O deputado do PSol denuncia que a megaoperação no Complexo do Alemão e na Penha repete o modelo de “guerra às drogas” que nunca traz resultados

Chico Alencar e Cláudio Castro (Foto: Reprodução)
Por
Dayane Santos
247 - O deputado
federal Chico Alencar (PSol-RJ) rechaçou a megaoperação policial no Rio de
Janeiro, que contabiliza mais de 100 mortes, além de dezenas de feridos. Em
entrevista, o parlamentar classificou a ação como “irresponsável, sem
inteligência, sem planejamento e de viés político-eleitoreiro”,
responsabilizando o governador Cláudio Castro (PL) pela tragédia.
“Essa operação foi política e eleitoreira. Foi
uma ação sem estratégia, sem diálogo com outras forças, e com resultados
desastrosos. O governador está em baixa popularidade e tenta capitalizar o
senso comum do ‘bandido bom é bandido morto’”, afirmou Chico Alencar em
entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247.
Segundo o deputado, a operação foi
anunciada como uma “declaração de guerra” ao tráfico nas comunidades do
Complexo do Alemão e da Penha, regiões onde vivem mais de 200 mil pessoas. A ofensiva
paralisou a cidade e provocou um rastro de medo e destruição.
“Cinco unidades de saúde foram
fechadas, 28 escolas no Alemão e 17 na Penha ficaram sem aula, mais de cem
linhas de ônibus tiveram itinerários alterados. O Rio vive um cenário de
guerra, resultado direto da irresponsabilidade de quem deveria garantir
segurança, não espalhar terror”, disse.
Alencar também contestou as
declarações do secretário estadual de Segurança, Vitor Santos, que classificou
a ação como “necessária e planejada”.
“Necessária, sim porque não se pode
permitir que territórios fiquem sob controle de traficantes ou milícias, mas
planejada, pensada, com inteligência? De jeito nenhum. Se fosse, não teria esse
número absurdo de mortos”, criticou o deputado.
Para o parlamentar, o problema
central da segurança pública no Rio de Janeiro é a ausência de políticas
sociais e de inteligência. Ele lembrou que o governo federal enviou ao
Congresso a PEC da Segurança Pública, que prevê um sistema nacional de
integração entre forças policiais e políticas preventivas, mas que vem sendo
barrada pela direita e pelo centrão.
“A direita não quer votar a PEC da
Segurança. Diz que o governo federal vai tirar poder dos estados, mas ao mesmo
tempo Cláudio Castro pede ajuda e culpa Brasília. É o cinismo e a hipocrisia
típicos de uma política que vive de discurso e cadáveres”, declarou.
Chico Alencar relembrou também o
fracasso de experiências passadas, como as UPPs (Unidades de Polícia
Pacificadora), que começaram com uma proposta de proximidade e prevenção, mas
se perderam pela falta de continuidade e corrupção dentro das próprias
corporações.
“Sem ocupação social, o crime volta.
Depois da megaoperação, tudo se reinstala como antes. Falta política pública de
verdade — educação, cultura, saúde, emprego — e sobra bala. Isso não é política
de segurança, é política de extermínio”, afirmou.
O deputado lamentou ainda o discurso
de parte da sociedade que aplaude operações letais, reforçado por líderes da
extrema direita e pela retórica bolsonarista.
“A população precisa perceber que essas operações
só produzem dor e revolta. São jovens, negros e pobres sendo mortos. Enquanto
essa lógica prevalecer, nada muda. É preciso enfrentar o senso comum e a
estupidez dos governantes em nome da vida e da civilização.”
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