domingo, 29 de junho de 2025

Cessar-fogo foi imposto por desespero de Israel, diz Pepe Escobar

Segundo o analista geopolítico, decisão de interromper os confrontos partiu de Tel Aviv após ataques iranianos comprometerem alvos estratégicos

(Foto: Brasil247)


 





Redação Brasil 247

247 – O cessar-fogo anunciado após os bombardeios dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas não foi fruto de mediação equilibrada, tampouco de apelos humanitários. De acordo com o jornalista e analista geopolítico Pepe Escobar, a trégua foi imposta “por desespero de Israel”, que se viu à beira de uma catástrofe econômica e militar diante da resposta coordenada do Irã.

A análise foi apresentada por Escobar em seu programa Pepe Café, disponível no YouTube, no qual ele detalha os bastidores da ofensiva e da negociação que levou ao recuo israelense. “A pressão para um cessar-fogo veio de Israel em cima de Trump”, afirmou o jornalista. “Eles estavam correndo o sério risco de ver sua economia paralisar completamente em duas semanas.”

A ofensiva que saiu pela culatra

No dia 22 de junho, os Estados Unidos lançaram um ataque contra três instalações nucleares iranianas — Natanz, Isfahan e Fordow. A ofensiva foi vista como o prenúncio de uma escalada perigosa, segundo Escobar, com potencial para desencadear uma guerra em larga escala. A data escolhida, 22 de junho, coincide com o início da Operação Barbarossa, ofensiva nazista contra a União Soviética em 1941 — fato que o analista classificou como “altamente simbólico e provocativo”.

No entanto, a resposta iraniana surpreendeu. Mísseis foram lançados contra a base militar norte-americana de Al Udeid, no Qatar — considerada uma das mais estratégicas da região. “Foi uma mensagem direta do Irã: nós podemos atingir qualquer base dos Estados Unidos no oeste da Ásia, quando e como quisermos”, disse Escobar.

Ataques estratégicos e risco de colapso

Mais do que uma reação simbólica, os ataques iranianos começaram a mirar centros nevrálgicos da economia israelense. Entre os alvos citados por Escobar estavam a usina nuclear de Dimona, o porto de Haifa, o aeroporto Ben Gurion, centros de pesquisa como o Instituto Weizmann e a sede da empresa de defesa Rafael, considerada o equivalente israelense da Lockheed Martin.

“Os mísseis iranianos mais avançados começaram a cair sobre alvos econômicos estratégicos. Em questão de dias, Israel poderia ver sua economia em ruínas”, relatou o jornalista. Segundo ele, a taxa de interceptação do sistema de defesa antiaérea israelense caiu para menos de 50%, com tendência de queda para 30%, 20% ou até menos. “Os estoques de interceptadores estavam sumindo”, completou.

Rússia assume protagonismo, Trump tenta capitalizar

Escobar destacou que o papel decisivo na contenção do conflito partiu de Moscou. Um encontro entre o ministro das Relações Exteriores iraniano e o presidente Vladimir Putin, no Kremlin, teria sido o ponto de inflexão. “O aiatolá Khamenei enviou uma carta pessoal a Putin, o que demonstra o grau de confiança e urgência da situação”, explicou.

A partir dessa reunião, segundo o analista, a Rússia assumiu protagonismo no processo decisório. “Foi a partir desse movimento que os israelenses entraram em desespero e enviaram uma carta formal ao Irã, pedindo o fim da guerra”, afirmou Escobar. A resposta de Teerã foi categórica: “Acabamos a guerra quando decidirmos que ela deve acabar.”

Apesar disso, o presidente Donald Trump — que autorizou os ataques de 22 de junho — tentou apresentar-se como pacificador. “Ele viu uma oportunidade de posar como negociador de paz, depois de quase iniciar a Terceira Guerra Mundial”, ironizou o jornalista.

Equilíbrio estratégico e nova postura iraniana

Segundo Escobar, o Irã saiu do confronto fortalecido, mesmo com o alto custo pago. “O programa nuclear continua intacto, o sistema de mísseis balísticos não foi atingido e o país deu uma demonstração de força que impactou o Pentágono e a Casa Branca.”

Ele também destacou a mudança na doutrina militar iraniana: “Deixaram para trás a postura dissuasiva e adotaram uma estratégia ofensiva, com mísseis hipersônicos e capacidade de fechar o Estreito de Ormuz, o que poderia colapsar o sistema financeiro global em questão de dias.”

Implicações para os BRICS e o Sul Global

Escobar encerrou sua análise com um alerta: “Esta é uma lição fundamental para os BRICS e para o Sul Global inteiro. Um dos membros plenos do grupo, o Irã, foi atacado por um império e conseguiu se defender com firmeza.”

A expectativa agora recai sobre o papel do Brasil na presidência do bloco. “Será que os BRICS estarão à altura desse novo momento incandescente da conjuntura internacional?”, questionou. Assista:

sábado, 28 de junho de 2025

“O Irã será o tema central da cúpula do Rio porque a guerra é contra os BRICS", diz Pepe Escobar

Analista geopolítico afirma que o encontro do Rio de Janeiro terá que debater a agressão imperialista contra o Irã

(Foto: Reuters | Brasil247)


 


 




Por Dafne Ashton

247 - Durante a entrevista concedida à TV 247, o analista geopolítico Pepe Escobar afirmou que o Irã será o centro das discussões da cúpula dos BRICS marcada para julho no Rio de Janeiro. Segundo ele, o recente ataque dos Estados Unidos à usina de Fordow — ordenado pelo presidente Donald Trump — não se trata de um evento isolado, mas de uma ofensiva coordenada contra o núcleo estratégico dos BRICS, particularmente na Eurásia.“A guerra é contra os BRICS. É contra o Irã, contra a China, contra a Rússia e também contra os parceiros estratégicos da organização. E isso precisa ser debatido com seriedade no encontro do Rio”, declarou Escobar, em conversa com o jornalista Leonardo Attuch. A entrevista foi transmitida pela TV 247 e está disponível na íntegra no canal do YouTube da emissora.

Segundo o jornalista, o objetivo central da ofensiva americana é romper os corredores de conectividade e integração promovidos pelos países do BRICS, como a Nova Rota da Seda e o Corredor Internacional Norte-Sul. “Ao neutralizar o Irã, o império tenta cortar o eixo China-Irã-Europa e enfraquecer a rota Rússia-Irã-Índia”, explicou Escobar.H

O analista também revelou bastidores do recente Fórum Econômico de São Petersburgo, no qual se discutiu ativamente a necessidade de criação de mecanismos alternativos de pagamento fora do dólar. Ele elogiou a atuação do economista Paulo Nogueira Batista Jr., que representou o Brasil no evento e defendeu a ruptura com o sistema de Bretton Woods. “O Paulo chutou o pau da barraca. Disse que os BRICS têm que construir um novo sistema já, não amanhã”, relatou.

Escobar alertou que a guerra contra o Irã é apenas o primeiro passo de um projeto mais amplo de sabotagem ao mundo multipolar. “É uma guerra contra a integração, contra a soberania, contra os BRICS. E o encontro do Rio precisa estar à altura desse desafio”, afirmou. Ele também confirmou que estará no Brasil nos dias 9 e 10 de julho, participando de conferências no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Assista aqui a entrevista: 

https://www.youtube.com/watch?v=xBNJA_j5rJc&t=8s

https://www.youtube.com/watch?v=xBNJA_j5rJc&t=6s

Haddad faz alerta após Congresso derrubar decretos que aumentavam o IOF: 'mudou o regime político no Brasil'

Ministro também ironizou a situação política atual diante da ofensiva legislativa contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

27 de junho de 2025


 

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad - 29/01/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Por  Leonardo Lucena

247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (27) que o regime político no Brasil "mudou" e sugeriu que ainda são necessárias mais negociações com o Congresso Nacional para a aprovação de pautas defendidas pelo governo Lula.

O titular da pasta fez o comentário após a Câmara e o Senado derrubarem esta semana decretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que aumentavam o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

"Mudou o regime político no Brasil. Quem não quiser enxergar... Estou completando nove anos de ministério [contando o período de ministro da Educação]. (...) Mudou o sistema político. Não é o mesmo do Fernando Henrique e do Lula [1 e 2]", afirmou em entrevista à Globo News.

Ao ser perguntado sobre qual seria o regime atual de fato, Haddad ironizou, ao citar o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF): "existem quatro sistemas políticos no mundo: o presidencialismo, o parlamentarismo, o semipresidencialismo e o brasileiro".

Haddad negou que o Congresso tenha "antecipado" a eleição de 2026 ao derrubar o decreto do IOF. "Não quero crer", disse ele ao citar o dólar em queda e a geração de emprego. "A quem interessa estragar esse cenário? Só por questões eleitorais?", questionou.

Na Câmara, o placar foi 383 a 98 pela derrubada dos decretos que aumentavam o IOF. O último decreto do governo sobre o tema (Decreto 12.499/25) havia suavizado os outros dois editados anteriormente (decretos 12.466/25 e 12.467/25), mas não eliminou o aumento.

Além de Fernando Haddad, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), também alertou para os prejuízos que podem ser causados pela decisão do Congresso. Líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) denunciou que existe uma sabotagem contra o governo Lula. 

quinta-feira, 26 de junho de 2025

'Confrontar o Legislativo com a opinião pública é a única forma de o governo recuperar fôlego', afirma Helena Chagas

Jornalista avalia que o momento é de “reforçar a narrativa de que o Congresso está defendendo os ricos”. “Mas é preciso correr”, alerta

26 de junho de 2025

 

Helena Chagas, Luiz Inácio Lula da Silva e a parte interna da Câmara (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | ABR)

 



Por Guilherme Levorato

247 - A avaliação de que o Palácio do Planalto precisa “confrontar o Legislativo com a opinião da maioria da população” ganhou força depois da derrota estrondosa sofrida na Câmara dos Deputados na quarta-feira (25). A constatação foi feita pela jornalista Helena Chagas, em postagem nas redes sociais.

“Talvez a derrota do decreto do IOF na Câmara seja um divisor de águas, momento de o Planalto reforçar a narrativa de que o Congresso está defendendo os ricos. Confrontar o Legislativo com a opinião da maioria da população é a única forma de o governo recuperar certo fôlego político por lá. Mas é preciso correr, ocupar as redes e propagar isso rapidamente”, escreveu Helena.

Votação expõe fragilidade da base governista - O projeto que elevava a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) — peça considerada crucial pela equipe econômica para sustentar o equilíbrio fiscal — foi rejeitado por 383 votos a 98 num universo de 513 deputados. A amplitude do placar escancarou a desarticulação do governo: legendas que ocupam ministérios, como PSD, MDB, Republicanos, União Brasil e Progressistas, acompanharam a oposição liderada pelo PL, reforçando o revés.

Pesquisas Datafolha e Ipsos/Ipec divulgadas em junho já apontavam queda na popularidade de Lula no Congresso. Com o clima eleitoral de 2026 no horizonte, parlamentares do chamado centrão enxergam no distanciamento do Planalto uma estratégia para manter espaço e recursos — sinal de que a fidelidade da base está cada vez mais condicionada ao custo-benefício político.

Rearranjo rumo a 2026 e risco de paralisia - O episódio do IOF ganhou estatura de termômetro: além de medir o prestígio do presidente, revelou uma aliança informal entre centro e oposição. Na prática, sinaliza que a capacidade do Planalto de pautar votações estratégicas está em xeque.

Corrida para conquistar as redes - Helena Chagas insiste que a reação precisa ser imediata. Para ela, só haverá recomposição de forças se o governo “ocupar as redes” e convencer a maioria sobre quem perde e quem ganha com a derrubada do decreto. A disputa narrativa promete ser decisiva num ambiente em que redes sociais funcionam como extensão do plenário.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

“O Irã pagou para ver e ganhou", diz Salem Nasser

Professor afirma que o regime iraniano impôs uma derrota simbólica e estratégica a Israel e aos Estados Unidos no Oriente Médio

25 de junho de 2025

(Foto: Brasil247)







Redação Brasil 247

247 – Em uma análise contundente publicada nesta terça-feira, 24 de junho, em seu canal no YouTube, o professor Salem Nasser comentou os desdobramentos mais recentes da escalada de tensão entre Estados Unidos, Israel e Irã, destacando que o regime iraniano “pagou para ver” e saiu fortalecido do confronto. A resposta iraniana ao ataque americano, segundo ele, foi um gesto calculado de coragem estratégica que expôs o blefe de Washington e provocou um recuo silencioso por parte das potências ocidentais.

“A resposta do Irã é muito relevante”, afirmou Nasser. “Eles prometeram que responderiam se fossem atacados e cumpriram. Atacaram a principal base americana na região, no Catar, justamente enquanto o Conselho de Segurança Nacional dos EUA se reunia com Trump. Foi um recado claro e proporcional. O Irã não se acovardou diante da maior potência do mundo”.

O contra-ataque iraniano: cálculo, simbolismo e impacto

O episódio começou com um ataque americano a instalações nucleares no Irã, descrito por Nasser como “incerto” e de impacto limitado. Isso ofereceu a Washington e Teerã uma saída simbólica: os EUA poderiam dizer que atingiram seus objetivos, e o Irã poderia alegar que os danos foram irrelevantes. Mas, contrariando as apostas de que se manteria em silêncio, o Irã decidiu reagir – e o fez com precisão.

Segundo Salem Nasser, a escolha do alvo — a base de comando central americana no Catar, onde estão instalados mais de 10 mil militares — foi estratégica. “Era a maior base, o centro de comando. Atacar ali é mandar um recado forte, mas também evitar maiores atritos com outros países da região, pois não houve ataques dispersos em diversos territórios. O Catar, apesar de incomodado, parece ter sido avisado antes, o que sugere que os EUA também foram alertados”, explicou.

Reação americana e cessar-fogo: vitória iraniana?

De forma surpreendente, os Estados Unidos optaram por não responder militarmente. “Durante a madrugada, tivemos a confirmação de que não haveria retaliação”, relatou Nasser. “Mais do que isso: o próprio presidente Trump anunciou um cessar-fogo, chamando-o de ‘histórico’. Inicialmente, havia incerteza, pois o Irã e Israel não confirmavam. Mas, posteriormente, o ministro das Relações Exteriores do Catar confirmou que o pedido de cessar-fogo partiu dos Estados Unidos, aparentemente a pedido de Israel.”

Para Nasser, esse detalhe é crucial. “Isso mostra que Israel não estava mais aguentando os ataques iranianos, com impactos severos na economia, no moral da população e no risco crescente de uma guerra prolongada. Sem o apoio direto dos EUA em um conflito aberto, Israel recuou. E o Irã, mesmo com todos os riscos, saiu fortalecido.”

Legitimidade internacional e efeito simbólico

Outro ponto ressaltado por Salem Nasser foi o ganho de legitimidade internacional por parte do Irã. “O mundo viu que o Irã foi atacado e respondeu com proporcionalidade. Houve um ganho de respeito. A Agência Internacional de Energia Atômica teve de recuar em declarações, e futuras negociações sobre o programa nuclear iraniano, se ocorrerem, serão em outros termos.”

Além disso, a postura iraniana gerou efeitos simbólicos profundos na geopolítica regional. “O Irã mostrou força real. Seus adversários recuaram. Isso não é pouco. Não se volta à situação anterior. O Irã endurecerá sua postura em qualquer negociação futura com os EUA ou com a AIEA. O blefe americano foi exposto.”

Palestina no centro e a pressão sobre o Irã

Apesar da vitória parcial, o professor alerta para uma pressão contínua sobre Teerã. “O Irã, ao lado do Iêmen, é o único país do mundo islâmico que se dispõe a pagar altíssimo preço por apoiar os palestinos. Por isso, muita gente esperava que o Irã continuasse atacando Israel. Parar agora pode parecer uma derrota simbólica, mas também é uma escolha de cálculo estratégico.”

Nasser finaliza com uma reflexão amarga sobre a situação humanitária: “Gaza continua esquecida. O genocídio segue, dezenas de palestinos morrem todos os dias, sobretudo quando vão buscar comida. A questão palestina permanece no centro, mas a pergunta é até onde o Irã pode ir sem comprometer sua própria sobrevivência.”

O professor Salem Nasser vê o cessar-fogo como um possível ponto de inflexão. “Espero que ele se mantenha. Ele favorece o bloco da resistência, demonstra a força do Irã e pode ser uma oportunidade para redirecionar o foco global de volta ao genocídio em Gaza. Agora que há um cessar-fogo com o Irã, é urgente que se cesse também o massacre em Gaza.”

Com sua análise detalhada e firme, Nasser traça um panorama em que o Irã, ao desafiar diretamente os Estados Unidos e Israel, não apenas manteve sua soberania, como ampliou seu prestígio no tabuleiro geopolítico. Um movimento que, na avaliação do professor, representa uma rara e significativa vitória no campo da resistência no Oriente Médio. Assista:

https://www.youtube.com/watch?v=-FuJ4uHnlik&t=3s

EM TEMPO: Fica evidenciado que o massacre em Gaza não finda porquê os "Senhores das Guerras", Trump e Netanyahu não querem e porquê a população não dispõe de armas capazes de se defenderem. 

terça-feira, 24 de junho de 2025

Lejeune Mirhan critica "hipocrisia" global contra o Irã, que "tem o direito de se defender"

"O Irã foi agredido. Então o Irã está na sua razão dentro do Direito Internacional", afirma o analista internacional

(Foto: Brasil247)




 


 



Por Guilherme Levorato

247 - Durante entrevista à TV 247, o sociólogo e analista internacional Lejeune Mirhan condenou duramente o posicionamento de países ocidentais frente à recente escalada de tensões entre Israel e o Irã. Segundo ele, há um duplo padrão explícito ao se ignorar o direito iraniano à autodefesa enquanto se reconhece esse direito apenas ao Estado israelense.

“Israel agride o Irã e o Irã revida. Quando o Irã revida, aí vem em uníssono a União Europeia, os Estados Unidos, dizendo que Israel tem o direito de se defender. Ninguém falou que o Irã tem o direito de se defender. Só Israel. Então é de uma hipocrisia deslavada”, criticou Lejeune, apontando a ausência de qualquer manifestação de apoio ao Irã por parte das potências ocidentais.

Direito à defesa na Carta da ONU - Lejeune destacou que o Irã não foi o agressor inicial e que a resposta do país persa se deu dentro dos marcos do Direito Internacional. “Todo mundo percebeu quem foi o agressor inicial, o que primeiro atacou. O Irã foi agredido e nenhuma palavra de nenhum país da União Europeia…”, disse, reforçando a omissão internacional diante do ataque sofrido por Teerã.

Em sua análise, Lejeune recorre ao artigo 51 da Carta das Nações Unidas para embasar juridicamente a posição iraniana: “aliás, na Carta das Nações Unidas está lá garantido, no artigo 51: ‘qualquer país, nação ou povos do mundo têm o direito de se defender, pelas armas inclusive, quando agredido’. A nação agredida é a persa. Então o Irã está na sua razão dentro do Direito Internacional”.

EM TEMPO: Convém lembrar que Israel tem arma nuclear e não assinou o "Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares". 

domingo, 22 de junho de 2025

PCs condenam ataques sionistas ao Irã


O Partido Tudeh do Irã condena veementemente o ataque criminoso e terrorista do governo israelense ao Irã!

Caros compatriotas,

De acordo com os últimos relatos, o governo israelense, na madrugada de 13/06, realizou ataques generalizados e bombardeou grandes áreas do nosso país, incluindo instalações nucleares do Irã. Em uma série de operações terroristas, vários comandantes do IRGC — incluindo Mohammad Bagheri, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, e Hossein Salami, Comandante-em-Chefe do IRGC — bem como vários cientistas nucleares iranianos, foram mortos. A televisão estatal iraniana anunciou que, após o ataque israelense a Teerã, cerca de 50 feridos foram transferidos para o Hospital Chamran, em Teerã, dos quais pelo menos 35 eram mulheres e crianças.

O ataque do governo criminoso de guerra, liderado por Benjamin Netanyahu e supostamente com o conhecimento do governo Trump, viola todas as leis internacionais e demonstra claramente como o silêncio e a colaboração prática com um regime que até agora matou mais de 50.000 palestinos, incluindo 12.000 crianças em Gaza, e agora sujeitou milhões de moradores à fome e à inanição por meio do bloqueio econômico, podem ter consequências terríveis para a paz em todo o Oriente Médio.

De acordo com agências de notícias internacionais, Benjamin Netanyahu emitiu uma declaração confirmando o ataque ao Irã, dizendo:

“ Há alguns momentos, Israel lançou a Operação Leão Ascendente… Esta operação continuará por quantos dias forem necessários… ”

Ali Khamenei também emitiu uma declaração após os ataques, na qual declarou:

” O regime sionista, na madrugada de hoje, cometeu um crime hediondo em nosso amado país e revelou sua natureza maligna ainda mais claramente ao atacar áreas residenciais. O regime deve aguardar punição severa. A mão poderosa das forças armadas da República Islâmica não o deixará impune… Vários comandantes e cientistas foram martirizados nos ataques inimigos. Seus sucessores e colegas continuarão imediatamente em suas funções. ”

Este ataque israelense ocorre num momento em que o Conselho de Governadores da AIEA, na quinta-feira, 12 de junho, aprovou uma resolução contra a República Islâmica, declarando, entre outras coisas, que:

“As repetidas falhas do Irã desde 2019 em cumprir suas obrigações de cooperar plena e prontamente com a Agência em relação a materiais e atividades nucleares não declarados em vários locais constituem descumprimento de seu acordo de salvaguardas com a AIEA.”

Vale ressaltar que algumas das questões mencionadas nesta resolução já haviam sido abordadas durante as negociações do JCPOA e de fato resolvidas.

Em resposta à resolução da AIEA, Masoud Pezeshkian enfatizou que o Irã continuaria enriquecendo urânio, acrescentando:

“Não entendo como devemos cooperar com o mundo de uma forma que impeça suas traquinagens e permita que outros permaneçam independentes. Seguiremos nosso próprio caminho e continuaremos enriquecendo urânio.”

Também é importante notar que o ataque israelense ocorreu exatamente quando a sexta rodada de negociações entre a República Islâmica e os Estados Unidos estava marcada para domingo.

Nas últimas semanas, o Comitê Central do Partido Tudeh do Irã expressou profunda preocupação com a situação extremamente crítica na região e as ameaças que nossa pátria enfrenta, alertando:

“Rumo a um confronto militar com o imperialismo americano e Israel — um conflito que poderia transformar o Irã em outra Síria ou Iraque… O Partido Tudeh do Irã, assim como outras forças progressistas e populares em nosso país, sempre apoiou a paz. Em consonância com essa política, apelamos por negociações transparentes, públicas e diretas que reduzam os custos dessas condições catastróficas para o povo iraniano. Não se deve esquecer que arrastar o Irã para conflitos militares destrutivos pode ter consequências duradouras e desastrosas para nossa pátria e para o movimento popular — atrasando em anos a luta pela liberdade e o fim da ditadura.”

Caros compatriotas,

sábado, 21 de junho de 2025

PC de Israel protesta contra agressão ao Irã



 

A população olha para os escombros de vários edifícios residenciais na Praça Nobonyad, no centro de Teerã, Irã, alvos de ataques israelenses. 13 de Junho de 2025. Créditos: Majid Saeedi / Fortune


Horas depois do ataque contra o exército e civis iranianos, o Partido Comunista de Israel anunciou protestos públicos contra a escalada militar israelense. O mundo não pode esquecer Gaza e a Cisjordânia, alertam os comunistas.

Cerca de 200 caças israelenses atacaram, na madrugada de 13 de junho, vários alvos militares e civis no Irã, destruindo edifícios residenciais nos quais foram mortas crianças. Foi já confirmada a morte de vários cientistas do programa nuclear iraniano, assim como dos líderes das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, e da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami. A base nuclear de Natanz, onde é enriquecido o urânio do programa nuclear, foi severamente danificada no ataque de Israel.

Agentes da Mossad, os serviços secretos israelenses, destruíram, antes do ataque, grande parte dos sistemas de defesa aérea do Irã, permitindo uma agressão sem resposta por parte deste país. Abolfazl Shekarchi, porta-voz das Forças Armadas iranianas anunciou uma inevitável retaliação: «o inimigo pagará um preço elevado». O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano anunciou que o país não vai hesitar na defesa «da soberania do Irã com toda a sua força e da maneira que considerar adequada».

Os 100 drones disparados contra Israel foram interceptados fora do espaço aéreo israelense, destruindo-os por cima de outros países, como a Jordânia, que também participou ativamente no bloqueio da retaliação iraniana.

A operação Rising Lion (Leão em Ascensão), não vai ficar apenas neste ataque contra a infraestrutura militar e civil do Irã. Numa declaração pública , Benjamin Netanyahu anunciou um estado de emergência no país e pediu à população civil para se preparar para um período mais prolongado de prevenção contra ataques, armazenando mantimentos e roupas suficientes para ficar vários dias nos bunkers.

Embora o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, tenha afirmado que o ataque israelense foi «unilateral», «sem envolvimento» dos Estados Unidos da América, Israel já confirmou a participação dos estadunidenses no planejamento da agressão. No dia 11 de junho, os EUA tinham ordenado a retirada de pessoal não-essencial e das famílias de vários países do Oriente Médio, antecipando esta situação.

Em simultâneo, Israel avançou para um cerco a todas as cidades da Cisjordânia, mobilizando milhares de tropas para esta zona ocupada da Palestina.

Partido Comunista de Israel (PCI) e a coligação Hadash denunciam a ação israelense: querem «arrastar a região para uma escalada ampla e perigosa»

O ataque do dia 13/06 «faz parte da tentativa do governo de Benjamin Netanyahu, com o apoio da oposição parlamentar, de arrastar a região para uma escalada ainda mais ampla do que a que existe hoje». Num comunicado conjunto, o PCI e a coligação de esquerda Hadash (Frente Democrática pela Paz e Igualdade), onde participam judeus e palestinos, apelam «para o fim do que parece ser o início de uma guerra perigosa, que poderá envolver toda a região do Oriente Médio».

Convocando a mobilização da população civil para organizar e participar em protestos públicos contra a agressão do Estado israelense, os comunistas e seus aliados no Hadash alertam que o Governo israelense está «explorando a situação que criou para levar a cabo planos ainda mais perigosos contra a Faixa de Gaza e a Cisjordânia ocupada». Neste momento, é indispensável que o mundo «assuma posições reais e genuínas para impedir o desastre iminente».

O Partido Comunista Israelita e o Hadash reafirmam a sua oposição de princípio «a todos os programas de armas nucleares», sem exceção, sejam eles iranianos ou israelenses. A situação que se vive hoje nesta zona demonstra a urgência de se garantir que «todos os países» respeitem os tratados internacionais «destinados a prevenir catástrofes humanitárias no mundo», nomeadamente a proibição de armas nucleares e a sua destruição simultânea. 

EM TEMPO: Salve os Camaradas Comunistas Israelenses. Afinal a luta de todos os povos contra a opressão capitalista é internacional. 

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Uma trapaça diplomática e um ataque conjunto: as duras palavras de Scott Ritter sobre a ofensiva israelense no Irã

Negociações nucleares teriam sido uma “isca” para a surpresa de Israel, afirma ex-oficial de inteligência Scott Ritter

Scott Ritter (Foto: Sputnik)


 





Redação Brasil 247

247 – Em meio à escalada de tensões no Oriente Médio, que culminou em um ataque sem precedentes de Israel contra o programa nuclear e a liderança militar do Irã, o ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Scott Ritter, fez declarações contundentes que reverberam na comunidade internacional. Em entrevista à Sputnik, Ritter afirmou que as negociações nucleares entre Irã e EUA serviram, na verdade, como um ardil para permitir que Israel executasse um ataque de "máxima surpresa para causar o máximo de dano", caracterizando as ações como um "ataque conjunto EUA-Israel ao Irã".

De acordo com Ritter, as negociações nucleares, que se arrastaram por meses, estavam "mortas na água". Ele ressaltou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que assumiu seu segundo mandato em 2025, não conseguiu "intimidar o Irã a aceitar as exigências americanas de enriquecimento zero". Do ponto de vista estratégico, Ritter sugere que Trump não poderia realmente "levar adiante tal acordo por causa da oposição de Israel, por causa da oposição de alguns republicanos muito importantes no Senado e no Congresso, e da hostilidade geral em relação ao programa de enriquecimento iraniano aqui nos Estados Unidos."Ad loading

A afirmação mais chocante de Ritter é que as nações já estão em conflito. "Estamos em guerra com o Irã", declarou ele à Sputnik. "Não é que vamos nos encontrar em guerra com o Irã. Estamos em guerra com o Irã. Podemos não saber disso ainda. Mas, como eu disse, os iranianos estão totalmente cientes do que aconteceu. Agora, os iranianos descobrirão a eficácia da decapitação israelense, a eficácia da preemptiva israelense. Este foi um ataque que aparentemente incorporou uma capacidade significativa de drones que existia dentro do Irã."

O ex-oficial de inteligência detalha a coordenação por trás da ofensiva. "Isso foi muito bem coordenado para dar a Israel a oportunidade de máxima surpresa para alcançar o máximo de dano", disse Ritter. Ele enfatizou que, embora os EUA possam não ter enviado recursos ou ativos para participar diretamente do ataque, a operação foi "estreitamente coordenada com os Estados Unidos, feita com o conhecimento dos Estados Unidos, feita com o apoio dos Estados Unidos. Isso, por qualquer definição da palavra, foi um ataque conjunto EUA-Israel ao Irã."

Questionado sobre as consequências, Ritter previu uma escalada: "Quanto dessa capacidade de drones continua a existir, não sabemos. Mas se os iranianos tiverem as capacidades que afirmam ter e a resiliência que afirmam ter, veremos uma escalada. Veremos o Irã retaliar de uma forma que não é sustentável para Israel." Ele concluiu que esta é uma "armadilha israelense para criar a percepção de uma luta existencial para que os Estados Unidos sejam confrontados com uma escolha: deixar o aliado israelense sofrer e talvez ser derrotado, ou intervir e aplicar o golpe de misericórdia contra o Irã." 

Ritter finalizou suas considerações, afirmando que "estamos diante de um processo longo e demorado que, em última análise, acredito que resultará na entrada direta dos Estados Unidos neste conflito ao lado de Israel, embora indiretamente, já seja um participante."

terça-feira, 17 de junho de 2025

“Parem Netanyahu antes que ele nos mate a todos", diz Jeffrey Sachs

Professor Sachs e Sybil Fares alertam que guerra de Israel contra o Irã ameaça arrastar potências nucleares para o abismo da destruição global

17 de junho de 2025

 
(Foto: .REUTERS/Max Rossi)


Conteúdo postado por:

Redação Brasil 247





247 – Em contundente artigo publicado no Common Dreams no dia 16 de junho de 2025, os analistas Jeffrey D. Sachs e Sybil Fares lançam um alerta urgente à comunidade internacional: “Pare Netanyahu antes que ele nos mate a todos”. Os autores denunciam que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu está promovendo uma escalada bélica com o Irã que pode culminar em um conflito nuclear global. Segundo os autores, o conflito foi deflagrado em 12 de junho, apenas dias antes da realização da sexta rodada de negociações entre os Estados Unidos e o Irã sobre a retomada do acordo nuclear (JCPOA), frustrando deliberadamente os esforços diplomáticos.

Uma trajetória de guerra e destruição

Sachs e Fares contextualizam o atual ataque de Israel ao Irã como a culminação de uma estratégia planejada há décadas. Desde os anos 1990, Netanyahu teria sistematicamente incentivado a militarização do Oriente Médio, com o objetivo de consolidar o domínio israelense sobre os territórios palestinos e neutralizar governos contrários a essa agenda.

Inspirado por mentores como Ze’ev Jabotinsky, Yitzhak Shamir e Menachem Begin, o atual premiê israelense seguiu a ideologia do Likud, partido que historicamente defende o controle total da Palestina histórica por Israel, conforme registrado na carta fundacional de 1977: “entre o mar e o Jordão haverá apenas soberania israelense”.

Essa visão extremista, segundo os autores, encontrou eco na estratégia do “Clean Break” (1996), desenvolvida por assessores de Netanyahu em Washington. Nela, os Estados Unidos deveriam abandonar qualquer pretensão de negociação com países árabes e, em vez disso, moldar o Oriente Médio por meio de guerras para remover regimes considerados hostis a Israel. “A estratégia foi posta em prática logo após o 11 de Setembro”, explicam Sachs e Fares, citando o general Wesley Clark, que revelou o plano dos EUA para atacar sete países em cinco anos, entre eles Iraque, Síria, Irã e Líbano.

Uma campanha de propaganda e manipulação

Segundo os autores, Netanyahu utilizou-se sistematicamente de desinformação para justificar as guerras. Em 2002, por exemplo, declarou ao Congresso dos EUA que a derrubada de Saddam Hussein traria “reverberações positivas” para toda a região. “Não há dúvida de que Saddam busca desenvolver armas nucleares”, afirmou falsamente.

Desde 1992, o premiê israelense vem profetizando que o Irã estaria “a poucos anos” de obter a bomba atômica — uma previsão adiada sucessivamente por mais de três décadas. Sachs e Fares denunciam esse padrão como uma tática deliberada para alimentar o medo e justificar agressões militares. “As alegações são pura propaganda; sempre há uma ‘ameaça existencial’ à mão”, escrevem.

Apesar das repetidas ofertas do Irã para negociar e da existência de uma fatwa emitida pelo aiatolá Ali Khamenei em 2003 proibindo o uso de armas nucleares, Netanyahu tem sistematicamente rejeitado qualquer tentativa de acordo. “O Irã se mostrou disposto a aceitar inspeções da AIEA e renunciar às armas nucleares”, afirmam os autores, mas essas iniciativas foram sabotadas por Israel e seu lobby nos EUA.

Guerra durante negociações e antes de conferência da ONU

O ataque de Israel ao Irã ocorreu dias antes da sexta rodada de negociações entre Teerã e Washington e também às vésperas de uma conferência da ONU sobre a Palestina que, segundo os autores, tinha potencial de reavivar o debate sobre a solução de dois Estados. Ambas as iniciativas foram prejudicadas pela ofensiva militar.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu segundo mandato, confirmou que sabia previamente do ataque israelense, mesmo enquanto o governo norte-americano discursava em prol das negociações. Para Sachs e Fares, isso representa um grave colapso da diplomacia e uma cumplicidade com o extremismo de Netanyahu.

Risco de guerra nuclear e caos geopolítico

A ofensiva de Israel já provoca reação internacional. A possibilidade de um alastramento do conflito envolve potências nucleares como Estados Unidos, Rússia e até o Paquistão, aliado do Irã. “Estamos nos aproximando de um confronto entre potências atômicas, com risco real de aniquilação global”, alertam os autores, que citam o relógio do juízo final, hoje a apenas 89 segundos da meia-noite — o ponto mais perigoso desde 1947.

A análise conclui com uma condenação clara ao papel de Netanyahu e seus aliados nos EUA, responsáveis, segundo os autores, por “destruir ou desestabilizar uma faixa de 4 mil km” do Norte da África até o oeste da Ásia em nome de um projeto que visa bloquear a criação de um Estado palestino. “O mundo merece algo melhor do que esse extremismo”, afirmam Sachs e Fares. “Mais de 180 países da ONU apoiam a solução de dois Estados e a estabilidade regional. Isso faz muito mais sentido do que Israel levar o mundo à beira do Armagedom nuclear.”