Segundo o novo ministro, "cada dia tem a sua agonia" e o foco agora é "ajudar o governo e contribuir para a reeleição do presidente Lula em 2026"
22 de outubro de 2025
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| Guilherme Boulos (Foto: Raffa Neddermeyer/ABr) |
Por Paulo Emilio
247 - A nomeação do
deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) para o comando da Secretaria-Geral
da Presidência, anunciada nesta segunda-feira (20), reacendeu o debate sobre
quem poderá suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no futuro
político do país. Aos 85 anos no fim de um eventual segundo mandato, Lula ainda
não apontou um nome para herdar seu legado, mas reforça aliados de peso no
governo.
Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Boulos desconversou
sobre qualquer intenção de se colocar como herdeiro político do presidente e
afirmou que aprendeu com a avó “que cada dia tem a sua agonia”. Segundo o novo
ministro, o foco agora é “ajudar o governo e contribuir para a reeleição do
presidente Lula em 2026”.
“O jogo político é sempre acirrado”
Questionado sobre as chances de
reeleição do petista, Boulos manteve cautela. “No cenário polarizado em que a
gente vive, o jogo político eleitoral é sempre muito acirrado. E jogo não se
ganha de véspera”, afirmou. Apesar disso, mostrou otimismo: “Lula lidera em
todas as pesquisas, o governo cresce em aprovação e reforça sua conexão
popular”.
O ministro destacou ainda que sua principal missão será fortalecer o diálogo com os movimentos sociais. “O presidente Lula me chamou para dialogar com o povo, e não com a Faria Lima, definitivamente”, disse, em referência ao centro financeiro de São Paulo.
Defesa do governo e críticas à extrema-direita
Boulos elogiou o desempenho do governo
e a política econômica conduzida por Fernando Haddad, ressaltando os
indicadores positivos. “Temos a menor taxa de inflação acumulada da série
histórica e o menor desemprego. O Brasil voltou a crescer acima de 3%”,
destacou. Ele também citou o aumento real do salário mínimo e o retorno de
programas sociais como o PAC e o Minha Casa, Minha Vida.
Na entrevista, o novo ministro também prometeu combater o que chamou de “política rasteira da extrema-direita” e defender “as agendas fortíssimas do governo Lula, que se colocou firmemente na defesa do povo contra os bilionários e na defesa do Brasil contra o ataque estrangeiro [dos EUA]”.
Relação do governo com Trump e soberania nacional
Ao comentar a postura do governo
brasileiro frente às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, Boulos afirmou que Lula foi “firme” e “pragmático, sem ceder um
milímetro na defesa da soberania nacional”. Segundo ele, “Lula virou capa do
New York Times como o único presidente que enfrentou Trump”.
Boulos avaliou que há uma
“reconfiguração geopolítica” com a disputa entre Estados Unidos e China pela
liderança global, o que exige do Brasil uma posição soberana. “O governo do
Lula tem travado a luta das ideias e a luta política como nenhum outro governo
progressista da nossa história”, declarou.
Críticas ao Congresso e ao bolsonarismo
O ministro também criticou a atuação
de parte do Congresso, que, segundo ele, tem barrado medidas de interesse
popular, e voltou a apontar o bolsonarismo como o principal polo da direita.
“Todas as tentativas de criar um bolsonarismo light fracassaram. Quando a coisa
esquentou, tiveram que tirar a fantasia para manter a base social”, afirmou.
Sobre a relação com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, Boulos foi contundente: “É uma vergonha que Eduardo Bolsonaro ainda não tenha sido cassado e siga atuando como traidor da pátria em Miami. É inaceitável”.
“Cada dia com a sua agonia”
Ao ser questionado sobre uma possível
candidatura em 2026, o novo ministro negou qualquer plano eleitoral. “Lula me
convocou para uma missão. Entrar agora e sair em abril não permitiria que o
trabalho tivesse começo, meio e fim”, explicou.
Para ele, discutir o “pós-Lula” seria precipitado.
“A minha preocupação agora é ajudar a reforçar o governo do presidente Lula e
contribuir para a sua reeleição. Pós se discute depois”, concluiu.

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