domingo, 28 de dezembro de 2025

Contrato de R$ 129 milhões da mulher de Moraes não existe

Supremo e Moraes silenciam ante avalanche de ataques ao ministro porque preparam resposta sobre contrato que não existe.

Por Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania)

28 de dezembro de 2025



 

Alexandre de Moraes e Viviane Moraes (Foto: Ricardo Stuckert/PR) (Foto: Ricardo Stuckert)

A polêmica sobre contrato de “R$ 129 milhões” que teria sido firmado pelo escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, e o Banco Master tem sido marcado por acusações irresponsáveis, memes, vídeos manipulados por IA e instrumentalização da farsa pelo bolsonarismo.

No entanto, análise séria dos fatos verificáveis sobre essa denúncia mostra que o que predomina não são provas concretas, mas, sim, uma narrativa repetitiva e assentada miseravelmente sobre indícios e fontes anônimas, absolutamente sem nenhuma prova que permita afirmar a existência de tal contrato.

Não há contrato, escritura pública, instrumento jurídico original ou cópia autenticada com assinaturas reconhecidas das partes (Viviane Barci de Moraes ou sócios do escritório vs. Daniel Vorcaro / Banco Master). Só o que se tem é o disse-me-disse relatado pela jornalista Malu Gaspar e emendada pela jornalista Mônica Bergamo. 

Pelo menos até o momento...

As reportagens se baseiam em uma relatada “cópia digital” que teria sido encontrada no celular de Vorcaro durante a Operação Compliance Zero da Polícia Federal, mas sem qualquer menção explícita ou velada a assinaturas da esposa de Moraes e/ou de seus sócios. 

Sem isso, o que circula é uma versão unilateral, possivelmente uma proposta ou rascunho, não um acordo efetivado. O Supremo Tribunal Federal, ciente dessa fragilidade probatória, opta pelo silêncio institucional, evitando endossar ou responder a alegações que não se sustentam em documentos irrefutáveis. 

E prepara uma resposta. Muito dura. 

Mesmo que fosse encontrado algum contrato assinado pela esposa de Moraes, Honorários não se confundem com valores de processos. As cifras altas frequentemente citadas são confundidas com supostos honorários advocatícios. O valor econômico de uma causa ou operação não equivale ao pagamento ao advogado. 

O que se fez foi multiplicar os honorários que consta no contrato que seriam pagos, mas sem qualquer aceite desde 2024, quando Viviane Barci de Moraes atuou em um único caso ligado a Vorcaro, em um processo de empresa “falida” na qual ele investiu, a Gafisa. 

A única atuação documentada do escritório é uma queixa-crime isolada contra Vladimir Timmerman (por calúnia em litígio envolvendo Gafisa), assinada por Viviane e filhos, mas que não se vincula diretamente ao escopo alegado do contrato (defesa regulatória ampla junto a BC, Receita, Cade etc.). 

Essa confusão serve para inflar a narrativa, mas ignora a distinção essencial: sem provas de contraprestação proporcional ou registros em órgãos públicos, os valores mencionados permanecem especulativos. A cifra surge sem lastro documental.

Os “R$ 129 milhões” (R$ 3,6 milhões mensais por 36 meses) aparecem repetidamente em colunas jornalísticas e comentários políticos, sempre atribuídos a “fontes”, “interlocutores” ou “apuração” baseada em mensagens apreendidas, sem documentos originais, datas exatas de repasses, extratos bancários ou descrições detalhadas dos serviços efetivamente prestados. 

Respostas via Lei de Acesso à Informação (LAI) a órgãos como Banco Central e Cade confirmam ausência de registros de atuação do escritório nesses âmbitos. 

Essa falta de lastro documental transforma a cifra em mera alegação amplificada, o que explica o silêncio do STF: responder a números sem comprovação seria dar legitimidade a rumores. 

Nenhum balanço patrimonial público do Banco Master (antes da liquidação em novembro de 2025), decisão judicial, nota oficial do banco, relatório do Banco Central ou registro fiscal confirma o número como pagamento efetivo ou contrato advocatício válido. 

O próprio ministro Moraes negou em notas oficiais qualquer pressão indevida ou atuação do escritório em órgãos como o BC, e respostas via LAI reforçam a inexistência de traços concretos. 

Tanto no jornalismo ético quanto no direito brasileiro (Código de Processo Civil, art. 373), quem afirma a existência de um contrato deve apresentar provas cabais — não o contrário. O ônus da prova é de quem acusa. 

A ausência de evidências não é um mero detalhe; é o ponto central que invalida as acusações. Sem assinaturas reconhecidas, perícias ou documentos originais divulgados, as insinuações repetidas não se convertem em fatos comprovados, tornando a cobrança a Moraes uma estratégia de ataque político.

Nesse contexto, surgiu uma outra demonstração de má-fé jornalística no contexto de reportagens sobre decisão do STF na ADI 5953 (julgada em agosto de 2023), que declarou inconstitucional o inciso VIII do art. 144 do CPC — norma que ampliava o impedimento de juízes em processos envolvendo clientes de escritórios de cônjuges ou parentes. 

A decisão foi tomada por maioria expressiva dos ministros do STF, de 7 votos a 4 (pela inconstitucionalidade: Gilmar Mendes — redator da divergência —, Dias Toffoli, Luiz Fux, Alexandre de Moraes, Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Cristiano Zanin; contra: Edson Fachin — relator —, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Cármen Lúcia). 

Apesar do caráter coletivo e da divergência iniciada por Gilmar Mendes, coluna de Tácio Lorran no Metrópoles, em 27/12/2025, destaca que “Moraes atuou em 2023 para afrouxar restrição a escritórios de cônjuges”, insinuando que ele foi o ator preponderante ou o principal responsável pela mudança, reduzindo a votação plenária a uma iniciativa pessoal do ministro. 

Essa ênfase seletiva ignora o placar majoritário e o debate amplo sobre a inviabilidade prática da norma (como argumentado pela AMB e no voto de Gilmar), servindo para reforçar a narrativa de conflito de interesses no caso Banco Master, quando a decisão beneficiou toda a Corte e não foi uma ação isolada ou liderada por Moraes.

Em resumo: o que há são insinuações repetidas, não fatos comprovados. Sem contrato público, sem registro oficial, sem comprovação objetiva de assinaturas, pagamentos ou serviços proporcionais, os “R$ 129 milhões” permanecem como narrativa especulativa, não como realidade demonstrada. 

Enquanto isso, o bolsonarismo quer manter o Congresso funcionando no recesso para criar CPMI para constranger o ministro e arrancar, como contrapartida, anistia aos golpistas condenados, o que irá expor o país a nova intentona golpista em futuro, talvez, não tão distante.

EM TEMPO: É o mesmo "modus operandi" da Lava Jato. Isso significa dizer que as denúncias serão desmoralizadas brevemente  em benefício da justiça  e da democracia. Ok, Moçada!

sábado, 27 de dezembro de 2025

Datafolha: 34% dos petistas se posicionam à direita e 14% dos bolsonaristas à esquerda

·         27/12/2025

  • Texto extraído do Blog do Magno Martins
  • - Edição de Thaís Leandro


 

 

 

 







Da Folha de S.Paulo

Pesquisa Datafolha mostra que 34% dos petistas se dizem de direita ou centro-direita, enquanto 14% dos bolsonaristas afirmam ser de esquerda ou de centro-esquerda. Para cientistas políticos ouvidos pela Folha, o fenômeno pode ser explicado pela falta de clareza sobre os conceitos, pela influência do carisma pessoal de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) e pela polarização política, entre outros fatores.

Segundo a pesquisa, 47% dos brasileiros se definem como de direita ou centro-direita, e outros 28% como de esquerda ou centro-esquerda. Ao mesmo tempo, 40% declaram ser petistas, e 34% bolsonaristas. O instituto ouviu 2.002 pessoas com 16 anos ou mais entre os dias 2 e 4 de dezembro, em 113 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O Datafolha perguntou como o entrevistado se encaixa, considerando uma escala de 1 (bolsonarista) a 5 (petista). Foram classificados como petistas aqueles que se colocaram nas posições 4 e 5 e como bolsonaristas aqueles que se enquadraram nas posições 1 e 2. Quem se identificou na posição 3 foi considerado neutro.



 











Na divisão por espectro ideológico, a pergunta foi “em qual posição política você se colocaria, sendo 1 o máximo à esquerda e 7 o máximo à direita?”. Quem se enquadrou nas posições 1 e 2 foi considerado de esquerda, na 3, de centro-esquerda, na 4, de centro, na 5, de centro-direita, e nas 6 e na 7, de direita.

O cruzamento dos dados apontou que cerca de um terço dos petistas (34%) se diz de direita ou centro-direita, 9% afirmam ser de centro, 47%, de esquerda ou centro-esquerda, e 9% disseram não saber como se classificar. Os bolsonaristas se identificaram com mais consistência no espectro ideológico ao qual são associados (76% de direita ou centro-direita), mas 14% se disseram de esquerda ou centro-esquerda. Apenas 2% não souberam responder à pergunta, e 8% afirmaram ser de centro.


 












Para Bruno Bolognesi, cientista político e professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), a explicação para a aparente incongruência está na sobreposição dos conceitos no eleitorado, influenciado pelo carismo de Lula e Bolsonaro. Ele também afirma que a classificação no espectro político é atualmente mais ligada a valores pessoais.

“A pessoa que tem 60 anos e era petista desde a fundação do partido hoje em dia se identifica com o PT, mas é superconservadora. O petismo católico, por exemplo, que é superforte no Sul do Brasil, é um petismo absolutamente conservador”, exemplifica. “A mesma coisa acontece com o bolsonarismo. Há um pessoal evangélico que é altamente estatista, que apoia o Bolsa Família e o direito do trabalhador”.

Para o cientista político Elias Tavares, os dados revelam como o eleitor brasileiro organiza suas identidades políticas. “Existe uma separação clara entre identidade ideológica formal, direita e esquerda, e identidade política concreta, como petismo e bolsonarismo”.

Ele concorda que petistas que se dizem de direita, por exemplo, podem combinar o apoio ao PT com posições associadas à direita em temas como costumes e segurança pública. Também vê possível influência da falta de clareza sobre os conceitos e dos efeitos da polarização, que empurraria o eleitor para fazer escolhas binárias em alguns casos, mas usar outras categorias de maneira menos estrita.

“O rótulo ‘petista’ ou ‘bolsonarista’ funciona muito mais como um marcador de lado na disputa do que como expressão ideológica. Muitas vezes, o eleitor se identifica com um desses campos principalmente para se diferenciar do outro, não porque compartilha integralmente suas ideias”.

Para Luis Gustavo Teixeira, doutor em ciência política e professor da Unipampa (Universidade Federal do Pampa), o eleitorado brasileiro tende a se encaixar menos na classificação ideológica e ter uma relação mais direta com seus líderes. “As influências políticas no Brasil e na América Latina tendem a se vincular muito mais a elementos que são próprios do pensamento político de líderes populistas do que propriamente de corpos de pensamentos mais à esquerda ou à direita”.

Segundo Marcus Ianoni, professor de ciência política da UFF (Universidade Federal Fluminense), também pode influenciar o resultado da pesquisa a maneira como a pergunta foi feita ao entrevistado. “O Datafolha precisaria explicitar o que ele entende por esquerda e direita, pois esse entendimento impacta a metodologia e os resultados. Além disso, a sondagem deveria coletar o que os entrevistados entendem por esquerda e direita e o que, segundo eles, há de esquerda e de direita tanto no bolsonarismo como no petismo”.

EM TEMPO: O bloco de Direita é muito forte em todo mundo. Creio que cerca de 90% da população brasileira é de Direita. Considerável parcela, cerca de 30% dos 90% é de Extrema Direita e o restante de Centro Direita.  Daí  onde se encontra a enorme dificuldade da Esquerda em  avançar.  A comunidade acadêmica e os intelectuais de Esquerda, ainda não "acordaram pra Jesus" diante dessa triste realidade. Por outro lado, sorte nossa,  o presidente Lula jáa percebeu, há muito tempo,  essa realidade sem ter frequentado a academia. Ok, Moçada!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

OEA frustra Bolsonaro e reconhece tentativa de golpe no Brasil

Relatório da CIDH frustra expectativas do bolsonarismo ao afirmar que houve ataque à democracia e ao apontar instituições sólidas e eleições livres no país

26 de dezembro de 2025



Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar, em Brasília - 14/08/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

 



Por Otávio Rosso

247 - O relatório sobre liberdade de expressão divulgado nesta sexta-feira pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) trouxe conclusões que contrariam a narrativa construída por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro após encontros com representantes do órgão. O documento reconhece que o Brasil enfrentou uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 e atribui papel central ao Supremo Tribunal Federal (STF) na apuração dos fatos e na defesa da ordem democrática.

Segundo o texto, houve ações deliberadas para desacreditar o resultado das eleições presidenciais. “A Relatoria entende que o Brasil passou por tentativas deliberadas de deslegitimar os resultados eleitorais internacionalmente reconhecidos do período eleitoral de 2022, além do planejamento e da tentativa de execução de um golpe de Estado”, afirma o relatório. Em outro trecho, a comissão ressalta que “a defesa da democracia no Brasil também é um componente fundamental da defesa do direito à liberdade de expressão no país”.

Ao abordar a atuação do Supremo Tribunal Federal, a CIDH reconhece a importância das medidas adotadas, mas faz uma ressalva quanto aos riscos institucionais. “O Supremo Tribunal Federal desempenhou um papel fundamental ao iniciar procedimentos para investigar e resolver essa situação”, diz o texto. Em seguida, alerta: “No entanto, também há preocupações de que essas medidas constituam uma concentração de poder”. A comissão pondera ainda que “há o risco de transformar uma solução temporária, destinada a ser excepcional, em um problema duradouro, ao criar precedentes que podem ser usados em benefício de regimes potencialmente autoritários no futuro”.

Apesar dessa observação, o relatório é amplamente crítico às reivindicações do bolsonarismo. Durante a visita ao Brasil, o relator Pedro Vaca Villarreal chegou a se reunir com Bolsonaro, que demonstrou otimismo após o encontro. Ainda assim, o documento final não endossou as críticas ao Judiciário feitas pelo ex-presidente e seus apoiadores.

A CIDH também contextualiza o cenário político brasileiro a partir de um olhar histórico, destacando marcas deixadas pela ditadura militar. O texto aponta que o país carrega “marcas de autoritarismo e desigualdade estrutural que informam a divisão social de poderes e direitos”. Para a comissão, “a falta de uma resolução completa desse passado ditatorial, sem iniciativas suficientes de memória, verdade e justiça, levou à sobrevivência acrítica de sintomas, discursos, formas de exercício do poder e atitudes autoritárias”.

Outro ponto abordado é o uso seletivo do discurso da liberdade de expressão. Segundo o relatório, “alguns dos atores que mais energicamente se referem ao direito à liberdade de expressão desconsideram o fato de que o Estado, em todos seus momentos políticos e por meio de diversos órgãos federais e estaduais, historicamente tem usado e continua usando ações repressivas, incluindo o poder policial, contra os grupos mais vulneráveis da população”.

A comissão também avaliou a integridade do processo eleitoral brasileiro e o funcionamento das instituições. Em sentido oposto às acusações difundidas após o pleito de 2022, o relatório conclui que “o Brasil possui instituições democráticas fortes e eficazes” e que “o Estado realiza eleições livres e justas, e é caracterizado pela separação de poderes e pelo Estado de Direito”.

Mesmo com o alerta sobre possíveis excessos do Judiciário, a CIDH afirma ter identificado “uma clara separação funcional dos poderes, autonomia judicial e um sistema de freios e contrapesos em pleno funcionamento”. 

quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Brasil segue polarizado, mas com paradoxos: Lula supera Bolsonaro, mas direita supera esquerda

Pesquisa Datafolha mostra que 74% se identificam como petistas ou bolsonaristas, enquanto 57% se declaram de direita ou esquerda — com vantagem da direita

24 de dezembro de 2025



Brasil segue polarizado, mas com paradoxos: Lula supera Bolsonaro, mas direita supera esquerda (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters )

Redação Brasil 247

247 – O Brasil segue mergulhado em um ambiente de forte polarização política, mas os números revelam um quadro cheio de paradoxos. Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, publicada em reportagem da Folha de S. Paulo74% dos brasileiros se identificam com algum dos dois principais polos políticos do país — o campo ligado ao presidente Lula e o grupo associado a Jair Bolsonaro. Nesse recorte, os petistas voltaram a ser maioria: 40%, contra 34% de bolsonaristas.

O levantamento foi realizado entre 2 e 4 de dezembro, com 2.002 entrevistas em 113 municípios, ouvindo eleitores com 16 anos ou mais. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Além dos dois grupos polarizados, 18% se declararam neutros6% disseram não apoiar nenhum dos dois, e 1% não soube responder

Petistas voltam à dianteira após um período de empate técnico

Na rodada anterior, realizada no fim de julho, o cenário era de empate técnico: 39% se diziam mais próximos do partido de Lula e 37% alinhados a Bolsonaro. Agora, embora a variação também ocorra dentro da margem de erro, a distância deixou de configurar empate, e o grupo petista retoma a liderança numérica.

O Datafolha usa, desde dezembro de 2022, uma escala para medir essa identificação:
“considerando uma escala de 1 a 5, onde 1 é bolsonarista e 5 petista, em qual número você se encaixa?”
Quem responde 1 ou 2 é classificado como bolsonarista; quem marca 4 ou 5 entra no grupo petista; e os que respondem 3 são considerados neutros.

Segundo a própria série histórica citada na reportagem, os apoiadores de Lula foram maioria em 9 dos 11 levantamentos realizados desde então, o que reforça a estabilidade estrutural desse campo dentro da polarização. 

A pesquisa foi feita após a prisão e condenação de Bolsonaro

A reportagem da Folha destaca que o levantamento ocorreu em um momento politicamente decisivo: após a prisão e condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente, ainda conforme o texto, já havia sido colocado em prisão domiciliar por descumprir medidas cautelares e, antes da condenação, chegou a ser preso preventivamente em Brasília após tentar violar a tornozeleira eletrônica.

Enquanto isso, o presidente Lula aparece em posição confortável no horizonte eleitoral. A pesquisa, segundo a reportagem, aponta que Lula lidera as intenções de voto para a eleição de 2026 tanto no primeiro quanto no segundo turno

Quem é mais petista e quem é mais bolsonarista

Os dados revelam que a polarização não é homogênea: ela se distribui com nitidez por gênero, renda, religião, escolaridade e região.

De acordo com o Datafolha, o petismo é mais concentrado:

·          Entre mulheres (42%)

·          Entre aposentados (45%)

·          Entre quem tem até o ensino fundamental (52%)

·          Na região Nordeste (49%)

·          Entre católicos (48%).  


      Já o bolsonarismo prevalece:

·          Entre homens (37%)

·          Entre empresários (41%)

·          Entre quem ganha de cinco a dez salários mínimos (42%)

·          Na região Sul (41%)

·          Entre evangélicos (47%) 


     Polarização cresce com a idade: 84% entre eleitores acima de 60 anos

A polarização também se intensifica entre os mais velhos. Entre pessoas com 60 anos ou mais84% se encaixam como petistas ou bolsonaristas, sendo 46% mais próximos de Lula e 38% inclinados a Bolsonaro. Esse dado indica que, para essa faixa etária, a disputa entre os dois líderes segue estruturando a forma como se percebe a política nacional. 

O paradoxo central: direita supera esquerda, apesar da vantagem de Lula na polarização

É nesse ponto que surge o principal paradoxo revelado pela pesquisa. Embora o campo petista seja numericamente maior do que o bolsonarista, a identificação ideológica mostra um país mais inclinado à direita do que à esquerda.

De acordo com o levantamento, 57% dos entrevistados se definem como de direita ou esquerda, sendo:

·          35% de direita

·          22% de esquerda

Outros segmentos se distribuem no centro:

·          7% centro-esquerda

·          17% centro

·          11% centro-direita

·          8% não souberam responder

Ou seja: o eleitorado que se vê como “de direita” é significativamente maior do que o que se vê como “de esquerda”, mesmo em um cenário em que o grupo identificado como petista é maior do que o bolsonarista. 

Trânsito de votos expõe contradições ideológicas

Outro dado destacado pela reportagem reforça essa complexidade: a autodeclaração ideológica não determina de forma automática o voto.

Entre os que se disseram de esquerda9% afirmaram ter votado em Bolsonaro em 2022. No grupo identificado como de direita22% declararam ter votado em Lula. Isso indica que parte relevante do eleitorado se move por fatores que não se reduzem à identidade ideológica.

Quando o recorte é feito dentro dos grupos polarizados, esse trânsito parece menor, mas ainda presente:

·          5% dos bolsonaristas disseram ter votado em Lula

·          7% dos petistas afirmaram ter votado em Bolsonaro.                                                                                                                            

     O que a pesquisa sugere sobre o Brasil de 2026

O retrato traçado pelo Datafolha sugere um Brasil em que a polarização segue predominante, mas em que as identidades políticas convivem com contradições profundas. Lula lidera o polo mais numeroso, mas o país se declara majoritariamente de direita, o que tende a manter o ambiente de tensão política e disputa simbólica em alta.

A pesquisa indica também que, apesar da centralidade de Lula e Bolsonaro como polos estruturadores, há uma camada significativa que se vê como neutra, centrista ou sem alinhamento direto, e que pode voltar a ser decisiva no jogo eleitoral.

Em resumo, o Brasil segue polarizado — mas a fotografia é mais complexa do que o simples embate entre dois líderes. Ela revela um país onde a disputa entre petismo e bolsonarismo continua determinante, mas em que o eixo ideológico direita-esquerda aponta para uma inclinação conservadora, mesmo quando o petismo aparece numericamente à frente.

EM TEMPO: A pesquisa aponta um indicativo que sempre defendi: À Direita supera à Esquerda em todo lugar do mundo. À Esquerda não aceita essa realidade e não é por falta de conhecimento das letras. Vou mais além e digo que à Direita contempla cerca de 90% da população brasileira e pelo mundo afora. Acontece que considerável parcela da Direita oscila para a Centro Direita por ser mais flexível e tolerante, capaz de garantir a vitória do presidente Lula. O vice de Lula é o maior exemplo dessa afirmativa. Para ser de Direita é mais simples porque somos bombardeados diariamente pela ideologia das classes dominantes do país. Afinal vivemos em uma sociedade capitalista. Por outro lado, para ser de Esquerda é preciso ser militante e ter uma boa leitura. Ok, Moçada!

terça-feira, 23 de dezembro de 2025

'Malu Gaspar tem a obrigação de apresentar suas provas', diz Pedro Serrano

Jurista também defende investigação para apurar tanto a suposta conduta irregular de Moraes no caso Banco Master quanto possível crime de imprensa

23 de dezembro de 2025

Pedro Serrano (Foto: Divulgação)


 


 





Por  Leonardo Sobreira

247 - O jurista Pedro Serrano afirmou nesta terça-feira (23), em entrevista à TV 247, que a jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, deve apresentar provas das acusações feitas em reportagem publicada na segunda-feira (22) e defendeu que o conteúdo seja devidamente investigado.

Mais cedo, a jornalista informou que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria procurado o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, com o objetivo de interceder em favor do Banco Master, instituição que é alvo de investigações por suspeita de fraude. 

Na entrevista, Serrano defendeu a aplicação de um código de conduta aos ministros do STF e afirmou que as principais "cortes democráticas do mundo têm códigos de conduta". "Isso ajudaria", acrescentou.  

O jurista também defendeu a necessidade de uma investigação preliminar conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar a eventual ocorrência, inclusive, de crime de imprensa praticado contra Moraes.

"Uma acusação tão pesada contra um ministro da Suprema Corte, em meio a esse problema do golpismo que atravessamos, com certeza deve ter se balizado em provas. Aguardamos a apresentação dessas provas, uma acusação tão pesada, no maior veículo de mídia do país, com base em depoimentos sigilosos... Não questiono o direito da jornalista de ter sigilo de fontes, e sim a ética de promover uma acusação tão grave somente com base em fontes sigilosas", disse Serrano. 

"A quem interessa? Quem falou? Não temos critérios para poder formar um juízo. É correto fazer uma investigação prévia no âmbito da PF e da PGR, não instaurar um inquérito, isso só havendo o mínimo de materialidade. Tem que investigar previamente, até porque deve se questionar se uma acusação dessa forma é lícita, se está ou não protegida pela liberdade de imprensa. A mídia pode tudo? E se for invenção?", acrescentou. Assista: 

https://www.youtube.com/watch?v=TW5188mxuJM