Negociações na Arábia Saudita levam EUA a retomar apoio militar e de inteligência à Ucrânia, enquanto Moscou avalia proposta
11 de março de 2025
Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio -
20/03/2025 (Foto: SAUL LOEB/Pool via REUTERS)
Por Luis Mauro Filho
247 - Os Estados Unidos
anunciaram nesta terça-feira (10) a retomada imediata do auxílio militar e do
compartilhamento de inteligência com a Ucrânia, após conversações realizadas na
Arábia Saudita. As informações são da Agência Reuters.
O secretário de Estado dos EUA, Marco
Rubio, afirmou que levará a proposta ao governo russo e que o avanço das
negociações agora depende de Moscou. "O presidente queria que essa guerra
terminasse ontem... Portanto, nossa esperança é que os russos respondam 'sim' o
mais rápido possível, para que possamos passar para a segunda fase disso, que
são as negociações reais", declarou Rubio a jornalistas, referindo-se ao
presidente dos EUA, Donald Trump, após mais de oito horas de conversações em
Jeddah.
Durante o encontro, o governo
ucraniano expressou disposição para aceitar uma proposta norte-americana de
cessar-fogo de 30 dias no conflito contra a Rússia. A decisão foi formalizada
em uma declaração conjunta divulgada pelos dois países.
O presidente russo, Vladimir Putin,
já declarou estar aberto a discutir um acordo de paz, mas a posição do Kremlin
em relação ao cessar-fogo continua incerta. Autoridades russas têm reiterado
que qualquer solução para o conflito deve garantir a "segurança de longo prazo"
da Rússia. Além disso, Putin já descartou concessões territoriais e exige que a
Ucrânia se retire completamente de quatro regiões ucranianas reivindicadas e
parcialmente controladas por Moscou.
Nesta terça-feira, o Ministério das
Relações Exteriores da Rússia afirmou apenas que "não descarta
contatos" com representantes dos Estados Unidos.
O presidente ucraniano, Volodymyr
Zelensky, que estava na Arábia Saudita mas não participou diretamente das
conversas, classificou a proposta de cessar-fogo como um avanço positivo,
destacando que ela abrangeria toda a linha de frente do conflito, e não apenas
as operações aéreas e marítimas.
"Quando os acordos entrarem em
vigor, durante esses 30 dias de 'silêncio', teremos tempo para preparar com
nossos parceiros, em nível de documentos de trabalho, todos os aspectos para
uma paz confiável e segurança de longo prazo", afirmou Zelensky.
EUA buscam envolvimento da Rússia
Segundo Rubio, o plano será entregue
aos russos por diversos canais diplomáticos. O assessor de segurança nacional
de Trump, Mike Waltz, deverá se encontrar com seu homólogo russo nos próximos
dias, enquanto o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, viajará a Moscou
para se reunir pessoalmente com Putin ainda nesta semana.
Trump também se manifestou sobre as
negociações, afirmando que espera um cessar-fogo rápido e que planeja conversar
diretamente com Putin. "Espero que seja nos próximos dias", declarou
o presidente dos EUA durante um evento na Casa Branca.
O acordo entre Washington e Kiev
representa uma mudança significativa em relação ao impasse ocorrido na reunião
de 28 de fevereiro, quando Trump, conhecido por seu ceticismo em relação à
assistência militar à Ucrânia, sinalizou resistência ao fornecimento de novos
recursos ao país. Após aquele encontro, os EUA chegaram a suspender o
compartilhamento de inteligência e o envio de armamentos para a Ucrânia.
Nesta terça-feira, porém, autoridades ucranianas
confirmaram que o apoio militar dos EUA foi retomado. Trump também anunciou que
pretende convidar Zelensky para uma nova visita à Casa Branca.

Nenhum comentário:
Postar um comentário