quarta-feira, 30 de abril de 2025

Francisco, a Paz e a romaria dos hipócritas

 

Créditos / Vatican News



 





José Goulão

Começou a jorrar a pungente enxurrada de palavras laudatórias dos governantes deste mundo para expressar sentimentos que não existem, cumprir conveniências protocolares, identificar-se com tudo o que desprezam, exibir falsas comoções, tirar proveito de um acontecimento de que amanhã já não se lembrarão porque é fundamental regressar à vidinha reles e predadora do costume.

A morte do Papa Francisco é, inegavelmente, uma perda para o mundo. Não como chefe da Igreja Católica, mas como homem universalista e humanista que soube evitar e contornar as questiúnculas vaticanas, velhas de séculos, para se dedicar a pensar e a agir sobre as coisas do mundo e da humanidade; as coisas que nos levam por caminhos transviados, quem sabe se fatais e que o Papa, não como santo mas como ser humano, tentou travar com a sua sensibilidade e espírito fraterno.

A comunidade dos hipócritas que dirige o mundo, conduzindo-nos para precipícios que Francisco identificou como facilmente evitáveis se os homens e as mulheres tivessem a boa vontade que extravasa, em muito, as palavras dos textos religiosos, não hesita agora em tirar proveito do seu falecimento com denodo vampiresco.

O Papa que agora nos deixa, chefe de uma instituição que dificilmente encontrará outro à sua altura, porque não saberá (nem quererá) navegar contra a corrente com a coragem e lucidez de Francisco, deixa órfãos os desprotegidos, os marginalizados, os pobres, os refugiados e migrantes, os povos das periferias, os que sofrem na carne os efeitos dos crimes ecológicos praticados pelos que enchem a boca com o combate (falso) às alterações climáticas, enfim os milhões de seres humanos que enfrentam os terrores das guerras gananciosas impostas pelos interesses de castas desumanizadas e as minorias do dinheiro. 

A coragem e a lucidez de um pacifista

Francisco foi um homem corajoso e lúcido. Corajoso porque não teve receio de usar a palavra contra os carrascos do ser humano que, tentando embalar-nos com conversas mansas das quais apenas sobra a mentira, não hesitam em criar infernos em vida e ameaçar as nossas existências. Lúcido, porque soube ler o mundo como poucos na comunidade internacional, traçando impiedosamente os retratos dos malfeitores e inconformando-se com os horrores das malfeitorias, apesar de os atingidos olharem sempre para o lado, fingindo que nada era com eles enquanto, cinicamente, lhe faziam os salamaleques da praxe.

O Papa que agora nos deixa extravasou em muito o catolicismo e o cristianismo. Mesmo no interior das instituições da sua fé e das comunidades dos crentes muitas vezes não foi bem aceite pelas correntes tradicionalistas, as mesmas que, simultaneamente, se acomodam, e até defendem o que de pior existe à face da Terra.

Francisco selou a sua presença na história do catolicismo e, principalmente, da humanidade, porque no seu tempo combateu sem hesitar os dois verdadeiros demônios que perseguem e abatem os seres humanos: o neoliberalismo e a guerra.

O sacerdote argentino que tanto sofria com o seu pobre povo cruelmente entregue ao estado mais extremo do neoliberalismo, nunca foi manso para com esta doutrina econômica, social e política que despreza o ser humano em nome da liberdade, que o oprime mergulhando-o na pobreza como caminho para a sempre longínqua e assim inatingível abastança, que o mata garantindo-lhe independências e soberanias a que são intrinsecamente avessos. O desumano neoliberalismo globalista é a sua meta; a justiça social, o respeito pelo ser humano, a dignidade da vida, a paz e a convivência fraterna são as luzes pelas quais o falecido Papa se guiava.

Francisco foi, por tudo isto, um homem contra a corrente, na realidade um corpo estranho neste mundo e que não desistiu, até ao fim, de o tentar modificar, de o tornar um lugar adequado para o florescimento da dignidade do ser humano, de todos os seres humanos. Por isso, o Papa não se identificava, e nunca deixou de condenar, esta preciosidade ocidental de se comover, justamente, com o sofrimento e o drama dos ucranianos mas desprezar e ser até cúmplice da matança e do genocídio do povo palestino. O Papa jamais perdoou e seria capaz de perdoar o segregacionismo e a xenofobia que estão no DNA dos hipócritas. Ele amou especialmente todos os povos vítimas de guerras, e não apenas as tropas com armas.

No domingo de Páscoa, nas suas derradeiras e esforçadas palavras, Francisco teve a energia sobre-humana necessária para lembrar os pobres, os desprezados, as minorias perseguidas, os excluídos das periferias, as vítimas do racismo e da xenofobia, os refugiados e migrantes, solidarizando-se com estes como vítimas da ganância e das guerras impostas aos seus países. E não deixou de responsabilizar, mais uma vez, a doutrina que identificou explicitamente como responsável por essas expressões de miséria: o capitalismo e a sua versão extrema, o neoliberalismo.

Um combatente pelo desarmamento
E Francisco, horror dos horrores, defendeu a paz.

Não uma paz abstrata como apregoam os que a procuram e garantem estar no final das guerras. Mas sim a paz que desprezam e nos proíbem de invocar e defender sob pena de sermos considerados traidores e servidores dos inimigos que nos espreitam em cada canto. A paz que se encontra falando, compreendendo e negociando e não espalhando a pobreza e a morte porque são necessárias armas, mais armas, cada vez mais armas e mais sofisticadas, capazes de tornar sempre maiores as multidões de inocentes assassinados e fazer transbordar os cofres dos magnatas da morte.

É verdade, Francisco defendeu o desarmamento sem poupar a indústria armamentista e respectivos frequentadores como um dos grandes flagelos deste tempo. Guardou até para apelar ao desarmamento as suas derradeiras palavras proferidas, a custo, num Domingo de Páscoa. Adivinhem: os que agora dizem lamentar o seu desaparecimento nunca o escutaram, fingiram-se moucos. Para eles, o Papa era alguém que tentavam identificar com as suas desprezíveis imagens e semelhanças; não o Papa que jamais se esqueceu das verdadeiras vítimas desses hipócritas, refinados vendilhões do Templo.

Os chefes e as cliques governantes da União Europeia, de Marcelo e quejandos aos confins do Báltico proferem agora as palavras banais, protocolares e de circunstância, expressam sentimentos que não têm a não ser nas carteiras e contas bancárias, pronunciam, a contragosto, a palavra paz enquanto montam exércitos e entopem o continente europeu de armas, vestem as suas mais caras e negras fatiotas para irem em romaria e alinharem-se, quiçá para a foto de família, nos tapetes do Vaticano. Francisco dispensaria a sua presença, mas eles acham-se sempre indispensáveis e bem-vindos mesmo quando ninguém os convida. Lagarde, a senhora do dinheiro, a par de Von der Leyen, a senhora da guerra e Costa, servidor babado de tudo isto, não faltarão. Por aí se percebe o tipo de gente a quem estamos entregues e que o Papa argentino, perceptivelmente, não tinha em grande conta.

Francisco deixa muitas saudades e um vazio que provavelmente tão depressa não será preenchido. A hierarquia da Igreja Católica, que não a imensa multidão dos fiéis, tem grande habilidade para emendar os seus “erros” movendo-se e conspirando com uma experiência de dois milénios no silêncio dos corredores vaticanos. Como foi o caso de João Paulo I, prometedor homem de bem que não resistiu mais de 33 dias na cadeira de Pedro, o pescador, logo substituído por Wojtyla (ou João Paulo II), o Papa do neoliberalismo, da unipolaridade imperial, arauto de um catolicismo com ressonâncias medievais.

Francisco foi um irmão mais velho, sábio e presente para católicos, não católicos e não cristãos, religiosos, agnósticos e ateus, muitos dos que, não comungando da sua doutrina e conceitos filosóficos, o admiravam como homem e humanista, certos de que nele podiam confiar. Defendia conceitos de vida terrena pelos quais vale a pena lutar para retirar o mundo do pântano onde mulheres e homens degenerados pelo poder e o dinheiro o vão mergulhando. Estes são dias tristes e, ao mesmo tempo, dias que a cáfila dos hipócritas e fanáticos da guerra anseia para poder desfilar e brilhar.

terça-feira, 29 de abril de 2025

A novela de Bolsonaro no hospital e a pergunta que não quer calar: Que doença ele tinha antes de Adélio encontrá-lo?

Médico localizou estudo acadêmico que revela: facada única no abdômen muito raramente resulta em morte

29 de abril de 2025

Por Joaquim de Carvalho (Jornalista).


 

Jair Bolsonaro e Adélio Bispo (Foto: Reprodução | Ricardo Moraes/Reuters)

Jair Bolsonaro transformou sua internação numa novela, com vídeos diários, com direito à trilha sonora. Parece um drama mexicano. Só que o roteiro tem problema. 

Bolsonaro vincula Adélio a um movimento de esquerda, o que é falso - Adélio tinha militância na rede social identificada com a direita e defendeu pelo menos um projeto de Bolsonaro, o da redução da maioridade penal. 

E Bolsonaro também diz que escapou da morte por milagre. 

O fato é que um estudo acadêmico feito na Inglaterra – informa-me um médico na condição de anonimato –, analisou mil casos de facada única no abdômen e apenas um resultou em óbito. 

As mortes ocorrem com facadas múltiplas. Estou aguardando o médico me enviar o estudo para escrever outro artigo.

Segundo ele, há outros estudos com número menor de casos -- 100 e 200 --, e o resultado é parecido. Para esse médico, a hipótese do auto atentado tem lógica. 

Se o objetivo era matar Bolsonaro, Adélio poderia usar um revólver. Até porque ele tinha feito curso de tiro, dois meses antes, no mesmo clube de Florianópolis frequentado por Carlos Bolsonaro, o .38, e no dia em que este estava na cidade.

É possível que Carlos Bolsonaro estivesse no clube este dia – ele nega, diz que ia para o .38, mas desistiu. Em entrevista a Leda Nagle, Carlos disse que talvez isso tenha salvado sua vida. Adélio poderia ter ido lá com objetivo de matá-lo.

Ora, isso não faz sentido. Até o dia em que fez o curso, Adélio não tinha postado nenhuma mensagem agressiva a Bolsonaro.

Ele começa a se manifestar de maneira agressiva ao então pré-candidato a presidente alguns dias depois do curso, entra no próprio perfil de Jair Bolsonaro e, num comentário, diz que gostaria de encontrá-lo na rua, para enfrentá-lo fisicamente.

Alguns poderiam dizer que ele teria ido a Juiz de Fora justamente para ter esse encontro, dois meses depois. Também não faz sentido. Em depoimento, Adélio diz que foi à cidade mineira para experimentá-la.

Ele vivia até então num circuito restrito: Montes Claros, onde nasceu, Uberaba, onde trabalhou como garçom, e Florianópolis, onde também trabalhou como garçom e entregador e, perto dali, Camboriú, como servente de pedreiro.

Segundo depoimento, só soube que Bolsonaro estaria na cidade quando viu um outdoor. Ele, então, fotografou os locais por onde Bolsonaro passaria, e foi até o Parque Halfeld, de onde o então pré-candidato saiu para uma caminhada pelo calçadão.

Quem estava ali, perto dele? Carlos Bolsonaro que, ao avistá-lo, se trancou no carro. Disse que ficou com medo. Medo por quê? Até então, pela narrativa do próprio Carlos, Adélio era um desconhecido.

Se era desconhecido e despertou medo nele, o certo a fazer não era correr, mas avisar um dos muitos seguranças ou policiais que estavam ali, para revistá-lo ou prendê-lo.

Até porque já circulava na cidade um zum zum zum de que Bolsonaro poderia levar uma facada, o que não é comum em termos de atentado para valer. 

Quem falou na possibilidade da facada foi o segurança voluntário Hugo Alexandro Ribeiro. Em seu depoimento, a promotora pergunta:

– O senhor pode observar o contato do senhor Adélio com outras pessoas antes do evento da facada?

Hugo responde:

– Olha, como um dos organizadores da segurança voluntária, antes do Bolsonaro chegar ao Parque Halfeld, fui informado que tinha pessoas querendo dar uma facada no Bolsonaro. Na hora que o Bolsonaro chega, de fato, eu estou com o tenente-coronel que estava no comando da operação, no meio da praça, no Parque Halfeld. Então, foi onde eu consegui chegar próximo ao Bolsonaro, na porta da Funalfa. Eu fui andando na diagonal. Então, a princípio, como um dos coordenadores, era para eu recebê-lo, mas eu não consegui. Porque eu fui fazer uma varredura e avisar a PM que eu tinha sido informado que um ou outro ia dar uma facada no Bolsonaro. 

A promtora indaga:

– Havia sido informado por quem?

Hugo:

– Um colega. O colega na rua me conhecia, sabia que eu estava na segurança e ele disse: “Hugo, corre os olhos aí, perto da banca, tem pessoas que falaram que vão dar uma facada no Bolsonaro. E um colega meu, que estava na formação comigo, nós fizemos o pente-fino, identificamos pessoas prováveis e passamos a informação para a polícia.

A promotora:

– O senhor prestou esse depoimento em sede policial também acerca de outras pessoas que teriam dito que queriam esfaquear também o candidato?

Hugo:

– Não, o único depoimento que eu prestei foi no dia do ocorrido na Polícia Federal.

E o segurança voluntário, que tinha sido militar do Exército, identifica a fonte da informação: Célio Félix, também segurança em Juiz de Fora.

Hugo já não está mais aqui para entrevista. Ele faleceu em 2021, aos 56 anos, quando estava trabalhando como segurança em um condomínio. Segundo laudo médico, a causa da morte foi infarto.

Há várias pontas ainda soltas no caso, embora a Polícia Federal tenha encerrado a investigação com a conclusão de que Adélio agiu sozinho, um lobo solitário. 

Não foi investigada a hipótese do auto atentado. Bolsonaro expõe sua barriga todos os dias, e já a tinha apresentado ao público antes mesmo do evento de Juiz de Fora.

Em 29 de abril de 2018, ao participar de um culto evangélico no Encontro dos Gideões, em Blumenau, o pastor perguntou quem tinha doença no estômago. 



Bolsonaro já estava doente antes da facada ou suposta facada(Photo: Reprodução)

Cutucado por Michele, Bolsonaro levantou a mão e recebeu oração de cura. É a evidência de que ele já estava doente, pois havia interrompido duas vezes a campanha, para ser atendido em hospital.

Qual era a doença que Bolsonaro tinha? Tem a ver com as internações presentes? 

Assista aos vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=JYjOeCEjwHw

https://www.youtube.com/watch?v=HeUCVw35w5Q 

sábado, 26 de abril de 2025

Anistia não é para bolsonarista bucha de canhão, mas para Bolsonaro ficar impune e livre da cadeia

O PL, um partido de extrema direita, saiu derrotado em seus interesses nada republicanos e sua vontade de votar a anistia para bandidos como se urgência fosse.

Por Davis Sena Filho (Editor do Blog Palavra Livre)

26 de abril de 2025

 
Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)






Os autodenominados “patriotas” são chamados por grande parte da população brasileira de “patriotários” ou "manés" ou "gado". Os eleitores do campo progressista discordam totalmente e politicamente dos cognominados “bolsominions” e como resposta a um governo militarizado e ultraneoliberal, como foi o de Jair Bolsonaro, elegeram, em 2022, o Lula-3 presidente da República, sendo que o incompetente Bolsonaro se tornou o primeiro presidente a não se reeleger após a redemocratização do Brasil.

A verdade é que esses golpistas sem importância e influência política, mas que se dispuseram a cometer crimes em série em Brasília para darem um golpe de estado são de maioria pobre, de classe média e média baixa, realidade que amplifica o quão no Brasil vicejam grupos sociais cuja ignorância e miséria moral pode impor ao Brasil um regime político persecutório, opressor e repressor, porque a tentativa de golpe perpetrada por eles deixou essa questão muito bem clara e real.

Tentaram implantar um regime com disposição, inclusive, para prender, exilar, torturar e matar, a relembrar a violenta ditadura militar de 1964, porque a verdade é que se pode realmente imaginar o que fariam o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores militares, policiais e civis de vários segmentos e setores da sociedade, que se diz conservadora, conseguissem concretizar o golpe de estado e, consequentemente, perpetuarem-se no poder, conforme desejavam os generais cúmplices e protagonistas dos planos anti republicanos de Bolsonaro.

Contudo, essas pessoas, na verdade, são buchas de canhão. São os patriotários que foram ao front da baderna insana, porque não aceitaram a derrota de Bolsonaro para o Lula-3, assim como sequestraram a camisa da Seleção Brasileira e passaram a usar os símbolos cívicos e bandeiras do Brasil como se fossem propriedades deles, somente deles, o que se torna um total despropósito e uma falta de discernimento que alcança as raias da idiotia.

Esse comportamento típico de gente sem noção do ridículo apenas denota soberba e autoritarismo característicos de pessoas sectárias e intolerantes com os desiguais e diferentes, mas que resolveram descambar para a violência tão própria à extrema direita. São indivíduos que foram gravados, filmados e fotografados por eles mesmos, a se auto incriminarem de maneira surreal, a facilitarem o trabalho dos órgãos de estado de segurança e investigação e assim ficaram fragilizados em suas defesas perante à Justiça, sendo punidos com cadeia.

Os patriotários cantam o Hino Nacional para demonstrar um patriotismo vazio de projetos e de desenvolvimento, de bem-estar social e de conhecimento sobre o Brasil de inúmeras regiões e sua sociedade diversificada, multifacetada, multicolorida e multicultural. Enfim, desconhecem onde nasceram e moram, porque o farol que ilumina seus caminhos é o farol da obscuridade, da ignorância e do golpismo perverso, que se edifica por meio de preconceitos e, com efeito, se valeram de grande violência com a intenção de implantar no Brasil mais uma ditadura em sua sofrida história.

Depois de mais de duas mil pessoas serem presas após o quebra-quebra que destruiu literalmente as sedes dos Três Poderes em Brasília, cerca de mil pessoas foram julgadas e condenadas, desde penas “leves” que devolvem os delinquentes aos seus lares mediante o uso de tornozeleira eletrônica, além de diferentes limitações para que o condenado pela Justiça tenha de cumprir determinações quanto à sua rotina de vida até que seja cumprido o tempo da pena, sendo que foram também determinadas pelo STF as condenações mais pesadas, cujos delinquentes e golpistas cumprirão suas penas encarcerados, em um tempo de 13 a 17 anos.

Porém, o que chama a atenção é que esses meliantes rancorosos e ressentidos por toda uma vida são profundamente analfabetos políticos, sendo que muitos em seus depoimentos demonstraram viver em um mundo paralelo, eivado de crenças frívolas, fanatismo religioso e político ao ponto que inúmeros presos se recusaram a citar o nome do político fascista e chefe do golpe, Jair Bolsonaro, como se fosse uma “honra” "protegê-lo" na esperança de amenizar as acusações por parte da PGR e que ora estão a cargo dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Trata-se de algo sem precedentes e psicologicamente complexo, porque essa gente, apesar da imensa ignorância e perversidade moral, considera que está a serviço de uma bem maior, que é “lutar pela Pátria” e assim preservar seus princípios e valores nem que seja necessário mofar na cadeia, o que denota também que muitos presos foram arrebatados pelo fanatismo religioso de ordem evangélica, porque grande parte dos que participaram da intentona bolsonarista é frequentadora de igrejas evangélicas.

Trata-se de um segmento conservador de onde é oriundo o maior defensor das diatribes de Bolsonaro, o pastor midiático de extrema direita Silas Malafaia, chefe da neopentecostal Assembleia de Deus Vitória em Cristo, dentre inúmeros pastores e bispos de outras denominações evangélicas que apoiam até hoje o inelegível e réu Jair Bolsonaro, que, absolutamente, infernizou o Brasil por longos quatro anos, a desmontar o Estado nacional e a estrangular toda uma rede de proteção social e de direitos adquiridos conquistados pelo povo brasileiro por intermédio de décadas, principalmente nos governos progressistas e trabalhistas de centro-esquerda e de esquerda.

Por sua vez, o que chama mais a atenção é o cinismo, a hipocrisia, os meios oportunistas dignos dos canalhas evidenciados pela direita e a extrema direita na Câmara dos Deputados, a liderar a concessão da tal “anistia” aos delinquentes da intentona bolsonarista o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL/RJ), um pastor radical e que luta no Legislativo nacional para anistiar os marginais que invadiram os palácios dos poderes da República e destruíram tudo o que viram pela frente, como verdadeiros vândalos e, ignorantes que são, efetivaram uma selvageria que está marcada eternamente na história do Brasil. Um momento trágico, bárbaro e inglório para a sociedade brasileira, porque um atentado contra a civilização, ao que é civilizado.

Contudo, faço uma pausa e pergunto: “Ué, somente agora, após dois anos, os deputados federais golpistas se importam com o lumpesinato bolsonarista bucha de canhão?”

Sim. Enquanto Bolsonaro não corria o real perigo de ser preso, como acontece agora depois de ser considerado réu pelo Supremo, o PL, liderado pelo pastor evangélico da Assembleia de Deus, deputado Sóstenes Cavalcante, como o é também dá Assembleia seu parceiro ideológico Silas Malafaia, mobiliza-se de maneira francamente autoritária e, mediante chantagens, ameaça paralisar as votações da Câmara, ação legislativa que chamam de obstrução. Querem a fórceps votar a “anistia” em regime de urgência para beneficiar bandidos que tentaram dar um golpe por meio da destruição das sedes republicanas e, com efeito, facilitar para que os militares interviessem e por meio dessa “intervenção” darem um golpe de estado.

Acontece que o golpe foi derrotado e por isso que o lúmpen bolsonarista carne de canhão está preso nos presídios da Papuda e da Colmeia HÁ DOIS ANOS, mas somente agora os reais mandantes e apoiadores do golpe contra o presidente Lula-3 se mobilizam para, na verdade, livrarem Bolsonaro da cadeia e, quiçá, como se concedessem um salvo-conduto, lançá-lo candidato a presidente em 2026. É mole ou quer mais, meu camarada? Impunidade aplicada diretamente nas veias.

Entretanto, os mandantes, os articuladores e os financiadores do golpe do 8 de janeiro de 2023 estão sendo investigados, denunciados, julgados e muitos deles já estão presos, sendo que outros golpistas, como o fascista Bolsonaro, ainda verão o sol nascer quadrado, de forma a respeitar a democracia e o Estado Democrático de Direito, que estão sob a luz da Constituição.

A verdade é que o PL, um partido de extrema direita, que no poder tratou de destruir o Brasil, saiu derrotado em seus interesses nada republicanos e sua vontade de votar a anistia para bandidos como se urgência fosse. Evidentemente que o PL não foi atendido, porque o presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos/PB) adiou a pauta da extrema direita que tem por único e principal propósito beneficiar o ex-presidente que é chamado também de “capitão” e de “Bozo”.

Enquanto isso, outro parlamentar radical de direita e tenente-coronel do Exército, deputado Luciano Zucco (PL/RS), ameaça a rotina de votações do Parlamento brasileiro, e assevera: “A decisão do presidente da Casa, Hugo Motta, demonstra desrespeito aos parlamentares. Vamos sair da obstrução somente quando tivermos a data marcada para a anistia”.

O deputado Zucco é o líder da oposição e está a fazer um trabalho de sabotagem contra o Brasil, que tem pautas mais urgentes para serem aprovadas, a exemplo de mudanças nas leis eleitorais, da PEC da Segurança Pública e da elevação da isenção do imposto de renda, que beneficiará milhões de brasileiros e ajudará a impulsionar ainda mais a economia do País.

Zucco afirmou que conseguiu 264 assinaturas a favor da urgência para livrar criminosos da cadeia e assim deixá-los impunes, mas a mentira ou as distorções tem pernas curtas e logo o deputado de extrema direita afirmou: “Temos que mostrar o quão danoso é esse processo em torno de pessoas inocentes, incluindo o nosso presidente Bolsonaro”.

Nesta hora deu vontade de gargalhar por causa da cara de pau do Zucco, porque incluir o Bolsonaro, um homem comprovadamente perverso, traidor e covarde, no grupo das pessoas “inocentes” só pode ser deboche, gozação e escárnio”. Na verdade, um total desrespeito à inteligência alheia e a sordidez em âmbito estratosférico.

Para concluir, a extrema direita, o gado bucha de canhão, os partidos direitistas, os deputados do PL, o Malafaia, o Sóstenes e todos aqueles que querem anistiar os crimes gravíssimos do Bolsonaro (e seus asseclas) e assim mais uma vez em sua vida nefasta e inglória ficar impune de seus malfeitos, ficarão de forma uníssona decepcionados, porque essa pauta calhorda e cretina da anistia para delinquentes de alta periculosidade não passará, não será votada, muito menos em regime de urgência.

Além do mais, quero informar os que se sentem empolgados com a anistia para o Bolsonaro, o ex-presidente Fernando Collor de Mello foi ontem, o que é um grande sinal para o que se espera em relação ao “capitão” golpista. Por sua vez, ministros do STF já disseram que a anistia não perdoa crimes contra o Estado brasileiro, contra o Estado Democrático de Direito, contra a Democracia e contra a Constituição. Isto é ponto pacífico. O que não é pacífico é o comportamento reacionário da extrema direita que pensa, equivocadamente e erroneamente, que o Brasil é uma republiqueta de bananas. Não é e não será. Os golpistas serão punidos conforme os preceitos da Lei.

Vamos deixar as coisas bem claras e transparentes e veja o que prevê a legislação sobre as condutas e as penas:

1. Abolição violenta do Estado Democrático de Direito: acontece quando alguém tenta "com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais". A pena varia de 4 a 8 anos de prisão.

2. Golpe de Estado: fica configurado quando uma pessoa tenta "depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído". A punição é prisão, no período de 4 a 12 anos.

3. Organização criminosa: quando quatro ou mais pessoas se reúnem, de forma ordenada e com divisão de tarefas, para cometer crimes. Pena de 3 a 8 anos.

4. Dano qualificado: destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia, com violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima. Pena de seis meses a três anos.

5. Deterioração de patrimônio tombado: destruir, inutilizar ou deteriorar bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial. Pena de um a três anos.

BYE, BYE, QUERIDO! É isso aí.

EM TEMPO: Não se esqueçam que Bozo simplesmente destituiu, do seu governo,  11 generais, se não me engano, além de ter causado enorme prejuízo a  outros militares, a exemplo do tenente Mauro Cid e seu pai o general Lorena Cid. Que o diga o general Santos Cruz, o qual saiu do governo Bozo logo no início. Bozo é um autêntico causador de problemas por onde passa. Convém lembrar que o ex-presidente, general e ditador, Ernesto Geisel, considerava Bozo um mal militar. Afinal, Bozo queria explodir a Adutora do Guandú no RJ. Por sua vez, o general Leônidas Pires, também no governo Geisel, proibiu Bozo de visitar os Quartéis do Exército. Portanto, não foi por falta de aviso que alguns militares de alta patente foram na conversa "fiada" de Bozo. Para complicar, evidenciando total desconhecimento de geopolítica, alguns militares golpistas fizeram de conta que não ouviram a preleção da Generala do Cone Sul, a qual se reuniu, em meados do primeiro semestre do ano de 2022,  e disse em alto e bom som ao Alto Comando das Forças Armadas, que o governo do ex-presidente Joe Biden, não apoiava Golpe Militar no Brasil. Então, Braga Neto, Paulo Nogueira, Augusto Heleno e tantos outros caíram na armadilha preparada por Bozo porquê se encantaram com as benesses do poder. Ok, Moçada!

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Bolsonaro morreu: o mártir em decomposição

Bolsonaro morreu e virou mártir de si mesmo: apodrece ao vivo para viralizar sua dor. A doença virou espetáculo. A gastura, estratégia.

Por Sara Goes (Jornalista).

25 de abril de 2025

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/X/@jairbolsonaro)


 






Bolsonaro morreu. Ele agora é um corpo-espetáculo. Internado, entubado, costurado por câmeras, tubos e bisturis, ele não apenas assina uma intimação do Supremo Tribunal Federal: ele performa. Muniz Sodré nos lembra que o grotesco não é apenas o feio: é o que rompe, deforma e fascina. É aquilo que, ao exibir o repulsivo, captura o olhar. E Bolsonaro sabe disso. Seu corpo, inflamado e exibido, torna-se mídia e mensagem.

É preciso entender essa operação como parte de um dispositivo maior. O bolsonarismo, como construção simbólica, funda-se numa estética da excrescência, numa comunicação que seduz pela abjeção. A cena do leito de hospital não é exceção, é um método. Como nos ensina Umberto Eco, o grotesco é aquilo que, ao mesmo tempo, repugna e fascina. Ele rompe com a forma clássica da beleza para criar novos critérios de percepção. Bolsonaro entende isso intuitivamente. Por isso, engana-se quem acha que Bolsonaro busca empatia do país. O que ele busca é fidelização. Seu corpo, cheio de pus e arrotos, é um altar escatológico, onde a dor não é silenciada, ela é amplificada.

Mas essa manipulação do corpo como signo de sofrimento não nasce agora. Alexandre Barbalho, em seus estudos sobre a construção do imaginário nordestino, analisa como os corpos fragilizados pela seca de 1877 no Ceará foram instrumentalizados como ícones de um Nordeste miserável, dependente, permanentemente carente de salvação externa. Aqueles corpos magros, famintos, despidos, tornaram-se símbolos de um território estigmatizado. Bolsonaro, ciente ou não, repete essa estratégia: faz de seu corpo adoecido um campo de batalha simbólico, uma vitrine daquilo que diz ser vítima, do “sistema”, da “justiça”, da “mulher oficial com intimação”.

Bolsonaro morreu e se tornou um sintoma.Ele é um corpo em permanente sofrimento, cuja inflamação não busca cura, mas cliques. Ao gritar com uma oficial de justiça, mulher e agente da ordem, o ex-presidente não apenas confronta o Estado: ele encena sua abjeção diante do feminino institucional, da “garota de recados de Moraes” Seu grito é menos contra a ordem do que pela reafirmação de seu lugar grotesco na história.

Em plena guerra cultural, onde a disputa se dá no campo dos afetos e das imagens, o mártir putrefato é uma arma poderosa. Gaze, bile, flatulência: tudo vira signo, tudo é viralizável. O grotesco é estratégia, é uma sebosidade que prega, é feiura que engaja. A decomposição, aqui, não é efeito colateral, ela é uma linguagem.

Bolsonaro morreu e apodreceu. Mas ele apodrece ao vivo para que saibamos que está entre nós, sofrendo, diz ele, por nós. Não por amor, mas sim por saber que a gastura, como pode ser uma forma de poder. E que o corpo doente, tal como o da seca de 1877, ainda é arma de guerra, simbólica, política e grotescamente eficaz.

Bolsonaro morreu e o mundo, tal como o conhecíamos, também. O que vem agora é outra coisa. Uma nova ordem decrépita, povoada por monstros e doenças emocionais. Talvez Trump tenha sido aquele a desferir o golpe fatal naquilo que restava de civilidade, desmoralizando o multilateralismo e esvaziando de sentido a ONU, a OMC e a OMS. O que vamos reconstruir, ainda não sabemos. Mas já que a putrefação virou método, que a excrescência virou estética e que o seboso virou herói, que pelo menos façamos do corpo em decomposição de Bolsonaro um adubo. Que dessa lama brote enfim de novo uma vida que preste.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

A agenda progressista do Papa Francisco

Embora haja resistência dentro da Igreja a mudanças mais radicais, o Papa Francisco promoveu uma reavaliação de várias doutrinas tradicionais.

Por Maria Luiza Falcão Silva (PhD e professora aposentada da UnB)

21 de abril de 2025

 


Papa Francisco realiza audiência geral semanal no Vaticano em 2023 - 09/08/2023 (Foto: Mídia do Vaticano via REUTERS)

Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, morreu nesta segunda-feira (21 de abril) aos 88 anos, às 2h35 pelo horário de Brasília e 7h35 pelo horário de Roma. Não foi surpresa, o Papa estava há mais de um mês internado, acometido de uma pneumonia grave nos dois pulmões. Durante a manhã de domingo (20 de abril), o Papa fez um esforço enorme para se encontrar com milhares de fiéis que compareceram à Praça de São Pedro, no Vaticano, e desejar uma Feliz Páscoa e conceder sua última benção "Urbi et Orbi". 

A notícia da morte do Pontífice abalou o mundo cristão e nos faz revisitar a sua trajetória como líder da Igreja Católica por doze anos (2013 a 2025).

Foi um Papa inesquecível. Primeiro Papa latino-americano, Francisco era argentino, um homem simples, afetivo, agregador, acolhedor, misericordioso, magnífico.  Ele era jesuíta, pertencente à Companhia de Jesus. Embora a sua escolha do nome Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis, e a sua visão pastoral sejam frequentemente associadas à espiritualidade franciscana, ele nunca foi membro da Ordem Franciscana. 

Desde sua eleição em 2013, o Papa Francisco foi uma figura de destaque no cenário religioso e social global. Identificado por muitos como um líder progressista, o Papa argentino desafiou as normas tradicionais da Igreja Católica, promovendo uma abordagem mais inclusiva e humanista. Nesse momento, convém reviver os principais aspectos do seu pontificado que dão suporte à agenda progressista que implementou, analisando suas posições sobre questões sociais, econômicas e ambientais, bem como seu impacto na Igreja e na sociedade contemporânea.

Um dos aspectos mais notáveis do pontificado de Francisco foi seu compromisso com a inclusão. Desde o início, ele enfatizou a importância do diálogo inter-religioso e da aceitação das diferenças. A visita ao Egito em 2017, onde se encontrou com líderes muçulmanos e promoveu uma mensagem de paz e coexistência, exemplifica essa abordagem. O Papa também se mostrou solidário com grupos marginalizados, incluindo pessoas LGBT e migrantes, ressaltando a necessidade de acolhimento e compreensão em um mundo frequentemente dividido. Empenhou-se de forma implacável na punição à pedofilia dentro e fora de Igreja. Tema sensível e negligenciado nos papados anteriores.

O Papa Francisco foi um crítico fervoroso das injustiças sociais e das desigualdades econômicas. 

Seu primeiro documento, a exortação apostólica "Evangelii Gaudium" (Alegria do Evangelho), publicada em 24 de novembro de 2013, aborda a importância do anúncio do Evangelho no mundo atual, com foco na alegria e na necessidade de uma Igreja voltada para as periferias.

A LUTA CONTINUA!




 

Nota Política do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Atualizada em 18/04

Após 200 horas em greve de fome, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) decidiu, juntamente com representantes de movimentos sociais que estavam na Câmara Federal acompanhando sua luta, por suspender a ação, após a sinalização do presidente da Casa, Hugo Motta, garantindo um prazo de 60 dias para Glauber apresentar sua defesa junto à Comissão de Constituição e Justiça. Na prática, o processo deve ficar paralisado ao menos até agosto, considerando o recesso parlamentar.

A medida significa um recuo do Centrão diante da intensa mobilização nacional que se articulou após Glauber ter anunciado a greve de fome no dia 09/04, quando então o Conselho de Ética da Câmara Federal aprovou o pedido de cassação do parlamentar socialista, indicado pelo relator do processo, Paulo Magalhães (PSD-BA), deputado que em 2001 agrediu um jornalista no interior do Congresso e não sofreu nenhuma punição por isso.

No dia 09/04, numa sessão exaustiva com mais de 6 horas, sem intervalo para almoço e com o cerceamento das inscrições de vários parlamentares, a proposta de cassação foi aprovada com base num relatório esdrúxulo e distorcido, desconsiderando toda a argumentação objetiva da defesa e das testemunhas arroladas no processo e atendendo aos objetivos da direita golpista. Paulo Magalhães, junto com o presidente do conselho de ética e os deputados de direita ali presentes, cumpriram o papel de testa-de-ferro de Arthur Lira, atentando contra os mais de 79 mil eleitores de Glauber.

O processo de cassação, todo viciado e já pré-montado, vem num momento em que o bolsonarismo está na defensiva, com o genocida prestes a ser preso e ao mesmo tempo uma insatisfação pública cada vez mais crescente com o orçamento secreto. Ou seja, trata-se de uma articulação do que há mais atrasado e reacionário no interior da Câmara (a velha direita conservadora/centrão com o bolsonarismo), o esgoto da política institucional, que está com ódio mortal de Glauber e quer a todo custo calar o combativo parlamentar, pois suas ações colocam em risco a mamata do orçamento secreto. Ao mesmo tempo, o PL e demais bolsonaristas tentam um prêmio de consolação diante da cada vez mais provável prisão do ex-presidente genocida e ladrão de joias.

Glauber tem o mandato mais firme e contundente contra a direita conservadora e reacionária, sendo incansável na luta contra os golpistas do 8 de janeiro e a roubalheira do orçamento secreto. Não por acaso o pedido de cassação no Conselho de Ética vem neste momento, enquanto os bolsonaristas seguem mobilizados para aprovar a anistia aos criminosos que tentaram impor o golpe de estado e planejaram o assassinato do presidente Lula.

Em protesto contra toda essa armação, Glauber realizou a greve de fome, agora suspensa após o acordo apresentado pelo Deputado Hugo Motta. Se esta solução momentânea representou uma grande vitória das inúmeras manifestações dos movimentos populares, organizações políticas e sindicais contra a cassação, ocorridas nas ruas de todo o país e nas redes sociais, não pode significar a desmobilização do movimento de defesa do mandato de Glauber. A luta deve seguir firme, com a ampliação das mobilizações, a exemplo do grande ato público já programado para o dia 24/04 (quinta-feira) a partir das 17h30 na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro.

Diante da continuidade dessa ameaça à classe trabalhadora do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil de maneira geral, o Partido Comunista Brasileiro vem somar forças e mobilizar o conjunto de nossa militância e dos nossos coletivos partidários na batalha pela manutenção do mandato do deputado Glauber Braga, um parlamentar que coloca toda a sua energia, política e recursos a serviço das lutas dos trabalhadores e da construção do poder popular, desde as emendas participativas até às audiências públicas, projetos apresentados e discursos, dentro do Congresso e principalmente nas ruas. Glauber tem seu mandato em sintonia com os melhores interesses da classe trabalhadora, por isso é tão odiado e atacado pelos representantes dos patrões e capitalistas brasileiros.

Os mesmos que defendem a manutenção dos roubos de dinheiro público com o orçamento secreto, que são contra o fim da escala 6×1, que defenderam a PL do estupro, que defendem o ladrão de jóias, que lutam pela anistia aos golpistas e bandidos agora tentam cassar um mandato popular, combativo e socialista.

Não passarão!

Estaremos firmes, presentes em todas as mobilizações e, junto com a força das organizações populares e de luta, não permitiremos a cassação de Glauber!

TODOS À CINELÂNDIA NO DIA 24!

Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB) 

sábado, 19 de abril de 2025

Uma aula sobre o colapso dos EUA – e a culpa não é da China

Kim Iversen explica por que a culpa pelo colapso estadunidense é de suas próprias elites

19 de abril de 2025

Kim Iversen (Foto: Reprodução X)



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Redação Brasil 247

247 – Em uma análise profunda e incisiva, a jornalista norte-americana Kim Iversen desmonta a narrativa amplamente difundida por setores da elite política e empresarial dos Estados Unidos de que a China seria a grande responsável pela decadência econômica e industrial do país. Segundo Iversen, o verdadeiro colapso norte-americano foi promovido internamente, por decisões tomadas ao longo de décadas por seus próprios dirigentes. As declarações foram feitas em vídeo publicado em suas redes e repercutido por veículos de mídia independentes.

Logo no início, Iversen critica os discursos repetitivos que acusam a China de “trapacear”, “quebrar regras”, “roubar propriedade intelectual”, “manipular sua moeda” e “subvencionar sua indústria”. Embora reconheça que essas práticas existam em algum grau, ela afirma que se os Estados Unidos quiserem realmente entender por que perderam milhões de empregos bem remunerados, por que sua infraestrutura está em ruínas e por que a China lidera o mundo em setores como carros elétricos e trens de alta velocidade, será preciso abandonar os slogans fáceis e fazer uma pergunta incômoda: será que a China trapaceou mesmo, ou será que foram as próprias elites americanas que traíram o país?

O preço do lucro fácil

Iversen relembra que, por muitos anos, empresas estrangeiras que desejavam acessar o mercado chinês precisavam se associar a companhias locais e compartilhar sua tecnologia proprietária. Esse processo ficou conhecido como “transferência forçada de tecnologia” e é frequentemente citado como exemplo de deslealdade chinesa. No entanto, a jornalista rebate: “Ninguém foi forçado. As empresas ocidentais aceitaram voluntariamente as condições impostas pela China em troca da possibilidade de lucrar com o maior mercado consumidor do planeta”.

Segundo ela, os executivos dessas empresas não estavam pensando no futuro do país, mas sim em seus lucros imediatos. “Disseram sim, repetidas vezes, porque seus CEOs estavam focados nas reuniões trimestrais de resultados, não nas próximas décadas.”

Ela aponta que os Estados Unidos também têm um longo histórico de espionagem e intervenção em governos ao redor do mundo. “Enquanto a China subsidia setores estratégicos de forma aberta, o governo americano faz o mesmo de forma disfarçada: com subsídios agrícolas, militares, à indústria do petróleo, aos bancos de Wall Street e, recentemente, à indústria de chips por meio do CHIPS Act.”

Um país que abandonou seu povo

Kim Iversen também critica a hipocrisia da retórica americana sobre “manipulação cambial”, afirmando que essa prática ocorreu há 20 anos, mas que, na última década, a China tem agido justamente para sustentar sua moeda e manter a estabilidade. Sobre barreiras comerciais, ela lembra que “todos jogam esse jogo”, incluindo os Estados Unidos, que banem vendas de navios, impõem sanções a empresas como a Huawei, embargam países e reescrevem regras financeiras conforme seus próprios interesses.

A análise é dura: “A China não roubou nossa prosperidade. Foram nossas elites que a entregaram. Elas pressionaram para que a China entrasse na OMC, terceirizaram fábricas, destruíram sindicatos e disseram aos trabalhadores que aprendessem a programar. As cidades industriais entraram em colapso, os setores têxtil e de autopeças desapareceram, mas a bolsa de valores bateu recordes — e isso era tudo o que importava.”

E conclui: “O que a China fez com seu superávit? Não distribuiu recompra de ações nem alimentou bolhas financeiras. Ela construiu trens de alta velocidade, cidades inteligentes, redes energéticas modernas e indústrias do zero. E os Estados Unidos? Construíram bolhas especulativas, sucatearam escolas públicas, cortaram investimentos em infraestrutura e deram isenções fiscais aos ultrarricos, pedindo ao restante da população que apertasse o cinto.”

Tarifas não reconstroem um país

Iversen afirma que apostar em tarifas contra a China é inútil: “É como colocar fita adesiva numa ponte que está desabando. Tarifas aumentam preços, desorganizam cadeias de suprimento e provocam retaliações. Elas não constroem novas fábricas, não criam mão de obra qualificada, não consertam um sistema falido.”

Para ela, os Estados Unidos precisam de um reinício total: “Precisamos reconstruir o país do zero. Isso exige uma política industrial nacional de longo prazo, com definição clara de setores estratégicos e investimentos robustos. É necessário um programa de infraestrutura no nível do New Deal, não simples remendos em estradas.”

Ela defende a valorização do trabalho técnico, a formação profissional, o fim dos monopólios, a punição de empresas que transferem produção para fora e o incentivo àquelas que constroem, contratam e permanecem em solo americano.

 “Mas em vez disso, ao invés de focar nos problemas internos, o que estamos fazendo? Falamos sobre guerra com o Irã, bombardeamos o Iêmen, gastamos bilhões em guerras por procuração que não têm nada a ver com o povo americano e tudo a ver com os interesses dos fabricantes de armas e seus lobistas.”

Um império em ruínas

Kim Iversen também denuncia o expansionismo militar dos Estados Unidos: “Quando não estamos tentando iniciar uma guerra, estamos fantasiando sobre expandir nosso império — tornar o Canadá um estado americano, comprar a Groenlândia, estacionar tropas em todos os continentes para proteger rotas de petróleo e minérios, enquanto nossos veteranos dormem em barracas e nossas cidades parecem zonas de guerra.”

Ela acusa os líderes americanos de priorizarem o império em vez da nação: “Eles não se importam com os Estados Unidos como país. Eles enxergam os EUA como uma marca, um veículo para extrair riqueza.”

A maior traição, segundo Iversen, é que, enquanto a China atua em nome de seus próprios interesses nacionais, a elite dos EUA atua por interesses próprios — nunca pelo povo.

 “O verdadeiro problema não é que a China trapaceia. O problema real é que fomos enganados por aqueles que venderam um sonho no qual nunca acreditaram. Eles destruíram a classe média, disseram que era normal ter três empregos e continuar na miséria, zombaram da ideia de reconstruir o país enquanto enchiam os bolsos com o dinheiro das empresas que enviaram nossos empregos para o exterior.”

 “Eles entregaram os projetos, assinaram os acordos, redigiram as leis comerciais e agora querem culpar quem aproveitou a oportunidade criada por eles? Isso não é trapaça. Isso é inteligência. É estratégia. Nós deveríamos estar tomando notas, e não tendo chilique.”

O único caminho viável

Iversen encerra sua crítica com uma proposta clara: “Se queremos vencer de novo, não precisamos de mais sanções, precisamos de mais engenheiros. Não precisamos de mais porta-aviões, precisamos de mais fábricas. Não precisamos de mais uma guerra trilionária. Precisamos de um investimento trilionário na América — nos trabalhadores, nas cidades, nas famílias, na soberania.”

E conclui com um apelo direto: “Quer que a América volte a ser grande? Então construa. Pare de perseguir guerras. Pare de se distrair. Pare de alimentar o império. Traga tudo de volta pra casa e comece de novo. Esse é o verdadeiro 'América em primeiro lugar'. E é o único caminho possível.”

EM TEMPO: Enquanto o Império Norte Americano agoniza, o BRICS está em ascensão. Agora com o  BRICS +