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| Plenário da Câmara dos Deputados (Foto: REUTERS/Mateus Bonomi) |
STF aceita denúncia contra três parlamentares do PL; áudios mostram cobrança de propina e ameaças de morte
12 de março de 2025
Por Camila França
247 - O Supremo Tribunal
Federal (STF) denunciou três deputados do Partido Liberal (PL) — Josimar
Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE) — por envolvimento em um
esquema de desvio de emendas parlamentares, revela o G1. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou provas
contundentes, como diálogos gravados, planilhas de pagamento e extratos
bancários, que mostram a exigência de R$ 1,6 milhão em propina em troca da
destinação de R$ 6,6 milhões em recursos públicos ao município de São José de
Ribamar (MA). O ministro Cristiano Zanin, relator do caso, destacou que as
evidências incluem "depósitos e transferências bancárias documentalmente
comprovados".
A investigação revelou um cenário de
extrema desconfiança entre os envolvidos, com destaque para o papel de um
"cobrador de propina" conhecido como Pacovan, assassinado a tiros em
junho de 2024. Em áudios obtidos pela PGR, Pacovan expressa medo de que o
dinheiro fosse desviado por outros intermediários e chega a fazer ameaças de
morte: "Esse vagabundo vai pegar uma bala na cara". Ele
também reclama da demora em obter comprovantes das emendas, dizendo: "Rapaz,
só raposas. Na hora que cai na conta, já cai outras pessoas dizendo que é
deles".
Os diálogos também mostram que o
deputado Josimar Maranhãozinho evitava receber a propina pessoalmente, alegando
risco de ser filmado: "Não posso ir na casa dele. É perigoso, pois
pode ter câmeras para nos filmar". Em outra conversa, Pacovan relata
que o pagador só aceitaria negociar diretamente com o parlamentar: "Ele
só paga se for pra você. Ele só resolve as coisas com você". O caso
expõe como as emendas parlamentares se tornaram um negócio lucrativo para
lobistas e intermediários, em detrimento do interesse público.
O processo, julgado pela Primeira Turma do STF, foi
acompanhado por unanimidade pelos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia,
Flávio Dino e Luiz Fux. A investigação segue em andamento, com novos
desdobramentos esperados, enquanto o caso escancara a vulnerabilidade do
sistema de emendas parlamentares a práticas ilícitas e à atuação de redes de
corrupção.

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