Os governos mentem, o desemprego só aumenta e precisamos virar o jogo
Por Giovanni Frizzo
Radiocom
Nesta semana, o CAGED
(cadastro geral de empregados e desempregados) da Secretaria Especial do
Trabalho publicou dados informando que Pelotas perdeu 1.173 empregos formais
nos primeiros sete meses de 2019. E, só no mês de julho, o Rio Grande do Sul
(RS) perdeu 3.648 vagas de empregos formais, engrossando os milhares de
desempregados no país (12,8 milhões de pessoas).
Desde 2013, convivemos
com uma grande falácia imposta ao povo trabalhador brasileiro, que tem seus
direitos arrancados enquanto os grandes ricos enriquecem cada vez mais. Todos
os governos federais que se passaram nesse período operaram um desmonte, sem
precedentes, das garantias mínimas de vida que a Constituição Federal
assegurava. E, como efeito cascata, os governos estaduais do RS e o governo
municipal de Pelotas “abraçaram a causa” dos ricos que se apresentam como
“pobres vítimas” da crise do capitalismo mundial que eles mesmos causaram.
Todas as medidas destes governos vinham e vêm acompanhadas da grande mentira:
“é preciso tomar estas medidas para retomar o emprego da população”.
Esse era o argumento
da ex-presidenta Dilma quando anunciava os vários cortes orçamentários para a
educação/saúde públicas e privatizava portos, aeroportos, rodovias e os
hospitais universitários.
Esse foi o argumento
do usurpador Temer (cujos livros de história deverão nomeá-lo de O Golpista),
quando impôs a Lei da Terceirização, a Reforma Trabalhista e a Emenda
Constitucional 95 – que reduziu investimentos públicos por 20 anos.
Esse foi o argumento
do governador Sartori (PMDB) quando apresentou o Regime de Recuperação Fiscal
que reduziria investimentos nos serviços públicos e começou a parcelar o
salário de servidores públicos, incluindo o magistério estadual que sequer
recebe o piso salarial nacional.
Esse é o argumento do Bolsonaro (PSL), quando impõe a Reforma da Previdência,
retira recursos da educação para comprar votos de parlamentares e privatiza
empresas estatais e serviços públicos, como a Embraer, Correios, Telebras,
Eletrobras, Casa da Moeda, empresas do setor de petróleo, gás e do setor
mineral.
Esse é o argumento do
governador Eduardo Leite (PSDB), que, além de reduzir o orçamento para direitos
sociais e manter o parcelamento de salários de servidores, vai privatizar a
CEEE, a SulGás e a Companhia Rio-grandense de Mineração, sem a realização de
plebiscito, conforme previsto na Constituição do Estado do RS.
Esse é também o argumento da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) para impor o
projeto de Parcerias Público-privadas que, se for aprovado, vai privatizar o
SANEP e outras áreas do serviço público (seguindo o mesmo caminho
antidemocrático do governador de não realização de plebiscito popular), além de
insistir no desmonte da carreira dos servidores públicos municipais. Lembrando
que a prefeitura de Pelotas, desde Eduardo Leite, não cumpre com a Lei do piso
nacional do magistério.
Todas essas mentiras
já são suficientes para compreendermos que o desmonte dos direitos sociais
(educação, saúde, previdência, saneamento etc) e as privatizações não são
medidas para melhorar as condições de vida ou aumentar as taxas de emprego, mas
sim para transferir à iniciativa privada os serviços públicos e diminuir o
custo dos empresários com empregados. Resumindo: tudo isso é só para que os
grandes ricos fiquem ainda mais ricos, mesmo que empobrecendo ainda mais o povo
trabalhador do país.
Acordar a cada dia tem sido insuportável para o trabalhador e a trabalhadora,
tornou-se um martírio diário escutar as desastrosas notícias veiculadas pela
imprensa ou mesmo nas redes sociais. O café da manhã é cada vez mais amargo em
meio a tempestades de pronunciamentos de autoridades que estão de costas para o
povo e servindo a banqueiros, latifundiários e empresários que exploram nosso
sangue e suor cotidiano. Buscar um emprego para sobreviver é quase mendigar
pela vida de forma humilhante, ao ser chamado de vagabundo que não se esforça.
Ao olhar a caixa de correio de sua residência, a única esperança é que não
tenha mais boletos para pagar. Chega a doer quando escutamos o choro das
crianças que estão com fome, frágeis e sem nenhuma perspectiva de futuro.
Pois somos a maioria!
Somos aqueles e aquelas que vêm de baixo, que nunca tiveram privilégios de
parentes importantes ou heranças milionárias. Somos nós que produzimos a
riqueza do país e da nossa cidade. Somos nós que construímos o pouco de
humanidade que ainda resiste em meio às queimadas das florestas e das vidas.
Portanto, somos nós que devemos tomar as rédeas de nosso destino. Quem vem de
baixo sabe que não temos mais nada a perder, a não ser o medo de enfrentar os
poderosos. Precisamos virar esse jogo e se o governo é contra o povo, então que
o povo se autogoverne. Nosso destino nos pertence e não esperaremos mais pelas
urnas, as ruas incendeiam de luta e sonhos. E é isso que chamamos de Poder
Popular!
Por Giovanni Frizzo –
professor da UFPel e militante do PCB
Imagem: ASCOM –
Prefeitura de Pelotas
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