quarta-feira, 25 de junho de 2025

“O Irã pagou para ver e ganhou", diz Salem Nasser

Professor afirma que o regime iraniano impôs uma derrota simbólica e estratégica a Israel e aos Estados Unidos no Oriente Médio

25 de junho de 2025

(Foto: Brasil247)







Redação Brasil 247

247 – Em uma análise contundente publicada nesta terça-feira, 24 de junho, em seu canal no YouTube, o professor Salem Nasser comentou os desdobramentos mais recentes da escalada de tensão entre Estados Unidos, Israel e Irã, destacando que o regime iraniano “pagou para ver” e saiu fortalecido do confronto. A resposta iraniana ao ataque americano, segundo ele, foi um gesto calculado de coragem estratégica que expôs o blefe de Washington e provocou um recuo silencioso por parte das potências ocidentais.

“A resposta do Irã é muito relevante”, afirmou Nasser. “Eles prometeram que responderiam se fossem atacados e cumpriram. Atacaram a principal base americana na região, no Catar, justamente enquanto o Conselho de Segurança Nacional dos EUA se reunia com Trump. Foi um recado claro e proporcional. O Irã não se acovardou diante da maior potência do mundo”.

O contra-ataque iraniano: cálculo, simbolismo e impacto

O episódio começou com um ataque americano a instalações nucleares no Irã, descrito por Nasser como “incerto” e de impacto limitado. Isso ofereceu a Washington e Teerã uma saída simbólica: os EUA poderiam dizer que atingiram seus objetivos, e o Irã poderia alegar que os danos foram irrelevantes. Mas, contrariando as apostas de que se manteria em silêncio, o Irã decidiu reagir – e o fez com precisão.

Segundo Salem Nasser, a escolha do alvo — a base de comando central americana no Catar, onde estão instalados mais de 10 mil militares — foi estratégica. “Era a maior base, o centro de comando. Atacar ali é mandar um recado forte, mas também evitar maiores atritos com outros países da região, pois não houve ataques dispersos em diversos territórios. O Catar, apesar de incomodado, parece ter sido avisado antes, o que sugere que os EUA também foram alertados”, explicou.

Reação americana e cessar-fogo: vitória iraniana?

De forma surpreendente, os Estados Unidos optaram por não responder militarmente. “Durante a madrugada, tivemos a confirmação de que não haveria retaliação”, relatou Nasser. “Mais do que isso: o próprio presidente Trump anunciou um cessar-fogo, chamando-o de ‘histórico’. Inicialmente, havia incerteza, pois o Irã e Israel não confirmavam. Mas, posteriormente, o ministro das Relações Exteriores do Catar confirmou que o pedido de cessar-fogo partiu dos Estados Unidos, aparentemente a pedido de Israel.”

Para Nasser, esse detalhe é crucial. “Isso mostra que Israel não estava mais aguentando os ataques iranianos, com impactos severos na economia, no moral da população e no risco crescente de uma guerra prolongada. Sem o apoio direto dos EUA em um conflito aberto, Israel recuou. E o Irã, mesmo com todos os riscos, saiu fortalecido.”

Legitimidade internacional e efeito simbólico

Outro ponto ressaltado por Salem Nasser foi o ganho de legitimidade internacional por parte do Irã. “O mundo viu que o Irã foi atacado e respondeu com proporcionalidade. Houve um ganho de respeito. A Agência Internacional de Energia Atômica teve de recuar em declarações, e futuras negociações sobre o programa nuclear iraniano, se ocorrerem, serão em outros termos.”

Além disso, a postura iraniana gerou efeitos simbólicos profundos na geopolítica regional. “O Irã mostrou força real. Seus adversários recuaram. Isso não é pouco. Não se volta à situação anterior. O Irã endurecerá sua postura em qualquer negociação futura com os EUA ou com a AIEA. O blefe americano foi exposto.”

Palestina no centro e a pressão sobre o Irã

Apesar da vitória parcial, o professor alerta para uma pressão contínua sobre Teerã. “O Irã, ao lado do Iêmen, é o único país do mundo islâmico que se dispõe a pagar altíssimo preço por apoiar os palestinos. Por isso, muita gente esperava que o Irã continuasse atacando Israel. Parar agora pode parecer uma derrota simbólica, mas também é uma escolha de cálculo estratégico.”

Nasser finaliza com uma reflexão amarga sobre a situação humanitária: “Gaza continua esquecida. O genocídio segue, dezenas de palestinos morrem todos os dias, sobretudo quando vão buscar comida. A questão palestina permanece no centro, mas a pergunta é até onde o Irã pode ir sem comprometer sua própria sobrevivência.”

O professor Salem Nasser vê o cessar-fogo como um possível ponto de inflexão. “Espero que ele se mantenha. Ele favorece o bloco da resistência, demonstra a força do Irã e pode ser uma oportunidade para redirecionar o foco global de volta ao genocídio em Gaza. Agora que há um cessar-fogo com o Irã, é urgente que se cesse também o massacre em Gaza.”

Com sua análise detalhada e firme, Nasser traça um panorama em que o Irã, ao desafiar diretamente os Estados Unidos e Israel, não apenas manteve sua soberania, como ampliou seu prestígio no tabuleiro geopolítico. Um movimento que, na avaliação do professor, representa uma rara e significativa vitória no campo da resistência no Oriente Médio. Assista:

https://www.youtube.com/watch?v=-FuJ4uHnlik&t=3s

EM TEMPO: Fica evidenciado que o massacre em Gaza não finda porquê os "Senhores das Guerras", Trump e Netanyahu não querem e porquê a população não dispõe de armas capazes de se defenderem. 

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