Maior jornal dos Estados Unidos reconhece a vitória do presidente Lula na guerra tarifária e na resistência às pressões após a prisão de Jair Bolsonaro
24 de novembro de 2025
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| Lula e Trump (Foto: Ricardo Stuckert) |
Por Paulo Emilio
247 - A prisão de
Jair Bolsonaro marcou um ponto de virada na relação entre Brasília e
Washington. O episódio escancarou a limitação da influência do presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, que tentou, sem sucesso, intervir no processo
judicial do ex-mandatário brasileiro. A análise, publicada nesta segunda-feira
(24) pelo jornal estadunidense The New York Times, avalia que o Brasil conseguiu “enfrentar Donald
Trump e vencer” ao não ceder às pressões do presidente dos Estados Unidos sobre
a prisão de Jair Bolsonaro (PL).
No texto, o jornalista Jack Nicas,
ex-correspondente do veículo no país, destaca como Trump utilizou tarifas
comerciais e sanções diplomáticas para tentar impedir o avanço das acusações
contra Bolsonaro. A ofensiva, porém, não alterou o rumo das instituições
brasileiras, que seguiram adiante até a condenação e detenção do ex-mandatário
brasieliro.
A reação de Trump no sábado (22), ao
ser informado da prisão de Bolsonaro, resumiu o desgaste de sua atuação. “Que
pena”, disse. Questionado se teria sido avisado previamente, respondeu: “Não.
Acho uma pena”. A frieza contrastou com o tom agressivo adotado meses antes,
quando enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exigindo a
retirada das acusações de tentativa de golpe atribuídas a Bolsonaro. Naquele
momento, Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sancionou o
ministro Alexandre de Moraes, numa escalada diplomática sem precedentes.
Mudança de cenário
A anaálise destaca que, cinco meses
depois, o cenário mudou completamente. Bolsonaro, de 70 anos, foi condenado a
uma pena de 27 anos etrês meses de prisão, e Trump retirou parte das
tarifas aplicadas ao Brasil após uma reunião cordial com Lula. Analistas
citados pela reportagem observam que a pressão da Casa Branca pode ter tido efeito
inverso, endurecendo a posição das autoridades brasileiras e ampliando a
punição ao ex-mandatário.
A ofensiva comercial de Washington
também provocou impactos internos nos Estados Unidos, elevando o preço de itens
como carne bovina e café em um momento de forte cobrança por redução do custo
de vida. Enquanto isso, Lula emergiu politicamente fortalecido, tendo
enfrentado e superado o confronto diplomático com a principal potência global.
Outro desdobramento citado pelo
jornal envolve Eduardo Bolsonaro, que agora enfrenta acusações criminais por
tentar influenciar a Casa Branca em defesa do pai. Segundo especialistas, o
episódio ampliou a percepção de interferência externa e acirrou a resposta das
instituições brasileiras.
Prisão de Bolsonaro
Bolsonaro foi preso após autoridades
detectarem que ele havia violado a tornozeleira eletrônica instalada durante o
regime de prisão domiciliar. À polícia, afirmou ter tentado queimar o
equipamento com um ferro de solda e, mais tarde, responsabilizou medicamentos que
estaria tomando por supostas alucinações. Moraes, ministro do Supremo Tribunal
Federal e responsável pelo caso, determinou a prisão ao considerá-lo risco de
fuga, destacando sua proximidade com a embaixada dos Estados Unidos — local
onde poderia solicitar asilo. Reportagem do NYT revelou ainda que, no ano
anterior, Bolsonaro chegou a dormir na Embaixada da Hungria em Brasília com o
mesmo objetivo.
Apesar das ameaças iniciais de
retaliação, a Casa Branca não avançou contra o Brasil após a condenação. Ao contrário:
Trump aproximou-se politicamente de Lula. No discurso que fez na ONU, em
setembro, ele improvisou elogios ao encontro que teve com o presidente
brasileiro, afirmando que ambos tiveram “grande química”.
Encontro entre Lula e Trump
Já em outubro, antes de nova reunião
bilateral, Trump foi questionado sobre Bolsonaro. “Eu sempre achei que ele era
direto, mas…”, respondeu, interrompendo a frase. “Ele passou por muita coisa.”
Após o encontro, centrou seus elogios apenas em Lula: “Ele é um cara muito vigoroso.
Fiquei muito impressionado”, afirmou, desejando-lhe feliz aniversário pelos 80
anos completados naquele dia.
País soberano
Em seguida, Trump assinou a ordem
executiva que retirou as tarifas mais pesadas sobre carne e café brasileiros,
justificando a decisão pelo “progresso nas negociações” com o governo Lula. O
gesto abriu espaço para novas tratativas, inclusive sobre acesso a reservas
estratégicas de minerais críticos, algo que Washington tem buscado em países
latino-americanos.
Apesar da distensão diplomática, os Estados Unidos
mantiveram as sanções contra Alexandre de Moraes. A postura do ministro — que
ordenou o bloqueio de contas em redes sociais de aliados de Bolsonaro e
conduziu parte das investigações — é alvo de debates sobre os limites de sua
atuação.Ao ser questionado, no domingo, sobre os comentários de Trump a
respeito da prisão, Lula respondeu de forma contundente: “Trump precisa
entender que somos um país soberano”.
EM TEMPO: Apesar de Trump não ser "outo 18", o certo é que a diplomacia brasileira com Mauro Vieira e Celso Amorim, é altamente capacitada e se equipara a Lavrov, da Rússia e a Ex-chanceler Alemã, a Ângela Merkel. Além do mais Trump costuma dialogar com quem detém o poder das "cartas" e não de "tornozeleira eletrônica". Ok, Moçada!

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