Caiado, Netanyahu e Tarcísio (Foto: Reprodução ) |
Por se associarem ao genocídio, Tarcísio e Caiado
merecem o repúdio não só das populações paulista e goiana, mas de todo o povo
brasileiro
20 de março de 2024
Por José Reinaldo Carvalho - Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de
Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), estão visitando o estado sionista
israelense, autor de um dos mais hediondos genocídios de que se tem notícia na
história, comparável apenas ao holocauso promovido por Hitler contra populações
judaicas durante a vigência do regime nazista na Alemanha.
Os executivos estaduais foram ao
centro mundial do reacionarismo, do genocídio e do massacre, onde se
confraternizaram com os verdugos do povo palestino, brindaram apoio aos crimes
de guerra dos sionistas e recolheram versões de uma narrativa criminosa para
depois reproduzi-la aqui.
Emblematicamente visitaram o local
onde a 7 de outubro do ano passado ocorreram os enfrentamentos entre
combatentes do Hamas e soldados e milicianos sionistas. No roteiro do giro de
Tarcísio e Caiado os anfitriões incluíram uma visita ao Museu do Holocausto, à
indústria de aviação civil e militar e aos dirigentes e operadores dos centros
de espionagem das forças de segurança israelenses que têm um imenso dossiê de
crimes arquitetados e executados contra o povo palestino ao longo de 76 anos.
Os dois governadores direitistas se
reuniram com os chefes de Estado e do governo sionistas - o presidente Isaac
Herzog e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu - e apertaram suas mãos tintas
com o sangue palestino.
O ocupante do Palácio dos Bandeirantes
respondeu com cinismo quando indagado sobre os objetivos da visita. Segundo
ele, é sem ideologia e sem política e está relacionada apenas ao aprofundamento
da parceria entre os governos de Brasil e Israel. Uma rematada mentira, se
considerarmos que estamos vivendo o momento mais crítico dessas relações desde
que o primeiro-ministro de Israel ofendeu a honra do presidente Lula e se
incompatibilizou com o Estado nacional brasileiro. Enquanto Israel não se
retratar, não há aprofundamento possível das relações bilaterais.
Durante o encontro com o presidente
israelense, os governadores de Goiás e de São Paulo cometeram crime de traição
nacional, ao atacaram o presidente Lula pela justa condenação que o líder
brasileiro fez do genocídio. E sem que tenham autoridade para tanto, pediram
desculpas em nome do Brasil ao presidente e ao povo israelense.
Independentemente do enquadramento jurídico da declaração, refiro-me ao crime
político que ela expressa. Os dois governadores se associaram à espúria
campanha que o Estado pária de Israel está fazendo contra o Brasil e contribuem
para enxovalhar a honra e o prestígio da nação, atitude que é inadmissível a
uma autoridade constituída desde todos os pontos de vista, incluindo o
ético.
Tarcísio e Caiado tomaram partido
como cúmplices do genocídio. Em declarações à imprensa, destacaram que
mantiveram conversações com as autoridades israelenses sobre o “rastro de
destruição”, atribuindo-o às ações do Hamas. Contudo, desde 7 de outubro do ano
passado, o que a humanidade vê é o rastro de destruição e assassinatos
cometidos por Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, o que já motivou
eloquentes resoluções na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança da ONU,
que só não foram executadas em razão do veto dos Estados Unidos. O genocídio
suscitou também um processo contra Israel em tramitação na Corte Penal
Internacional.
No mesmo dia em que Tarcísio e Caiado
confraternizavam com os genocidas de Tel Aviv, o alto comissário das Nações
Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, alertou o mundo para a ameaça de
Israel usar a fome como um método de guerra na Faixa de Gaza, ao obstruir a
entrada da assistência humanitária no território. O diplomata denunciou que a
fome é iminente no norte de Gaza devido às limitações à ajuda humanitária. Uma
catástrofe humanitária de fome generalizada pode ocorrer a qualquer momento
entre os meses de março e maio, de acordo com um relatório da iniciativa
Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC) da ONU, publicado
na última segunda-feira (18).
"O bloqueio de 16 anos de Israel
a Gaza já teve um impacto severo sobre os direitos humanos da população civil,
deixando a economia local devastada e criando uma dependência da ajuda. A extensão
das restrições contínuas de Israel à entrada de ajuda em Gaza, juntamente com a
maneira como continua a conduzir hostilidades, pode equivaler ao uso da fome
como método de guerra, que é um crime de guerra", disse Turk em um
comunicado.
"A situação de fome, inanição e
fome extrema é resultado das extensas restrições de Israel à entrada e
distribuição de ajuda humanitária e bens comerciais, deslocação da maioria da
população, bem como a destruição de infraestruturas civis cruciais",
ressalta a nota. Simultaneamente, divulgou-se que 27 crianças morreram em um
hospital na Faixa de Gaza por desidratação causada por inanição.
A opinião pública brasileira aguarda ansiosa o relato e a condenação que Tarcísio e Caiado farão sobre tais ocorrências. Enquanto isto não ocorrer, ambos merecem o repúdio não só das populações paulista e goiana, mas de todo o povo brasileiro.
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