© Divulgação/Itaipu Binacional |
Correio Braziliense - Agência Estado
O presidente Jair
Bolsonaro afirmou na última quinta-feira (28/5) que daria uma vaga ao
procurador-geral da República, Augusto Aras, para o Supremo Tribunal Federal
(STF). "Se aparecer uma terceira vaga, espero que ninguém desapareça, para
o Supremo, o nome de Augusto Aras entra fortemente", declarou o
mandatário. Segundo ele, Aras está tendo uma "atuação excepcional".
"Ele procura cada vez mais defender o livre mercado, o Governo Federal
nessas questões que muitas vezes nos amarram", declarou o presidente em
transmissão ao vivo.
A declaração foi
dada no momento em que Aras pode denunciar o presidente no âmbito de inquérito
que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e investiga se Bolsonaro
interferiu na Polícia Federal para proteger sua família e amigos. No mandato de
Bolsonaro, ele terá apenas duas vagas para preencher no STF com as aposentarias
dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello.
Desde que assumiu o
comando do Ministério Público Federal (MPF) em setembro de 2019, Aras vem
tomando uma série de medidas que atendem aos interesses de Bolsonaro. A mais
recente foi mudar de opinião e pedir a suspensão do inquérito das fake news,
após uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo,
fechar o cerco contra o "gabinete do ódio" e atingir empresários e
youtubers bolsonaristas. Assim, Aras se tornou alvo de procuradores e de
parlamentares da oposição, que criticam sua "inércia" frente ao que
chamam de excessos do chefe do Executivo.
Até quando se
movimentou pela abertura de investigações, Aras teve a atuação contestada pelos
pares. Ao pedir ao STF a abertura de investigação das acusações de Sérgio Moro
de interferência política na Polícia Federal, o procurador mirou não só o
presidente, mas também o ex-ministro.
Após Bolsonaro
participar de ato antidemocrático convocado contra o STF em abril, Aras pediu a
apuração dos protestos, mas livrou o presidente e focou o inquérito na
organização e no financiamento dos atos. "As ações do procurador, até
agora, indicam uma certa proteção ao presidente", diz o advogado
criminalista Davi Tangerino, professor da FGV-SP.
Na coordenação do
grupo de trabalho que atua na Operação Lava Jato, escolheu a subprocuradora
Lindora Maria Araújo, também conservadora. Nos bastidores do MPF, ela é acusada
de fazer "devassa" contra governadores adversários do presidente,
como o do Rio, Wilson Witzel (PSC). Procurado, Aras não se manifestou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário