sexta-feira, 30 de julho de 2021

Fome e insegurança alimentar no Brasil

 

Foto: reprodução

“Ossinhos” da fome: famélicos e insegurança alimentar na pandemia de COVID-19 no Brasil

 

 Por Lucas Gama Lima[1]



Atualmente, um dos temas mais comentados é o crescimento avultado de vítimas da fome durante a pandemia de COVID-19 no Brasil. Certamente, uma das mais graves crises de insegurança alimentar das últimas duas décadas. São vinte milhões de pessoas, aproximadamente, sem ter o que comer e mais da metade da população brasileira sofrendo diferentes níveis de insegurança alimentar[2].

Dois dos episódios mais recentes dessa grave crise vieram à tona na última semana. Imagens de prateleiras de um supermercado, em Cuiabá/MT, amplamente divulgadas nas redes sociais, mostravam a venda de fragmentos de arroz e de bandinha de feijão para consumo humano. São produtos que, anteriormente, eram destinados à ração animal e/ou descartados. Também provenientes da capital mato-grossense, circularam vídeos e imagens de pessoas numa enorme fila, à espera da doação de ossos bovinos por parte de um açougue. A frase do proprietário do estabelecimento, em uma determinada entrevista[3], é bem ilustrativa do que ora descrevemos:

Até o ano passado, vinham em busca da doação cerca de 30 a 40 pessoas. Atualmente, às vezes há mais de 200 pessoas na porta. O fato é que o número aumentou dessa forma devido à fome. Nós doamos alguns ossinhos, o que não é muita coisa, mas fazem muita diferença no dia-a-dia deles.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

STF responde Bolsonaro sobre combate à Covid: 'uma mentira contada mil vezes não vira verdade'


Yahoo, Redação Notícias

qua., 28 de julho de 2021

The Statue Of Justice by Alfredo Ceschiatti in front of the Supremo Tribunal Federal or Supreme Federal Court on the Praca dos Tres Poderes in Brasilia, Brazil, with the Palacio do Congresso Nacional or Palacio Nereu Ramos, home to the Brazilian Parliament, in the background, circa 1970. (Photo by Archive Photos/Getty Images)


 

·         Resposta foi dada através de vídeo postado nas redes sociais;

·         Supremo afirma que jamais proibiu o governo federal de agir no combate à pandemia;

·         No sábado, Bolsonaro disse que "se estivesse coordenando a pandemia, não teria morrido tanta gente".

Em publicação feita nesta quarta-feira nas redes sociais, o Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou que jamais proibiu o governo federal de agir no combate à pandemia de covid-19, conforme vem sendo dito pelo presidente Jair Bolsonaro. "Uma mentira contada mil vezes não vira verdade", dizia a postagem através de vídeo, além de alertar sobre o perigo das fake news. 

O vídeo explica que, conforme decisão do plenário, União, estados e municípios têm “competência concorrente” para agir na pandemia". Bolsonaro e seu entorno vêm afirmando que a decisão do Supremo de abril de 2020 sobre a competência dos estados para decidir medidas de contenção do vírus teria limitado a atuação do governo federal. O entendimento do STF, no entanto, é de que todos – União, Estados e municípios – são responsáveis por esse enfrentamento.

No último sábado, o presidente disse: "Se eu estivesse coordenando a pandemia, não teria morrido tanta gente", afirmou a apoiadores que estavam no Palácio do Alvorada. Esta não é a primeira medida que o Supremo toma contra declarações a respeito da competência concorrente para medidas de combate à pandemia. Em janeiro, a Corte divulgou uma nota rebatendo a informação de que teria proibido o governo federal de agir.

"Na verdade, o Plenário decidiu, no início da pandemia, em 2020, que União, estados, Distrito Federal e municípios têm competência concorrente na área da saúde pública para realizar ações de mitigação dos impactos do novo coronavírus. Esse entendimento foi reafirmado pelos ministros do STF em diversas ocasiões", disse o comunicado.

EM TEMPO: O certo seria Bozo dizer: "Se eu não tivesse atrapalhado, não teria morrido tanta gente". Tem muitos políticos que pensam que o povo é bobo. Por isso mentem descaradamente. Mas, uma parcela da mídia e os boatos também mentem bastante.

terça-feira, 27 de julho de 2021

SINTEPE se pronuncia sobre desvio de recursos dos professores

Postado por Magno Martins em 27.07.21 às 15:00

Com edição de Ítala Alves

EXCLUSIVO

Após muitas cobranças nas redes sociais, por mais de uma semana, finalmente o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (SINTEPE) se pronunciou sobre a nova resolução do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que autorizou, por mais três anos, o uso de recursos da educação para pagar aposentados e pensionistas da FUNAPE, em prejuízo do aumento da remuneração dos professores da ativa. 

Todavia, o SINTEPE, controlado pelo PT, partido aliado do PSB no Estado, se pronunciou minimizando a resolução do TCE. Confundindo FUNDEF e FUNDEB, com os recursos dos 25% da educação, o SINTEPE deu uma nota contemporizadora, quase que pedindo aos professores para não cobrarem do PSB o cumprimento da Constituição Federal em Pernambuco para aumentar a remuneração dos professores da ativa. 

Na verdade, houve uma mudança na Constituição Federal em 2020, dizendo que os 25% da educação não podem ser usados para pagar aposentados e pensionistas, parágrafo 7° do artigo 212. O assunto, ao contrário do que disse erroneamente a nota do SINTEPE, não tem relação com FUNDEB ou FUNDEF. Faltou assessoria jurídica para o SINTEPE, pois não conseguiu nem mesmo compreender o que o Blog estava noticiando. Um assunto novo, surgido em 2020, com a Emenda Constitucional 108, agravado com a nova resolução do TCE, publicada agora em julho de 2021.  

O fato dos 25% em educação, garantidos pela Constituição Federal, custearem aposentadorias e pensões impede que os professores da ativa tenham maiores aumentos, pois não há folga orçamentária. Paulo Câmara (PSB) prometeu um piso de quatro mil reais para os professores do Estado, em sua primeira campanha de 2014, mas até hoje não cumpriu. Enquanto isso estados como o Maranhão há anos pagam mais de 6 mil reais de piso dos professores (R$ 6.358,96).

Pelo visto, a aliança do PT com o PSB no Estado custará ainda mais caro para os professores da rede estadual. Enquanto isso, no Maranhão, um estado mais pobre que Pernambuco, mas com um sindicato forte, independente e atuante, o piso dos professores da rede estadual maranhense está em R$ 6.358,96 em 2020. 

Leia a nota do SINTEPE, confundindo 25% da educação com FUNDEB e FUNDEF, assuntos diferentes:

GARANHUENSES LAMENTAM MORTE DE MASSILON FALCÃO


Texto extraído do Blog de R.A

Massilon Falcão, fotógrafo, colecionador de antiguidades e boêmio (grifo nosso) garanhuense, que há alguns anos estava morando na capital, morreu hoje, para tristeza da família e de todos que tiveram o privilégio de conviver com esta grande figura humana.

A comunicação da partida de Massilon foi feita logo cedo através do Facebook, Instagram e grupos do WhatsApp.

Bom dia, gente. Desejamos que vocês estejam bem, mais uma vez.

É com tristeza que a notícia que viemos dar hoje é que @massillonfalcao já está agora num outro plano. Tristeza sim, porém também certeza de que fizemos tudo que era possível, dia após dia, especialmente ele.

Pedimos orações pra que ele seja recebido com muita luz e que ele se sinta em paz.

Agradecemos muito também a todo mundo que ajudou até aqui.

O sepultamento será em Garanhuns, e mais informações sobre local e horário atualizamos por aqui mais tarde.

Um cheirinho nas crianças.

Esta foi a mensagem que foi postada nas redes sociais, entristecendo os garanhuenses.

Os ventos estão mudando

Foto de Alan Santos / PR

Por Afonso Costa

É de conhecimento público que o processo eleitoral de 2018 foi manobrado por forças conservadoras: a polêmica facada, a ausência nos debates, as notícias falsas, a prisão do candidato com maiores chances de vencer, após forte campanha da mídia empresarial e um processo jurídico ilegal e inconsistente.

Passados cerca de três anos, o beneficiário de toda essa manobra, o atual presidente, irrompe com uma cruzada em defesa do voto impresso para garantir a “lisura” do processo eleitoral.

Ora, que ele conhece manobras eleitorais é mais do que óbvio; agora, que pose de defensor da legitimidade e veracidade do processo eleitoral, é estapafúrdio, chegaria a ser hilário se não fosse a tentativa de uma nova manobra, desta feita inspirada no último processo eleitoral dos EUA, no qual o candidato derrotado tentou de tudo para desqualificar a própria derrota.

As pesquisas de opinião indicam a queda de apoio ao atual governo e seu mandatário, com o consequente crescimento daquele que era favorito em 2018. Nada mais natural, diante de uma administração voltada para beneficiar o capital e seus diversos tentáculos, o sistema financeiro, o agronegócio, as multinacionais, o patronato, enfim a burguesia. Obviamente em detrimento do povo brasileiro, vide reforma da Previdência, cassação dos direitos trabalhistas, desemprego, fome, miséria.

Em uma situação normal, esse quadro já seria mais do que suficiente para abalar qualquer governo, mas em meio à pandemia, com mais de meio milhão de mortos, 20 milhões de contaminados, envolvimento de integrantes do governo em denúncias de corrupção justamente na compra de vacinas que poderiam ter evitado centenas de milhares de mortes e tanto sofrimento, está claro que não há mais condições do grupo empresarial-militar que se assomou do governo continuar à sua frente.

Os mais de 120 pedidos de impeachment respondem aos anseios do povo brasileiro, com toda justeza descrente de qualquer mudança positiva por parte de quem já se mostrou incapaz de atender suas necessidades. Aquele que nunca entendeu de Economia, conforme ele mesmo admitiu por várias vezes, fala em defender o emprego ao se colocar contra o isolamento, a utilização de máscaras, a vacinação em massa, quaisquer medidas necessárias para salvaguardar vidas.

Este mesmo, que nunca pisou em uma faculdade de Medicina, de Farmácia, de Biologia ou de qualquer outra área científica, abertamente defendeu um remédio que não serve para combater o vírus, e agora já tirou outro da manga do paletó. Ele não acredita em Ciência, não se preocupa com a vida do povo brasileiro.

Nesse contexto, os comandantes das Forças Armadas, núcleo central da atual administração pública, se colocam integralmente ao lado do mandatário-mor, ameaçando a democracia duramente conquistada. Passados 36 anos do fim da ditadura empresarial-militar, voltaram ao governo e comprovaram o que é de conhecimento público: não sabem governar, o máximo que conseguem é beneficiar a burguesia e os altos escalões militares.

A disputa central no atual momento político é, portanto, entre dois projetos: a manutenção das benesses à burguesia e àqueles que as promovem, de um lado; e o povo brasileiro e suas demandas por justiça social, de outro. Não há saída sem que qualquer um dos lados vença, apenas uma falsificação da realidade, algo como esconder a poeira debaixo do tapete, como feito desde o fim do Governo FHC.

Nessa queda de braço existe um único elemento que pode determinar o vencedor, o maior interessado, o povo brasileiro. A volta às ruas, as manifestações massivas, a organização popular, as denúncias dos lesivos atos governamentais são o caminho para pôr fim a tanto sofrimento. Cabe destacar que no Peru venceu a eleição o candidato popular, no Chile está sendo elaborada uma nova Constituição com setores populares à frente, e na Bolívia vários golpistas estão sendo presos.

A nossa bandeira não é verde-oliva. O Brasil não aguenta mais esse governo.

Afonso Costa é jornalista.

domingo, 25 de julho de 2021

PCB repudia ameaças do Ministério da Defesa

 

Nota Política do PCB

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) mais uma vez repudia as ameaças contra as liberdades democráticas praticadas pelo governo Bolsonaro. Não é a primeira vez que o Ministério da Defesa e vários generais bolsonaristas tentam intimidar todos aqueles que criticam esse governo genocida, com ameaças de golpe, quer explícita quer implicitamente.

Mesmo que o ministro da Defesa tenha feito um desmentido incompleto das suas ameaças, ele continuou insistindo na questão do voto impresso e insinuando que as Forças Armadas são garantidoras da estabilidade do País. Quem defende as liberdades democráticas é o povo organizado e mobilizado contra as ameaças golpistas.

O PCB volta a reafirmar que as ameaças de militares saudosistas da ditadura não nos intimidarão e, junto com o movimento social e popular, responderemos a mais essa provocação com a ampliação das manifestações populares e com mais organização e mobilização dos trabalhadores e das trabalhadoras nas ruas, nos bairros e nos locais de trabalho, com o objetivo de derrotar esse governo criminoso e sua política antipopular.

Fora Bolsonaro Mourão! Impeachment Já!

Pelo Poder Popular e o socialismo!

Comissão Política Nacional do PCB

Braga Netto simboliza flerte com a anarquia, diz grupo de juristas e advogados

 

Folhapress - MÔNICA BERGAMO

 

***FOTO DE ARQUIVO*** BRASÍLIA, DF, BRASIL, 22.04.2020 - O ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O grupo Prerrogativas, que inclui juristas, advogados, professores, pareceristas e ex-membros do Ministério Público, reagiu a reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo segundo a qual o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, afirmou que não haveria eleições em 2022 se não houvesse voto impresso e auditável.

De acordo com o Estado, a mensagem foi transmitida ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e contou com a participação dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. "É inconcebível que o ministro da Defesa cometa a exorbitância delirante de coagir o presidente da Câmara dos Deputados a admitir e implementar uma exótica alteração no sistema de votação, sob pena de acenar com o cancelamento das eleições de 2022", afirma o Prerrogativas em nota enviada à coluna.

"É preciso que os representantes das Forças Armadas, de uma vez por todas, restrinjam-se às suas atribuições específicas, abdicando do desempenho de performances perturbadoras no palco dos embates políticos, que de forma alguma lhes dizem respeito", segue. Na manhã desta quinta (22), após a publicação da reportagem, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, afirmou por meio de publicação em redes sociais que tanto Lira quanto Braga Netto negaram ter havido uma ameaça golpista.

"Conversei com o Ministro da Defesa e com o Presidente da Câmara e ambos desmentiram, enfaticamente, qualquer episódio de ameaça às eleições. Temos uma Constituição em vigor, instituições funcionando, imprensa livre e sociedade consciente e mobilizada em favor da democracia", postou Barroso. Arthur Lira, por sua vez, foi às redes sociais para afirmar que "as últimas decisões do governo foram pelo reconhecimento da política e da articulação como único meio de fazer o país avançar".

Gilmar Mendes diz que Forças Armadas devem respeitar debate institucional sobre urna eletrônica

O GLOBO - Mariana Muniz

qui., 22 de julho de 2021

BRASÍLIA — O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quinta-feira que os representantes das Forças Armadas devem "respeitar os meios institucionais do debate sobre a urna eletrônica". A manifestação do novo decano da Corte ocorre após a notícia de que o ministro da Defesa, general Braga Netto, teria ameaçado impedir a realização das eleições de 2022 em conversa com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Em mensagem publicada nas redes sociais, o ministro também afirmou que "política é feita com argumentos, contraposição de ideias e, sobretudo, respeito à Constituição. Na nossa democracia, não há espaço para coações autoritárias armadas". "Os representantes das Forças Armadas devem respeitar os meios institucionais do debate sobre a urna eletrônica. Política é feita com argumentos, contraposição de ideias e, sobretudo, respeito à Constituição. Na nossa democracia, não há espaço para coações autoritárias armadas", diz a íntegra da manifestação de Gilmar.

Além do decano, o ministro Luís Roberto Barroso, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também já havia se manifestado sobre o episódio, reafirmando que "temos Constituição em vigor, instituições funcionando, imprensa livre e sociedade consciente e mobilizada em favor da democracia". Fontes do STF ouvidas pelo GLOBO afirmam que os ministros viram a notícia com preocupação.

Segundo reportagem do jornal 'O Estado de S. Paulo' publicada nesta quinta-feira 22.07.2021, o ministro da Defesa teria feito uma ameaça e condicionou as eleições de 2022 ao voto impresso. De acordo com a publicação, Braga Netto enviou o recado por meio de um interlocutor que não teve o nome revelado. Após a publicação da reportagem, o ministro da Defesa negou que tenha feito ameaças às eleições em 2022 e afirmou que a discussão e a decisão acerca do voto impresso cabem exclusivamente ao Congresso Nacional, onde tramita uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema.

“Acredito que todo cidadão deseja a maior transparência e legitimidade no processo de escolha de seus representantes no Executivo e no Legislativo em todas as instâncias”, disse o militar, em nota. Braga Netto ainda afirmou que "a discussão sobre o voto eletrônico auditável por meio de comprovante impresso é legítima, defendida pelo governo federal, e está sendo analisada pelo parlamento brasileiro, a quem compete decidir sobre o tema”.

EM TEMPO: Convém lembrar que a "Urna Eletrônica" foi concebida na própria Força Armada, com a participação dos engenheiros das três forças e do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica).  Agora o general Braga Netto quer combater o que eles mesmo conceberam para defender um ex-militar, Bozo, indisciplinado, expulso do Exército e perigoso até mais do que o vírus da COVID 19. Só no Brasil para acontecer algo dessa natureza. Afinal, Bozo é contra a ciência. Alguém se habilita para levar Bozo para casa e concluir sua educação (rsrsrs)? 

sábado, 24 de julho de 2021

'Ameaça de Braga Netto configura crime', diz jurista

 

ESTADÃO - André Shalders e Rafael Beppu

© André Dusek/Estadão Conteúdo Segundo Menezes, ministro ‘não tem competência’ para interferir em assuntos ligados ao calendário eleitoral. 

 

Ao ameaçar a realização das eleições de 2022, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, pode ter cometido crime de responsabilidade, passível de punição até mesmo com impeachment. A opinião é do jurista Mauro Menezes, ex-presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República (2016 a 2018) e integrante do Grupo Prerrogativas.

Como mostrou o Estadão, no último dia 8, Braga Netto mandou um aviso para o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), por um importante interlocutor político. O recado era direto: não haveria eleições em 2022 no Brasil se não fosse aprovado o voto impresso, hoje em tramitação na Câmara.

Após a publicação da reportagem, Braga Netto afirmou, em nota, não se valer de intermediários, mas defendeu o voto impresso. “A nota comete um desvio de finalidade exorbitante”, disse Menezes ao Estadão. “O ministro da Defesa não tem nenhuma competência para interferir em assuntos que digam respeito ao cumprimento do calendário eleitoral.”

Menezes afirmou que a conduta de Braga Netto precisa ser investigada e, se confirmada a intimidação feita pelo general – condicionando a realização de eleições ao voto impresso –, fica configurado crime de responsabilidade. Assim como o presidente da República, os ministros de Estado também estão sujeitos à lei 1.079, de 1950, e podem ser alvo de impeachment.

Mestre em Direito Público pela Universidade Federal de Pernambuco, Menezes foi presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência de 2016 a 2018, nos governos dos ex-presidentes Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), e hoje atua nos tribunais superiores, em Brasília. Como integrante do Prerrogativas, articulou a publicação de uma nota na qual o grupo pede para que os militares se atenham às funções definidas pela Constituição.

O ministro da Defesa, Braga Netto, cometeu crime?

Existem fatos a serem apurados, necessariamente. Uma vez confirmado este gesto (a ameaça à realização das eleições de 2022), nós estamos diante de um crime de responsabilidade cometido por um ministro de Estado. De acordo com o artigo 7.º da Lei de Impeachment, constitui crime de responsabilidade impedir, inclusive por ameaça, o livre exercício do voto. Utilizar o poder federal para impedir a execução de uma lei eleitoral também consta deste artigo 7.º como crime de responsabilidade e como hipótese de impeachment de ministro. O impeachment não é só para o presidente. O ministro Braga Netto não é um comandante militar. Ele é um ministro de Estado. Ocupa um cargo civil e está subordinado a esta lei.

Qual poderia ser a punição para o ministro, neste caso?

Teria de haver abertura de um processo de impeachment mesmo. Ou seja, o oferecimento de denúncia, a recepção dessa denúncia, para que ele fosse afastado do cargo.

A Comissão de Ética Pública da Presidência deveria atuar na apuração do ocorrido?

Sim. De acordo com o código de conduta da alta administração federal, todos os ministros, inclusive o da Defesa, estão, sim, subordinados à competência da Comissão de Ética Pública. Um dos pressupostos fundamentais da ética deriva da expectativa de que as autoridades não atuem com desvio de finalidade. O ministro da Defesa não tem nenhuma competência para interferir em assuntos que digam respeito ao cumprimento do calendário eleitoral. Em um regime democrático, um ministro que, de certa forma, integre o comando das Forças Armadas, deveria manter uma distância prudente desse tipo de assunto.

Mas a nota de Braga Netto diz que é legítimo o governo defender o voto impresso.

Não é papel do ministro da Defesa comentar esse tipo de proposta legislativa. Ao fazer isso, ele admite que está se imiscuindo em assuntos que não lhe dizem respeito. Os assuntos que dizem respeito ao ministro da Defesa são muito relevantes, são de alto interesse nacional, mas que têm relação com o funcionamento das Forças Armadas. Essas questões políticas são atribuições do Congresso. A nota divulgada, ao mencionar uma suposta legitimidade dessa proposta legislativa, já comete um desvio de finalidade exorbitante. É incompatível com a natureza do cargo do ministro da Defesa. Estamos diante de uma atitude violadora da ética pública.

Por que o grupo Prerrogativas entendeu que era importante se manifestar para pedir que os militares se atenham às funções definidas pela Constituição?

O Prerrogativas se manifestou por entender que é nosso papel, como juristas, advogados, profissionais do Direito e professores, fomentar o respeito à Constituição e à legalidade democrática. Entendemos que, naquela declaração do ministro da Defesa, houve uma manifestação que, de certa forma, ameaçou a legalidade democrática e o respeito ao Estado constitucional. Outro aspecto que também nos moveu foi a necessidade de evocar o caráter civil deste cargo. O ministro da Defesa é uma função que foi criada justamente para simbolizar que não existe uma tutela militar sobre o Estado. O poder civil, na figura do ministro da Defesa, deve se sobrepor aos comandos militares. E os militares devem se ocupar das funções que lhes são precípuas, e não desbordar para uma atuação vinculada a projetos ou propósitos políticos.

EM TEMPO: Braga Netto, calado é um poeta. Na realidade o "Centrão" deu um nó no governo Bozo e em alguns militares, os quais são muito ruins quando se metem em política. Voltem para os quartéis e deixem Bozo dando seus espetáculos, mas sozinho.  

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Organizadores dizem que atos contra Bolsonaro ganharam força após ameaça de Braga Netto

ESTADÃO - Pedro Venceslau

© Taba Benedicto/Estadão Movimentos esperam maior mobilização neste sábado. 

 

Os organizadores de novas manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro, marcadas para este sábado, 24, registraram um aumento no número de atos nos Estados após a ameaça do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, de que não haverá eleições caso o voto impresso não seja adotado no País.

A decisão do presidente de entregar o comando da Casa Civil para o senador Ciro Nogueira (PP-PI), principal expoente do Centrão, também impulsionou o movimento. Segundo Raimundo Bonfim, líder da Central de Movimentos Populares (CMP) e um dos principais líderes das manifestações, foram agendados 123 novos atos pelo Brasil nas 24 horas seguintes à divulgação das ameaças e o acerto com o Centrão.

Ao todo, os organizadores contabilizam 426 eventos marcados em todos os Estados. O recorde até agora foi no dia 19, com 457 atos registrados“Mais um motivo para lotarmos as ruas no sábado! O Ministro da Defesa Walter Braga Netto fez um ameaça dizendo que se não houver voto impresso, não haverá eleições em 2022. Nosso país não pode seguir nas mãos de quem ameaça a democracia. #24JForaBolsonaro”, escreveu no Twitter a ex-deputada Manuela D’Ávila, do PCdoB.

Segundo Bonfim, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estará no centro dos protestos do sábado, já que só ele tem a prerrogativa de aceitar um dos pedidos de impeachment que foram protocolados na Câmara.

A principal manifestação será na Avenida Paulista, onde 11 carros de som estarão distribuídos.

Uma das preocupações dos organizadores é que eventuais atos isolados de violência contaminem as manifestações. No último dia 19, militantes do Partido da Causa Operária (PCO) agrediram integrantes do PSDB.

Líderes sindicais e partidários pediram ao PCO que controle seus simpatizantes. “Nós fechamos questão no diretório municipal e vamos estar na Avenida Paulista. O movimento contra o Bolsonaro cresceu nas bases do partido. O PCO pode ser retirado dos atos se cometer atos de violência”, afirmou o presidente do PSDB da capital, Fernando Alfredo. Os membros do PSDB estarão em um carro de som junto com partidos e movimentos sociais de esquerda. Para tentar evitar atos violentos, os organizadores decidiram abreviar as falas nos carros de som e antecipar a caminhada entre a Avenida Paulista e Praça Roosevelt. Dessa forma, o evento deve terminar antes de anoitecer, o que ajudaria a inibir atos de vandalismo.

EM TEMPO: Convém lembrar que não existe possibilidade de golpe sem o apoio do governo Biden, dos EUA. Além do mais seria um absurdo os militares darem um auto-golpe para manter Bozo no poder. Será que Bozo é um grande estadista? Será que é pop star (rsrsrs)? Será que um auto-golpe seria facilmente reconhecido por outros países? Será que o negacionismo de Bozo e a existência de cerca de 550 mil mortos pela COVID 19 não pesa contra o auto-golpe? E a popularidade de Bozo. Está em queda livre? Os "bolsominios" não se esqueçam que Trump perdeu as eleições nos EUA. O Golpe Militar/Empresarial de março de 1964 e a própria trama, contra o ex-presidente Lula,  promovida pelo ex-juiz Sérgio Moro, foram apoiados e preparados nos EUA. Agora durmam com essas  broncas. 

Procuradoria abre inquérito civil para investigar denúncia de propina em vacinas na gestão Bolsonaro

Por MARCELO ROCHA

 

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu inquérito civil sobre o suposto pedido de propina por parte de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde.

O inquérito tem como objetivo "apurar possíveis atos de improbidade administrativa praticados pelo então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, e outros agentes públicos e privados", segundo portaria publicada nesta sexta-feira (23).

A defesa do ex-diretor disse à Folha de S.Paulo que o procedimento será uma oportunidade para seu cliente e demais pessoas mencionadas na situação esclarecerem os fatos. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, disse que Dias cobrou a propina em um jantar em um restaurante de Brasília no dia 25 de fevereiro.

Dominghetti afirmou que recebeu de Dias pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. Dias foi demitido do ministério horas após a publicação da entrevista de Dominghetti. Após a publicação da reportagem, o líder da minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), e demais líderes de partidos de oposição ao governo Jair Bolsonaro enviaram uma representação ao Ministério Público Federal.