quarta-feira, 22 de maio de 2024

Haddad confronta extrema-direita na Câmara e afirma que déficit é herança de Bolsonaro

Calote dos precatórios no governo de Jair Bolsonaro pressionou as contas do atual governo

22 de maio de 2024

Fernando Haddad e Jair Bolsonaro (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados | REUTERS/Carla Carniel)


247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (22) que o déficit frequentemente atribuído pela extrema-direita ao governo do presidente Lula é herança do governo de Jair Bolsonaro, que deixou, segundo o titular da pasta, mais de R$ 130 bilhões em "calote". 

Ao rebater o deputado Filipe Barros (PL-PR) durante audiência na Câmara, Haddad afirmou: “Se nós não estabelecermos a verdade, não vamos andar. É fácil, o senhor vai colocar o vídeo da sua fala nas redes sociais e vai parecer que o senhor ganhou um debate. O senhor perdeu o debate. Foi isso que aconteceu aqui”. 

Ele prosseguiu, atribuindo a questão do déficit à irresponsabilidade fiscal do último governo. “Os dados que o senhor trouxe estão equivocados, nós pagamos o calote que foi dado aos governadores e aos credores do estado. Estou falando de mais de R$ 130 bilhões de calote que pagamos. O senhor vai botar na conta do presidente Lula?”, questionou. 

“Esse déficit não é nosso, o filho é teu, tem que assumir. Tem paternidade. Faz um exame de DNA que você vai saber quem deu o calote”, finalizou Haddad. 

Segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional, o governo central apurou déficit primário de R$ 1,527 bilhões em março. No acumulado do primeiro trimestre deste ano, entretanto, há superávit de R$ 19,431 bilhões. 

'Contas do País evoluíram de forma consistente após calotes e bagunça do governo Bolsonaro', diz Haddad

Ministro da Fazenda também assegurou que as áreas política e econômica do governo federal estão trabalhando em conjunto

22 de março de 2024

247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca normalizar a situação financeira do País após anos de má gestão econômica, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O titular da pasta citou o calote dos precatórios no governo de Jair Bolsonaro, que pressionou as contas do atual governo. Além disso, ele classificou a situação encontrada pela Fazenda em 2023 como uma "bagunça" deixada pelo governo anterior.

"Só em calote de precatórios foram cerca de R$ 90 bilhões no ano passado, que não haviam sido pagos. Não é fácil explicar para as pessoas e para as agências de classificação de risco que tivemos que pagar quase R$ 100 bilhões de um calote dado por um governo anterior. A área política e econômica estão trabalhando para normalizar as condições no país. Da bagunça que estava em 2022 para hoje, houve uma evolução bastante consistente", afirmou Haddad a jornalistas, confome citado pelo jornal O Globo.

Assista: https://www.brasil247.com/economia/contas-do-pais-evoluiram-de-forma-consistente-apos-calotes-e-bagunca-do-governo-bolsonaro-diz-haddad


terça-feira, 21 de maio de 2024

Morte de Raisi não vai parar o mundo multipolar, diz Pepe Escobar

 

Correspondente afirma que Rússia, China e Irã não permitirão que os "suspeitos de sempre" desestabilizem qualquer um de seus parceiros

Pepe Escobar e Ebrahim Raisi (Foto: Brasil 247 / Reuters)



247 – Em meio ao choque pela trágica morte do presidente iraniano Ebrahim Raisi, o analista geopolítico Pepe Escobar afirma que este evento não irá interromper o movimento em direção a um mundo multipolar, liderado por Rússia, China e Irã, em post no seu Telegram.

No domingo à noite, o helicóptero que transportava Raisi e seu ministro das Relações Exteriores, Hosein Amir Abdolahian, caiu em terreno montanhoso sob condições climáticas adversas na província do Azerbaijão Oriental. A equipe de resgate enfrentou dificuldades devido ao clima frio e ao terreno desafiador, encontrando os destroços apenas nas primeiras horas da segunda-feira. Todos os ocupantes morreram no acidente.

O líder supremo do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, garantiu que não haverá interrupção nos assuntos de estado, reforçando a estabilidade governamental apesar da perda do presidente e de seu ministro das Relações Exteriores. Essa estabilidade é crucial num momento em que o Irã enfrenta crescente dissidência interna e pressão internacional devido ao seu programa nuclear e laços militares com a Rússia.

Pepe Escobar, conhecido por suas análises incisivas sobre geopolítica, destacou a importância do Irã no contexto global atual. Segundo Escobar, a integração da Eurásia e o avanço em direção a um mundo multipolar estão sendo conduzidos por três atores principais: Rússia, China e Irã. Ele afirma que estes três países são vistos como ameaças existenciais pelos Estados Unidos, mas sua colaboração está mais forte do que nunca.

Escobar relata que, após o acidente, o presidente russo Vladimir Putin convidou o embaixador iraniano na Rússia, Kazem Jalali, para uma reunião de emergência com a elite da Defesa russa. Estavam presentes figuras chave como o até recentemente ministro da Defesa, Sergey Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov. Esta reunião simboliza o forte apoio da Rússia ao Irã, indicando que Moscou está comprometida em garantir a continuidade e a estabilidade do governo iraniano.

"Estamos mergulhados em uma guerra híbrida total, beirando o confronto direto em várias partes do planeta", disse Escobar. Ele enfatiza que Rússia, China e Irã estão interligados por parcerias estratégicas bilaterais e por sua participação em organizações como o BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai (SCO). Após a recente reunião entre Putin e Xi Jinping em Pequim, está claro que esses três países não permitirão que os "suspeitos de sempre" desestabilizem qualquer um de seus parceiros.

A morte de Raisi, portanto, embora seja um golpe significativo para o Irã, não representa um obstáculo insuperável para o movimento em direção a um mundo multipolar. A integração e a cooperação entre Rússia, China e Irã continuam a se fortalecer, sinalizando uma nova era nas relações internacionais, onde a hegemonia unipolar está sendo desafiada por uma aliança robusta e resiliente.

segunda-feira, 20 de maio de 2024

O ‘Almirante Negro’ ainda assombra a Marinha do Brasil

"João Cândido já foi consagrado como herói popular, da autêntica nacionalidade dos de baixo, agora falta o reconhecimento do Estado brasileiro"



Marcos Sampaio Olsen | João Cândido Felisberto (Foto: Pedro França/Agência Senado | Arquivo do Estado de SP)

Filho de ex-escravos, João Cândido Felisberto nasceu em 24 de junho de 1880, na fazenda Coxilha Bonita, que ficava na cidade de Encruzilhada do Sul (RS), e morreu no município de São João de Meriti (RJ), em 06 de dezembro de 1969. João Cândido, aos 13 anos, em 1893, participou da Revolução Federalista e em agosto do ano seguinte estava alistado no Arsenal de Guerra do Exército Nacional, iniciando precocemente seu envolvimento com as atividades militares.

Em 1895, ingressa na Escola de Aprendizes Marinheiros em Porto Alegre (RS) e no mesmo ano passa a compor a 16ª Companhia da Marinha do Brasil, já no Rio de Janeiro. Militar, com qualidades de liderança, foi elogiado e promovido como marinheiro de 1º classe, logo depois foi rebaixado por participar de brigas, comuns entre a marujada.

A Marinha, nesse período, era a força militar mais oligárquica e reacionária, filhos de latifundiários do interior do país e de famílias ricas do Rio de Janeiro, então capital federal, integravam o alto oficialato e o comando naval, com práticas e regimentos funcionais ainda herdados da Armada Imperial. Em contraste, a base da força era integrada por uma maioria negra e cabocla, muitos ex-escravos, e pessoas oriundas das camadas mais pobres da população brasileira.

Foi no ambiente dos porões e dos conveses das embarcações militares, transformadas em novos navios negreiros, que João Cândido forjou a sua personalidade e a conduta de liderança diante das adversidades.

A vida nas embarcações da Marinha brasileira era dura, com oficiais autoritários e sádicos. A chibata, usada nas fazendas para punir os escravos, era o instrumento utilizado para punir os marujos, o regimento disciplinar era severo e a menor infração poderia custar a vida do embarcado. Humilhações diversas, racismo institucionalizado, a péssima alimentação e o trabalho penoso tornavam a vida do marinheiro infernal nos quartéis e navios. Além de soldos insignificantes e proibições draconianas para os marinheiros quando não embarcados: proibidos de casar, estudar e de exercer atividades associativas e políticas.

A revolta da Chibata

A resposta dos marinheiros, liderados por João Cândido, contra os maus tratos, castigos físicos medievais e os abusos dos oficiais, ocorreu na última semana do mês de novembro de 1910, por cinco dias, de 22 a 27, quando explodiu a insurgência no interior dos navios.

sábado, 18 de maio de 2024

“Reconstrução do RS deve ser comandada pelo governo Lula, e não por Eduardo Leite", diz Altman

 

(Foto: ABR)








Breno Altman analisa desafios e aponta caminhos para reconstrução pós-enchentes no RS

247 - Em meio à tragédia que assola o Rio Grande do Sul, o jornalista Breno Altman concedeu uma entrevista ao programa Bom Dia 247, onde destacou a importância do governo federal na reconstrução do estado. Altman ressaltou que o governo federal demonstrou um desempenho superior em relação ao governo estadual no socorro às vítimas.

"O governo federal tem revelado um desempenho superior ao governo estadual nessa etapa de socorro das vítimas no Rio Grande do Sul", afirmou Altman. O jornalista levantou questionamentos sobre o modelo de reconstrução a ser adotado, especialmente no que diz respeito aos custos para os cidadãos afetados pelas enchentes. Ele questionou: "Ainda não está claro qual é o modelo de reconstrução que vai ser feito no Rio Grande do Sul. As pessoas vão ter que pagar pelas suas casas?"

Altman também destacou a necessidade de um plano abrangente para reconstruir a infraestrutura danificada pelas enchentes. Ele indagou: "Temos o problema da infraestrutura que está muito afetada, pontes, viadutos, estradas. Qual o modelo para reconstrução disso tudo?"

Para enfrentar os desafios da reconstrução, Altman considerou interessante um modelo que estabeleça um fundo específico, fora das regras fiscais, para destinar recursos necessários, que podem ultrapassar os 100 bilhões de reais, segundo especialistas. Ele enfatizou a importância de incluir medidas de prevenção, evitando reconstruir apenas replicando as condições prévias.

"O modelo que cria uma situação de emergência para o Rio Grande do Sul, com um fundo totalmente fora das regras fiscais para reconstrução é interessante, pois os recursos que muitos especialistas calculam serem necessários para etapa de reconstrução são enormes, o que inclui prevenção para novas enchentes. Há especialistas que calculam que esses valores podem chegar a mais de 100 bilhões de reais", explicou Altman.

O jornalista também alertou para a urgência na realização das obras de reconstrução, considerando a possibilidade de tragédias ainda mais devastadoras. Ele enfatizou: "Tem já que fazer as obras de reconstrução com a previsão que pode acontecer tragédias muito piores."

Altman defendeu que a reconstrução do Rio Grande do Sul deve ser liderada pelo governo federal, apontando que a legislação brasileira permite fórmulas desse tipo. Ele argumentou: "A reconstrução tem que ficar a cargo do governo federal e não do governo estadual. O governo federal deveria estabelecer programas diretos. A legislação brasileira permite fórmulas desse tipo."

Diante do cenário, Altman comparou a situação no estado a um "cenário de pós-guerra", ressaltando a magnitude dos danos e a necessidade de uma resposta coordenada e eficaz por parte do governo. Breno Altman levanta importantes questões sobre os próximos passos na reconstrução do Rio Grande do Sul, colocando em destaque a importância de uma atuação decisiva por parte do governo federal para enfrentar os desafios decorrentes das enchentes e garantir a recuperação do estado e de suas comunidades afetadas.

Assista:

https://www.youtube.com/watch?v=R9lFaG-JyeI&t=3s

Prefeito Melo despreza recomendações de especialistas para acabar a inundação de Porto Alegre em até 48 horas

 

Sebastião Melo (Foto: Giulian Serafim/PMPA)

"Governo municipal continua impassível no erro, na incompetência e no negacionismo", escreve Jeferson Miola




A inundação de Porto Alegre poderia acabar em no máximo 48 horas, se o prefeito Sebastião Melo acolhesse as recomendações de especialistas, acadêmicos, cientistas e de ex-diretores dos departamentos de Esgotos Pluviais [DEP] e de Águas e Esgotos [DMAE] que foram entregues a ele nesta 6ª feira, 17/5.

As medidas são perfeitamente exequíveis, e tiveram sua eficácia comprovada nas estações de bombeamento da cidade que já foram consertadas, como nos bairros Menino Deus e Cidade Baixa, onde as águas refluíram mesmo com a elevação do nível do Guaíba acima dos 5,2 metros na última 3ª feira, dia 14/5.

Os especialistas recomendam o emprego de mergulhadores para vedar as comportas e impermeabilizar as áreas de infiltração com materiais específicos; o fechamento hermético de tampas de dutos forçados para impedir o refluxo de águas; e a energização ou conserto das casas de bombas que devolvem a água invasora para o Guaíba.

O engenheiro Vicente Rauber, ex-diretor do DEP e signatário do documento, participou da reunião para formalizar a entrega do documento ao prefeito da capital, e relatou que “Melo os atendeu por alguns minutos e se retirou apressado, dizendo que continuaria falando conosco”. A reunião então continuou com o assessor do prefeito, Marcus Vinícius Caberlon, “que negou os problemas o tempo inteiro”.

Rauber disse, ainda, que diante da irredutibilidade do representante do Executivo Municipal, alertaram “que a Prefeitura tem duas saídas: ou continua o negacionismo, agravando a situação da cidade, ou adota as propostas e interrompe o sofrimento da população e os prejuízos da cidade”.

Apesar da sugestão destas medidas para acelerar o escoamento das águas e acabar com a inundação da cidade em até 48 horas, o governo municipal continua impassível no erro, na incompetência e no negacionismo, ameaçando deixar Porto Alegre alagada por pelo menos 20 dias, embora pudesse resolver o problema imediatamente.

Com esta postura, o prefeito Sebastião Melo assume a responsabilidade objetiva pela ampliação dos danos, dos prejuízos das pessoas, empresas e da economia local, assim como pela exposição da população ao risco de colapso sanitário ainda pior.

Com sua incompetência, negacionismo e negligência que causaram graves consequências à população, o prefeito Melo deve ser responsabilizado nas esferas administrativa, cível e criminal. A recusa em adotar as medidas para o escoamento urgente das águas da cidade que permitiriam o fim da inundação em até 48 horas agrava ainda mais a responsabilidade do prefeito.

EM TEMPO: O RGS está politicamente mal governado com dois bolsonaristas nos comandos da capital e o outro do Estado. E, haja negacionismo alimentado por uma população que foi em demasia pra Direita na última década. Para complicar   o prefeito Sebastião Melo contratou, possivelmente sem licitação,  a empresa de advocacia e consultoria à Alvarez e Marçal, a qual não tem afinidade com estudo e análise de desastre ambiental. Por coincidência, ou não, é a mesma empresa que o ex-juiz, político e tendencioso, Sérgio Moro, trabalhou após ter sido exonerado  do Minsitério da Justiça, pelo ex-presidente Bozo. 

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Conflito de interesses: empresa de manutenção antienchente de Porto Alegre tem ex-fiscal da prefeitura como sócio

Enchente em Porto Alegre (Foto: Ricardo Stuckert)








Thierri Moraes, ex-funcionário do DMAE, tornou-se diretor e sócio da Bombas Sinos, empresa que fiscalizava

17 de maio de 2024

247 - Uma das empresas responsáveis pela manutenção do sistema de contenção de inundações de Porto Alegre, a Bombas Sinos, conta entre seus sócios com Thierri Moraes, um ex-funcionário da prefeitura que, há dois anos, era responsável pela fiscalização da empresa. Moraes trabalhou no Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) entre 2017 e outubro de 2020, onde, entre outras funções, fiscalizava os contratos da Bombas Sinos, fornecedora que detém os maiores contratos de manutenção do sistema antienchente da cidade, totalizando mais de R$ 6 milhões, revela reportagem do The Intercept Brasil.

Em 2020, Moraes deixou a prefeitura e passou a trabalhar para a Bombas Sinos. A empresa foi multada pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio Grande do Sul (CREA-RS) no ano passado, devido a falhas na fiscalização de serviços de manutenção nas casas de bombas do sistema de proteção contra cheias. A multa foi aplicada enquanto Moraes ainda era o fiscal responsável.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul investiga possíveis falhas na manutenção do sistema de proteção contra cheias, que contribuíram para a enchente histórica recente na cidade. A Bombas Sinos afirma que as falhas se devem a problemas de concepção do projeto original, e não à manutenção prestada.

Thierri Moraes assumiu um cargo comissionado no DMAE em 2017, durante a gestão de Nelson Marchezan Jr. Em 2019, foi nomeado titular fiscal do contrato com a Bombas Sinos pelo então secretário de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário. Moraes deixou a prefeitura em outubro de 2020 e, um mês depois, passou a ser diretor comercial da Bombas Sinos. Em dezembro de 2023, tornou-se sócio da empresa.

A Bombas Sinos, além dos contratos de manutenção do sistema de proteção contra cheias, também possui outros contratos com a prefeitura, incluindo um acordo de R$ 1,5 milhão para fornecimento e instalação de comportas automáticas nas estações de bombeamento de esgoto pluvial misto.

A gestão do DMAE tem sido alvo de críticas e denúncias de precarização, apontadas como parte de uma estratégia para justificar a privatização do departamento. A redução no número de funcionários e nos investimentos ao longo dos anos tem comprometido a capacidade técnica e operacional do órgão.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Uma tragédia anunciada: o RS embaixo d’água novamente



Comitê Regional do PCB – RS

Há pelo menos duas semanas, os jornais do estado vêm avisando sobre a mudança brusca no clima prevista para o fim de abril. Isso atravessou as conversas cotidianas em paradas de ônibus, nos elevadores, no trem, etc. O que se faz quando vem a chuva? Se fecha a porta, recolhe a roupa e carrega um guarda-chuva para o trabalho. Todo trabalhador que se preze que tem de se deslocar de sua casa para o trabalho costuma acompanhar cotidianamente a previsão do tempo. Uma das razões mais fortes para isso é a crise climática no Estado do Rio Grande do Sul, que nos últimos tempos tem sido palco de muitas inundações e alagamentos. Mas, ainda assim, imaginem vocês, uma autoridade que, tendo todos os meios possíveis de prever determinado incidente, foi pego de “surpresa” pela terceira vez. Pois é, este é Eduardo Leite.

O Estado do Rio Grande do Sul está enfrentando mais uma vez e de forma mais desastrosa a tragédia das enchentes. Em janeiro, o Estado já tinha sido atingido pela mesma tragédia, com vítimas fatais, momento em que nós denunciamos que tais eventos climáticos seriam recorrentes. O que hoje ocorre no RS vai ocorrer no Brasil afora, não é uma questão de se, mas sim de quando irá ocorrer.

Essa crise se dá também devido a um projeto de estado e de cidades. O governo de Eduardo Leite (PSDB), por exemplo, destinou apenas 50 mil reais para a Defesa Civil no orçamento. Não há um plano de prevenção de inundações pelo governo Leite, nem mesmo pelo governo Melo (MDB) para a cidade de Porto Alegre. Esse é o projeto da burguesia, que não se preocupa com a vida da classe trabalhadora, mas apenas com o lucro, com a privatização dos serviços públicos, que tem sido a tônica dos governos Leite e Melo.

No Rio Grande do Sul, o governo de Eduardo Leite (PSDB) foi classificado pelos principais jornais do país como moderno, moderado, arrojado e jovem, pois não havia manifestado um negacionismo científico, como a extrema direita. Porém, como todo partido burguês, vem mostrando um negacionismo econômico que na prática nega as sucessivas expressões da crise climática no Estado. Ou seja, mesmo com duas tragédias ambientais na conta do despreparo do Estado, o governador Eduardo Leite segue vestindo hipocritamente o colete da Defesa Civil enquanto destina mais dinheiro para viagens à Europa do que para a prevenção e criação de medidas em relação à emergência climática.

Tivemos de ver a cara de pau de o Governador do Estado ir a público para dizer que não terá condições de fazer todos os resgates necessários. Hoje presenciamos nas redes sociais muitos pedidos de socorro de pessoas ilhadas em meio a enchentes implorando para a Defesa Civil resgatá-las. E como se ainda não fosse o suficiente, o Governador cinicamente pede pix para os trabalhadores, ou seja, eles criam a crise climática e ainda querem que nós paguemos!

Não podemos nos esquecer que tais eventos climáticos são produtos do capitalismo que, em sua sede por poder e riquezas, gerou o aquecimento global que vem assolando o RS, o Brasil e o mundo. Tais tragédias produzidas pela burguesia afetam fatalmente sempre os pretos e pobres, as vilas e as periferias, onde aqueles de nós, que não perdem suas vidas, perdem suas casas e o pouco que temos. E, assim, temos que nos submeter à exploração burguesa para reconquistar tudo o que perdemos.

Já são mais de 100 mortes, 136 pessoas desaparecidas e 425 municípios atingidos pelas enchentes, mais da metade do Estado. Além disso, as famílias estão perdendo suas casas, móveis, roupas, alimentos, medicamentos. Por isso, é fundamental que nos organizemos em solidariedade para proporcionar recursos para alimentação, medicamentos, produtos de higiene, cobertores, roupas, lonas e também para reconstrução de casas, compra de móveis.

Para o estado burguês que produz uma centena de mortes em uma operação militar (Operação Escudo, por exemplo), as dezenas de vidas, de nosso povo e nossa classe, que morreram e morrerão nessa tragédia não significam nada. Portanto, não devemos nos enganar, pois somente a classe trabalhadora e os povos oprimidos organizados serão capazes de pôr fim a tais tragédias e nos libertar de toda a exploração e opressão a que estamos sendo submetidos há gerações e que tem no aquecimento global uma nova etapa do projeto capitalista para nosso extermínio. Apesar disso, é fundamental seguir pressionando os governantes do estado burguês para fornecerem recursos a fim de auxiliar as famílias atingidas!

Essa é a ideologia do Estado Burguês: desumanizadora (!) que visa garantir o fundamental para manutenção da exploração da nossa classe. Não somos todos igualmente responsáveis por essa crise, não é a culpa da “humanidade”, mas sim de uma parcela pequena que controla os meios de produção e consequentemente o poder decisório produtivo de desmatar, poluir e produzir, não importando a consequência.

Sim, a conquista de mais e mais lucro se dá com a destruição de trabalhadores e da natureza. Com isso a crise climática que afeta o RS e o mundo é uma das mais terríveis facetas do capital. E as suas articulações e sobreposições de classe, raça e gênero têm de ser tratadas de maneira política antes que seja tarde demais.

Essa crise climática é sim política, pois todas essas tragédias são evitáveis! É necessário mudar esse sistema econômico que torna a nossa vida mercantilizada. É necessário que as medidas imediatas sejam cobradas dos governos burgueses, como um planejamento construído junto à população, um orçamento digno destinado para a prevenção de catástrofes, auxílio imediato às famílias atingidas com recursos de alimentação, moradia, atendimento em saúde e para reconstrução de suas casas.

Acreditamos centralmente na auto organização da classe trabalhadora e povos oprimidos. Por isso, estaremos realizando uma campanha permanente de solidariedade com apelo nacional. As doações devem ser feitas pelo Pix: brigadasolidariapcbrs@gmail.com

Todos os recursos recebidos serão destinados aos territórios atingidos.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

TCU determina que Exército cancele registros de CACs de condenados, mortos ou investigados

Armas (Foto: KACPER PEMPEL/REUTERS)


Um relatório do Exército revelou que 19.479 pessoas com processos de execução penal em aberto possuíam registro ativo para posse de armas

15 de maio de 2024


247 – O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou nesta quarta-feira (15) que o Exército adote 180 medidas para revogar registros de CACs (Caçadores, Atiradores esportivos e Colecionadores de armas) que tenham sido condenados, estejam mortos ou sejam alvos de mandados de prisão.

As ordens, deliberadas pelo plenário do tribunal, tiveram como base uma auditoria da própria corte de contas sobre o controle de armas conduzido pelo Exército de 2019 a 2022. O relatório revelou que 2.579 mortos tinham registro ativo no sistema de armamento do Exército, sem informações sobre onde estaria o arsenal.

O documento ainda aponta que 19.479 pessoas com processos de execução penal em aberto possuíam registro ativo para posse de armas, assim como outras 9.387 pessoas que eram alvos de mandados de prisão.

Dentre as falhas identificadas na auditoria, foi constatado que 38.142 CACs estão com o registro vencido ou cancelado, mas seguem em posse dos armamentos. Segundo o TCU, um dos fatores que contribuiu para os problemas de fiscalização  foi o aumento no número de registros de CACs durante o governo do ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL). (Com informações da Folha).

EM TEMPO: A política armamentista do governo do ex-presidente Bozo, visava estimular o ódio e a guerra civil.