Comitê Regional do PCB – RS
Há pelo menos duas
semanas, os jornais do estado vêm avisando sobre a mudança brusca no clima
prevista para o fim de abril. Isso atravessou as conversas cotidianas em
paradas de ônibus, nos elevadores, no trem, etc. O que se faz quando vem a
chuva? Se fecha a porta, recolhe a roupa e carrega um guarda-chuva para o
trabalho. Todo trabalhador que se preze que tem de se deslocar de sua casa para
o trabalho costuma acompanhar cotidianamente a previsão do tempo. Uma das
razões mais fortes para isso é a crise climática no Estado do Rio Grande do
Sul, que nos últimos tempos tem sido palco de muitas inundações e alagamentos.
Mas, ainda assim, imaginem vocês, uma autoridade que, tendo todos os meios
possíveis de prever determinado incidente, foi pego de “surpresa” pela terceira
vez. Pois é, este é Eduardo Leite.
O Estado do Rio
Grande do Sul está enfrentando mais uma vez e de forma mais desastrosa a
tragédia das enchentes. Em janeiro, o Estado já tinha sido atingido pela mesma
tragédia, com vítimas fatais, momento em que nós denunciamos que tais eventos
climáticos seriam recorrentes. O que hoje ocorre no RS vai ocorrer no Brasil
afora, não é uma questão de se, mas sim de quando irá ocorrer.
Essa crise se dá
também devido a um projeto de estado e de cidades. O governo de Eduardo Leite
(PSDB), por exemplo, destinou apenas 50 mil reais para a Defesa Civil no
orçamento. Não há um plano de prevenção de inundações pelo governo Leite, nem
mesmo pelo governo Melo (MDB) para a cidade de Porto Alegre. Esse é o projeto
da burguesia, que não se preocupa com a vida da classe trabalhadora, mas apenas
com o lucro, com a privatização dos serviços públicos, que tem sido a tônica
dos governos Leite e Melo.
No Rio Grande do Sul,
o governo de Eduardo Leite (PSDB) foi classificado pelos principais jornais do
país como moderno, moderado, arrojado e jovem, pois não havia manifestado um
negacionismo científico, como a extrema direita. Porém, como todo partido
burguês, vem mostrando um negacionismo econômico que na prática nega as
sucessivas expressões da crise climática no Estado. Ou seja, mesmo com duas
tragédias ambientais na conta do despreparo do Estado, o governador Eduardo
Leite segue vestindo hipocritamente o colete da Defesa Civil enquanto destina
mais dinheiro para viagens à Europa do que para a prevenção e criação de
medidas em relação à emergência climática.
Tivemos de ver a cara
de pau de o Governador do Estado ir a público para dizer que não terá condições
de fazer todos os resgates necessários. Hoje presenciamos nas redes sociais muitos
pedidos de socorro de pessoas ilhadas em meio a enchentes implorando para a
Defesa Civil resgatá-las. E como se ainda não fosse o suficiente, o Governador
cinicamente pede pix para os trabalhadores, ou seja, eles criam a crise
climática e ainda querem que nós paguemos!
Não podemos nos
esquecer que tais eventos climáticos são produtos do capitalismo que, em sua
sede por poder e riquezas, gerou o aquecimento global que vem assolando o RS, o
Brasil e o mundo. Tais tragédias produzidas pela burguesia afetam fatalmente
sempre os pretos e pobres, as vilas e as periferias, onde aqueles de nós, que
não perdem suas vidas, perdem suas casas e o pouco que temos. E, assim, temos
que nos submeter à exploração burguesa para reconquistar tudo o que perdemos.
Já são mais de 100
mortes, 136 pessoas desaparecidas e 425 municípios atingidos pelas enchentes,
mais da metade do Estado. Além disso, as famílias estão perdendo suas casas,
móveis, roupas, alimentos, medicamentos. Por isso, é fundamental que nos
organizemos em solidariedade para proporcionar recursos para alimentação,
medicamentos, produtos de higiene, cobertores, roupas, lonas e também para
reconstrução de casas, compra de móveis.
Para o estado burguês
que produz uma centena de mortes em uma operação militar (Operação Escudo, por
exemplo), as dezenas de vidas, de nosso povo e nossa classe, que morreram e
morrerão nessa tragédia não significam nada. Portanto, não devemos nos enganar,
pois somente a classe trabalhadora e os povos oprimidos organizados serão
capazes de pôr fim a tais tragédias e nos libertar de toda a exploração e
opressão a que estamos sendo submetidos há gerações e que tem no aquecimento
global uma nova etapa do projeto capitalista para nosso extermínio. Apesar
disso, é fundamental seguir pressionando os governantes do estado burguês para
fornecerem recursos a fim de auxiliar as famílias atingidas!
Essa é a ideologia do
Estado Burguês: desumanizadora (!) que visa garantir o fundamental para
manutenção da exploração da nossa classe. Não somos todos igualmente
responsáveis por essa crise, não é a culpa da “humanidade”, mas sim de uma
parcela pequena que controla os meios de produção e consequentemente o poder
decisório produtivo de desmatar, poluir e produzir, não importando a
consequência.
Sim, a conquista de
mais e mais lucro se dá com a destruição de trabalhadores e da natureza. Com
isso a crise climática que afeta o RS e o mundo é uma das mais terríveis
facetas do capital. E as suas articulações e sobreposições de classe, raça e
gênero têm de ser tratadas de maneira política antes que seja tarde demais.
Essa crise climática
é sim política, pois todas essas tragédias são evitáveis! É necessário mudar
esse sistema econômico que torna a nossa vida mercantilizada. É necessário que
as medidas imediatas sejam cobradas dos governos burgueses, como um
planejamento construído junto à população, um orçamento digno destinado para a
prevenção de catástrofes, auxílio imediato às famílias atingidas com recursos
de alimentação, moradia, atendimento em saúde e para reconstrução de suas
casas.
Acreditamos centralmente na auto organização da classe trabalhadora e
povos oprimidos. Por isso, estaremos realizando uma campanha permanente de
solidariedade com apelo nacional. As doações devem ser feitas pelo Pix: brigadasolidariapcbrs@gmail.com
Todos os recursos recebidos serão
destinados aos territórios atingidos.