*Foto: Ricardo Stuckert |
Fonte: Blog do Roberto Almeida.
Lula fez mais um discurso histórico, nesta sexta-feira, no Congresso do
PT, realizado em São Paulo.
O ex-presidente Lula fez uma verdadeira radiografia do país, analisou a
situação antes e depois do golpe de 2016 e mandou um recado À TV Globo, que
sempre o perseguiu e hoje está sendo ameaçada pelo presidente da
República. “Eu estive no Governo oito anos e nunca ameacei cassar de forma
arbitrária a concessão de nenhuma emissora”, pontuou.
Na íntegra, o discurso lúcido do líder petista:
Esperei muito tempo para poder falar livremente ao povo brasileiro. Esse
dia finalmente chegou, e minha primeira palavra tem de ser de agradecimento,
pela solidariedade, pelo carinho e pelas manifestações de quem não desistiu de
lutar e vai continuar lutando pela verdadeira justiça.
Durante 580 dias fui isolado da família, dos amigos e companheiros,
apartado do povo, mesmo tendo o direito constitucional de recorrer em liberdade
contra a sentença injusta e fraudulenta de um juiz parcial. Um direito que
somente agora foi proclamado pelo Supremo Tribunal Federal, para todos, sem
exceção.
Com as armas da verdade e da lei, continuarei lutando para que os
tribunais reconheçam, agora, que fui condenado por quem sequer poderia ter me
julgado: um ex-juiz que atuou fora da lei, grampeou advogados, mentiu ao país e
aos tribunais, antes de desnudar seus objetivos políticos. Lutarei para que
seja anulada a sentença e me deem o julgamento justo que não tive. Aos 74 anos de idade, não tenho no coração lugar para ódio e rancor. Mas
quem nesse país já sofreu a humilhação de uma acusação falsa, por causa da cor
de sua pele ou por sua origem social humilde, conhece o peso do preconceito e é
capaz de sentir o quanto fui ferido em minha dignidade. E isso não se apaga.
Nada nem ninguém vai devolver o pedaço arrancado da minha existência,
mas quero dizer que aproveitei esses 580 dias para ler, estudar, refletir e reforçar
meu compromisso com o Brasil e com nosso povo sofrido. Voltei com muita vontade
de falar sobre o presente e principalmente sobre o futuro do Brasil.
Mas logo depois da minha primeira fala, de volta ao sindicato onde
passei o último momento de liberdade, disseram que eu deveria ter cuidado para
não polarizar o país. Que seria melhor calar certas verdades para não tumultuar
o ambiente político, para o PT não provocar uma ameaça à democracia.
Vamos deixar uma coisa bem clara: se existe um partido identificado com
a democracia no Brasil é o Partido dos Trabalhadores. O PT nasceu lutando pela
liberdade durante a ditadura. Não tentem negar essa verdade porque nós
apanhamos da repressão, fomos perseguidos, presos e enquadrados na Lei de
Segurança Nacional por defender essa ideia.
Desde que foi criado, há quase 40 anos, o PT disputou dentro da lei e
pacificamente todas as eleições neste país. Quando perdemos, aceitamos o
resultado e fizemos oposição, como determinaram as urnas. Quando vencemos,
governamos com diálogo social, participação popular e respeito às instituições.
Outros partidos mudaram as regras da reeleição em benefício próprio. Nós
rejeitamos essa ideia, mesmo gozando de uma aprovação que nenhum outro governo
jamais teve, porque sempre entendemos que não se pode brincar com a democracia.
Não fomos nós que falamos em fechar o Congresso, muito menos o Supremo,
com um cabo e um soldado. Em nossos governos, as Forças Armadas foram
respeitadas e os chefes militares respeitaram as instituições, cumprindo
estritamente o papel que a Constituição lhes reserva. Nenhum general deu murro
na mesa nem esbravejou contra líderes políticos.
Não fomos nós que pedimos anulação do pleito só para desgastar o partido
vencedor; que sabotamos a economia do país para forçar um impeachment sem
crime; que sustentamos uma farsa judicial e midiática para tirar do páreo o
candidato líder nas pesquisas.
Não fomos nós os responsáveis, ativos ou omissos, pela eleição de um
candidato que tem ojeriza à democracia; que foi poupado de enfrentar o debate
de propostas, que montou uma indústria de mentiras com dinheiro sujo, sob a
complacência da mesma Justiça Eleitoral que, desacatando uma decisão da ONU,
cassou o candidato que poderia derrotá-lo.
São essas pessoas que agora nos dizem para não polarizar o país. Como se
polarização fosse sinônimo de extremismo político e ideológico. Como se o
Brasil já não estivesse há séculos polarizado entre os poucos que têm tudo e os
muitos que nada têm. Como se fosse possível não se opor a um governo de
destruição do país, dos direitos, da liberdade e até da civilização.
Aos que criticam ou temem a polarização, temos que ter a coragem de
dizer: nós somos, sim, o oposto de Bolsonaro. Não dá para ficar em cima do muro
ou no meio do caminho: somos e seremos oposição a esse governo de
extrema-direita que gera desemprego e exige que os desempregados paguem a
conta.
Somos e seremos oposição a um governo que rasga direitos dos
trabalhadores e reduz o valor real do salário mínimo. Que aumenta a extrema
pobreza e traz de volta o flagelo da fome. Que destrói o meio ambiente. Que
ataca mulheres, negros, indígenas e a população LGBT; ataca qualquer um que
ouse discordar.
Somos, sim, radicais na defesa da soberania nacional, da universidade
pública e gratuita, do Sistema Único de Saúde, público, gratuito e universal.
Nós não somos meia oposição; somos oposição e meia aos inimigos da educação, da
cultura, da ciência e da tecnologia. Nós não aceitamos mais censura, tortura,
AI-5 e perseguição a adversários políticos. Andam negando essa verdade científica, mas a Terra é redonda e nós
estamos, sim, em polos opostos: enquanto eles semeiam o ódio, nós vamos mostrar
a eles o que o amor é capaz de fazer por este país.
Companheiras e companheiros,
Já foi dito que o PT nasceu para mudar o Brasil. E mudou. Porque
trazemos na origem o compromisso com os trabalhadores, com os mais pobres, com
os que carregaram ao longo de séculos o peso da exclusão e da desigualdade.
Porque pela primeira vez fizemos um governo para todos os brasileiros e
brasileiras, e isso fez toda a diferença em nosso país.
Se fosse para governar apenas para uma parte da população, o Brasil não
precisaria do PT.
Para o mercado decidir quem pode e quem não pode se aposentar, quanto
vai custar o gás de cozinha, o combustível, a energia elétrica, visando somente
o lucro, o Brasil não precisaria do PT.
Se fosse para entregar ao estrangeiro as riquezas naturais, o petróleo,
as águas, as empresas que o povo brasileiro construiu, o Brasil não precisaria
do PT.
Se fosse para queimar a floresta, envenenar a comida com agrotóxicos,
deixar impunes crimes como os de Marielle, Mariana, Brumadinho, ignorar
desastres como o óleo no litoral do Nordeste, quem precisaria do PT?
Para o filho do rico estudar nas melhores universidades do mundo e o
filho do trabalhador ter de largar a escola pra sustentar a família, o Brasil
não precisaria do PT. Se é para alguns terem mansão em Miami e muitos viverem debaixo do
viaduto; para o rico ficar isento até do imposto de herança e o trabalhador
carregar o peso do imposto de renda, o Brasil não precisaria do PT.
Para manter a mais escandalosa concentração de renda do planeta Terra,
para o rico continuar cada vez mais rico e o pobre ficar cada dia mais pobre,
aí mesmo é que o Brasil não precisaria do PT.
Porque o maior inimigo do Brasil hoje e desde sempre é a desigualdade,
esse vergonhoso fosso em que 1% da população detém 30% da renda nacional e para
a metade mais pobre sobram 17%, as migalhas de um banquete indecente.
Mas se este país quer superar a chaga imensa da desigualdade, recuperar
a soberania e o seu lugar no mundo, se quer voltar a crescer em benefício de
todos os brasileiros e brasileiras, o Partido dos Trabalhadores é mais do que
necessário: ele é imprescindível.
Esta é a enorme responsabilidade que estamos recebendo. O Brasil nunca
precisou tanto do PT. E o PT tem de ser grande o bastante para corresponder ao
que o país espera de nós. Tem de estar unido, forte e cada vez mais conectado
com o povo brasileiro.
Temos a responsabilidade de renovar o partido, compreender o que mudou
na sociedade brasileira nesses 40 anos e buscar as respostas para os novos
desafios. Fomos forjados na luta em defesa da classe trabalhadora.
O peso da injustiça recai hoje sobre os motoristas de aplicativos, os
jovens que perdem a saúde e arriscam a vida fazendo entregas em motos,
bicicletas, ou mesmo a pé. Os que não têm a quem recorrer por seus direitos,
porque a única relação de trabalho que conhecem não é a carteira profissional,
mas um telefone celular que ele precisa recarregar desesperadamente.
Esse é o lugar que resta aos deserdados de um modelo neoliberal
excludente, cada vez mais desumano. Um mundo em que o mercado é deus e em que a
solidariedade deixa de ser um valor universal, substituída por uma competição
individualista feroz.
É com esse mundo novo que o PT precisa dialogar, sem abrir mão de nossos
compromissos históricos, mantendo os pés firmes no presente e mirando sempre o
futuro. Se as formas de exploração mudaram, a injustiça e a desigualdade
permanecem e são cada vez mais cruéis. Temos de estar mais organizados, mais
fortes, conscientes e mais decididos do que nunca a construir um país mais
generoso, solidário e mais justo. É por isso que o Brasil precisa tanto do PT.
Companheiras e companheiros,
Salvar o país da destruição e do caos social que este governo está
produzindo não é tarefa para um único partido. Fomos eleitos e governamos em
aliança com outras forças do campo popular e democrático. Por mais que tentem
nos isolar, estamos juntos na oposição com partidos da centro-esquerda e
estamos com os movimentos sociais, as centrais sindicais e importantes
lideranças da sociedade.
Embora tantos tenham cometido erros antes e depois dos nossos governos,
é somente do PT que exigem a autocrítica que fazemos todos os dias. Na verdade,
querem de nós um humilhante ato de contrição, como se tivéssemos de pedir
perdão por continuar existindo no coração do povo brasileiro, apesar de tudo
que fizeram para nos destruir. Preciso dizer algumas verdades sobre isso.
O maior erro que nós cometemos foi não ter feito mais e melhor, de uma
forma tão contundente que jamais fosse possível esse país voltar a ser
governado contra o povo, contra os interesses nacionais, contra a liberdade e a
democracia, como está sendo hoje.
Deveríamos ter feito mais universidades do que fizemos, mais reforma
agrária, mais Luz Pra Todos, mais Minha Casa Minha Vida, mais Bolsa Família e
mais investimento público. Teríamos de ter conversado muito mais com o povo e com os trabalhadores,
conversado mais com os jovens que não viveram o tempo em que o Brasil era
governado para poucos e não para todos.
Também tínhamos de ter trabalhado muito mais para democratizar o acesso
à informação e aos meios de comunicação, apoiado mais as rádios comunitárias,
fortalecido mais a televisão pública, a imprensa regional, o jornalismo
independente na internet.
Antes que a Rede Globo me acuse outra vez pelo que não disse nem fiz,
não ousem me comparar ao presidente que eles escolheram. Jamais ameacei e
jamais ameaçaria cassar arbitrariamente uma concessão de TV, mesmo sendo
atacado sem direito de resposta e censurado como sou pelo jornalismo da Globo.
Eu sempre disse que jamais teria chegado onde cheguei se não tivesse
lutado pela liberdade de imprensa. Hoje entendo, com muita convicção, que
liberdade de imprensa tem de ser um direito de todos, não pode ser privilégio
de alguns.
Não pode um grupo familiar decidir sozinho o que é notícia e o que não
é, com base unicamente em seus interesses políticos e econômicos.
Entendo que democratizar a comunicação não é fechar uma TV, é abrir
muitas. É fazer a regulação constitucional que está parada há 31 anos, à espera
de um momento de coragem do Congresso Nacional. É fazer cumprir a lei do
direito de resposta. E é principalmente abrir mais escolas e universidades,
levar mais informação e consciência para que as pessoas se libertem do
monopólio.
Enfim, penso que teríamos de ter lutado com mais vontade e organização,
fortalecido ainda mais a democracia, para jamais permitir que o Brasil voltasse
a ter um governo de destruição e de exclusão social como voltou a ter desde o
golpe de 2016.
A autocrítica que o Brasil espera é a dos que apoiaram, nos últimos três
anos, a implantação do projeto neoliberal que não deu certo em lugar nenhum do
mundo, que vai destruir a previdência pública e que ao invés de gerar os
empregos que o povo precisa está implantando novas formas de exploração.
A autocrítica que a democracia e o estado de direito esperam é daqueles
que, na mídia, no Congresso, em setores do Judiciário e do Ministério Público,
promoveram, em nome da ética, a maior farsa judicial que este país já assistiu.
O mundo hoje sabe que, ao contrário de combater a impunidade e a
corrupção, a Lava Jato corrompeu-se e corrompeu o processo eleitoral e uma
parte do sistema judicial brasileiro. Deixou impunes dezenas de criminosos
confessos que Sérgio Moro perdoou e que continuam muito ricos.
Como podem dizer que combateram a impunidade se soltaram pelo menos 130
dos 159 réus que ele mesmo havia condenado? Negociaram todo tipo de benefício
com criminosos confessos, venderam até o perdão de pena que a lei não prevê, em
troca de qualquer palavra que servisse para prejudicar o Lula.
Que ética é essa que condena 2 milhões de trabalhadores, sem apelação,
destruindo empresas para salvar os patrões acusados de corrupção?
Não tem moral, não tem autoridade para discutir ética quem deu cobertura
aos procuradores de Deltan Dallagnol e Rodrigo Janot quando eles entregaram a
Petrobrás aos tribunais dos Estados Unidos, um crime de lesa-pátria que já
custou quase 5 bilhões de dólares ao povo brasileiro.
Temos muito o que falar sobre ética, sobre combate à corrupção e à
impunidade. Mas acima de tudo temos que falar a verdade.
Meus amigos e minhas amigas,
Alguns professores de deus defendem um modelo suicida de austeridade
fiscal e redução do estado, que não deu certo em nenhum lugar do mundo. Tiveram
o apoio da mídia e das instituições para culpar os governos do PT por tudo de
ruim que havia no Brasil. Mentiram que tirando o PT do governo tudo se
resolveria, por obra do mercado e do ajuste fiscal. E os problemas se agravaram
ainda mais.
Os indicadores econômicos do Brasil pioraram: a balança comercial em
queda, a economia paralisada, setores da indústria destruídos, o investimento
público e privado inexistente, o rombo nas contas aumentado irresponsavelmente
por razões políticas. O custo de vida dos pobres aumentou e as pessoas voltaram
a cozinhar com lenha porque não podem comprar um botijão de gás.
É preciso dizer umas verdades sobre isso também.
A primeira delas é que o Brasil só não quebrou ainda por causa da
herança dos governos do PT. Por causa dos 370 bilhões de dólares em reservas
internacionais que acumulamos e querem queimar na conta dos juros. Por causa
dos mercados internacionais que abrimos e que uma política externa
irresponsável está fechando. Por causa do pré-sal que descobrimos e que estão
vendendo na bacia das almas.
O Brasil só não está passando por uma convulsão social extrema por causa
da herança dos governos do PT. Porque não conseguiram acabar com o Bolsa
Família, último recurso de milhões de deserdados. Porque milhões de famílias
ainda produzem no campo, para onde levamos água, energia, tecnologia e recursos
em nosso governo. E também porque não conseguiram destruir ainda os sistemas
públicos de saúde, educação e segurança, mas fatalmente isso irá ocorrer pela
criminosa política de cortes do investimento público.
Sempre acreditei que o povo brasileiro é capaz de construir uma grande
Nação, à altura dos nossos sonhos, das nossas imensas riquezas naturais e
humanas, neste lugar privilegiado em que vivemos. Já provamos que é possível
enfrentar o atraso, a pobreza e a desigualdade, desafiando poderosos interesses
contrários ao país e ao povo.
Soberania significa independência, autonomia, liberdade. O contrário é
dependência, servidão, submissão. É o que está acontecendo hoje. Estão
entregando criminosamente a outros países as empresas, os bancos, o petróleo,
os minerais e o patrimônio que pertence ao povo brasileiro. Trair a soberania é
o maior crime que um governo pode cometer contra seu país e seu povo.
A Petrobrás está sendo vendida em fatias a suas concorrentes
estrangeiras.
Fiquem alertas os que estão se aproveitando dessa farra de entreguismo e
privatização predatória, porque não vai durar para sempre. O povo brasileiro há
de encontrar os meios de recuperar aquilo que lhe pertence. E saberá cobrar os
crimes dos que estão traindo, entregando e destruindo o país.
Tão importante quanto defender o patrimônio público ameaçado é preservar
os recursos naturais e nossa riquíssima biodiversidade. Utilizar esse
patrimônio, fonte de vida, com responsabilidade social e ambiental.
Um país que não garante educação pública de qualidade a todas as suas
crianças, adolescentes e jovens não se prepara para o futuro.
Mas parece que enfiaram o Brasil à força numa máquina do tempo e nos
enviaram de volta a um passado que a gente já tinha superado. O passado da
escravidão, da fome, do desemprego em massa, da dependência externa, da
censura, do obscurantismo.
O Brasil precisa embarcar de volta para o futuro. E não tem ninguém
melhor para pilotar essa máquina do tempo do que a juventude desse país. Porque
essa juventude, seja ela branca, negra ou indígena, ela quer ensino de
qualidade, quer adquirir conhecimento, quer de volta as oportunidades de
trabalho digno, sem alienação e sem humilhações.
Essa juventude quer e merece um mundo melhor do que este em que estamos
vivendo.
Hoje me coloco à disposição do Brasil para contribuir nessa travessia
para uma vida melhor, vida em plenitude, especialmente para os que não podem
ser abandonados pelo caminho.
Sem ódio nem rancor, que nada constroem, mas consciente de que o povo
brasileiro quer retomar a construção de seu destino; de que temos de fazer
juntos um Brasil soberano, democrático, justo, em que todos e todas tenham
oportunidades iguais de crescer e sonhar.
O futuro será nosso, o futuro será do Brasil!
Muito obrigado!
Luiz Inácio Lula da Silva
EM TEMPO: Evidentemente que Lula e o PT, precisam fazer algumas correções, as quais inibam a ingerência da Direita num possível governo do PT, a exemplo de Renan Calheiros, Fernando Bezerra Coelho, Armando Monteiro e tantos outros.
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