Recursos gerados pela exploração mineral vão pagar a reconstrução após uma guerra inútil e desastrosa
01 de maio de 2025
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| Trump e Zelensky (Foto: Reuters) |
247 – O acordo firmado
entre Ucrânia e Estados Unidos nesta quarta-feira (30), em Washington, sela um
capítulo amargo da guerra: os norte-americanos passam a ter acesso preferencial
às riquezas minerais do território ucraniano, em troca de apoio financeiro para
reconstrução do país. A informação foi publicada pela Reuters, que
destacou o papel decisivo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na
promoção do acordo.
O pacto, assinado pelo secretário do
Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e pela vice-primeira-ministra da Ucrânia, Yulia
Svyrydenko, formaliza a criação de um fundo conjunto de investimentos. Segundo
a Casa Branca, trata-se de uma forma de reconhecer o “apoio financeiro e
material significativo” oferecido pelos EUA desde o início da guerra em 2022.
Na prática, a medida transforma a devastação provocada pelo conflito em
oportunidade econômica para Washington.
Recursos naturais
em troca de promessas
A Ucrânia, país com vastas reservas
de terras raras, urânio, ferro e gás natural, cede aos EUA um acesso
privilegiado aos contratos de exploração mineral, num momento de extrema
fragilidade econômica e institucional. Embora o governo ucraniano tenha insistido
em que manterá o controle sobre o que será extraído e onde, o fato é que as
cláusulas do acordo garantem preferência absoluta aos interesses estratégicos
norte-americanos, numa disputa global dominada hoje pela China.
“Além das contribuições financeiras diretas,
o acordo pode também prever novos tipos de assistência — por exemplo, sistemas
de defesa aérea para a Ucrânia”, escreveu Svyrydenko na rede X (ex-Twitter). A
promessa de ajuda militar, no entanto, não foi confirmada pelo governo dos EUA.
O rascunho do tratado, obtido pela Reuters, também não traz
garantias concretas de segurança para a Ucrânia, um dos principais objetivos de
Kiev.
Reconstrução
bancada com os próprios recursos
A ironia do acordo está no fato de
que os recursos naturais da Ucrânia — alvo indireto da guerra — agora servirão
para pagar a própria reconstrução do país, devastado por um conflito que
poderia ter sido evitado. A vice-primeira-ministra assegura que não haverá
endividamento com os Estados Unidos, mas admite que os lucros da exploração
mineral financiarão os projetos estruturais futuros.
Trata-se de um modelo que lembra
esquemas coloniais modernos: uma nação destruída por uma guerra prolongada,
forçada a ceder seus ativos estratégicos em nome de uma “ajuda” vinda do
principal agente geopolítico envolvido no conflito. O fato de o acordo ter sido
assinado após meses de negociações tensas e com entraves de última hora mostra
o grau de imposição da nova ordem diplomática imposta a Kiev.
Guerra, soberania e
cinismo diplomático
Desde sua posse para o segundo
mandato, Donald Trump tem adotado uma postura ambígua em relação ao conflito:
por um lado, critica os altos custos da ajuda militar à Ucrânia; por outro,
busca extrair contrapartidas econômicas claras — como este acordo mineral. Ao comentar
a assinatura, Trump voltou a afirmar que os Estados Unidos “deveriam receber
algo em troca” pelo que investiram na guerra, deixando claro o viés
transacional de sua política externa.
Enquanto isso, a paz prometida segue
distante. Trump propôs reconhecer a anexação da Crimeia pela Rússia e sugeriu
que outras regiões ucranianas também possam ser entregues, algo que contraria
frontalmente a constituição ucraniana. Diante de tamanha pressão, o governo de
Volodymyr Zelenskiy se vê encurralado entre ceder à chantagem diplomática ou
perder o pouco apoio que ainda resta.
Um futuro
hipotecado
Em sua declaração pública, Yulia
Svyrydenko tentou imprimir otimismo: “O acordo mostra que a cooperação com a
Ucrânia ao longo de décadas não apenas é possível, como confiável”. No entanto,
o conteúdo do tratado revela um cenário bem menos alentador: o país,
encurralado por dívidas morais e compromissos geopolíticos, cede sua soberania
econômica em troca de uma promessa vaga de reconstrução.
Com o novo acordo, os Estados Unidos consolidam sua
posição de sócio dominante na reconstrução ucraniana, transformando uma guerra
desastrosa em um negócio altamente lucrativo. A Ucrânia, por sua vez, paga o
preço duplo de sua destruição: primeiro com o sangue de seu povo, agora com o
subsolo de seu território.
EM TEMPO: Os partidos políticos Democratas e Republicanos se revezam no poder nos EUA. Quando um inventa uma guerra o outro acaba e vai criando novas guerras "eternas". A lição que a população do mundo inteiro deve ter é que não se deve eleger políticos de extrema-direita, a exemplo de Zelensky, pois o resultado é este que se vê na Ucrânia. A única vantagem desse acordo é que, por enquanto, estamos livre da terceira guerra mundial. Mas, quem deveria reconstruir a Ucrânia seria a OTAN/UE e o próprio EUA, o qual estimulou, em 2014, o golpe na Ucrânia, derrubando o Presidente da Ucrânia pró-Moscou. Lembrando que o governo Zelensky de orientação neonazi reprime com violência a oposição, incluindo os Camaradas do Partido Comunista da Ucrânia.

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