que a banda
toca no Brasil. Num país ainda colonizado, a imprensa corporativa atua como uma
força que sabota o desenvolvimento nacional. A propósito, nunca é demais
enfatizar que o presidente Lula não foi preso porque deu na telha de um grupo
de procuradores e de um ex-juiz suspeito colocá-lo na cadeia. Lula foi preso,
com apoio de toda a mídia lesa-pátria, para que um projeto de desenvolvimento
nacional fosse derrotado – ou, pelo menos, adiado.
Como Lula, aos 78 anos de idade, convenceu-se de
que não tem mais nada a perder e que sua missão de vida é reconstruir tudo
aquilo que foi destruído pelo consórcio formado por golpistas e lavajatistas,
todo cuidado é pouco. Os editoriais da mídia corporativa deste fim de semana
deixam claro que a guerra híbrida contra o Brasil não acabou e será necessário
enfrentar, com vigor, todas as forças que se opõem à reconstrução nacional. É
preciso informar e educar a população brasileira sobre o que está curso para
que não sejamos surpreendidos por um novo golpe, que teria mais uma vez como
cerne a questão do petróleo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário