MÔNICA BERGAMO
Folhapress, 26
de agosto de 2019
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pelo
menos sete ex-ministros que comandaram a pasta do Meio Ambiente assinaram um
texto em que pedem ao Congresso a suspensão imediata da tramitação de todas as
matérias legislativas que possam, de forma direta ou indireta, agravar a
situação ambiental no país.
No manifesto, eles defendem a moratória
ambiental para projetos de leis e outras iniciativas legislativas que ameacem a
Amazônia, povos indígenas e biodiversidade. E propõe a realização de audiências
públicas para que o tema possa ser discutido em caráter de urgência.
A iniciativa é apoiada também pela
OAB e pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
O documento será entregue na quarta
(28) aos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ao
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Os ex-ministros ocuparam os cargos
nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff
e Michel Temer.
Devem ir ao Congresso, em Brasília os
ex-ministros Rubens Ricupero (governo Itamar Franco), Sarney Filho, Gustavo
Krause e José Carlos Carvalho (governo FHC), Marina Silva e Carlos Minc
(governo Lula), Izabela Teixeira (governo Dilma) e Edson Duarte (governo
Temer).
A ideia é entregar o documento
pessoalmente a Maia e Alcolumbre.
O Brasil vive uma emergência
ambiental, afirmam eles no texto. O desmatamento da Amazônia, que atingiu
7.900 km2 entre agosto de 2017 a julho de 2018, está em crescimento acelerado
conforme demonstram as projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,
corroboradas por diversas instituições de pesquisa nacionais e internacionais,
justificam.
E seguem: Os focos de incêndio
aumentaram 83% em todo o país e 140% na Amazônia com tendência de elevação
ainda maiores nos próximos anos, principalmente devido aos retrocessos na
política socioambiental brasileira e da campanha ostensiva de representantes do
poder executivo federal em favor de um modelo de desenvolvimento totalmente
ultrapassado para a Amazônia e demais biomas do país.
Os ex-ministros detalham as críticas
afirmando que o desmonte das instituições federais (Ministério do Meio
Ambiente, IBAMA e ICMBio), como também das políticas e programas de proteção ao
meio ambiente e do Fundo Amazônia que vêm sendo promovidos pelo governo
federal, além de provocar inaceitável degradação do patrimônio natural e da
qualidade ambiental do país, está colocando em risco a segurança de populações
indígenas e comunidades tradicionais e afetando diretamente a saúde pública,
fato tão bem evidenciado com a chuva negra que caiu sobre São Paulo
recentemente.
A comoção mundial é de tal ordem,
afirmam, que ameaças de boicote às exportações brasileiras surgem em diversos
países, pondo em risco a própria balança comercial do País.
Os ex-comandantes da política ambiental dizem que o
parlamento tem o dever histórico de atuar como moderador e oferecer um canal
de diálogo com a sociedade, única forma de reverter essa assustadora realidade.
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