segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Augusto Heleno descuidou da própria biografia. Restou o passivo para Tomás Paiva

 

Comandante do Exército, Tomás Paiva, tem feito um esforço para livrá-lo da condição de preso em regime fechado

Por Denise Assis (Jornalista)

15 de dezembro de 2025

 
Augusto Heleno (Foto: Ton Molina/STF)


O general Augusto Heleno não parecia se preocupar com a sua biografia. Talvez, confiando na trajetória de ter sido sempre o primeiro aluno, por onde quer que tenha passado na carreira militar. No Exército dá-se a isso o nome tríplice coroa, por ter recebido medalha de primeiro aluno nas três escolas de formação por onde passou. Ao longo da carreira, era do tipo que costumava atravessar a rua para se abraçar com uma polêmica. Foi assim, quando serviu no gabinete do general Sylvio Frota, e o apoiou quando esteve pronto para dar um golpe no general Geisel, quando este iniciou o processo de abertura (lentíssima e gradual), no final da ditadura. 

Também a sua saída do Haiti, onde coordenou os brasileiros nas Forças de Paz, da ONU, (MINUSTAH) não foi o que poderíamos chamar de “tranquila”. Deixou atrás de si um processo que corre sob sigilo, e diz respeito ao episódio conhecido como “o massacre de Cité Soleil (fala-se em dezenas de civis mortos em operação em uma comunidade). 

Foi o general Heleno quem comandou a “Operação Punho de Ferro” (do inglês: Operation Iron Fist). A ação dos capacetes azuis da MINUSTAH liderada pelo general brasileiro, ocorreu em 6 de julho de 2005 em Bois Neuf, partição da Cité Soleil, a maior favela do Haiti. Pelo desastre, ele foi chamado de volta pelo governo brasileiro. Seu substituto, o também general Urano Teixeira da Matta Bacellar chegou animado, falando em satisfação pela honra do novo cargo, e uma semana depois apareceu morto, no hotel onde estava hospedado. Suicídio. 

No governo anterior, desempenhou o cargo do chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, pelo qual ficava sob sua responsabilidade supervisionar os aviões que serviam à presidência. Em uma das viagens, o piloto de um deles acabou preso e condenado por tráfico de drogas. Uma inspeção no aeroporto da Espanha encontrou 39 quilos de cocaína no avião de apoio ao que servia o presidente. Heleno nunca explicou o “incidente”. 

Por fim, acabou condenado a uma pena de 21 anos por conspirar e tentar impedir a posse do governo vitorioso nas urnas na eleição de 2022, ou seja: golpe de estado. 

Fica claro, diante desse “currículo”, o seu total desapreço pela própria biografia. Agiu como se não houvesse amanhã, ou como se a farda fosse uma armadura inquebrantável que o protegesse contra tudo e contra todos. Até mesmo das sanções previstas na Constituição que como oficial do Exército Brasileiro, jurou servir.

Toda essa reconstituição da longa jornada de Augusto Heleno, hoje com 78 anos, é por conta do esforço que o comandante do Exército, Tomás Paiva, tem feito, para livrá-lo da condição de preso em regime fechado, no Comando Militar do Planalto. 

Além de visitá-lo na prisão, para verificar as condições em que ele e o general e ex-comandante, Paulo Sérgio Oliveira estão apenados, Paiva reuniu-se com o ministro Alexandre de Moraes dias antes da efetivação da prisão dos generais, a fim de pedir a não espetacularização da prisão. Solicitou também que não fossem algemados e que a condução fosse feita como manda os preceitos militares – por um oficial de igual patente ou acima, o que no caso deles foi feita por dois generais – e sem acompanhamento da mídia. Na semana passada, voltou a se avistar com o ministro, dessa vez para solicitar um novo exame de saúde em Heleno, a fim de se avaliar a transferência para uma prisão domiciliar.

Toda a recente valentia do general, que deu soco na mesa e esbravejou que precisavam agir logo, antes que Lula fosse eleito e aí não haveria “VAR” que desse jeito, desapareceu. Aquele general que, perguntado se Lula subiria a rampa disse um NÃO em bold corpo 38, desmoronou e agora pede proteção e clemência. Esqueceu-se de que o tempo passa para todos, que o corpo cobra o preço do avançar dos anos e que o poder é efêmero. Principalmente para os que dele abusam. 

Resta-nos agora ler manchetes como a publicada pela CNN: “Comandante do Exército entra em cena, conversa com Moraes e prisão domiciliar de Augusto Heleno se aproxima”. Desnecessário repetir aqui a frase de para-choque de caminhão: “eles também envelhecem”. 

Na matéria abaixo da manchete lê-se: “O Comandante do Exército, General Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, se reuniu pessoalmente com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e mostrou preocupação com as condições de saúde do general da reserva Augusto Heleno, condenado a 21 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado”. Gesto nobre o do comandante, que antes mesmo da condenação, pelo que se sabe, tentou livrar o “três coroas” da prisão. Debalde. O general Augusto Heleno não cuidou da própria biografia, como disse acima. Restou o passivo para Tomás Paiva, hoje às voltas com a tentativa de uma domiciliar. O tempo é mesmo o senhor da razão.

EM TEMPO: O general Augusto Heleno pode até ter sido um dos melhores alunos na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras), mas pode não ter cursado uma disciplina denominada de Geopolítica. Pois, convém lembrar que o ex-presidente dos EUA, Joe Biden, enviou uma Generala Comandante do Cone Sul, a qual se reuniu com o Alto Comando das Forças Armadas onde o recado claro e direto dizia: "não apoiamos golpe  de qualquer natureza no Brasil". A CIA fez algo semelhante. O general Heleno deve saber que o ex-presidente Ernesto Geisel dizia que o Capitão Bozo era um mal militar. O Comandante do Exército, na época, general Leônidas Pires, proibiu o Bozo de visitar as dependências do Exército em todo o país. Porquê Bozo estava querendo fazer um levante para aumentar o soldo, além de ameaçar jogar uma bomba explosiva na Adutora do Guandú no RJ. Apesar de não ser "ouro 18", o general Mourão, vice-presidente  de Bozo, escapou de todo esse processo doentio e de ataque a democracia, por ter um melhor conhecimento sobre Geopolítica.  Fato curioso, ou de Pop Star (rsrsrs) é que o presidente Lula é muito amigo e camarada de  caéba  do ex-presidente George Bush (o filho). Também amigo de Obama, o qual dizia esse é o "Cara". Além de amigo de Biden (ex-vice de Obama e ex-presidente dos EUA). Atualmente simpático dos Democratas, os quais aprovaram no Senado, com apoio dos Republicanos, o fim do Tarifaço.   Por fim  ganhou a simpatia de Trump, apesar dos pesares, O choro é livre e faz bem a saúde.  Donde se conclui que o general Heleno não aprendeu direito a lição da caserna, a qual consiste em seguir os exemplos dos bons militares. Golpista, jamais. Ok, Moçada!

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