domingo, 31 de maio de 2020

Poderes em guerra


© GABRIELA BILO.
ISTO É - Edson Rossi


AUTOGOLPE - Sem capacidade para aceitar o jogo democrático, Bolsonaro achincalha o Poder Judiciário e começa a forçar uma ruptura institucional

O que tocou fundo na família presidencial e nas hostes bolsonaristas, que começam a sugerir um autogolpe de Estado, foi a deflagração de uma operação da Polícia Federal, na quarta-feira 27, ordenada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das fake news, que, desde março de 2019, investiga ataques orquestrados contra membros do tribunal. 

A iniciativa de Moraes motivou 29 mandados de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal e atingiu 18 aliados do presidente, empresários e políticos, entre eles o próprio Allan dos Santos, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang, o deputado Douglas Garcia (PSL) e a ativista de direita Sara Winter, que ameaçou o ministro de agressão. “O senhor me aguarde, Alexandre de Moraes, o senhor nunca mais vai ter paz na vida do senhor. A gente vai infernizar sua vida”, afirmou. Moraes já pediu à Procuradoria Geral da República (PGR) que tome providências sobre as ameaças de Sara.


A reação de Bolsonaro ao saber da deflagração das operação contra seus apoiadores foi descrita como “colérica”. Para o presidente, Moraes agiu com o objetivo de atingir o seu governo e o filho 02, o vereador Carlos (Republicanos-RJ). Tanto Carlos quanto Eduardo têm seus nomes atrelados à investigação das fake news. Bolsonaro também tratou a decisão de Moraes como um ataque à democracia. “Ver cidadãos de bem terem seus lares invadidos, por exercerem seu direito à liberdade de expressão, é um sinal que algo de muito grave está acontecendo com nossa democracia”, afirmou pelas redes sociais. 

Embora o presidente reivindique a liberdade de expressão, o inquérito que motivou a operação não tem nada a ver com isso, mas com ameaças pela internet e distribuição de notícias falsas. Além disso, Bolsonaro quer fazer crer que a democracia claudica, para “salvá-la”.  “As coisas têm limite. Ontem foi o último dia e peço a Deus que ilumine as poucas pessoas que ousam se julgar mais poderosas que outros que se coloquem no seu devido lugar, que respeitamos”, disse Bolsonaro em um pronunciamento em frente ao Palácio do Alvorada, um dia depois da operação da PF. “E dizer mais: não podemos falar em democracia sem judiciário independente, legislativo independente para que possam tomar decisões. Não monocraticamente, mas de modo que seja ouvido o colegiado. Acabou, porra”. 

FHC: “Quem vai ser responsabilizado pelos erros do Governo, queiram ou não, serão os militares”




EL PAÍS - Carla Jiménez,Flávia Marreiro,Naiara Galarraga Gortázar


 © GORKA LEJARCEGI Fernando Henrique Cardoso, em outubro de 2019 em Madri.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que vivenciou uma guerra mundial, a ditadura e o exílio, parece bem adaptado à reclusão em sua casa de São Paulo. Prestes a completar 89 anos, tem no coronavírus uma ameaça muito grave. Há dois meses se relaciona somente por telefone com seus filhos e netos. Sociólogo e professor, continua sendo um intelectual clássico, ainda que também mande recados pelo Twitter. Na manhã desta sexta-feira, 29, falou sobre o presidente Jair Bolsonaro, os militares, a pandemia e a economia em uma entrevista ao EL PAÍS Brasil transmitida ao vivo

O ex-presidente enxerga a democracia brasileira atacada por dentro dela mesma, mas enxerga reação. Ele mesmo acaba de assinar um manifesto a favor da democracia feito pelo movimento Estamos Juntos que une intelectuais, artistas e políticos de diversos partidos.

Durante a pandemia, Fernando Henrique escolheu seu lado com clareza na dicotomia em que a política brasileira se move. “Entre economia e vida, de que lado? Eu estou do lado da vida. Há pessoas que estão do lado do mercado. Tentaremos fazer com que as duas coisas sejam compatíveis e nos preparar para o que vem depois”, diz.

Cardoso, presidente de honra do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que com 31 deputados é o quarto maior grupo parlamentar, está preocupado, mas também não acredita que o Brasil está em um ponto de não retorno. Não neste momento. Vê sinais inquietantes, mas também instituições que respondem aos ataques. O homem que ocupou a Presidência entre 1995 e 2002 deixa claro seu desgosto com Bolsonaro: “O presidente quer mais poderes, como se não tivesse suficiente. O que precisa fazer é exercer o que tem”, responde pela tela do computador. Atrás dele, uma estante repleta de livros e uma diminuta rainha Elizabeth II de plástico que acena.

Apesar do ruído cada vez mais presente sobre uma eventual intervenção militar no Brasil, e os constantes desmentidos dos ministros vindos das Forças Armadas, Cardoso destaca que neste momento não vê riscos. Mas faz uma advertência após lembrar que é filho de um general e neto de um marechal. “Acho que os militares não desejam nesse momento assumir o poder, um golpe. Mas como as democracias morrem? Não precisa ser um golpe militar. 

Com 2,9 mil cargos, Forças Armadas temem desgaste



ESTADÃO - Tânia Monteiro e Adriana Fernandes

© Dida Sampaio / Estadão.
Generais. Luiz Eduardo Ramos (Governo) e Augusto Heleno (GSI) são representantes no primeiro escalão do governo

BRASÍLIA - As Forças Armadas já preveem que terão uma “enorme” conta para pagar ao fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro pela presença de militares na cúpula e na base do governo. Em conversas nos quartéis e gabinetes de Brasília, oficiais admitem que a nova incursão na política, após 35 anos do fim da ditadura militar, trará desgaste à imagem da instituição e temem perder a credibilidade duramente reconquistada por causa do envolvimento com o governo e a perspectiva de seu naufrágio.

O Exército é quem deve ficar com o maior ônus por ter um maior contingente no quadro da máquina pública bolsonarista. Levantamento do Ministério da Defesa, feito a pedido do Estadão, mostra que militares da ativa já ocupam quase 2,9 mil cargos no Executivo. São 1.595 integrantes do Exército, 680 da Marinha e 622 da Força Aérea Brasileira (FAB).

Destes, 42% estão empregados na estrutura da Presidência, especialmente no Gabinete de Segurança Militar, um órgão que foi reforçado no atual governo. Três oficiais ocupam o primeiro escalão: Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). O incômodo com uma possível cobrança ocorre diante da constatação de que o pessoal da ativa nas Forças Armadas está não apenas em cargos estratégicos, mas em postos comissionados. São vagas de Direção e Assessoramento Superior, os DAS, com vencimentos que vão de R$ 2.701 a R$16.944 por mês.

Na prática, seja qual for o governo, sempre haverá desgaste para quem participar dele. No caso da gestão Bolsonaro há um adicional. É um governo que vive em crise constante e são frequentes as cobranças para que os oficiais se manifestem sobre todos os atos polêmicos do presidente, como participar de manifestações antidemocráticas. O que tem exigido do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, divulgar notas para reafirmar o compromisso constitucional das Forças com a democracia.

Na última semana, o ministro Luiz Eduardo Ramos, que é general da ativa, se viu obrigado a dar explicações a seus colegas de turma da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) após o Estadão revelar que ele tem oferecido cargos ao Centrão, bloco fisiológico de partidos, em troca de apoio ao governo no Congresso. “É pelo respeito que tenho ao meu Exército que estou divulgando essa mensagem”, disse, ressaltando não ser “político” e estar cumprindo uma “missão”. O ministro já havia causado desconforto ao usar farda numa solenidade, ao lado do presidente, em 30 de abril, no Comando Militar do Sul, em Porto Alegre.

Gaviões e outras torcidas fazem protesto antifascismo na Paulista

© Reprodução / Twitter



CATRACA LIVRE


A Gaviões da Fiel e outras torcidas organizadas de São Paulo fazem neste domingo, 31, um protesto antifascismo e pela democracia na Avenida Paulista. 

A manifestação foi organizada em repúdio aos atos que vêm sendo realizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

O movimento foi convocado por coletivos antifascistas da torcida do Corinthians e lideranças da Gaviões da Fiel, mas também reúne outros grupos, como do Palmeiras e do Santos. “Ditadura nunca mais!” e “Democracia” são alguns dos gritos dos manifestantes, de acordo com vídeos compartilhados nas redes sociais.

Neste mês, torcedores do Corinthians acabaram com um protesto de apoiadores de Bolsonaro na Paulista. Desta vez, no entanto, os bolsonaristas não apareceram.

EM TEMPO: É isso aí. A toda ação cabe uma reação. Quem procura, acha. Agora durmam com essa bronca. 

sábado, 30 de maio de 2020

Inteligência pessoal de Bolsonaro monitora infiltrados no governo



Veja.com - Thiago Bronzatto


© Marcos Corrêa/Presidência da República/Divulgação O coronel do Exército Marcelo Costa Câmara (destacado no círculo): assessor especial para investigações, dossiês e caça a petistas infiltrados no governo.

Um dos primeiros requisitos para ocupar um cargo no governo  Bolsonaro é não ter fotos, mensagens nas redes sociais e nenhum registro de ligação com o PT ou com partidos de esquerda. O currículo do candidato, ainda que seja brilhante, só é analisado numa segunda etapa. A nomeação só será efetivada se não for constatado nenhum vínculo com legendas de oposição. Essa triagem, conforme VEJA revelou em sua atual edição, é chamada de “compliance” pela inteligência pessoal do presidente da República.

Um dos responsáveis por fazer esse pente-fino é o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara. De uma sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros do gabinete de Jair Bolsonaro, o militar cumpre missões de vasculhar a vida de indicados para cargos estratégicos no governo. O objetivo dessa devassa é evitar que ocorram sabotagens e escândalos de corrupção. Como o presidente não confia na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), porque acha que em seus quadros há pessoas ligadas ao PT, cabe ao coronel Câmara fazer um levantamento detalhado da vida pregressa de cada candidato.

No ano passado, o espião de Bolsonaro descobriu que um funcionário terceirizado da Casa Civil mantinha em seu Facebook uma foto ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff. O profissional acabou sendo demitido. Mais recentemente, coronel Câmara foi incumbido de bisbilhotar a vida das nomeações feitas pela então secretária de Cultura, Regina Duarte. O foco dessa missão era evitar que pessoas ligadas à esquerda ocupassem cargos relevantes na pasta.

Entenda por que o presidente Bolsonaro está tão nervoso

(Photo by Andressa Anholete/Getty Images)


"Temos que botar limites", disse o presidente Bolsonaro sobre ações no STF que desagradam o governo, como operação da PF contra fake news. 

O Brasil tem 26.754 mortos pela Covid-19 e já soma 438.238 casos confirmados da doença, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde na quinta-feira (28).
Os efeitos da crise econômica causada ainda pelo novo coronavírus já são visíveis no mercado de trabalho brasileiro. A taxa de desemprego no país atingiu 12,8 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE.

Mas não são os números de mortos, nem de doentes, muito menos dos desempregados que incomodam o presidente da República, Jair Bolsonaro.
As principais preocupações do presidente são inquéritos em andamento no Supremo Tribunal Federal que ameaçam seu governo e investigações que envolvem seus filhos.
FAKE NEWS
“Acabou, porra!”, gritou Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, na quinta-feira (28), em reação à operação da Polícia Federal que realizou busca e apreensão em endereços de apoiadores do governo. “Temos que botar limites”, disse. 
A ação foi autorizada pelo relator do inquérito que apura a veiculação de notícias falsas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes.
Bolsonaro já determinou, a ministros e assessores, um verdadeiro enfrentamento à Corte.
O inquérito que apura a veiculação de notícias falsas e ameaças a integrantes do STF está cada vez mais próximo do Palácio do Planalto.
Em operação na quarta-feira (27), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de aliados do presidente.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

O serviço secreto pessoal do presidente


ISTO É - Germano Oliveira


© Mauro Pimentel/AFP 

A FAMÍLIA DA MILÍCIA.  Grafite de Bolsonaro e seus filhos desenhado em um muro no bairro do Grajaú, no Rio de Janeiro

A maior ilegalidade cometida por Bolsonaro na vexatória reunião ministerial do dia 22 de abril, portanto, não foi a que ele confessa que iria interferir na PF, substituindo o diretor-geral e o superintendente no Rio, ou até mesmo o ministro Sergio Moro, caso ele não aceitasse operar as mudanças pretendidas, como de fato não aceitou, e por isso os três foram trocados.
O mais grave foi o capitão revelar, no encontro, que ele possui um serviço secreto de informações, à margem da lei. “Sistema de informações: o meu funciona. O meu, particular, funciona. Os ofi..,, que tem oficialmente, desinformam”. 

Essa frase, dita por Bolsonaro na reunião, escancarou a existência do esquema clandestino de informações. No vídeo que registrou a reunião, e que está em poder do ministro Celso de Mello, do STF, o mandatário chegou a se vangloriar de ter o sistema próprio de averiguações, à revelia dos organismos oficiais, como a Polícia Federal (PF), Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Foi a confissão de mais um crime.

A milícia como informante

O próprio presidente explicou, em entrevista na porta do Palácio do Alvorada, na sexta-feira 22, após a divulgação do vídeo, que esse serviço secreto pessoal recebe informações de policiais civis e militares do Rio de Janeiro e de outros Estados, O esquema paralelo, como o próprio Bolsonaro esclareceu, foi montado porque ele estava cansado de reclamar que a PF, então coordenada pelo ministro Sergio Moro, não lhe passava as informações necessárias para a proteção de seus filhos, parentes e amigos, ameaçados por investigações que poderiam, eventualmente, levá-los para a cadeia. Para exemplificar como era “vítima” do precário sistema oficial de informações, 

Provas sobre fake news podem cassar chapa Bolsonaro-Mourão no TSE

Foto: EVARISTO SA/AFP via Getty Images

Yahoo Notícias, 29 de maio de 2020.
***Por Matheus Teixeira, Renato Onofre e Fábio Fabrini, da Folhapress
As provas colhidas pela Polícia Federal na operação de quarta-feira (27) podem trazer novos elementos às ações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e fortalecer os processos que analisam pedidos de cassação da chapa de Jair Bolsonaro (sem partido) e Hamilton Mourão por eventuais crimes eleitorais.

Na operação contra apoiadores do presidente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes quebrou os sigilos fiscal e bancário do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan e suspeito de financiar a disseminação de notícias falsas durante as eleições de 2018.
Assim, evidências encontradas pela PF em endereços de aliados do governo podem ajudar a desvendar se o suposto esquema de propagação de fake news usado na campanha eleitoral foi mantido após a vitória de Bolsonaro e trazer novos elementos às ações do TSE.
Moraes é o relator do inquérito que apura a veiculação de notícias falsas e ameaças a ministros do STF, e determinou perícias nos dados financeiros de alvos da operação a partir de 2018.
Durante o segundo turno das eleições de 2018, a Folha de S.Paulo revelou que correligionários de Bolsonaro dispararam, em massa, centenas de milhões de mensagens, prática vedada pelo TSE. O esquema foi financiado por empresários sem a devida prestação de contas à Justiça Eleitoral, o que pode configurar crime de caixa dois.
As informações se transformaram em duas ações em tramitação no TSE, apresentadas por PT e PDT e em tramitação. Elas apuram um esquema específico do período eleitoral de disseminação de fake news.
A decisão de Moraes pode trazer novos fatos a essas ações, que não tinham quebrado o sigilo de empresários investigados na corte eleitoral.
Nas representações, os partidos de oposição apontam como principal financiador da prática Luciano Hang.

Bolsonaro está acuado e dá "sinais de desespero", diz ABI

© Agência Brasil/Divulgação

Correio Braziliense



A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) criticou, nesta quinta-feira (28/5), o presidente Jair Bolsonaro diante das investigações promovidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra fake news e afirmou que ele está "acuado". "O presidente dá sinais de desespero", disse, em nota. 

"Notório inimigo da democracia, tenta se escudar no sagrado princípio da liberdade de expressão para confundir as coisas e defender aliados. É o caso de se perguntar: estamos diante de uma confusão do presidente, ou de má-fé? Tudo indica que é má-fé mesmo", afirmou a associação. 

A ABI pontuou ainda que a liberdade de expressão é uma bandeira cara aos democratas. "Uso de fake news é uma prática criminosa que tem que ser investigada e punida". A nota é divulgada é assinada por  Paulo Jeronimo de Sousa , presidente da associação. ABI quer ampliar debate sobre fake news
Também nesta quarta-feira, a ABI defendeu o combate à "ploriferação de fake news, neste momento grave em que o Brasil enfrenta uma pandemia devastadora".

"O problema é real e exige respostas efetivas que preservem o direito fundamental à liberdade de expressão, que permitam o livre debate de ideias e de perspectivas sobre os acontecimentos", disse. 
"Em meio a essa crise, surge uma pressão para que o Congresso Nacional dê resposta legislativa para o combate às fake news. É fundamental que deputados e senadores tomem a iniciativa de realizar um amplo debate público sobre o melhor caminho a ser adotado para enfrentar a pandemia da mentira e desinformação."

EM TEMPO: Os motivos ora assinalados são mais do que suficientes para os 3.000 militares desembarcarem do governo Bolsonaro. Depois deixa o Bolsonaro dizer: "E daí". Outro fator que deixa Bolsonaro  nervoso é porque ele não consegue sensibilizar os militares de alta patente para dar um autogolpe. Seria até uma ingenuidade dos militares, muitos treinados e capacitados, a irem na onda de um ex-militar despreparado, indisciplinado, de má índole e genocida como o é o Bolsonaro. Agora durmam com essa bronca.

Falta de ação de Aras contra presidente é criticada por procuradores

© Divulgação/Itaipu Binacional

Correio Braziliense - Agência Estado


O presidente Jair Bolsonaro afirmou na última quinta-feira (28/5) que daria uma vaga ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para o Supremo Tribunal Federal (STF). "Se aparecer uma terceira vaga, espero que ninguém desapareça, para o Supremo, o nome de Augusto Aras entra fortemente", declarou o mandatário. Segundo ele, Aras está tendo uma "atuação excepcional". "Ele procura cada vez mais defender o livre mercado, o Governo Federal nessas questões que muitas vezes nos amarram", declarou o presidente em transmissão ao vivo.

A declaração foi dada no momento em que Aras pode denunciar o presidente no âmbito de inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e investiga se Bolsonaro interferiu na Polícia Federal para proteger sua família e amigos. No mandato de Bolsonaro, ele terá apenas duas vagas para preencher no STF com as aposentarias dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello.

Desde que assumiu o comando do Ministério Público Federal (MPF) em setembro de 2019, Aras vem tomando uma série de medidas que atendem aos interesses de Bolsonaro. A mais recente foi mudar de opinião e pedir a suspensão do inquérito das fake news, após uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, fechar o cerco contra o "gabinete do ódio" e atingir empresários e youtubers bolsonaristas. Assim, Aras se tornou alvo de procuradores e de parlamentares da oposição, que criticam sua "inércia" frente ao que chamam de excessos do chefe do Executivo.

Até quando se movimentou pela abertura de investigações, Aras teve a atuação contestada pelos pares. Ao pedir ao STF a abertura de investigação das acusações de Sérgio Moro de interferência política na Polícia Federal, o procurador mirou não só o presidente, mas também o ex-ministro.

Após Bolsonaro participar de ato antidemocrático convocado contra o STF em abril, Aras pediu a apuração dos protestos, mas livrou o presidente e focou o inquérito na organização e no financiamento dos atos. "As ações do procurador, até agora, indicam uma certa proteção ao presidente", diz o advogado criminalista Davi Tangerino, professor da FGV-SP.

Na coordenação do grupo de trabalho que atua na Operação Lava Jato, escolheu a subprocuradora Lindora Maria Araújo, também conservadora. Nos bastidores do MPF, ela é acusada de fazer "devassa" contra governadores adversários do presidente, como o do Rio, Wilson Witzel (PSC). Procurado, Aras não se manifestou.

‘Sleeping Giants ambiental’ expõe marcas atreladas a manifesto em favor de Ricardo Salles


 EL PAÍS - Breiller Pires




© Fornecido por EL PAÍS Campanha destrincha marcas e empresas por trás de associações que endossam Salles.

Diante do vendaval causado no meio corporativo pela chegada do Sleeping Giants ao Brasil, perfil que denuncia nas redes sociais empresas que anunciam em sites de extrema direita e notícias falsas, a estratégia de expor marcas e empresas nas redes sociais começa a ganhar corpo em outras frentes. 

Nesta terça-feira, organizações ambientais lançaram o movimento “Nome aos bois”, a fim de identificar companhias que, indiretamente, endossam um manifesto contra a “burocracia que devasta o meio ambiente”. O documento, publicado em anúncio de jornal, foi feito em apoio às ações do Ministério do Meio Ambiente, após a divulgação do vídeo de uma reunião em que o ministro Ricardo Salles diz ao presidente Jair Bolsonaro que o Governo deve aproveitar a “oportunidade” da pandemia para avançar a pauta de desregulamentação do setor. Ou, em suas palavras, “ir passando a boiada e simplificando normas [ambientais] (...) de baciada”. O manifesto é assinado por associações comerciais que representam mais de 70 empresas.

Com reprodução de tática semelhante à do Sleeping Giants, perfis como o do Greenpeace BrasilObservatório do Clima e ClimaInfo publicaram no Twitter o nome das empresas vinculadas às associações que assinam o manifesto pró-Salles, veiculado em anúncio da Folha de S. Paulo, utilizando as hashtags #NomeAosBois e #essaboiadanãovaipassar. Entre as marcas expostas estão BRF, Batavo, Friboi, Qualy, Marfrig, Pedigree, Royal Canin, Sadia, Turma da Mônica e Whiskas, representadas pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), além de Avon, Natura e O Boticário, que fazem parte da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Moro contradiz Bolsonaro e diz que ameaças não têm a ver com liberdade de expressão

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Yahoo Notícias, 28 de maio de 2020

Ex-ministro se posicionou nas redes sociais. 

ex-ministro da Justiça Sergio Moro se manifestou no Twitter sobre a investigação que apura fake news e ameaças contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (28). De acordo com ele, “campanhas difamatórias contra adversários, ameaças e notícias falsas não têm a ver com liberdade de expressão”.
Em seu post, ele afirmou que esse é “um debate que não pode tirar o foco do que importa agora: defender o estado de direito e a vida”. Por fim, ele mencionou as pessoas que morreram em decorrência do coronavírus. “Meu respeito à democracia, ao Judiciário e às famílias de vítimas da Covid”.
O posicionamento de Moro é contrário ao dado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (27). Ontem, o presidente criticou a investigação em seu Twitter e afirmou haver sinais de que “algo muito grave está acontecendo com a nossa democracia”.
Bolsonaro afirmou que “ver cidadão de bem terem seus lares invadidos, por exercerem seu direito à liberdade de expressão, é um sinal que algo de muito grave está acontecendo com nossa democracia”.
Nesta quinta-feira (28), o presidente mostrou indignação novamente ao ser questionado sobre a operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão contra aliados. Em frente ao Palácio da Alvorada, ao falar com apoiadores, afirmou que “as coisas têm limite”.
“Ontem foi o último dia e eu peço a Deus que ilumina as pessoas que ousam se julgar melhor e mais poderosas que os outros, que se coloquem no seu devido lugar”, disse o presidente. “E dizemos mais: não podemos falar em democracia sem um judiciário independente, um legislativo também independente para que possam tomar decisões. Não monocraticamente por vezes, mas questões que interessam ao povo como um todo, que tomem de modo que seja ouvido o colegiado.”
No fim, o presidente subiu o tom: “Acabou, porra”, gritou. Bolsonaro pediu desculpas por ter desabafado e afirmou que não dava para ver atitudes “individuais de certas pessoas, tomando de forma quase pessoal certas ações”. Segundo o presidente, ordens absurdas não se cumprem.

EM TEMPO: Bolsonaro quer que os demais poderes Judiciário e Legislativo, bem como os Governadores e o Alto Comando das Forças Armadas, sejam dóceis aos seus desmandos  e receituário médico. A cada dia que se passa o Bolsonaro e seu clã, tendem a ficarem mais nervosos, porque os militares de alta patente não parecem dispostos a uma aventura golpista de Bolsonaro, uma vez que isso traz muitas implicações, especialmente na área internacional. Agora durmam com essa bronca. 

Congresso precisa agir antes que haja um golpe, dizem líderes de partidos no Senado


IARA LEMOS
Folhapress, 28 de maio de 2020

***ARQUIVO***BRASÍLIA, DF, 04.03.2020 - O presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Líderes partidários do Senado criticaram, nesta quinta-feira (28), a tentativa do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de buscar uma pacificação entre o presidente da República Jair Bolsonaro e o STF (Supremo Tribunal Federal).
Nesta quinta, Alcolumbre esteve no Palácio do Planalto para uma conversa com Bolsonaro. Após o encontro, ele narrou aos colegas que levou uma mensagem de harmonia diante da escalada da retórica autoritária do presidente.
O líder do PT, Rogério Carvalho (SE), afirmou que as manifestações desta quinta do presidente Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), não podem ser aceitas. O presidente afirmou, ao sair do Palácio da Alvorada, que "ordens absurdas não se cumprem", em relações às decisões recentes do STF.
Já seu filho falou que será natural se a população recorrer às Forças Armadas caso esteja insatisfeita com o desempenho do Congresso Nacional e do STF.
"O que o presidente (Bolsonaro) falou hoje, o que o seu filho falou hoje é dizer que já não é uma questão de fazer, de dar um golpe, de estabelecer o limite para o STF, para o Congresso Nacional, mas é quando isso é uma ameaça inaceitável que nós não podemos aceitar calados, nem o Congresso, nem o Senado, nem a Câmara", criticou o líder do PT.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) considerou como preocupantes as declarações da família Bolsonaro que, segundo ela, são uma ameaça de golpe.