sexta-feira, 7 de março de 2025

O estado das conversações sobre a paz na Ucrânia

Putin quer que todas as pessoas confiem nele enquanto tenta fechar o verdadeiro “acordo do século”

Por Andrey Korybko (Analista político americano baseado em Moscou)

07 de março de 2025

(Foto: Reuters)



 

 

 

 


Do A Terra É Redonda

Alguns dos apoiadores da Rússia, no país e no exterior, têm-se mostrado céticos em relação ao compromisso de Donald Trump em manter conversações de paz com Vladimir Putin, mas este acaba de elogiar a abordagem de seu colega, enviando-lhes assim uma mensagem. Putin falava numa reunião do conselho de administração do Serviço Federal de Segurança (FSB) quando disse que seus primeiros contatos com Donald Trump e sua equipe “inspiram certas esperanças”. Afirmou ainda que os EUA agora compartilham o desejo da Rússia de reparar suas relações e trabalhar na solução de grandes problemas estratégicos do mundo.

Vladimir Putin continuou dizendo que “nossos parceiros demonstram pragmatismo e uma visão realista das coisas, e abandonaram numerosos estereótipos, as chamadas regras, e clichês messiânicos e ideológicos de seus antecessores”. Ele então avisou o FSB de que “uma parte das elites ocidentais ainda está empenhada em manter a instabilidade no mundo e estas forças tentarão perturbar ou comprometer o diálogo recentemente reatado”.

Em seguida, encarregou-os de “utilizar todas as possibilidades oferecidas pela diplomacia e pelos serviços especiais para impedir tais tentativas”. Sua última missão merece mais atenção devido ao seu significado. Para começar, sugere que Vladimir Putin e Donald Trump estão realmente aproximando-se de um acordo inovador que pode ser descrito como uma “nova détente” entre seus países.[1]

Continuando, o ponto seguinte é que algumas elites ocidentais poderão tentar impedir essa “nova détente”, uma vez que seja contrária a seus interesses. Ninguém sabe que formas isto pode assumir, mas o aviso de Vladimir Putin sobre como podem tentar perturbar este processo sugere provocações contra a Rússia e/ou a Bielorrússia, enquanto suas palavras sobre comprometer o diálogo podem referir-se a vazamentos ou mentiras. O FSB deve, em qualquer caso, evitar preventivamente estes cenários ou ter planos para o que a Rússia deve fazer se eles se concretizarem.

Em terceiro lugar, os dois pontos anteriores implicam a preferência de Vladimir Putin pelo apoio público de seus correligionários ao que ele está tentando alcançar diante da resistência de alguma elite ocidental ou, pelo menos, que não o desacreditem questionando suas intenções ou as de Donald Trump. Em outras palavras, a interpretação “politicamente correta” dos acontecimentos recentes é que a Rússia e os EUA estão trabalhando sinceramente para resolver seus problemas em benefício do mundo, e tudo o que questione esta visão será mal visto pelo Kremlin.

O quarto ponto baseia-se no último, levantando a possibilidade de que o apoiador que desafiar a nova interpretação “politicamente correta” dos acontecimentos recentes pode até ser suspeito de operar sob a influência da elite ocidental dissidente. Isto poderia levar ao “cancelamento” dos estrangeiros e à investigação dos nacionais, dependendo da forma como suas próprias opiniões dissidentes são expressas. E, finalmente, o último ponto é que Vladimir Putin quer que todas as pessoas confiem nele enquanto tenta fechar o verdadeiro “acordo do século”.

Tradução: Fernando Lima das Neves.

Nota

[1] Os detalhes foram compartilhados nas cinco análises seguintes:

3 de janeiro: “A diplomacia da energia criativa pode lançar as bases de um grande acordo russo-americano

13 de fevereiro: “Eis o que vem a seguir depois de Putin e Trump terem acabado de concordar em iniciar conversações de paz

14 de fevereiro: “Por que a Rússia pode reparar seus laços com o Ocidente e como isso poderia remodelar sua política externa?”

15 de fevereiro: “O discurso de Vance em Munique confirmou a previsão de Putin para o verão de 2022 sobre a mudança política na Europa

25 de fevereiro: “A coreografia diplomática da Rússia e dos EUA na ONU mostra seu compromisso com uma ‘Nova Détente’

EM TEMPO: O diálogo recente entre Trump e Putin é de fundamental importância para a paz mundial, evitando, assim, a Terceira Guerra Mundial.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Putin rebate Macron e lembra fracasso de Napoleão na Rússia: "alguns esquecem como isso terminou"

Presidente russo reagiu ao discurso em que o homólogo francês declarou que Moscou seria uma "ameaça" à Europa

06 de março de 2025

Vladimir Putin (Foto: Reuters)


 







 


Por Leonardo Sobreira

247 - O presidente russo, Vladimir Putin, lembrou nesta quinta-feira (6) ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, como terminou a campanha de Napoleão Bonaparte contra Moscou em 1812, em resposta às declarações do líder francês sobre a Rússia.

Na quarta-feira (6), Macron afirmou que a Rússia se tornou uma "ameaça" para a França e para a Europa, e, por isso, era necessário abrir uma discussão sobre o uso das armas nucleares da França para defender toda a União Europeia.

"Houve uma conversa sobre Smolensk e o museu da época da invasão napoleônica. Alguns ainda desejam retornar àqueles dias, esquecendo como isso terminou", declarou Putin durante uma reunião com membros da Fundação Defensores da Pátria, em Moscou.

Ele destacou que a França falhou em conquistar a Rússia no passado e falharia novamente, atribuindo isso à resiliência dos soldados russos. "Com jovens como seu filho, seus amigos e camaradas, conquistar a Rússia é impossível", disse Putin à mãe de um militar russo que luta na Ucrânia.

O presidente russo acrescentou que os adversários da Rússia sempre cometeram o mesmo erro: subestimar o caráter do povo russo — incluindo todos os grupos étnicos do país, que compartilham um elemento fundamental que os une.

A Rússia precisa de uma versão de paz na Ucrânia que garanta seu desenvolvimento estável, declarou Putin. "Devemos escolher para nós uma versão de paz [na Ucrânia] que nos convém e que garanta a paz para o nosso país em uma perspectiva histórica de longo prazo. Não precisamos de nada estrangeiro, mas não abriremos mão do que é nosso. E precisamos de uma opção que assegure o desenvolvimento estável do nosso país em condições de paz e segurança", afirmou.

Em seu discurso, Macron acrescentou que a suposta ameaça da Rússia se manifesta no ar, nas redes sociais e no ciberespaço. Ele também alertou que a Rússia "continua a se rearmar". O presidente ainda destacou que a França reunirá os comandantes-chefes dos exércitos da União Europeia na próxima semana para discutir uma operação de paz na Ucrânia. (Com agências).

quarta-feira, 5 de março de 2025

PSD oficializa filiação de Raquel Lyra na próxima segunda-feira (10)

O Partido Social Democrático confirmou o evento para oficializar a entrada da governadora na legenda

05 de março de 2025

Raquel Lyra (Foto: Reprodução (Instagram))

 


Por Leonardo Lucena









247 - O Partido Social Democrático (PSD) oficializará a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), ao partido na próxima segunda-feira (10), às 18h55, no Recife Expo Center, bairro de São José, região central da capital pernambucana. 

O presidente do PSD-PE, o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, confirmou a filiação por meio de sua assessoria de imprensa, de acordo com informações publicadas nesta quarta (5) pelo Blog da Folha.

O presidente nacional do PSD é Gilberto Kassab, secretário de Governo e Relações Institucionais do estado de São Paulo, governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos). 

Com a saída de Raquel do PSDB, o comando da legenda tucana em Pernambuco deve ficar com o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), que tem se distanciado do governo estadual e se aproximado do prefeito do Recife, João Campos (PSB). 

Em Pernambuco, o PSD não tem representante na Alepe nem na bancada federal pernambucana (Congresso), o que representa um desafio para a governadora fazer alianças locais. Raquel e o prefeito João Campos são especulados para disputar o governo estadual em 2026. 

Atualmente, o PSD tem dois governadores. Um deles é Fábio Mitidieri (Sergipe)  e o outro é Ratinho Jr (Paraná). 

Conforme registros após o resultado das eleições de 2022, o PSD ficou na quinta posição junto com o MDB no ranking das maiores bancadas na Câmara dos Deputados. Os dois partidos têm 42 parlamentares cada. 

O PL, de Jair Bolsonaro, teve a maior bancada na Casa (99). A federação formada por três partidos - PT (68), PC do B (6) e PV (6) - ficou em segundo lugar, com 80 parlamentares. O União Brasil conseguiu 59 e o PP, 47. O Republicanos ficou em sexto (41) e a federação PSDB/Cidadania na sétima posição (18 eleitos, sendo 13 tucanos).

Pelo raio X de 2022, as maiores bancadas do Senado são PSD (15), PL (12), MDB (11) e PT (8). Duas legendas ficaram em quinto lugar - União Brasil e Podemos (7 cada). O PP (6) veio em seguida. O PSB (4) apareceu na sétima posição. O PDT e o PSDB conseguiram 3 cada.

Nas eleições municipais de 2024, o PSD foi o partido com o maior número de prefeitos eleitos (887), seguido por MDB (856) e PP (747). O Brasil teve eleição em 5.569 cidades.

EM TEMPO: A governadora está mais próxima do governo Lula do que muita gente desavisada não acredita. Nas Eleições de 2026 teremos uma disputa entre dois candidatos que politicamente oscilam entre a Direita e a Centro Direita, Raquel Lyra versus João Campos, ambos com apoio de setores do PT e do presidente Lula. Ok, Moçada!

 

terça-feira, 4 de março de 2025

Ou Zelensky cai, ou a Ucrânia cai

A ordem para suspender a ajuda militar à Ucrânia já saiu da Casa Branca. É um ultimato

04 de março de 2025

 

Zelensky vai sozinho para o lixo da história (Foto: Brian Snyder/Reuters)

 

Por Marcelo Zero (Sociólogo)



A guerra na Ucrânia, tudo indica, está praticamente encerrada.

É preciso enfatizar, antes de tudo, que a Rússia nunca teve e não tem condições econômicas e militares de fazer uma guerra de ocupação da Ucrânia e, muito menos, de desencadear uma política imperial no Leste europeu ou na Europa como um todo. 

Isso é devaneio ideológico de gente como Dugin, repetido, no Ocidente, por gente paranoica que quer justificar uma guerra sem fim contra a Rússia. Ou que intenta entender o complexo jogo da geopolítica a partir de premissas moralistas ou pseudo moralistas, dividindo o mundo, de forma simplória e maniqueísta, entre países bons e países malvados.

Pois bem, a operação militar da Rússia na Ucrânia envolveu, inicialmente, cerca de 180 mil homens. Uma guerra de ocupação teria de envolver mais de 500 mil homens, pelo menos. 

A Guerra na Ucrânia é, na realidade, uma guerra de atrito, ou desgaste, que objetiva, do ponto de vista da Rússia:

1.     Assegurar a neutralidade do território ucraniano.

2.     Assegurar o controle da Crimeia e dos 4 oblasts já conquistados (antes eram apenas 2).

3.     Assegurar que a Ucrânia tenha um governo que não seja hostil a Moscou e às minorias russófonas (como era o de Yanukovich).

Há, entretanto, setores mais radicais na Rússia, os quais consideram Putin muito moderado, que desejam também o domínio do Sul da Ucrania (inclusive de Odessa). Isso transformaria a Ucrânia em um país mediterrâneo, sem acesso ao Mar Negro, que passaria a ser, ao seu Norte, um mar russo.

A Turquia vê com verdadeiro pavor essa perspectiva. No entanto, parece evidente que essa outra expansão encontraria forte resistência nos EUA e em outros países. Putin, que é bastante pragmático, sabe que tem de negociar algo razoável. Sabe também que, com Trump, poderia haver uma paz que lhe seria bastante favorável. Não porque Trump seja “putinista” ou outro desvario do gênero. 

A realidade é que:

1.     A Ucrânia foi derrotada. A Ucrânia tem um problema sério de reposição de seus exércitos. Após ter perdido cerca de 500 mil homens (entre mortos e incapacitados) encontra dificuldades incontornáveis para incorporar novos conscritos. Caça nas ruas até mesmo idosos para mandar para a frente. A média de idade do exército ucraniano já chega a 41 anos. Trump, no espetáculo midiático do Salão Oval, disse isso na cara de Zelensky. Foi rude e agressivo, mas, nesse ponto, apenas falou a verdade. A única maneira de contornar esse obstáculo estrutural seria pelo envio de um bom número de tropas estrangeiras ao território ucraniano. Enviar mais armas não bastaria. Porém, esse seria um movimento muito perigoso, que poderia conduzir, sim, a uma Terceira Guerra Mundial. Algo que Trump também disse, praticamente aos berros, na cara de Zelensky. 

2.     Trump não vê a segurança da Ucrânia e da própria Europa como uma prioridade. E sempre desconfiou da Otan. A vê como algo dispendioso e inútil, que não beneficia os interesses dos EUA. Vem dizendo isso desde seu primeiro mandato. Acha que a Europa tem de arcar com sua própria segurança. 

3.     Trump não quer dispêndios inúteis e, estrategicamente, quer concentrar os esforços dos EUA na contenção da China e do Irã. 

4.     Nesse sentido, uma paz com a Rússia poderia liberar recursos econômicos e militares para essas prioridades. Ademais, uma paz com a Rússia poderia, na avaliação do MAGA, enfraquecer a aliança entre Rússia e China e o próprio BRICS. Seria algo como fazer o que Kissinger fez, mas em sentido inverso. Na década de 1970, Kissinger atraiu a China para enfraquecer o bloco comunista e a União Soviética. Agora, Trump intentaria o oposto: atrair a Rússia para enfraquecer a China e as alianças do Sul Global. Se vai funcionar é algo muito duvidoso. Não obstante, tem lá sua lógica. 

A questão central é que, sem o auxílio dos EUA, a Ucrânia está perdida, mesmo com a ajuda prometida pela Europa. Sem os EUA, a Ucrânia perderia a rede cibernética, satelital e de inteligência que permite a coordenação ofensiva e defensiva das suas tropas. Seria como ficar sem cérebro e olhos. 

Zelensky sabe disso. Por tal razão, mesmo depois da humilhação histórica no Salão Oval, intenta salvar o acordo sobre minérios. Contudo, Trump não está disposto a dar as garantias que Zelensky quer, inclusive no que se refere à devolução dos territórios conquistados pela Rússia. Não quer investir mais numa guerra perdida. Além disso, a Rússia, país continental, tem mais “bons negócios” a oferecer a Trump que a Ucrânia. Nas negociações bilaterais entre Trump e Putin, que precederam a humilhação de Zelensky, isso foi tratado.

O presidente russo Vladimir Putin afirmou que a Rússia estava pronta para trabalhar com empresas americanas para explorar depósitos de minerais de terras raras na Rússia e em partes da Ucrânia ocupadas pela Rússia, enquanto seu enviado especial para investimento e cooperação econômica com países estrangeiros, Kirill Dmitriev, disse à CNN que o país estava aberto à cooperação econômica em questões como energia (óleo, gás natural e carvão)

"Quero enfatizar que certamente temos muito mais desses recursos do que a Ucrânia", disse Putin sobre os depósitos de terras raras da Rússia, em uma entrevista com o correspondente da mídia estatal Pavel Zarubin. "A Rússia é um dos países líderes, quando se trata de reservas de metais raros. A propósito, quanto a novos territórios, também estamos prontos para atrair parceiros estrangeiros - há certas reservas lá também", disse Putin, em uma aparente referência às áreas ocupadas pela Rússia na Ucrânia.

Não sabemos o que foi efetivamente tratado ou prometido, mas, para usar a metáfora de Trump, nesse aspecto, e em vários outros, a Rússia tem muito mais “cartas” que a Ucrânia. Trump trata com desdém o mundo inteiro. Mas é implacável com “fracos” e “derrotados”. E pobres.

A ordem para suspender a ajuda militar à Ucrânia já saiu da Casa Branca. É um ultimato. Ou cai Zelensky, ou cai a Ucrânia. E a Europa, com seus rompantes de belicismo e valentia moral, já caiu. Só ela ainda não percebeu que está com seu antigo traseiro colonial estatelado no chão.

EM TEMPO: As conversas bilaterais entre Trump e Putin nos trazem um grande alívio, o qual consiste em evitar a  Terceira Guerra Mundial. Mas, o neonazi Zelensky precisa de ser punido por aceitar ser manobrado pelos EUA (no governo do ex-presidente Biden) e pela UE, esta via OTAN, provocando a morte de milhares de soldados ucranianos. Em outras palavras: assim como aconteceu com a COVID 19 no Brasil, quase todas as famílias têm seus entes queridos mortos e mutilados por uma guerra sem razão, como dizia o cantor e compositor Geraldo Vandrè em sua famosa  composição: "Para não dizer que falei das flores".

segunda-feira, 3 de março de 2025

Crise geopolítica sobre a Ucrânia: choque interimperialista em meio ao pânico europeu

O que antes era uma guerra por procuração entre o imperialismo ocidental coletivo e a Rússia, agora se transforma em um conflito interimperialista EUA X Europa

03 de março de 2025

Zelensky, Starmer e Macron (Foto: Reuters)


 








Por José Reinaldo Carvalho 

O conflito na Ucrânia, cujo marco aparente é a Operação Militar Especial desencadeada pela Rússia há três anos, mas que já dura mais de uma década desde o golpe (2014) provocado e instrumentalizado pelo imperialismo estadunidense e a União Europeia naquele país do Leste europeu, está passando por uma transformação significativa, revelando uma contradição geopolítica de grande envergadura. 

O que antes era uma guerra por procuração entre o imperialismo ocidental coletivo e a Rússia, agora se transforma em um conflito interimperialista, em que os interesses exclusivos dos Estados Unidos entram em choque direto com os das principais potências da União Europeia, incluindo o decadente Reino Unido. A ascensão de Donald Trump ao poder consolidou a diretriz "América First", deixando claro que os EUA perseguem seus objetivos de forma unilateral, ainda que isso implique o abandono de aliados históricos.

A União Europeia, em pânico com a guinada de Washington, adota medidas desesperadas que só aumentam a instabilidade global e levam o mundo ao imponderável. As propostas de novas sanções à Rússia, maior militarização, envio de tropas para a Ucrânia, a insistência na expansão da Otan e a ameaça nuclear do presidente francês Emmanuel Macron, revelam um bloco europeu sem uma estratégia realista. Ao tentar reafirmar sua relevância, com a cúpula de emergência realizada em Londres neste domingo (2), a Europa aproxima o mundo do precipício de uma guerra de proporções catastróficas.

Ao contrário da posição de confrontação aberta adotada pela administração Biden, Trump tem sinalizado uma abordagem pragmática com Moscou. A promessa de que a Ucrânia não ingressará na Otan e as negociações diretas com Vladimir Putin indicam um possível acordo que poderá redefinir completamente o curso da guerra. 

A reviravolta na política dos EUA sobre a Ucrânia no mandato de Trump e as negociações em rápida evolução entre EUA e Rússia, que apontam inequivocamente para um degelo nas relações bilaterais, pegaram Bruxelas e Kiev desprevenidos. A flexão de Washington expõe a fragilidade da dependência europeia dos EUA. Se Washington selar um acordo com Moscou, a Ucrânia ficará sem suporte estratégico real, e a Europa se verá sozinha para lidar com as consequências de suas próprias decisões belicistas.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron, viajaram a Washington na semana passada, sem conseguir convencer o presidente dos EUA, Donald Trump, a prometer garantias de segurança para a Ucrânia ou para a Europa. Starmer e Macron tentaram garantir um lugar para a Europa na mesa de negociações sobre a solução da crise na Ucrânia, mas voltaram para casa de mãos vazias sobre isso. 

A chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, destacou que a Europa e a Ucrânia devem estar envolvidas na discussão de qualquer acordo. Muitos líderes europeus concordam com isso, enfatizando a conexão entre a segurança da Ucrânia e a da Europa. 

Durante a reunião emergencial de Londres deste domingo, os europeus reiteraram a busca de garantias próprias de segurança e dos EUA para a Ucrânia. Eles prometeram maiores gastos com defesa do lado europeu e o envio de tropas de manutenção da paz para a Ucrânia. E não faltou um desafio, lançado pelo primeiro-ministro britânico, que pode ter soado também como bravata: formar a "coalizão dos dispostos".

Trump desdenha essas reivindicações, mostrando confiança em que Vladimir Putin, "manterá a palavra" se um acordo for fechado. Ele também descartou a possibilidade de a Ucrânia ingressar na Otan. A filiação da Ucrânia à Otan tem sido uma questão central no conflito Rússia-Ucrânia. 

Apesar da posição das principais potências imperialistas europeias - Alemanha, França e Reino Unido -, muitos líderes europeus continuam céticos quanto à capacidade do bloco, já que a Europa está enfrentando fortes divisões sobre enviar tropas para a Ucrânia sob uma estrutura de manutenção da paz. As propostas de Macron e Starmer ainda carecem de apoio interno. Também há preocupações entre os estados-membros da UE sobre o risco de que mesmo uma presença militar europeia limitada possa aproximar a Otan de um conflito direto com a Rússia.

Novo quadro

A atual conjuntura reflete uma tendência clara: Trump busca uma nova ordem global que priorize exclusivamente os interesses estadunidenses, deixando aliados tradicionais à mercê de seus próprios erros. Se a Europa continuar na direção da escalada militar, poderemos estar à beira de um conflito de proporções inimagináveis, impulsionado não apenas pelo choque entre potências globais, mas também pela profunda crise interna do imperialismo ocidental. A atual posição europeia coloca todo o continente em risco, e o mundo assiste com apreensão às próximas movimentações neste delicado tabuleiro geopolítico.

EM TEMPO: Convém lembrar que o neonazi Zelensky esfacelou a oposição, incluindo fechamento dos partidos políticos e  prisões de diversos militantes de esquerda, inclusive do Prtido Comunista da Ucrânia. 

Jornalista australiano explica tudo o que você precisa saber sobre Zelensky

George Christensen expõe a história da Ucrânia que a grande mídia esconde



 

Zelensky vai sozinho para o lixo da história (Foto: Brian Snyder/Reuters)

Redação Brasil 247



247 – O jornalista e ex-deputado australiano George Christensen publicou uma série de postagens no X (antigo Twitter) revelando detalhes sobre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o conflito entre Ucrânia e Rússia. A thread expõe os bastidores da discussão tensa entre Zelensky, o presidente Donald Trump e o vice-presidente J.D. Vance na Casa Branca, além de trazer fatos históricos fundamentais sobre a relação entre Ucrânia e Rússia que a grande mídia ocidental ignora.

Christensen relembrou que Zelensky entrou em confronto verbal com Trump e Vance durante uma reunião na Casa Branca. O senador republicano confrontou o presidente ucraniano, perguntando por que ele não demonstrava gratidão pelo apoio financeiro bilionário que os Estados Unidos enviaram à Ucrânia. Em vez de agradecer, Zelensky reagiu de forma agressiva, disparando que os americanos "não entendem o que está por vir".

Foi então que Trump interveio e encerrou a discussão com uma resposta direta: "Você não tem as cartas agora."

A revelação de Christensen desmonta a narrativa de que Zelensky é um líder heroico no comando da guerra. O jornalista afirma que Zelensky nunca teve o controle da situação e é apenas um instrumento de Washington, Londres e Bruxelas, mantido no poder por meio de financiamento, armas e propaganda ocidental.

Ucrânia: um fantoche do Ocidente na guerra contra a Rússia

Na thread, Christensen expõe que a Ucrânia nunca foi um ator independente no conflito. Ele revela que a guerra foi cuidadosamente planejada por Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido com o objetivo de desgastar a Rússia.

"O verdadeiro poder está em Washington, Bruxelas e Londres, jogando seus jogos geopolíticos", escreveu Christensen, deixando claro que Kiev nunca tomou decisões estratégicas por conta própria.

Com o desgaste da narrativa ocidental e o enfraquecimento das forças ucranianas no campo de batalha, a farsa está ruindo. Para Christensen, Zelensky está em pânico, pois percebe que a opinião pública e o apoio financeiro do Ocidente estão se esgotando.

A verdadeira história da Ucrânia que a grande mídia esconde

O jornalista também desmonta a narrativa ocidental sobre a Ucrânia ao apresentar fatos históricos fundamentais. Ele explica que Ucrânia e Rússia compartilham uma história de mais de 1.000 anos e que Kiev foi o berço da civilização eslava oriental, conhecida como Rus de Kiev, a base para a formação da própria Rússia.

Christensen destaca que o próprio nome "Ucrânia" significa "terra de fronteira", reforçando que historicamente o território foi parte do mundo russo e não uma nação separada ou "oprimida".

Além disso, ele lembra que a Ucrânia sempre foi central dentro do Império Russo e, mais tarde, da União Soviética. Durante o período soviético, Kiev não era uma região dominada, mas uma das partes mais influentes da URSS. Nikita Khrushchev, um dos principais líderes soviéticos, era ucraniano.

A narrativa de que a Ucrânia sempre buscou independência e foi vítima da Rússia é uma distorção histórica, construída para justificar o conflito atual e mobilizar apoio ocidental.

O colapso iminente de Zelensky

A revelação de Christensen expõe a farsa por trás da guerra na Ucrânia e o papel de Zelensky como um líder cada vez mais enfraquecido. Com a possibilidade de Trump retornar ao poder nos Estados Unidos, o financiamento bilionário para a Ucrânia pode ser cortado, acelerando o colapso do governo de Kiev.

Zelensky, que antes era promovido como um símbolo de resistência, agora enfrenta um cenário de isolamento e desespero. A guerra que começou como um plano ocidental para enfraquecer a Rússia está se voltando contra seus próprios idealizadores, enquanto Zelensky luta para manter sua posição em meio ao caos e à perda de apoio internacional.

As revelações de George Christensen desconstroem a versão oficial propagada pela grande mídia e trazem à tona verdades ocultas sobre a guerra, Zelensky e os interesses geopolíticos por trás do conflito.

EM TEMPO: O jornalista em tela expõe apenas um pedaço de toda a história envolvendo a guerra, uma vez que em meados do ano 2014 foi derrubado o Presidente da Ucrânia, pró-Moscou. Além disso ele não informou que o filho de ex-presidente Biden tem negócios na Ucrânia. Mas, Trump sabe de tudo isso e mais, além da suspeita de Zelensky ter feito um acordo com o Reino Unido relativo a Defesa, Economia e Minérios. Por fim, lamentamos o que ocorre no mundo inteiro, onde milhares e até milhões de pessoas são mortas e afetadas pelas guerras eternas ora promovidas pelo Sistema Capitalista, a Extrema Direita, os NEONAZIS (exemplos de Zelensky e Netanyahu) e pelos NEOCONS (Neo Conservadores dos EUA). 

sábado, 1 de março de 2025

A hora e a vez do pesquisismo


Lula (aparecendo no celular) com outras lideranças durante evento em São Paulo (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

 




 



A imprensa tradicional quer fazer Lula 'tropeçar e desidratar antes de chegar às urnas em 2026', alerta a jornalista Denise Assis.

Em 1964 os estadunidenses viram desfilar diante dos seus olhos o produto acabado de um golpe, cujas diretrizes ditaram e acompanharam par e passo, dando, inclusive, apoio financeiro, que impulsionou o protagonismo do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipês), até que o presidente João Goulart fosse derrubado. Na retaguarda, a imprensa, falada, escrita e televisada, que eram os veículos da época. A trama aparece em todo o seu vigor, nas gravações e documentos exibidos no filme de Camilo Tavares, “O Dia que Durou 21 anos”, e em obras sobre o período, fartamente estudado por historiadores e jornalistas.

Em 2016, novamente estavam na cena do crime, tendo a oportunidade de concretizar o golpe novo, com novas feições, sem sangue, de mãos limpas. A experiência de se verem ligados a um regime que torturava e matava não lhes agradou. Por isso, ficaram cheios de expectativa para ver ser colocada em prática as teorias de William Lind, que em 1989 previu em um artigo na Marine Corps Gazette que a próxima geração de guerras e golpes de estado seriam mais “fluidos” do que as guerras do passado.

Desta vez, usariam armas psicológicas, “arma operacional e estratégica dominante, assumindo a forma de intervenção midiática/informativa. As notícias televisionadas se tornarão uma arma operacional mais poderosa do que as divisões armadas”, previa o militar. Dito e feito. Quem acompanhou o noticiário sobre a Lava-Jato saberá bem do que estamos falando. Dilma sofreu um impeachment sem crime, provando, na prática, que a tese de Lind era, de fato, eficiente.

Acontece que se em 1964 a conta do golpe contra Jango e seus desdobramentos (as torturas) foi dividida com os EUA, em 2016 foi debitada flagrantemente no escaninho da mídia, que não teve como se esquivar das acusações de “golpista”. O país inteiro viu o noticiário apressado, unilateral, persecutório, que de tão pesado errou a mão. O que era para beneficiar o candidato do PSDB, levou ao poder, em 2018, como consequência da campanha desenfreada contra Lula e o PT, um quadro da ultradireita, tosco, autoritário, que reintroduziu no poder do país, os militares. Deu no que deu.

Agora, com vistas a 2026, quando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva debela o desemprego, apresenta um PIB próximo a 4% e não para de divulgar bons resultados, é preciso colocar o pé no seu trajeto, fazê-lo tropeçar e desidratá-lo antes de chegar às urnas, ou até mesmo levá-lo a desistir de concorrer em 2026.

Para isto, a mídia não pode mais se expor em inventar “escândalos” e operações policiais espetaculosas. Criativos que são, como definiu o expert em pesquisas, o ex-diretor do Instituto Vox Populi Marcos Coimbra partiram para o “pesquisismo”, usando, numa operação casada, um noticiário obstinado sobre temas negativos antes, e uma pesquisa a seguir, explorando aquele nicho do noticiário, que já se impregnou na opinião pública.

Reparem que, até há uns dois meses, a pauta era o “arcabouço fiscal”. Eis que, no final do ano, quando foi aferido o déficit fiscal, o resultado bateu num mísero 0,9%, decepcionando geral. Como continuar batendo nesta tecla, se o resultado não justificava a grita? Não fazia mais sentido. Era hora de trocar de tema.

Com a alta de preços devido a quebra de safras, alterações climáticas, dólar subindo por causa das guerras lá fora e até estiagens no Sul, a escassez de alimentos veio a calhar. Sem esclarecer os motivos com veemência, para o respeitável público, mas escrevendo em bold todos os dias sobre a alta dos alimentos, encontraram, agora sim, o tema ideal. Deu certo nos EUA, onde elegeram Trump, apesar dos ajustes econômicos de Biden – não vai aqui nenhuma torcida -, por certo dará aqui.

O que nos disse Marcos Coimbra num dia, ficou evidente no outro, quando uma pesquisa encomendada por um grandão do mercado financeiro mostrou uma queda vertiginosa da aprovação do governo Lula, ficando acima dos 60% a margem de desaprovação. Perfeito.

Enquanto a pesquisa mostrava um retrato do momento, em que o “governo” e não o presidente Lula, é reprovado, as manchetes colavam em Lula o índice de desaprovação. É dele a conta? É, mas uma coisa é a rejeição ao governo. A outra, à pessoa de Lula, como dão a entender.

Assim, de pesquisa em pesquisa, a mídia tem suas manchetes atribuídas aos resultados delas e não mais ao “denuncismo”, dos tempos de Lava-Jato. Limpinha, sorridente, gasta horas com comentaristas discutindo onde estão as falhas da Comunicação, e as deficiências do ministro A, e do B.

Por hora, Lula aparece nas pesquisas ao lado de um quase condenado por golpe de Estado, ombreando com um inelegível. Por fora, sorridentes jornalistas olham para as lâminas das pesquisas – como quem diz: não somos nós, são elas que estão dizendo. No final de cada fala, apontam que existe um nome novo, que contentaria a todos, bem ali, à direita (só não dizem que é à extrema direita), que pode resolver todo esse quadro para 2026.

Deputados, às nossas custas, tramam com eles, de novo eles, os EUA, uma guerra por redes sociais – big techs -, numa ação de fora para dentro.

Enquanto isto, tome de entrevistas ao quase condenado, para manter a tal da polarização, tão danosa ao país. Como diria Lula, há tempo de plantar e tempo de colher. Do jeito que vamos, estamos plantando vento e, certamente, colheremos tempestade.

EM TEMPO: A legislação eleitoral deve se adequar a essa realidade típica de manipulação, exigindo a devida Prestação de Contas dos institutos de pesquisa antes e durante as eleições. Observem que as pesquisas em Pernambuco visam desgatar o governo Raquel Lyra.