Operação liderada por Sérgio Moro e apoiada pela mídia deixou rastro de desemprego, perseguição política e abalos à democracia, escreve Aquiles Lins (Colunista do Brasil 247)
17 de março de 2025
Sergio Moro e Deltan Dallagnol (Foto: Marcos
Corrêa/PR | Pedro de Oliveira/ALEP)
Nesta segunda-feira (17), completam-se 11 anos do início da Operação Lava Jato, uma investigação que, sob o argumento de combate à corrupção, transformou-se em um dos maiores ataques ao Estado Democrático de Direito, à economia e à sociedade brasileira. A utilização do Ministério Público e do Poder Judiciário para finalidades políticas deixou um rastro de destruição de empregos, empresas e cadeias produtivas inteiras, além de ter fragilizado instituições democráticas e servido como instrumento para perseguições, abusos e ilegalidades.
A Lava Jato foi um projeto de poder que minou a
democracia brasileira. Interferiu diretamente em duas eleições presidenciais. A
de 2014, desgastando a imagem do governo Dilma Rousseff, e posteriormente
contribuindo para sua retirada do cargo sem que houvesse comprovação de crime
de responsabilidade, configurando um golpe parlamentar. E a de 2018, abrindo
caminho para o fascismo chegar ao poder. Por ação da Lava Jato, o hoje
presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo de uma perseguição implacável,
ilegal e cruel que o levou a duas condenações judiciais, ambas sem qualquer
prova, e o prendeu por 580 dias, roubando da população brasileira a
possibilidade de votar em Lula em 2018.
Sérgio Moro, o juiz que foi elevado à categoria de
heroi, pop-star, cometeu todos os crimes demonstrados pela Lava Jato e segue
impune. Divulgou uma interceptação telefônica de uma conversa entre Dilma e
Lula, um crime gravíssimo que contribuiu para a desestabilização do governo, e
não sofreu nenhuma punição. Como já sabe o Conselho Nacional de Justiça, por
meio do extenso relatório do ministro Luis Felipe Salomão, Moro, a juíza
Gabriela Hardt e integrantes do TRF-4 promoveram uma “gestão caótica”, no maior
dos eufemismos. Mas até agora nenhuma punição.
O país não pode simplesmente fingir que não houve
crimes praticados por Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e outros procuradores da
força-tarefa. Os danos econômicos da Lava Jato são devastadores. Entre 2014 e
2017, a operação resultou na destruição de 4,44 milhões de empregos e reduziu o
Produto Interno Bruto (PIB) em 3,6%. As maiores construtoras brasileiras
perderam 85% de sua receita entre 2015 e 2018, segundo estudo do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Setores
inteiros, como construção civil, indústria naval e metalmecânica, foram
arrasados, com perdas estimadas em R$ 142 bilhões. A queda na massa salarial,
de R$ 85,4 bilhões no período, impactou diretamente o consumo e a arrecadação
de tributos, com o governo deixando de arrecadar R$ 47,4 bilhões em impostos e
R$ 20,3 bilhões em contribuições previdenciárias.
Além dos prejuízos econômicos, a Lava Jato deixou
um legado de desconfiança nas instituições e de politização do Judiciário. A
operação, que teve 79 fases, milhares de mandados de busca e apreensão, 130
denúncias e 278 condenações, foi marcada por métodos questionáveis, como
delações premiadas obtidas sob coação e vazamentos seletivos à imprensa, que
contribuíram para criar um clima de espetacularização da justiça. O uso do
sistema de justiça como arma política não apenas fragilizou a democracia, mas
também abriu um precedente perigoso para o futuro.
O legado da Lava Jato para a democracia brasileira é nefasto e deletério.
A operação mostrou como o Poder Judiciário pode ser instrumentalizado para fins
políticos, colocando em risco a separação de poderes e a garantia de direitos
fundamentais. A punição dos principais agentes envolvidos nos abusos cometidos
durante a Lava Jato, incluindo procuradores e juízes, é um passo necessário
para restaurar a confiança nas instituições e garantir que a justiça seja
aplicada de forma imparcial e equânime. Além disso, é urgente a adoção de
reformas institucionais que limitem o poder discricionário de juízes e
promotores, garantindo maior transparência e controle democrático sobre suas
ações.
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