segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Lula defende mudanças em acordo entre União Europeia e Mercosul

 

Foto reprodução

História por RedeTV! 

Presidente se reuniu com chanceler da Alemanha em Brasília.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu alterações em pontos do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Após reunião com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (30), os dois líderes participaram de uma entrevista coletiva e abordaram diversos assuntos da agenda bilateral. 

"Vamos trabalhar de forma muito dura. Alguma coisa tem que ser mudada. Não pode ser feito tal como está lá", destacou Lula, ao ser questionado sobre o avanço do acordo.

"Uma coisa que, para nós, é muito cara são [as] compras governamentais. Em um país em desenvolvimento, como o Brasil, compras governamentais são uma forma de você fazer crescer pequenas e médias empresas. Se a gente abre mão disso, a gente está jogando fora a oportunidade das nossas pequenas e médias empresas crescerem. Obviamente, nós vamos sentar à mesa da forma mais aberta possível. O meio termo é você melhorar algo para aqueles que [se] sentem prejudicados", disse o presidente. Mesmo assim, Lula prometeu fechar o acordo em cerca de seis meses. "Até o fim deste semestre, é nossa ideia de tentar encaminhar e discutir outros assuntos", afirmou. 

Negociado por mais de 20 anos, o acordo UE-Mercosul teve um anúncio de conclusão geral em 2019, mas ainda há um longo caminho pela frente para sua efetiva entrada em vigor. Isso porque o tratado precisa ser ratificado e internalizado por cada um dos Estados integrantes de ambos os blocos econômicos. Na prática, significa que o acordo terá que ser aprovado pelos parlamentos e governos nacionais dos 31 países envolvidos, uma tramitação que levará anos e poderá enfrentar resistências.

Do lado alemão, Scholz também defendeu um avanço rápido do acordo e elogiou a "energia do presidente" Lula para tentar concluir os temos em poucos meses. O líder alemão citou a presença de mais de mil empresas no Brasil e disse que pretende fazer esse número crescer ainda mais.

OCDE

Lula também foi questionado sobre a manutenção do interesse do país em aderir à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na qual a entrada do Brasil foi costurada no governo anterior.

"O que nós queremos saber [é] qual é o papel do Brasil na OCDE. Você não pode participar de um organismo internacional sendo um cidadão menor, inferior, como se vocês estivesse sendo observador", disse o presidente. Lula reconheceu ter sido contra a entrada do Brasil na OCDE em seus governos anteriores, mas disse que está disposto a discutir o ingresso agora.  

Criada em 1961, e com sede em Paris, a OCDE é uma organização internacional formada atualmente por 37 países, incluindo algumas das principais economias desenvolvidas do mundo, como Estados Unidos, Japão e países da União Europeia. É vista como um  “clube dos ricos”, mas também tem entre seus membros economias emergentes latino-americanas, como México, Chile e Colômbia.

Assista o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=F6x5r5fwcSE&t=207s

domingo, 29 de janeiro de 2023

DIREITO À HISTÓRIA



BRASIL 247 - Editorial

Em meio a uma entrevista coletiva em Montevidéu, o presidente Lula fez questão de se referir ao  ex-presidente Michel Temer como "golpista". Usou a alcunha ao analisar, com dose de indignação, o desmonte promovido pelas gestões subsequentes, dos programas de proteção social criados ao longo dos governos petistas: “O Brasil não tinha mais fome quando eu deixei a Presidência da República e hoje tem 33 milhões de pessoas passando fome, significa que quase tudo que nós fizemos de benefício social no meu país, em 13 anos de governo, foi destruído em seis anos, ou melhor, em sete anos; três do golpista Michel Temer e quatro do governo Bolsonaro”. 

A menção de Lula a uma chaga histórica que representou um divisor de águas na vida nacional evidencia a disposição do mandatário de manter disputa constante com aqueles que pretendem sujeitar não apenas o seu mandato como também, sob arranjo falacioso, manietar a sua pessoa. 


Como não poderia deixar de ser, a manifestação lulista ensejou reações irritadas não apenas do próprio Michel Temer, cujo nome já está para sempre amalgamado ao epíteto aludido por Lula, como também de colunistas e editoriais dos veículos da mídia. Esta, aliás, sócia de referência da derrubada da presidente Dilma Rousseff em 2016 naquilo que entrou para a história como o golpe do impeachment. 


Editorial do Estado de S.Paulo  inconformou-se: "Justamente no momento em que o país mais precisa de um estadista capaz de reconstruir pontes e fomentar o diálogo...Lula colabora para manter em carne viva o tecido social". 


Para surpresa de ninguém,  "O Globo" mostrou-se irresignado no mesmo dia, tom e local: "Que golpe é esse que ninguém viu?", diz seu editorial intitulado "Governo tenta reescrever a verdade sobre impeachment". Já o jornal Valor, também da Globo, expressou no editorial ("Brasil volta à cena externa com diplomacia passadista") que "Lula propagandeou sua versão da história, ao mencionar o 'golpe' de Estado que depôs Dilma e chamar o ex-presidente Michel Temer de 'golpista'". 


O coro reencarna as performances afinadas da orquestração que maculou o processo democrático brasileiro entre 2013 e 2016, com as consequências trágicas de conhecimento geral. O solo de Jair Bolsonaro na cerimônia do impeachment, com sua homenagem à tortura,  está gravado para sempre na memória de todos. É de se notar também a defesa que o referido oligopólio midiático exerce em uníssono da figura de Michel Temer, bem como da existência de pedaladas fiscais, ardil arquitetado para revestir de legalidade um processo político que já foi desmoralizado pelo Tribunal de Contas da União, pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso e até por ministros do Supremo Tribunal Federal. 


A declaração de Lula em Montevidéu não poderia ser mais bem-vinda: ela serviu para revelar e afastar de seu mandato os poderes que na verdade desejam forçá-lo a trair sua trajetória, a jurar fidelidade a seus algozes, numa operação destinada não a almejada pacificação, mas na verdade a uma rendição. Serviu para saber que dos meios oligopolistas de comunicação não se pode esperar boa vontade, autocrítica e respeito à verdade histórica. 


O golpe contra Dilma esteve ligado de  forma umbilical à prisão do presidente Lula. É impossível apoiar a legalidade do primeiro sem coonestar a sucessão de eventos que resultou no segundo. Ao repor a história do Brasil em seu lugar, ao não deixar pisotearem a sua história, Lula arrombou também as grades da nova prisão em que velhos poderes, incrustados dentro e fora da máquina pública,  pretendem, prometendo simpatia, controlar seu mandato.


EM TEMPO: A ex-presidente Dilma foi destituída porque não quis comprar alguns parlamentares como o fez Bozo. Não há provas de que houveram as "Pedaladas Fiscais".

sábado, 28 de janeiro de 2023

"Governo Bolsonaro foi a maior roubada que os militares armaram para si", diz Gilberto Maringoni

 



Ao tentarem voltar ao poder tutelando Bolsonaro, os militares jogaram luz sobre seu próprio despreparo, diz o professor

 

Gilberto Maringoni (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | José Cruz/Agência Brasil)

247 - Professor de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC), Gilberto Maringoni afirmou pelo Twitter na terça-feira (24.01.23) que o governo Jair Bolsonaro (PL) "foi a maior roubada que os militares armaram para si".

Ao tentarem voltar ao poder tutelando Bolsonaro, os oficiais das Forças Armadas jogaram luz sobre seu despreparo, explica o professor.

"O governo Bolsonaro foi a maior roubada que os militares armaram para si. Antes, viviam em ócio bem remunerado e repleto de privilégios sem que ninguém se desse conta. Aí se meteram a gerir o Estado: a inépcia, o despreparo, a ganância e o antinacionalismo vieram à luz. Otários!", escreveu Maringoni.

Em outra postagem, ele disse ser "preciso mudar urgentemente o papel de nossas 'Farsas' Armadas".

EM TEMPO: É incrível acreditar que alguns militares brasileiros, especialmente os de alta patente, se deixaram levar por um ex-militar indisciplinado, o Bolsonaro, o qual foi expulso do Exército. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

General ameaçou colocar tropas do Exército contra PM para proteger terroristas bolsonaristas

 


Júlio Cesar de Arruda e coronel Fábio Augusto Vieira (Foto: Comando Militar do Leste | Marcelo Camargo/Agência Brasil | Reprodução)

Júlio Cesar de Arruda impediu que a PM desmontasse o acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército na noite do dia 8

23 de janeiro de 2023

247 - Demitido do cargo pelo presidente Lula (PT) neste sábado (21), o ex-comandante do Exército, Júlio Cesar de Arruda, ameaçou colocar suas tropas contra a Polícia Militar do Distrito Federal para proteger os terroristas bolsonaristas, relata Bela Megale, do jornal O Globo.

Na noite do último dia 8, depois da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, a PM compareceu ao acampamento de bolsonaristas golpistas montado em frente ao quartel-general do Exército. O intuito era desmontar o acampamento e efetuar a prisão dos envolvidos no terrorismo.

Em tom ríspido, o então comandante do Exército ameaçou o agora ex-comandante da Polícia Militar do DF, coronel Fábio Augusto Vieira. "Acho que eu tenho um pouco mais de tropa que o senhor, não é coronel?", questionou o general. O contingente dos policiais militares do DF é menor que o do Exército.

"A fala dirigida ao comandante da PM foi vista por integrantes do governo federal como mais uma ação de Arruda no sentido de impedir a desmobilização do acampamento golpista em frente ao Exército. A atuação do general contra a desmobilização do local foi um dos fatores que deflagraram a crise entre o ex-comandante da Força e o presidente Lula, o que culminou em sua demissão neste sábado (21)", diz a reportagem.

EM TEMPO: Creio que o ex-comandante da PM, coronel Fábio Augusto Vieira, deve ter sua punição, no mínimo, revista. 

sábado, 21 de janeiro de 2023

Novo chefe do Exército defendeu ‘respeitar o resultado da urna’ em discurso a tropas


ESTADÃO - História por Marcelo Godoy 

O comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva discursa em defesa da democracia Foto: Reprodução/CMSE© Fornecido por Estadão

comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, afirmou que o resultado das urnas deve ser respeitado. É a primeira manifestação pública de um comandante militar desde os ataques à sede dos três Poderes, em Brasília, no dia 8. “Vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, de alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna”. Ribeiro Paiva foi anunciado como novo comandante do Exército neste sábado, 21, substituindo o general Júlio César de Almeida. 

Um dos três mais antigos oficiais generais do Alto Comando do Exército (ACE), Tomás, como é conhecido, foi um dos comandantes que se opuseram a qualquer tentativa de virada de mesa após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial. Por isso, tornou-se alvo, ao lado de outros integrantes do ACE, de uma campanha difamatória de bolsonaristas.

Na quarta-feira, dia 18 de janeiro, no quartel-general do Comando Militar do Sudeste (CMSE), com a tropa formada, o general discursou durante cerca de dez minutos. Na ocasião, ele lembrava os militares mortos na missão de paz das Nações Unidas no Haiti, onde o Brasil permaneceu de 2004 a 2017. Dezoito militares morreram no terremoto de 12 de janeiro de 2010, que destruiu parte do país caribenho em 2010. Quando coronel, Tomás comandou um batalhão no Haiti.

No meio do discurso, o general passou a tratar de outro “terremoto”, que atingiu recentemente o País. “Nós últimos dias, nós estamos vivendo um outro tipo de terremoto no País: um terremoto político, que não causou mortes” Esse terremoto, segundo ele, é movido pelo ambiente virtual, que não tem freio. “Todo nós somos hoje hiperinfomados. Para excesso de informação só tem um remédio: mais informação. É se informar com qualidade e buscar fontes fidedignas.”

De acordo com ele, essa violência, “essa intolerância tem nos atacado”. “Esse terremoto não está matando gente, mas está tentando matar a nossa coesão, a nossa hierarquia e a nossa disciplina, o nosso profissionalismo e o orgulho que a gente tem de vestir essa farda. E não vai conseguir.” Logo em seguida, o general reafirmou o Exército como instituição de Estado. “Ser militar é ter uma instituição de Estado, apolitica, apartidária; não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito. Isso é ser militar.”

O general disse ainda que os militares não devem ter correntes políticas e devem permanecer coesos. “(Ser militar) é não ter corrente. Isso não significa que ele não pode ter sua opinião. Ele pode ter, mas ele não pode se manifestar. Ele pode ouvir muita coisa: ‘faço isso, faça aquilo’, mas ele faz o que é correto, mesmo que o correto seja impopular.”

O general concluiu o discurso para a tropa com uma defesa enfática da democracia e do respeito ao resultado das urnas. “Essa é a mensagem que quero trazer para vocês. Em que pese o turbilhão, o terremoto, o tsunami, nós vamos continuar íntegros, coesos e respeitosos e vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, da alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna. Essa é a convicção que eu tenho, mesmo que a gente não goste do resultado – nem sempre é o que a gente queria. Mas essa é o papel da instituição de Estado, que respeita os valores da Pátria.”

Assista a fala do general Tomás: https://www.youtube.com/watch?v=nkHPNZKnGo0&t=3s

Assista a entrevista  que o Comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, concedeu a jornalista Eliane Cantanhêde.  https://www.youtube.com/watch?v=w59WuaeIk3k&t=1s

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

"Tem que respeitar o resultado das urnas", diz Comandante Militar do Sudeste

 



General do Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva (Foto: EsPCEx)

General Tomás Miguel Miné Ribeiro discursou em favor da democracia a outros militares na quarta-feira

20 de janeiro de 2023

247 - O Comandante Militar do Sudeste, General do Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, deu um forte discurso na quarta-feira (18) em defesa da democracia. Segundo ele, é papel dos militares respeitar o resultado das urnas, mesmo que haja diferenças com o governo eleito. As informações são de Guilherme Amado, do Metrópoles.

“Ser militar é ser profissional, respeitar a hierarquia e a disciplina. É ser coeso, íntegro, ter espírito de corpo e defender a pátria. É ser uma instituição de Estado, apolítica e apartidária. Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito”, disse o general, durante uma cerimônia que homenageou os militares brasileiros mortos no Haiti .

"Tem que respeitar. É essa a convicção que a gente tem que ter, mesmo que a gente não goste. Nem sempre a gente gosta, nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel da instituição de Estado, da instituição que respeita os valores da pátria. Somos Estado”, disse.

O general disse ainda que militares não podem aderir a correntes políticas publicamente, o que não significa não ter opiniões pessoais. “Ele pode ter, mas não pode manifestar. Ele pode ouvir muita coisa, muita gente falando para ele fazer isso ou aquilo, mas ele fará o que é correto, mesmo que o correto seja impopular”.

As declarações vêm após as denúncias de que militares participaram direta ou indiretamente da tentativa fracassada de golpe de Estado do dia 8 de janeiro. O governo Lula propôs nesta sexta-feira (20) um novo pacto às Forças Armadas, oferecendo investimentos necessários para aprimorar a capacidade de defesa do País. Após o encontro, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, negou que as Forças Armadas estão envolvidas em atos golpistas. 

EM TEMPO: Os militares brasileiros  mais preparados culturalmente e profissionalmente sabem muito bem que o Brasil não pode ficar isolado no mundo atual e multipolar. Sabem também o papel que o presidente Lula tem na quebra do isolamento  em todas as áreas, inclusive na militar. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

O impressionante caso do vice-almirante Othon

(Foto: MARCELLO CASAL JR / Agência Brasil)

 


Por José Álvaro de Lima  Cardoso (Economista).


A prisão, completamente  abusiva, do vice-almirante Othon, é uma prova de que o golpe serviu para impedir nosso domínio da soberania energética e nuclear

As dificuldades que o país está atravessando, especialmente os problemas de fome e empobrecimento da classe trabalhadora, requerem medidas urgentes que ampliem, inclusive, a base de apoio ao governo eleito. Nesse quadro muito complexo, assistimos a uma espécie de “esquecimento” de fatos importantes do golpe de 2016 e a uma responsabilização exclusiva do governo Bolsonaro por todas as mazelas do Brasil. Essa atitude é um desserviço à precisão dos acontecimentos fundamentais no país nos anos recentes, o que não pode trazer nada de positivo.

O estrago feito a partir do governo Michel Temer foi generalizado e impactou fortemente a renda da população e a soberania do país. As imensas dificuldades com as quais o governo Lula está se deparando para enfrentar os principais problemas nacionais (não devemos contar com facilidades, como mostraram os acontecimentos de domingo, dia 08)), não têm a ver exclusivamente com os estragos do governo Bolsonaro, mas com o conjunto das políticas do golpe. Por exemplo, um dos obstáculos para a adoção de um salário-mínimo com um ganho real mais significativo (que seria fundamental neste momento) é o chamado Teto de Gastos, uma das primeiras medidas do golpista Michel Temer, adotada ainda em dezembro de 2016, apenas alguns meses após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.Descrição: .

Nesse quadro complexo e perigoso, é importante resgatar o caso do vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, porque ele se conecta com uma série de acontecimentos atuais, cuja compreensão requer informações prévias recentes. A prisão do almirante foi tramada pelo Departamento de Estado norte-americano em função da importância histórica que o militar tem no desenvolvimento da tecnologia nuclear do Brasil, área estratégica para a conquista da soberania energética. Diálogos denunciados pela Vaza Jato em 2019 demonstraram que a prisão do almirante Othon da Silva, foi também tramada entre Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato. Tais diálogos, juntamente com vários outros divulgados à época, são simplesmente estarrecedores. Eles acabaram por desmascarar o caráter golpista e entreguista da operação Lava Jato, mostrando que esta operação foi armada lá fora, ou seja, foi uma ação do imperialismo.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Após ataque a Brasília, Lula sai fortalecido, dizem analistas

 


História por AFP 

Lula deu uma resposta firme aos ataques de 8 de janeiro© Sergio Lima

 

Bolsonaristas radicais vandalizaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em seus esforços para obstruir a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, para analistas, o tiro pode ter saído pela culatra.

 

Uma semana após a posse de Lula, que combinou pompa institucional com festa popular no Distrito Federal, milhares de seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e saquearam o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, inconformados com a derrota eleitoral.


 

Lula durante sua posse, em 1º de janeiro de 2023, em Brasília© CARL DE SOUZA

As imagens, que correram o mundo, deram logo lugar a outra cena poderosa: Lula, descendo a rampa do Planalto, o palácio presidencial, até a Praça dos Três Poderes, ao lado dos chefes dos poderes Legislativo e Judiciário.

 



Apoiadores radicais de Jair Bolsonaro durante a mobilização que derivou no ataque às sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023© EVARISTO SA

Juntos, eles reafirmaram que a jovem democracia não seria derrotada no Brasil, quase quatro décadas após o fim da ditadura militar.

"É claro que os atos de domingo (8 de janeiro) tiveram o efeito inverso" ao que se buscava, disse à AFP Mayra Goulart, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"Lula certamente saiu reforçado. Há um clima de união nacional em defesa da democracia", avalia.

No exterior, a condenação foi unânime. Washington, Moscou, Pequim, União Europeia e capitais da América Latina expressaram seu apoio ao presidente do Brasil, que havia se isolado do mundo sob Bolsonaro.

“A comoção internacional certamente reforça a posição de Lula, como uma liderança importante que atua no fortalecimento dos foros multilaterais”, afirma Goulart. 

- Apoio unânime -

Leandro Gabiati, da consultoria Dominium, também considera que a imagem de Lula no exterior saiu "reforçada" por ter dado uma resposta firme, mas equilibrada, após os ataques. A de Bolsonaro, por outro lado, piorou.

Internamente, Lula obteve "apoio unânime" de todas as classes políticas e do setor financeiro, acrescenta.

E também da população brasileira, que em sua grande maioria, ficou chocada com as imagens de violência contra as instituições.

“Lula foi testado e até aqui ele vem se saindo relativamente bem”, estima Gabiati, para quem o presidente mostrou uma “postura ponderada” que de certa forma permitiu “retomar a normalidade”.

Nos prédios do governo ainda com danos visíveis dias após a investida dos bolsonaristas, os ministros de Lula tomaram posse em cerimônias oficiais. Falaram sobre o "golpe" e avisaram que o governo não seria detido.

O governo Lula tem sido firme: os "fascistas" considerados culpados pelo atentado em Brasília poderão pegar penas de até 30 anos de prisão por "terrorismo".

Enquanto as autoridades fecham o cerco em torno dos financiadores e organizadores, as forças de segurança se preparam para uma reorganização e a segurança do palácio presidencial será esvaziada de bolsonaristas.

Em poucos dias, cerca de duas mil pessoas foram detidas e mais de mil permaneciam sob custódia policial.

"Lula terá que tomar junto com os três poderes decisões de punição exemplar, para inibir que novos atos desse tipo se repitam", diz Gabiati.

- País dividido -

Porém, nada garante que essa unidade nacional perdure. Lula ainda terá a difícil tarefa de sanar um país de fortes divisões, aprofundadas após uma amarga campanha eleitoral repleta de desinformação.

Os elementos mais radicais do movimento bolsonarista, determinados a continuar a cruzada contra o “comunismo”, o “corrupto” Lula e o sistema eleitoral, não dão sinais de desaparecer.

"O movimento segue existindo e provavelmente podemos esperar algum tipo de distúrbio de baixa intensidade, protestos e algum tipo de violência", aponta Michael Shifter, do Diálogo Interamericano. "Não acho que vá desaparecer."

Para a consultoria Eurasia, os acontecimentos de 8 de janeiro são “um forte lembrete que Lula enfrenta um país profundamente polarizado”.

O líder de esquerda venceu a eleição presidencial com 60 milhões de votos, contra 58 milhões de Bolsonaro.

Com poucos dias de governo, “a energia gasta na condenação, na investigação desses atos golpistas, ela é necessária”, acredita Goulart.

Mas isso "não pode contaminar" os objetivos do novo governo de combater os problemas urgentes da maior economia latino-americana, como a fome e a pobreza.

pt-lg/rsr/pr/ic

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Dos EUA à Rússia: como líderes mundiais reagiram às invasões em Brasília

 



BBC NEWS

Líderes mundiais repudiaram a invasão que aconteceu em Brasília© Reuters

 

As ações de bolsonaristas em Brasília no domingo (8) tiveram repercussão mundial — e foram repudiadas por representantes de vários países e organismos internacionais. A invasão e a depredação de prédios públicos, como o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, geraram manifestações de diversos líderes mundiais.

Confira a seguir um resumo das principais postagens divulgadas por representantes estrangeiros nas últimas horas.

Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou no Twitter que "condena o ataque à democracia e à transferência pacífica de poder no Brasil". "As instituições democráticas do Brasil têm nosso apoio total e a vontade do povo brasileiro não deve ser minada", escreveu. Biden ainda declarou que quer trabalhar em conjunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

https://twitter.com/POTUS/status/1612227134516256770

Ainda nos EUA, vários congressistas do Partido Democrata pediram a expulsão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está na Flórida desde 31 de dezembro. "Nós devemos nos solidarizar com o governo democraticamente eleito de Lula. Os Estados Unidos devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida", afirmou Alexandria Ocasio-Cortez, deputada por Nova York.

https://twitter.com/AOC/status/1612211900326215681

Rússia

Dimitry Peskov, porta-voz do governo russo, disse que o Kremlin condena "de forma veemente" o que aconteceu em Brasília. O representante ainda assegurou que a Rússia apoia o presidente Lula.

Reino Unido

O primeiro-ministro Rishi Sunak escreveu no Twitter que "condena qualquer tentativa de minar a transferência de poder pacífica e a vontade democrática do povo do Brasil". "O presidente Lula e o governo dele têm o apoio total do Reino Unido e espero fortalecer os laços estreitos entre nossos países nos próximos anos."

https://twitter.com/RishiSunak/status/1612356150392983552

França

O presidente da França, Emmanuel Macron, postou uma declaração em francês e em português nas redes sociais. Ele afirmou que "a vontade do povo brasileiro e das instituições democráticas deve ser respeitada". "O presidente Lula pode contar com o apoio incondicional da França."

https://twitter.com/EmmanuelMacron/status/1612194748239945728

Portugal

Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República de Portugal, disse querer "exprimir o mais veemente repúdio pelo ataque ao Congresso do Brasil". "Toda a solidariedade às instituições democráticas brasileiras e, em particular, ao Senado e à Câmara dos Representantes", disse.

https://twitter.com/ASantosSilvaPAR/status/1612183228693053440

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, emitiu uma nota em que afirma ter conversado por telefone com Lula logo após a invasão. "Esses atos, além de inconstitucionais e ilegais, são inadmissíveis e intoleráveis na democracia, reforçando o apoio e a total solidariedade de Portugal para com o poder legitimamente eleito no Brasil."

Itália

A primeira-ministra Giorgia Meloni também expressou preocupação com a invasão de Brasília. "O que está acontecendo no Brasil não pode nos deixar indiferentes. As imagens da irrupção nos gabinetes institucionais são inaceitáveis e incompatíveis com qualquer forma de dissidência democrática", escreveu no Twitter. "O retorno à normalidade é urgente e nos solidarizamos com as instituições brasileiras", completou.

https://twitter.com/GiorgiaMeloni/status/1612222502008225792

China

O porta-voz do Ministério de Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, afirmou numa entrevista coletiva nesta segunda (9) que o país se opõe ao que aconteceu em Brasília. "A China está acompanhando a situação cuidadosamente e se opõe firmemente ao violento ataque contra as autoridades federais ocorrido no Brasil", disse. Além disso, Wenbin disse que o governo chinês "apoia as medidas tomadas pelo governo brasileiro para acalmar a situação, restaurar a ordem social e preservar a estabilidade nacional".

América Latina

Alberto Fernandez, presidente da Argentina, escreveu que "a democracia é o único sistema político que garante liberdades e nos obriga a respeitar o veredicto popular". "Quero expressar meu repúdio ao que está acontecendo em Brasília. [Declaro] meu apoio e o apoio do povo argentino a Lula diante dessa tentativa de golpe de Estado que está enfrentando", escreveu. Fernandez também afirmou que, como presidente do Mercosul, colocará em alerta os países-membros do bloco. Ele disse que o objetivo é "união diante dessa inaceitável reação antidemocrática que tenta se impor no Brasil".

https://twitter.com/alferdez/status/1612181160200658945

Gustavo Petro, presidente da Colômbia, prestou "toda solidariedade a Lula e ao povo brasileiro". "A direita não conseguiu manter o pacto de não violência. É hora urgente de reunir a OEA [Organização dos Estados Americanos] se ela quiser seguir viva como instituição para aplicar a carta democrática", pontuou.

https://twitter.com/petrogustavo/status/1612160925859028992

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, compartilhou uma nota oficial do Ministério de Relações Exteriores do país, e disse "lamentar e condenar as ações que ocorreram no Brasil que atentam contra a democracia e as instituições".

https://twitter.com/LuisLacallePou/status/1612191606068899840 

Nações Unidas

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, escreveu que condena "os ataques às instituições democráticas brasileiras". "A vontade do povo brasileiro e das instituições do país devem ser respeitadas." "Estou confiante que isso vai acontecer. O Brasil é um grande país democrático", concluiu.

https://twitter.com/antonioguterres/status/1612229175569416196

EM TEMPO: Faz-se necessário avisar aos desavisados que não existe "golpe" sem apoio do governo dos EUA. É claro que o governo dos EUA não é "ouro 18", mas detém a maior máquina de guerra do planeta e os militares brasileiros, de alta patente, sabem disso. No é verdade Mourão?