quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Posse de Lula como presidente: Confira dia, horário, shows e curiosidades sobre o evento em Brasília


 


Estadão - História por Lauriberto Pompeu 

Cerimônia de posse de Lula terá festival de música com participação de 60 cantores simpáticos à futura gestão. Foto: Eraldo Peres/AP© Fornecido por Estadão

 

BRASÍLIA - Luiz Inácio Lula da Silva vai voltar à Presidência no dia 1º de janeiro, próximo domingo. Além da tradicional cerimônia de posse, que conta desfile de carro na Esplanada dos Ministérios e cerimônias no Palácio do Planalto, Congresso e Itamaraty, o futuro governo petista organiza um festival de música com 60 cantores simpáticos à futura gestão do PT. O evento também marcará a ida do ex-governador paulista e ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB) para a Vice-Presidência.

Passagem da faixa presidencial

Como o presidente Jair Bolsonaro estará nos Estados Unidos, ainda não há uma definição sobre quem vai passar a faixa presidencial a Lula. Há a possibilidade que o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por ser o chefe do Poder Legislativo, faça isso. Aliados do mineiro dizem que ele irá desempenhar o papel caso seja necessário, mas ainda não houve um martelo batido do PT sobre isso, que ainda avalia também fazer uma passagem simbólica da faixa com representantes da sociedade civil.


 

Posse de Lula como presidente: Confira dia, horário, shows e curiosidades sobre o evento em Brasília© Fornecido por Estadão

Posse de Lula: nova presidente do Peru e primeira-dama do México confirmam presença.  

Conforme dados divulgados pela equipe de Lula cerca de 120 países estarão representados na posse, com autoridades de todos os níveis. Desses, 65 terão presentes chefes de Estado, de governo, de poderes legislativos ou ministros.


Roteiro oficial da posse

13h45 às 14h30 - Chegada dos chefes de Estado e de Governo. Anexo 1 do Senado Federal. 

13h30 às 14h30 - Chegada das autoridades e convidados. Salão Branco.

14h20 às 14h30 - Chegada do presidente e do vice-presidente da República eleitos na Catedral Metropolitana de Brasília.

14h30 - Saída do cortejo da Catedral Metropolitana rumo ao Congresso Nacional.

14h40 - Chegada do presidente e do vice-Presidente da República eleitos no Congresso Nacional com receptivo dos Presidentes do Congresso Nacional e da Câmara dos Deputados.

15h - Sessão Solene de Posse Presidencial: Abertura da Sessão Solene; execução do Hino Nacional; compromisso Constitucional; leitura e assinatura do termo de posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos; pronunciamento do presidente da República; pronunciamento do presidente do Congresso Nacional; e encerramento da sessão solene.

15h50 - Deslocamento do presidente e do vice-presidente da República para a sala de audiências da presidência do Senado.

16h - Saída do presidente e do vice-presidente da República da sala de audiências da presidência do senado em direção à área externa do Palácio.

16h05 - Início da cerimônia externa de honras militares.

16h20 - Saída do presidente e do vice-presidente da República para o Palácio do Planalto.

 

O governo eleito pediu o fechamento da Esplanada dos Ministérios para fazer uma inspeção com o objetivo de remover eventuais ameaças à segurança do presidente eleito, como bombas. Foto: Wilton Junior/Estadão© Fornecido por Estadão

Chefes de Estado estrangeiros

A posse contará com 65 chefes e vice-chefes de Estado. Já confirmaram presença para o evento de domingo os representantes da Alemanha, Portugal, Espanha, Peru, Timor Leste, Cabo Verde, Guiné Bissau, Colômbia, Uruguai, Equador, Angola, Bolívia, Chile, Paraguai, Guiana, Suriname, Honduras, México e Togo.

Posse de Lula terá shows de pelo menos 20 músicos nacionais (Bang Showbiz)

Segurança

Em relação a segurança do evento, a posse vai contar com 100% do efetivo da Polícia Militar. As folgas dos efetivos de segurança serão canceladas e toda a equipe precisará ficar de prontidão. Para entrar na Esplanada dos Ministérios será necessário passar por revistas e, além disso, o trânsito será fechado e haverá barreira antidrone, com o fechamento do espaço aéreo no local, e a presença de snipers. É esperado um público de cerca de 300 mil pessoas, de acordo com a equipe de transição de governo.

O governo eleito pediu o fechamento da Esplanada dos Ministérios para fazer uma inspeção com o objetivo de remover eventuais ameaças à segurança do presidente eleito, como bombas. O governo do Distrito Federal ainda não respondeu ao pedido, mas vai anunciar nesta quinta-feira, 29, uma resposta. O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) decidiu declarar ponto facultativo para os servidores na sexta-feira, 30.

A posse contará com 65 chefes e vice-chefes de Estado. Foto: Wilton Junior/Estadão© Fornecido por Estadão




 

Shows


O festival de música, que acontecerá paralelamente à cerimônia oficial, contará com apresentações de artistas como Duda Beat, Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, Maria Rita, Pablo Vittar e Gaby Amarantos. A cantora e futura ministra da Cultura, Margareth Menezes, irá fazer uma participação especial no show da banda BaianaSystem.

As apresentações começam às 10h e durante à tarde, a partir das 13h30, haverá um intervalo para a cerimônia oficial de posse. A partir das 18h os shows serão retomados e devem prosseguir até a madrugada do dia 2 de janeiro. Serão montados dois palcos com os nomes de Gal Costa e Elza Soares, mortas no ano de 2022.

Confira os horários dos shows:

10h Cortejo de manifestações populares

11h (Palco Elza Soares)

Show “Brasília de Todos os Ritmos”

12h30 (Palco Gal Costa)

Show Kleber Lucas Convida: Clóvis Pinho, Leonardo Gonçalves, Mn Mc e Sarah Renata

15h50 (Palco Gal Costa)

Show Juliano Maderada e Banda

18h30 (Palco Elza Soares)

Show “Futuro Ancestral”, com Drik Barbosa, Marissol Mwab, Ellen Oléria, Fioti, Gog, Rael, Rappin Hood e Salgadinho

19h40 (Palco Gal Costa)

Show “Outra Vez Cantar”, com Alessandra Leão, Chico César e Geraldo Azevedo, Fernanda Takai, Francisco El Hombre e Luê, Flor Gil, Johnny Hooker, Lirinha, Marcelo Jeneci, Odair José, Otto, Paulo Miklos, Tulipa Ruiz e Thalma De Freitas

20h55 (Palco Elza Soares)

Show “Amanhã Vai Ser Outro Dia”, com Aline Calixto, Fernanda Abreu, Jards Macalé, Maria Rita, Martinho Da Vila, Paula Lima, Leoni, Renegado, Rogeria Holtz, Teresa Cristina, Romero Ferro, Zélia Duncan e Delacruz

22h50 (Palco Gal Costa)

Show BaianaSystem, convida Margareth Menezes

0h10 (Palco Elza Soares)

Show Gaby Amarantos, convida Aíla, Kâe Guajajara e Jaloo

1h10 (Palco Gal Costa)

Show Duda Beat, convida Almerio, Doralyce, Luedji Luna e Zé Ibarra

02h10 (Palco Elza Soares)

Show Pabllo Vittar, convida Lukinhas e Urias

03h10 (Palco Gal Costa)

Show Valesca Popozuda, convida Mc Marks e Mc Rahell

Vira-lata na rampa

Como mostrou o Estadão, a cerimônia de posse não terá nada de convencional. Na organização da festa, a futura primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, quer que Lula suba a rampa do Palácio do Planalto ao lado de “Resistência”, a vira-lata que passou os 580 dias da prisão do petista em vigília diante da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Debandadas marcam os últimos dias melancólicos do desgoverno Bolsonaro

 

Os últimos dias do desgoverno Bolsonaro têm sido melancólicos© Fornecido por Correio do Brasil


História por CdB (Correiro do Brasil)

Por  Iram Alfaia – de Brasília

Celebrado como Posto Ipiranga de Bolsonaro, Guedes deixa como legado um país quebrado com mais de 33 milhões de brasileiros e brasileiras passando fome e 120 milhões com algum nível de insegurança alimentar.

Os últimos dias do desgoverno Bolsonaro têm sido melancólicos, caracterizados pelas raras aparições de um presidente taciturno. Seus gestos se limitam a oficializar no Diário Oficial da União nomeações de aliados e despachos dos auxiliares mais próximos, a exemplo, do pior ministro da Economia da história do país, Paulo Guedes, que saiu de férias para não voltar. 

Celebrado como Posto Ipiranga de Bolsonaro, Guedes deixa como legado um país quebrado com mais de 33 milhões de brasileiros e brasileiras passando fome e 120 milhões com algum nível de insegurança alimentar.

Na quarta-feira, foi a vez do fiel ministro das Comunicações, Fábio Faria, que pediu demissão do cargo faltando dez dias para terminar o governo. A trajetória dele no primeiro time de Bolsonaro também não foi boa.

A dois dias da eleição, por exemplo, Faria tentou armar uma farsa para ajudar seu chefe no pleito.

Bolsonaristas

Trata-se do RadioGate por meio do qual denunciou “grave fraudes” em inserções de propaganda eleitoral de Bolsonaro que não foram veiculadas, sobretudo no Nordeste. O episódio serviu até para que bolsonaristas pedissem o adiamento da eleição.

Pela falta de provas, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, desmontou de imediato a farsa e, para não se ver encrencado, Faria culpou o partido do chefe por não fiscalizar as inserções.

Enquanto despacha seus ministros, Bolsonaro também usa a caneta para ajudar aliados. É o caso diretor-geral da Polícia Federal (PF), Márcio Nunes de Oliveira, que foi designado, pelo prazo de três anos, adido policial federal na Embaixada do Brasil em Madri, na Espanha.

De acordo com levantamento da Folha de S.Paulo, o presidente já agiu da mesma forma, desde o final do segundo turno, para ajudar mais de 40 aliados no governo. As vagas são de comissões e conselhos, diplomatas, adidos e militares.

Não se sabe ainda se as canetadas vão prevalecer, mas o certo é que o novo governo assumirá para reconstruir o Brasil que está saindo das trevas.

EM TEMPO: Há um ditado popular que diz: "Um dia é do caçador, outro é da caça". É isso aí Bozo e Bolsominions. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Ucrânia diz que Kissinger «falhou o ponto» após a sua proposta para um processo de paz com a Rússia



News 360 - História por Pedro Santos 

Arquivo - Ex-Secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger - Christoph Soeder/dpa© Fornecido por News 360

As autoridades ucranianas criticaram as recentes declarações do antigo Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger defendendo a integração das "mudanças estratégicas" causadas pela guerra a fim de "alcançar a paz através de negociações", as quais levaram Kiev a afirmar que "mesmo após dez meses de guerra, não compreendeu nada". 

O conselheiro presidencial ucraniano Mikhail Podoliak disse que Kissinger 'não compreendeu a natureza desta guerra e o seu impacto na ordem mundial' e disse que o antigo Secretário de Estado 'propõe uma receita simples, mesmo que tenha medo de a dizer em voz alta': 'apazigua o agressor sacrificando parte do território da Ucrânia com garantias de não agressão contra outros Estados da Europa de Leste'.

"Kissinger não compreende que se se tornar claro para todos os potenciais escumalha que não há adultos em casa, ou seja, que o direito internacional não funciona, isso significa que a segurança dos países não nucleares só pode ser garantida pela presença de armas nucleares, e não tenho a certeza se ele gostaria do curso dos acontecimentos", argumentou ele.

A este respeito, salientou que "todos aqueles que apoiam 'soluções simples' devem lembrar-se do óbvio: qualquer acordo com o diabo, uma paz má à custa dos territórios ucranianos, será uma vitória para (o Presidente russo Vladimir) Putin e uma receita de sucesso para os autocratas de todo o mundo".

"Só irá aumentar o apetite da Rússia, aumentar significativamente a sua agressividade, multiplicar novos conflitos no mundo, transformar mísseis num instrumento de relações internacionais e conduzir a uma era de instabilidade numa nova busca atómica por Estados não nucleares", explicou ele.

Podoliak salientou numa mensagem na sua conta Telegrama que "a única forma possível de acabar com a guerra e alcançar a paz é através de um regresso ao respeito pelo direito internacional", que inclui "a libertação dos territórios ucranianos, um julgamento dos criminosos de guerra russos e a Rússia a pagar reparações durante muitos anos".

"Felizmente, isto está a ser compreendido por cada vez mais pessoas nas capitais ocidentais de ambos os lados do oceano. Ouvimo-lo do (Secretário-Geral da OTAN Jens) Stoltenberg e do (Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança Comum Josep) Borrell, do (Presidente alemão Frank-Walter) Steinmeier) e do (Secretário de Estado norte-americano Antony) Blinken", disse ele.

"Isto significa uma coisa: o tempo dos 'sovietologistas' e daqueles que gostam de sacrificar uma parte da Europa em qualquer situação incompreensível terminou com a queda do Muro de Berlim. É tempo de uma liderança responsável", reiterou o conselheiro da Presidência ucraniana.

Kissinger indicou numa coluna publicada a 17 de Dezembro em "The Spectator" que "manifestou repetidamente apoio ao esforço militar aliado para impedir a agressão russa contra a Ucrânia", embora tenha sublinhado que "o objectivo do processo de paz deve ser duplo: confirmar a liberdade da Ucrânia e definir uma nova estrutura internacional, especialmente para a Europa Central e Oriental".

Salientou que se a definição de fronteiras "não puder ser alcançada através de combate ou negociações, o princípio da autodeterminação poderia ser exportado" através de "referendos supervisionados internacionalmente para a autodeterminação de territórios particularmente divisivos que mudaram de mãos repetidamente ao longo dos séculos".

Kissinger discordou ainda de "tornar a Rússia impotente devido à guerra" e declarou que "por toda a sua propensão para a violência, a Rússia deu contribuições decisivas para o equilíbrio global do poder durante meio milénio". "O seu papel histórico não deve ser desclassificado. Os recuos militares da Rússia não eliminaram o seu alcance nuclear, o que poderia ameaçar uma escalada na Ucrânia", concluiu.

Fonte: (EUROPA PRESS)

EM TEMPO: As pessoas precisam se politizarem, isto é, no mundo inteiro. Não é possível terem eleito Bozo no Brasil e Zelensky na Ucrânia. 

sábado, 17 de dezembro de 2022

'Projeto da Lava Jato foi destruir empresas brasileiras e acordos de leniência devem ser revistos', diz Joaquim de Carvalho

O jornalista Joaquim de Carvalho (Foto: Editora 247)

17 de dezembro de 2022

Jornalista diz que as empresas firmaram os acordos "com a faca no pescoço", o que torna-os nulos. Governo Lula discute repactuar os acordos, transformando multas em serviços



247 - O jornalista Joaquim de Carvalho, em participação na TV 247 neste sábado (17), manifestou apoio à ideia que circula entre membros do futuro governo Lula (PT) de repactuar todos os acordos de leniência decorrentes da operação Lava Jato, que quebrou a economia do país e destruiu 4,4 milhões de empregos, segundo estudo do Dieese. 

"Tem que rever sim [os acordos de leniência]. Eles fizeram o acordo com a faca no pescoço, e todo mundo sabe - porque estavam presos - que isso é nulo de Direito. Se você assina um contrato com a faca no pescoço, se você provar que foi com a faca no pescoço, está nulo, não pode. Tem que ser manifestação espontânea de vontade, e isso não ocorreu nos acordos de leniência", afirmou Carvalho. 

A ideia que tem sido debatida em conversas conduzidas pelo futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), é obrigar as construtoras que hoje pagam multas decorrentes da leniência a conduzirem obras civis com os recursos que hoje depositam na conta da União. A multa, portanto, seria paga em serviços, na construção, por exemplo, de creches, escolas, hospitais, rodovias, portos, entre outros projetos. A carteira de projetos seria definida pela CGU (Controladoria-Geral da União) e a fiscalização do andamento das obras ficaria a cargo do TCU (Tribunal de Contas da União). 

Joaquim de Carvalho afirmou que o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PL) e a Operação Lava Jato tiveram o objetivo de "saquear" o petróleo brasileiro, mas também de "destruir o mercado nacional, que estava crescendo demais". "Na construção pesada, engenharia pesada, o Brasil era um exemplo. A Odebrecht fazia obra nos Estados Unidos, no mundo inteiro, fazendo hidrelétrica na China, construindo metrô nos Estados Unidos. Olha que orgulho, que força". Ele lembrou que, no passado, doações de empresas privadas para campanhas políticas eram permitidas e que as construtoras brasileiras tinham interesse em patrocinar campanhas de candidatos desenvolvimentistas e progressistas - do Brasil e de outros países - porque sabiam que, se eleitos, conduziriam uma política de obras: 'não seriam governos do sistema financeiro'.

Portanto, segundo ele, quebrar as empresas brasileiras foi a solução achada para quebrar também os projetos políticos desenvolvimentistas e progressistas. "Quando você atacou a Odebrecht você atacou o financiamento de projetos políticos. [Hoje] a empresa privada não deve fazer investimento em campanha política, porque a empresa tem seus interesses. Mas essa era a regra do jogo. Então o que foi a Lava Jato? 'Vamos destruir quem financia esse projeto, que não nos interessa, precisamos ter um projeto liberal de volta, com exclusividade. Então nós vamos quebrar esses caras'".

Com as empresas brasileiras fora do jogo, o governo brasileiro começou a pagar empresas estrangeiras para realizar as obras do país. "E aí quem é que começou a fazer obra no Brasil? Veja o Comperj [Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro]. A Petrobrás, depois do golpe, fez uma licitação que dizia o seguinte: empresa brasileira de engenharia não pode participar por causa da Lava Jato. Olha o escândalo. Tiraram a empresa brasileira, só pode participar empresa estrangeira. Teve uma empresa chinesa que ganhou a licitação do Comperj. Veja se está pronta, veja como está essa obra. Está parada". 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Com ajuda do STF, Lula não precisa dar o que Lira pede

Lula e Arthur Lira (Foto: Nelson Jr./SCO/STF | Ricardo Stuckert | Marina Ramos/Câmara dos Deputados)










"As apostas hoje são de que, inevitavelmente menor, Lira poderá ter uma pasta mais modesta e a manutenção do apoio à sua reeleição. E olhe lá", diz a jornalista Helena Chagas (*)

Por Helena Chagas, para o 247 

Ainda que tenha tomado ares de parceria no pós-eleitoral, o duelo Lula x Lira é o que é: uma disputa envolvendo poder no futuro governo. No momento, a plateia espera, respiração suspensa, para ver quem pisca primeiro: Lula diz que só nomeará políticos do centro-Centrão depois de aprovada a PEC da Transição na Câmara, mas esses políticos dizem que só votarão a PEC depois de garantirem seus ministérios.   

Com poder de vida e morte sobre a PEC - que tem que ser votada semana que vem - Lira vem fazendo exigências acima do razoável, mesmo depois de ter obtido o apoio formal do PT à sua reeleição ao comando da Câmara em fevereiro. Quer um ministério forte, tipo Saúde, para um aliado polêmico como o deputado Elmar Nascimento (União-BA), que sempre achincalhou Lula e o PT e que sofre forte oposição dos petistas da Bahia.

Ainda que aliados afirmem que Lira pede Saúde para ganhar algo tipo Integração ou Minas e Energia, talvez nem isso Lula precise dar ao presidente da Câmara. Com desfecho mais uma vez adiado - agora para segunda-feira -, o julgamento do orçamento secreto no STF parece caminhar para uma solução favorável ao petista - um acordo pelo qual a Corte exigirá que as emendas RP9 sejam transparentes, revelando seus autores, e tenham obrigatoriamente que se enquadrar em programas e ações do Executivo, além de serem distribuídas proporcionalmente entre bancadas e regiões.

Essa solução, que vem sendo inclusive discutida no Congresso, ainda que com menor rigor de critérios, não provocaria, como se temia, a vingança maligna de Lira e do Centrão contra a PEC. Esse temor tomou conta de articuladores da transição essa semana, quando a relatora Rosa Weber proferiu voto em que considera inconstitucional o orçamento secreto e decreta sua extinção. Nesse caso, Lira, cujo poder emana do manuseio das emendas secretas, estaria liquidado e arrastaria o novo governo para um jogo de perde-perde.

Tudo indica, porém, que não vai ser assim, e que a PEC da Transição será votada na terça-feira dentro do acordo que vai desinflar e tirar o caráter secreto das emendas de relator - mas que não acaba com elas. O placar de 5 x 4 em favor da posição de Weber poderá virar na segunda-feira com os votos de Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, justamente os dois que pediram o adiamento do julgamento nesta quinta - diz-se que esperando o acordo.

Paradoxalmente, esse acordo Congresso-STF, que mantém vivas as emendas RP9, é politicamente melhor para Lula, neste momento, do que a extinção da excrescência que é o orçamento secreto. Em vez de um Lira vingativo, o novo governo estará diante de um Lira mais fraco.

E aí chegamos ao ponto de partida. Sabendo que vai perder boa parte de seu poder de manipulação das bancadas, baseado no orçamento secreto, Arthur Lira quer substituí-lo por outro instrumento - o controle de um ministério forte,  tipo Saúde, com seus cargos e estruturas. É o que lhe restará.

Mas Lula, a rigor, não precisa dar tudo o que ele pede. A favor do presidente eleito age a Lei da Gravidade Política, segundo a qual a perspectiva de poder atrai os parlamentares, mas sua perda repele. As apostas hoje são de que, inevitavelmente menor, Lira poderá ter uma pasta mais modesta e a manutenção do apoio à sua reeleição. E olhe lá.

(*) Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Petroleiros pedem que Lula suspenda acordo que prevê a privatização de oito refinarias

Lula e petroleiros (Foto: Ricardo Stuckert)

Acordo entre Cade e a Petrobrás é prejudicial e contrário à política de refino do programa do governo Lula, diz presidente da FUP

14 de dezembro de 2022



247 - A Federação Única dos Petroleiros (FUP) tem uma missão para o governo do presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A instituição defende que o novo governo peça a revisão do acordo de venda de ativos firmado entre o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Petrobrás, em junho de 2019. As informações são do portal IG.

O Termo de Cessação de Conduta (TCC), assinado entre as partes e homologado pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), aprovou a privatização de oito refinarias e da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG). Dessas, quatro plantas de refino e suas respectivas infraestruturas logísticas foram vendidas. 

De acordo com o presidente da FUP, Deyvid Bacelar, que integra o Grupo de Trabalho (GT) de Minas e Energia da equipe de transição, “o acordo com o Cade é prejudicial e contrário à política de refino do programa do setor de óleo e gás do governo Lula, que sinaliza a necessidade de ocupar mais o mercado brasileiro, que é o sexto maior mercado consumidor do mundo”.

Bacelar critica a Petrobrás, que em sua opinião foi omissa e não questionou os termos do acordo com o CADE. 

 “O Conselho preferiu se omitir, alegando obedecer determinação do acionista controlador e a despeito de reclamação apresentada na ocasião pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), de Fortaleza (CE)”, criticou. 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Leia a íntegra do discurso de Luiz Inácio Lula da Silva na diplomação

 

Confira o que Lula disse durante a solenidade de diplomação no TSE, nesta segunda-feira (12)

Publicado em 12/12/2022

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de diplomação no TSE (Foto: TSE - Secom)

Em primeiro lugar, quero agradecer ao povo brasileiro, pela honra de presidir pela terceira vez o Brasil.

Na minha primeira diplomação, em 2002, lembrei da ousadia do povo brasileiro em conceder – para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário – o diploma de presidente da República.Reafirmo hoje que farei todos os esforços para, juntamente com meu vice Geraldo Alckmin, cumprir o compromisso que assumi não apenas durante a campanha, mas ao longo de toda uma vida: fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo os mais necessitados.Quero dizer que muito mais que a cerimônia de diplomação de um presidente eleito, esta é a celebração da democracia.Poucas vezes na história recente deste país a democracia esteve tão ameaçada.Poucas vezes na nossa história a vontade popular foi tão colocada à prova, e teve que vencer tantos obstáculos para enfim ser ouvida.

A democracia não nasce por geração espontânea. Ela precisa ser semeada, cultivada, cuidada com muito carinho por cada um, a cada dia, para que a colheita seja generosa para todos.

Mas além de semeada, cultivada e cuidada com muito carinho, a democracia precisa ser todos os dias defendida daqueles que tentam, a qualquer custo, sujeitá-la a seus interesses financeiros e ambições de poder.

Felizmente, não faltou quem a defendesse neste momento tão grave da nossa história.

Além da sabedoria do povo brasileiro, que escolheu o amor em vez do ódio, a verdade em vez da mentira e a democracia em vez do arbítrio, quero destacar a coragem do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, que enfrentaram toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular.

Cumprimento cada ministro e cada ministra do STF e do TSE pela firmeza na defesa da democracia e da lisura do processo eleitoral nesses tempos tão difíceis.
A história há de reconhecer sua coerência e fidelidade à Constituição.

Essa não foi uma eleição entre candidatos de partidos políticos com programas distintos. Foi a disputa entre duas visões de mundo e de governo.

De um lado, o projeto de reconstrução do país, com ampla participação popular. De outro lado, um projeto de destruição do país ancorado no poder econômico e numa indústria de mentiras e calúnias jamais vista ao longo de nossa história.

Não foram poucas as tentativas de sufocar a voz do povo.
Os inimigos da democracia lançaram dúvidas sobre as urnas eletrônicas, cuja confiabilidade é reconhecida em todo o mundo.

Ameaçaram as instituições. Criaram obstáculos de última hora para que eleitores fossem impedidos de chegar a seus locais de votação. Tentaram comprar o voto dos eleitores, com falsas promessas e dinheiro farto, desviado do orçamento público.

Intimidaram os mais vulneráveis com ameaças de suspensão de benefícios, e os trabalhadores com o risco de demissão sumária, caso contrariassem os interesses de seus empregadores.

Quando se esperava um debate político democrático, a Nação foi envenenada com mentiras produzidas no submundo das redes sociais.

Eles semearam a mentira e o ódio, e o país colheu uma violência política que só se viu nas páginas mais tristes da nossa história.

E no entanto, a democracia venceu.

O resultado destas eleições não foi apenas a vitória de um candidato ou de um partido. Tive o privilégio de ser apoiado por uma frente de 12 partidos no primeiro turno, aos quais se somaram mais dois na segunda etapa.

Uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo, que hoje, na transição de governo, se amplia para outras legendas, e fortalece o protagonismo de trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, cientistas e lideranças dos mais diversos e combativos movimentos populares deste país.

Tenho consciência de que essa frente se formou em torno de um firme compromisso: a defesa da democracia, que é a origem da minha luta e o destino do Brasil.

Nestas semanas em que o Gabinete de Transição vem escrutinando a realidade atual do país, tomamos conhecimento do deliberado processo de desmonte das políticas públicas e dos instrumentos de desenvolvimento, levado a cabo por um governo de destruição nacional.

Soma-se a este legado perverso, que recai principalmente sobre a população mais necessitada, o ataque sistemático às instituições democráticas. 

Mas as ameaças à democracia que enfrentamos e ainda haveremos de enfrentar não são características exclusivas de nosso país.

A democracia enfrenta um imenso desafio ao redor do planeta, talvez maior do que no período da Segunda Guerra Mundial.

Na América Latina, na Europa e nos Estados Unidos, os inimigos da democracia se organizam e se movimentam. Usam e abusam dos mecanismos de manipulações e mentiras, disponibilizados por plataformas digitais que atuam de maneira gananciosa e absolutamente irresponsável.

A máquina de ataques à democracia não tem pátria nem fronteiras.

O combate, portanto, precisa se dar nas trincheiras da governança global, por meio de tecnologias avançadas e de uma legislação internacional mais dura e eficiente.

Que fique bem claro: jamais renunciaremos à defesa intransigente da liberdade de expressão, mas defenderemos até o fim o livre acesso à informação de qualidade, sem mentiras e manipulações que levam ao ódio e à violência política.

Nossa missão é fortalecer a democracia – entre nós, no Brasil, e em nossas relações multilaterais.

A importância do Brasil neste cenário global é inegável, e foi por esta razão que os olhos do mundo se voltaram para o nosso processo eleitoral.

Precisamos de instituições fortes e representativas. Precisamos de harmonia entre os Poderes, com um eficiente sistema de pesos e contrapesos que iniba aventuras autoritárias.

Precisamos de coragem.

É necessário tirar uma lição deste período recente em nosso país e dos abusos cometidos no processo eleitoral. Para nunca mais esquecermos. Para que nunca mais aconteça.

Democracia, por definição, é o governo do povo, por meio da eleição de seus representantes. Mas precisamos ir além dos dicionários. O povo quer mais do que simplesmente eleger seus representantes, o povo quer participação ativa nas decisões de governo.

É preciso entender que democracia é muito mais do que o direito de se manifestar livremente contra a fome, o desemprego, a falta de saúde, educação, segurança, moradia. Democracia é ter alimentação de qualidade, é ter emprego, saúde, educação, segurança, moradia.

Quanto maior a participação popular, maior o entendimento da necessidade de defender a democracia daqueles que se valem dela como atalho para chegar ao poder e instaurar o autoritarismo.

A democracia só tem sentido, e será defendida pelo povo, na medida em que promover, de fato, a igualdade de direitos e oportunidades para todos e todas, independentemente de classe social, cor, crença religiosa ou orientação sexual.

É com o compromisso de construir um verdadeiro Estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça, que recebo pela terceira vez este diploma de presidente eleito do Brasil – em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro.

Muito obrigado.

Luiz Inácio Lula da Silva 

https://www.youtube.com/watch?v=k2HxknjXp8M&t=1s  TV 247 em 12.02.22. Leonardo Attuch, Gisele Frederice e Marcelo  Auler.