terça-feira, 4 de novembro de 2025

O Caos como Política de Segurança

 


 

Nota Política do Comitê Regional do PCB RJ

A política de segurança no estado do Rio de Janeiro, do governo de Cláudio Castro (PL), segue a tradicional lógica do enfrentamento entre polícia e bandido, como ficou claro na chacina dos Complexos do Alemão e da Penha. Uma lógica que já demonstrou há décadas a sua falência, pois coloca a população em meio ao fogo cruzado sem conseguir trazer segurança.

E foi justamente o que ocorreu neste 28 de outubro de 2025, quando a segunda maior cidade do país, a capital carioca, acordou sob o signo do terror. Estava em andamento mais uma operação policial desastrosa contra organizações criminosas que controlam a maior parte do território da cidade e da política no estado. Vale lembrar que, dentre as organizações criminosas, não está apenas o tráfico, mas também as milícias, com profundo enraizamento nos aparatos do Estado. É no mínimo estranho que haja silêncio e omissão sobre o combate a essas organizações.

A operação mais letal das forças policiais do Rio de Janeiro foi responsável pela morte, segundo o próprio governo do estado, de 64 pessoas, das quais quatro eram agentes do estado. As demais pessoas, sem a devida identificação, foram tratadas como sendo bandidos.

Para nós comunistas, a promoção do terror em favelas e comunidades mostra que o estado entende como inimigo interno a própria população, ou seja, a classe trabalhadora.

O caos tomou conta do município do Rio e da Região Metropolitana. A população, sem qualquer orientação das autoridades e deseperada, tentou voltar para casa com segurança e, com a ausência de ônibus, o metrô e os trens da Central do Brasil superlotados se tornaram alternativas viáveis, mas de risco.

O crime organizado respondeu com arrastões e vias públicas fechadas, onde o estado não chega com políticas públicas, mas com represão e morte.

Cabe destacar, entretanto, que apesar de o governador Cláudio Castro (PL) ter sido reeleito no primeiro turno nas eleições de 2022 com a promessa de enfrentar o crime organizado, ele não se constituiu em solução, mas em parte do problema que a população vive hoje. Basta lembrar que em 2021 foi utilizada a mesma estratégia para aparentar uma preocupação em relação à segurança pública, quando se promoveu a chacina do Jacarezinho. Ou seja, quatro anos depois o governador se valeu, às vésperas de mais uma eleição, de mais uma chacina nas áreas pobres da cidade.

O caos que a cidade viveu neste dia 28 de outubro de 2025 faz parte, mais uma vez, do jogo eleitoreiro do governador e do seu grupo político de extrema direita. Essa suposta guerra é portanto uma grande farsa “pirotécnica” e espetacular. As armas do tráfico não são oriundas das favelas, mas sim desviadas dos aparatos policiais e forças militares. Assim como as drogas, que não são produzidas nesses espaços, mas sim trazidas de fora com o beneplácito de poderes corrompidos.

O confronto armado indiscriminado acaba servindo também para retroalimentar a lógica de disputa e partilha territorial do crime, privilegiando algumas das organizações criminosas (milícias) em suas expansões de influência, sob tutela de alguns políticos, enquanto espalha terror na população inocente. Trata-se de um jogo que coloca em risco de vida a população pobre das áreas periféricas e os próprios policiais que são deixados à própria sorte.

O PCB no Rio de Janeiro se coloca publicamente contra a política de segurança pública do governo de Cláudio Castro (PL), que vê a população favelada como inimiga interna.

Cláudio Castro e a extrema direita são parte do problema!

Fora Cláudio Castro, responsável pela maior chacina da história do Rio de Janeiro!

PCB RJ

domingo, 2 de novembro de 2025

Chico Alencar sobre massacre no Rio: chacina foi resultado de uma ação 'política e eleitoreira'

O deputado do PSol denuncia que a megaoperação no Complexo do Alemão e na Penha repete o modelo de “guerra às drogas” que nunca traz resultados


Chico Alencar e Cláudio Castro (Foto: Reprodução)


 





 



Por  Dayane Santos

247 - O deputado federal Chico Alencar (PSol-RJ) rechaçou a megaoperação policial no Rio de Janeiro, que contabiliza mais de 100 mortes, além de dezenas de feridos. Em entrevista, o parlamentar classificou a ação como “irresponsável, sem inteligência, sem planejamento e de viés político-eleitoreiro”, responsabilizando o governador Cláudio Castro (PL) pela tragédia.

 “Essa operação foi política e eleitoreira. Foi uma ação sem estratégia, sem diálogo com outras forças, e com resultados desastrosos. O governador está em baixa popularidade e tenta capitalizar o senso comum do ‘bandido bom é bandido morto’”, afirmou Chico Alencar em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247.

Segundo o deputado, a operação foi anunciada como uma “declaração de guerra” ao tráfico nas comunidades do Complexo do Alemão e da Penha, regiões onde vivem mais de 200 mil pessoas. A ofensiva paralisou a cidade e provocou um rastro de medo e destruição.

“Cinco unidades de saúde foram fechadas, 28 escolas no Alemão e 17 na Penha ficaram sem aula, mais de cem linhas de ônibus tiveram itinerários alterados. O Rio vive um cenário de guerra, resultado direto da irresponsabilidade de quem deveria garantir segurança, não espalhar terror”, disse.

Alencar também contestou as declarações do secretário estadual de Segurança, Vitor Santos, que classificou a ação como “necessária e planejada”.

“Necessária, sim porque não se pode permitir que territórios fiquem sob controle de traficantes ou milícias, mas planejada, pensada, com inteligência? De jeito nenhum. Se fosse, não teria esse número absurdo de mortos”, criticou o deputado.

Para o parlamentar, o problema central da segurança pública no Rio de Janeiro é a ausência de políticas sociais e de inteligência. Ele lembrou que o governo federal enviou ao Congresso a PEC da Segurança Pública, que prevê um sistema nacional de integração entre forças policiais e políticas preventivas, mas que vem sendo barrada pela direita e pelo centrão.

“A direita não quer votar a PEC da Segurança. Diz que o governo federal vai tirar poder dos estados, mas ao mesmo tempo Cláudio Castro pede ajuda e culpa Brasília. É o cinismo e a hipocrisia típicos de uma política que vive de discurso e cadáveres”, declarou.

Chico Alencar relembrou também o fracasso de experiências passadas, como as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), que começaram com uma proposta de proximidade e prevenção, mas se perderam pela falta de continuidade e corrupção dentro das próprias corporações.

“Sem ocupação social, o crime volta. Depois da megaoperação, tudo se reinstala como antes. Falta política pública de verdade — educação, cultura, saúde, emprego — e sobra bala. Isso não é política de segurança, é política de extermínio”, afirmou.

O deputado lamentou ainda o discurso de parte da sociedade que aplaude operações letais, reforçado por líderes da extrema direita e pela retórica bolsonarista.

“A população precisa perceber que essas operações só produzem dor e revolta. São jovens, negros e pobres sendo mortos. Enquanto essa lógica prevalecer, nada muda. É preciso enfrentar o senso comum e a estupidez dos governantes em nome da vida e da civilização.”