IARA LEMOS
Folhapress,
28 de maio de 2020
***ARQUIVO***BRASÍLIA,
DF, 04.03.2020 - O presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre
(DEM-AP). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Líderes
partidários do Senado criticaram, nesta quinta-feira (28), a tentativa do
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de buscar uma pacificação entre
o presidente da República Jair Bolsonaro e o STF (Supremo Tribunal Federal).
Nesta quinta, Alcolumbre esteve no
Palácio do Planalto para uma conversa com Bolsonaro. Após o encontro, ele
narrou aos colegas que levou uma mensagem de harmonia diante da escalada da
retórica autoritária do presidente.
O líder do PT, Rogério Carvalho (SE),
afirmou que as manifestações desta quinta do presidente Bolsonaro e de seu
filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), não podem ser aceitas. O
presidente afirmou, ao sair do Palácio da Alvorada, que "ordens absurdas
não se cumprem", em relações às decisões recentes do STF.
Já seu filho falou que será natural
se a população recorrer às Forças Armadas caso esteja insatisfeita com o
desempenho do Congresso Nacional e do STF.
"O que o presidente (Bolsonaro)
falou hoje, o que o seu filho falou hoje é dizer que já não é uma questão de
fazer, de dar um golpe, de estabelecer o limite para o STF, para o Congresso
Nacional, mas é quando isso é uma ameaça inaceitável que nós não podemos
aceitar calados, nem o Congresso, nem o Senado, nem a Câmara", criticou o
líder do PT.
A senadora Eliziane Gama
(Cidadania-MA) considerou como preocupantes as declarações da família Bolsonaro
que, segundo ela, são uma ameaça de golpe.
"O presidente tem feito
declarações extremamente preocupantes, e não apenas ele, mas os seus
familiares, mais precisamente seus filhos, O que nós temos hoje é uma escalada
clara de que há um desejo por parte deste governo de ameaçar a democracia e até
estabelecer um golpe no nosso país", disse.
Eliziane criticou a tentativa de
Alcolumbre de pacificação, que segundo ela, não têm mais reflexo junto ao
governo federal.
"Ou nós vamos agir ou teremos
simplesmente que olhar uma situação acontecendo, numa posição clara de
letargia, sem agir e, infelizmente, tendo que, lá na frente -e eu espero que
isso não aconteça-, acompanhar um golpe de Estado".
Para o líder da Rede, Randolfe
Rodrigues (AP), Alcolumbre precisa ter uma posição que vá além de pedir
pacificação.
"Em algum momento, tem que ser
dito para o Senhor presidente da República que ele não pode avançar mais".
Mais cedo, Alcolumbre chegou a narrar
para os colegas senadores a conversa como presidente da República, onde o
senador afirmou que levou uma mensagem de "calma e serenidade".
"Foi uma conversa boa, muito
franca, diante de tudo que viemos nos últimos dias desde a publicação do vídeo,
e a gente vai tratar com serenidade, e vamos pedir calma, e quando chegar outro
momento, lá na frente que superarmos a maior dificuldade do brasil cada um pega
a bandeira do seu partido e a gente vai para o embate depois que a gente salvar
os brasileiros e as empresas", disse ele aos senadores, na reunião
acompanhada pela reportagem.
Apesar do diálogo, o líder do MDB na
Casa, Eduardo Braga (AM), afirmou que é preciso que haja firmeza do lado do
Congresso para que seja feita a defesa da democracia.
"Quero dizer ao presidente
Alcolumbre que concordo com a firmeza na defesa da democracia e, ao mesmo
tempo, com a serenidade e a sensatez que o momento exige. Acho que todos nós
precisamos entender que, no meio desta pandemia, quando o Brasil chora a perda
de compatriotas, e muitos ainda correm risco de vida, nós devemos ter muita
firmeza em defesa da democracia, muita sensatez e muita serenidade".
Já o líder do PSD, Otto Alencar (BA),
cobrou que o Congresso faça uma manifestação contra as agressões.
"É importante, agora, que se dê
uma posição. É super importante isso. Eu queria colocar que a posição do nosso
partido -já conversada com os nossos senadores- vai ser equilíbrio neste
momento, para ver se o Brasil encontra um passo nesse descompasso que estamos
vivendo".
Alvaro Dias (Podemos-PR), líder da
legenda, defendeu que seja colocado um limite ao presidente da República.
"Eu acho que nós precisamos
estabelecer um limite no tempo. Essa crise já chegou à sociedade, já está, na
opinião pública, como uma preocupação do dia a dia. Este confronto entre os
Poderes afronta os princípios democráticos, porque é evidente -e todos nós
sabemos disso- que podemos, eventualmente, atacar, agredir, criticar esse ou
aquele integrante de quaisquer dos Poderes, mas não podemos agredir as
instituições. E elas estão sendo agredidas", disse.
O senador afirmou que não é possível
que haja pedido de entendimento constantemente.
"É preciso que se estabeleça um prazo. Nós não
podemos ficar indefinidamente pedindo o entendimento. Nós estamos dispostos,
obviamente, a nos desarmar -e essa tem sido uma manifestação recorrente aqui no
Congresso Nacional-, mas é preciso que entendam que há um limite para as
agressões reiteradas às instituições democráticas".
EM TEMPO: Que Bolsonaro quer dar um autogolpe para se perpetuar no poder, isso é pura verdade. Resta saber se os militares da ativa e do Alto Comando das Forças Armadas vão na onda de uma pessoa desequilibrada e despreparada. Mas, que algo imprevisível deve acontecer daqui para o final do ano é público e notório a menos que os 3.000 militares que estão no governo peçam o desembarque. Aí o ímpeto ditatorial de Bolsonaro será forçosamente arrefecido. Agora durmam com essa bronca.
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