domingo, 31 de março de 2024

Pela punição dos golpistas de ontem e de hoje!






















31 de março de 2023 

Comissão Política Nacional do PCB

A história do Brasil é marcada pela impunidade dos carrascos das classes trabalhadoras. As classes dominantes sempre se esforçaram para bloquear a ação independente das massas populares na vida política nacional, seja por meio da repressão, por meio da cooptação ou por meio das “transições por cima”, pactuadas entre as elites em resposta às graves crises. Nesse quadro histórico, até mesmo o poderoso movimento grevista do proletariado, que deu início à derrocada da Ditadura Militar-Burguesa implantada em 1° de abril de 1964, foi incapaz de travar até o fim uma luta pela punição dos torturadores, militares golpistas e empresários que financiaram as ações da repressão.

Não é à toa, então, que os comandantes golpistas das Forças Armadas e das Polícias Militares e Civis continuem se sentindo à vontade para, mesmo sob a República dita democrática, conspirar suas aventuras golpistas e promover a mais brutal violência e opressão contra o povo trabalhador e sua luta por dignidade.

Por isso, neste 1° de abril, os movimentos populares e organizações socialistas irão às ruas em todo o país, como fazemos todos os anos nesta data, para denunciar os crimes da ditadura militar e exigir memória, verdade e justiça – o que não pode existir sem a punição de todos os torturadores e agentes do antigo regime. Mais que isso: vamos às ruas expor a conexão entre esses crimes do passado e os crimes dos militares e golpistas no presente, como sua responsabilidade pelo verdadeiro genocídio promovido no Brasil pelas mãos do governo Bolsonaro, durante a pandemia da Covid-19.

Sabemos que as instituições republicanas burguesas são impotentes, por si mesmas, para levar a cabo essa punição: o histórico de impunidade que pesa sobre nossa vida nacional é produto da tendência das instituições liberais à reconciliação permanente com aqueles que conspiram contra elas, em nome da “estabilidade” e da “governabilidade” republicana. Apenas o movimento das massas trabalhadoras independentes pode, através da sua organização e da sua pressão, forçar essas instituições letárgicas e lenientes à ação, sob medo de que o povo tome em suas próprias mãos a solução dessa e de todas suas demais reivindicações.

Sem o combate imediato aos golpistas de ontem e de hoje, a força dos reacionários seguirá se consolidando sem quaisquer obstáculos. Apenas o Poder Popular pode travar uma luta até o fim pela punição dos dirigentes bolsonaristas e de todos os seus cúmplices militares e civis.

Pela punição dos torturadores, golpistas e genocidas de ontem e de hoje!

Sem anistia para os crimes dos bolsonaristas militares e civis!

Pelo Poder Popular e o socialismo!

sábado, 30 de março de 2024

Milhares vão às ruas de Tel Aviv em protesto contra Benjamin Netanyahu, denunciado por genocídio (vídeo)

Benjamin Netanyahu e um protesto em Israel (Foto: Reprodução I Reuters )







O primeiro-ministro israelense deu continuidade ao massacre na Faixa de Gaza mesmo após ser alvo de denúncias em órgãos internacionais

30 de março de 2024

247 - Milhares de manifestantes foram às ruas de Tel Aviv, neste sábado (30), contra o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de genocídio tanto na Corte Internacional de Justiça, que julga Estados, quanto no Tribunal Penal Internacional, que julga indivíduos. 

Os participantes do protestos querem a libertação dos reféns em poder do grupo islâmico Hamas, da Faixa de Gaza. Em troca, as forças de Israel teriam de libertar prisioneiros palestinos.

De acordo com estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde de Gaza, mais de 32,5 mil pessoas morreram e outras 75 mil pessoas estão feridas desde o dia 7 de outubro, quando começaram os bombardeios israelenses.

https://www.brasil247.com/mundo/milhares-vao-as-ruas-de-tel-aviv-em-protesto-contra-benjamin-netanyahu-denunciado-por-genocidio-video

sexta-feira, 29 de março de 2024

'Ser de esquerda não é a mesma coisa que ser comunista': presidente do Superior Tribunal Militar repercute nas redes (vídeo)

Francisco Joseli Parente Camelo (Foto: Divulgação)

'Não vejo o presidente Lula ou jamais o vi como um comunista', disse o tenente-brigadeiro Francisco Joseli Parente Camelo




247 - O presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Francisco Joseli Parente Camelo, disse que o comunismo não existe no Brasil. De acordo com o tenente-brigadeiro-do-ar, "ser de esquerda" não é a mesma coisa que ser comunista. “Ser de esquerda" é querer um país melhor, acrescentou.

"Outra coisa: o presidente Lula é um sindicalista. Eu não vejo o presidente Lula ou jamais o vi como um comunista. Por que as pessoas têm uma mania de pensar que ser de esquerda é ser comunista? Isso não existe", disse.

 “[A esquerda] quer um Brasil melhor, um Brasil mais solidário, um Brasil que pense no mais pobre, é tudo isso o que a esquerda pensa. Então, ser de esquerda não é ser comunista. E o comunismo, para mim, não existe no nosso país".

Assista o vídeo:


EM TEMPO: É bem provável que uma ala considerável dos militares mais capacitados e inteligentes estejam num processo de aprimoramento cultural para não caírem na tentação de um ex-militar arruaceiro e de extrema-direita, o tal do Bozo, outrora expulso do Exército, o qual prejudicou sobremaneira a imagem das Forças Armadas e humilhou diversos militares de alta patente. Deste modo, as escolas militares devem preparar  os militares para a vida, para a democracia, para o estado de direito, para a geopolítica e não para rasgarem a Constituição Federativa do Brasil.  

Brasil e França assinam 21 acordos em visita de Macron

Os franceses ocupam a posição de 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos


Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert / PR)


247 - Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Emmanuel Macron, assinaram, na tarde desta quinta-feira (28/3), no Palácio do Planalto, 21 acordos, entre eles o de cooperação jurídica internacional em matéria penal; declaração de intenções relativas ao reforço da cooperação contra o garimpo ilegal; cartas de intenção sobre cooperação entre o Parque Amazônico da Guiana e o Parque das Montanhas de Tumucumaque; e a declaração de intenções destinadas a reforçar a cooperação franco-brasileira a fim de garantir a integridade do espaço informativo. A França ocupa a posição de 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos. Em 2023, a corrente de comércio bilateral alcançou US$ 8,4 bilhões, com US$ 2,9 bilhões de exportações brasileiras.

Lula condecorou Macron com o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros. Originária da extinta Ordem Imperial do Cruzeiro, a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul foi criada em 1932 para galardoar os nacionais e os estrangeiros que se tenham tornado dignos do reconhecimento da Nação brasileira.

Macron também condecorou a primeira-dama, Janja Lula da Silva, com a insígnia da Ordem Nacional da Legião de Honra no grau de Oficial.

Lula ressaltou que dentre as potências tradicionais, nenhuma é mais próxima do Brasil do que a França. Segundo ele, no atual contexto de alta complexidade do cenário internacional, o diálogo entre os dois países representa uma ponte entre o Sul Global e o mundo desenvolvido a favor da superação de desigualdades estruturais e de um planeta mais sustentável.

 “O Brasil e a França estão decididos a trabalhar juntos para promover, pelo debate democrático, uma visão compartilhada do mundo. Uma visão fundamentada na prioridade da produção sobre a finança improdutiva, da solidariedade sobre o egoísmo, da democracia sobre o totalitarismo, da sustentabilidade sobre a exploração predatória”, frisou.

“Essa gama de assuntos se reflete  nos mais de 20 acordos que celebramos hoje. Conversamos sobre o sucesso econômico do Fórum Brasil-França, realizado em São Paulo, e que não se reunia presencialmente desde 2019. Examinamos formas de ampliar e diversificar o comércio que, no ano passado, alcançou 8.4 bilhões de dólares, e que pode e deve crescer muito mais”.

Lula afirmou que apresentou ao presidente Macron as novas possibilidades de investimento em infraestrutura e sustentabilidade, criadas pelo PAC e pelo programa de neo industrialização.

Ainda no discurso, o presidente brasileiro defendeu a reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas e o fim dos conflitos na Faixa de Gaza.

O presidente Macron falou das passagens por Belém (PA), Itaguaí (RJ), São Paulo e, agora, Brasília, onde pode discutir temas como meio ambiente, economia, defesa e cultura. Ele lembrou que a maior faixa de fronteira da França fica com o Brasil, na Guiana Francesa. Macron disse que volta ao Brasil neste ano e em 2024. “Eu vou voltar em novembro para a Cúpula do G20 e virei, também, no ano que vem para a COP e (Lula) está convidado para, em 2025, uma visita de Estado à França para que possamos manter a amizade e festejar as relações diplomáticas”, ressaltou Macron.

Atos adotados entre Brasil e França

quarta-feira, 27 de março de 2024

Nos 60 anos do golpe, militares fazem revisão ideológica do comunismo e se abrem ao diálogo com Lula por pacto cívico militar

"A síntese do presidente do STM de que a esquerda brasileira não é comunista abre, portanto, uma janela de oportunidade para debate", diz César Fonseca

27 de março de 2024

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e militares (Foto: Ricardo Stuckert | ABR)


No calor do tema sobre se deve ou não debater o golpe de 1964, declaração do presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Francisco Joseli Parente Camelo, à TV Bandeirante, de que a esquerda brasileira não é comunista, levanta a possibilidade de discussão que favorece o fortalecimento da democracia.

A partir desse entendimento da alta cúpula jurídico-militar, abre-se ou não espaço para negociar pacto político cívico-militar quanto à conclusão do ministro de que a esquerda quer, na verdade, é o bem do Brasil, a justiça social e não o confronto ideológico?

Se a esquerda é a encarnação do desejo nacional por uma sociedade justa e equitativa para promover desenvolvimento com distribuição da renda nacional, a reflexão do ministro do STM, ao contrário das acusações da direita e ultradireita bolsonarista, visa o entendimento e não o desentendimento entre esquerda e militares, que racham, histórica e institucionalmente, o país há quase 90 anos, desde a Intentona Comunista de 1935, na Era Vargas

Estaria ou não aberta oportunidade de criação de um Partido da Justiça Social (PJS), no Brasil, como instrumento da esquerda nacional, para negociar pacto político cívico-militar, capaz de produzir reformas necessárias à consolidação da democracia brasileira?

Que a esquerda brasileira não é comunista, que talvez nunca tenha sido, demonstram inúmeros testemunhos.

O substrato epistemológico que sustenta tal conclusão do ministro é o de que, essencialmente, a esquerda deseja que haja, tão somente, justiça social para que a sociedade brasileira seja feliz e próspera.

Desse modo, a sugestão do presidente do STM parece ser favorável que a esquerda se represente como um bloco político unido como Partido da Justiça Social (PJS), para materializar sua essência democrática.

terça-feira, 26 de março de 2024

Adolescentes fogem do sistema socioeducativo em Pernambuco


Internos queimaram cadeiras e colchões

26 de março de 2024

Sistema socioeducativo em Pernambuco (Foto: Ricardo Wolffenbüttel / SECOM)


Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - São Luís

Cinco dos oito adolescentes que fugiram nesta segunda-feira (25) de uma unidade de atendimento socioeducativo em Garanhuns, no agreste pernambucano, foram encontrados. Segundo a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Pernambuco, a fuga aconteceu na noite de ontem, após um tumulto na unidade.

Os adolescentes queimaram cadeiras e colchões, o que provocou muita fumaça no Centro de Atendimento Socioeducativo e Centro de Internação Provisória (Case/Cenip), que atende adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.

Segundo a Funase, as buscas pelos três adolescentes continua a conta com o apoio da Polícia Militar. O órgão disse ainda que a unidade encontra-se normalizada.

 “Na ocasião, nenhum adolescente se lesionou e um agente socioeducativo se feriu, mas foi prontamente atendido e passa bem”, informou a assessoria da Funase. Atualmente o Case/Cenip de Garanhuns atende 47 socioeducandos. Entre as atividades realizadas, segundo a Funase, estão aulas pela manhã e tarde, oficinas profissionalizantes, atividades recreativas, atendimento técnico, entre outras ações. O órgão afirmou ainda que o governo de Pernambuco autorizou a seleção simplificada para 271 vagas de agentes socioeducativos na Funase, que terá edital lançado em breve.

segunda-feira, 25 de março de 2024

É guerra: o moedor de carne começa agora para valer

 

Chega de jogo de sombras. Agora é tudo às claras. E é vale-tudo.


Presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia) mais tropas russas em solo ucraniano ao fundo (Foto: Reuters)


Prova 1: Sexta-feira, 22 de março de 2024. É guerra. O Kremlin, através de Peskov, finalmente o admite oficialmente.

A citação oficial:

"A Rússia não pode permitir a existência em suas fronteiras de um estado que tem a intenção documentada de usar quaisquer métodos para se apoderar da Crimeia, sem falar no território das novas regiões".

Tradução: o vira-lata de Kiev fabricado pelo Hegêmona está condenado à derrota, de uma forma ou de outra. O sinal do Kremlin: "Ainda nem começamos" começa agora.

Prova 2: Na sexta-feira à tarde, algumas horas depois de Peskov. Confirmado por uma fonte europeia séria – não uma fonte russa. O primeiro contrassinal.

Tropas das forças armadas regulares da França, Alemanha e Polônia acabam de chegar, por via ferroviária e aérea, a Cherkassy, ao sul de Kiev. Um contingente significativo. Nenhum número foi vazado. Eles estão sendo alojados em escolas. Para todos os fins práticos, são tropas da OTAN.

Isso sinaliza: "Que comecem os jogos". Do ponto de vista russo, cartões de visita do Sr. Khinzal terão grande procura.

Prova 3: Sexta-feira à noite. Ataque terrorista no Crocus City, uma casa de shows a noroeste de Moscou. Um comando fortemente treinado atira à queima-roupa em pessoas próximas, a sangue frio, e em seguida ateia fogo no prédio. O contrassinal definitivo: com o fracasso no campo de batalha, tudo o que resta é terrorismo em Moscou.

E no momento em que o terror atacava em Moscou, os Estados Unidos e o Reino Unido, no sudoeste da Ásia, bombardeavam Sana’a, a capital do Iêmen, com pelo menos cinco ataques consecutivos.

Tudo muito bem coordenado. O Iêmen acaba de firmar um acordo estratégico com a Rússia-China em Oman, permitindo navegação desimpedida no Mar Vermelho, e está entre os principais candidatos ap ingresso na expansão dos BRICS+ na cúpula de Kazan, a ter lugar em outubro próximo.

Os houthis não apenas vem infligindo uma espetacular derrota à talassocracia, como também têm a seu lado a parceria estratégica Rússia-China. A garantia feita à China e à Rússia de que seus navios podem circular sem problemas no Bab-al-Mandeb, no Mar Negro e no Golfo de Arden teve como contrapartida o total apoio político de Pequim e Moscou.

Os patrocinadores continuam os mesmos

Alta madrugada em Moscou, logo antes do alvorecer do dia 23, um sábado. Praticamente ninguém dorme. Boatos dançam como dervixes em incontáveis telas. Nada, é claro, foi confirmado – ainda. Apenas o FSB terá as respostas. Uma investigação maciça está em andamento.

O timing do massacre de Crocus é bastante intrigante. Em uma sexta-feira durante o Ramadã. Verdadeiros muçulmanos sequer sonhariam em perpetrar assassinato em massa de civis desarmados em uma ocasião tão sagrada. Compare-se isso a como o nome do ISIS vem sendo freneticamente citado pelos suspeitos de sempre.

Um pouco de pop. Citando o Talking Heads: "Isso não é festa/ isso não é disco/isso não é badalação". Ah, não, é mais como uma operação psicológica made in USA. O ISIS são capangas mercenários. Não são verdadeiros muçulmanos. E todos sabem quem os financia e os arma.

domingo, 24 de março de 2024

Prisões de supostos mandantes não esclarece quem são os mentores do assassinato da Marielle

 


Ainda é preciso apurar, por exemplo, as conexões do clã Bolsonaro, em cujo condomínio Vivendas da Barra Ronnie Lessa também vivia, sugere Jeferson Miola

24 de março de 2024


Ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e Domingos Brazão (Foto: ABR | Reprodução)

A prisão dos mandantes do assassinato de Marielle Franco, que resultou na morte também do seu motorista Ânderson Gomes, não esclarece [1] qual motivação e interesse por trás do crime, e, tampouco, [2] quem são os mentores desta bárbara execução política.

O esclarecimento parcial dos fatos só andou efetivamente até aqui depois que a PF assumiu a investigação do crime, em fevereiro de 2023, por decisão do então ministro da Justiça Flávio Dino.

A elucidação do crime não avançou durante os nove meses do governo Temer, de abril a dezembro de 2018, e nos quatro anos de governo militar com Bolsonaro, de 2019 a 2022, devido a interferências e manipulações políticas.

A revelação de Ronnie Lessa sobre a identidade de seus supostos contratantes/mandantes não preenche todas as lacunas deste crime complexo e executado com níveis sofisticados de planejamento, inteligência e articulação política, policial e institucional.

O caso é um enredo cinematográfico com muitas tramas. Teve agente infiltrado no PSOL, falsos testemunhos, sabotagens, obstrução das investigações, destruição de provas. Houve também assassinatos de testemunhas e afastamentos de autoridades policiais e do MP.

Apesar de a PF declarar o caso encerrado com a prisão de Domingos e Chiquinho Brazão e de Rivaldo Barbosa, vários aspectos nebulosos cobram a continuidade e o aprofundamento das investigações.

Muitos aspectos ainda precisam ser esclarecidos, por isso a investigação não pode ser encerrada.

Ainda é preciso apurar, por exemplo, as conexões do clã Bolsonaro, em cujo condomínio Vivendas da Barra Ronnie Lessa também vivia e cujos filhos das famílias namoravam.

Também está pendente de apuração o papel desempenhado no processo pelos generais Braga Netto, interventor federal no Rio, e Richard Nunes, secretário de Segurança Pública, ambos designados pelo general Villas Bôas, então comandante do Exército, e nomeados por Temer.

A intervenção no Rio em 2018 por meio de uma operação de GLO foi uma providência da cúpula do Exército no contexto da eleição presidencial daquele ano. A intervenção era um evento essencial à estratégia militar para disputar a eleição com Bolsonaro, alguém historicamente vinculado às milícias.

Neste sentido, ganha atualidade o agradecimento de Bolsonaro ao general Villas Bôas, então comandante do Exército: “General Villas Boas, o que já conversamos morrerá entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”, ele declarou.

Em reportagem de abril de 2020, o repórter policial Humberto Trezzi descreveu que “o Exército conseguiu usufruir dos bancos de dados das polícias Civil e Militar fluminenses e também montou um mapa das ações criminais no Rio”. E complementou que “Braga Netto ganhou dos amigos a reputação de ter o CPF, nome e endereço de cada miliciano no Rio”.

Chama atenção, por isso, que o inquérito não tenha extraído maiores consequências do fato de que, na véspera do assassinato de Marielle, o general Richard Nunes tenha nomeado Rivaldo Barbosa para a chefia da Polícia Civil contrariando objeções da Subsecretaria de Inteligência, que alertou sobre o envolvimento de Rivaldo com milícias.

O jornalista Lauro Jardim relata que o delegado da PF Fábio Galvão, na época o subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública que alertou sobre os vínculos de Rivaldo Barbosa com as milícias, foi demitido pelo general Braga Netto cinco meses depois. Circula a informação de que a ordem para bancar Rivaldo Barbosa para controlar e manipular a investigação veio de um escalão acima do próprio Braga Netto.

Também chama atenção no inquérito a ausência de apuração do episódio ocorrido da tarde de 14 de março de 2018, em que o porteiro do Vivendas da Barra foi autorizado telefonicamente por Bolsonaro a permitir a entrada de Élcio Queiroz no condomínio para se encontrar com Ronnie Lessa. Por que Élcio se comunicaria com a casa de Bolsonaro se em tese se dirigia à casa de Lessa?

Outra omissão do inquérito é a contradição de Carlos Bolsonaro, que mentiu estar presente em sessão da Câmara de Vereadores naquela mesma tarde de 14 de março, quando na realidade estava no Vivendas da Barra no mesmo momento em que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz ultimavam os preparativos para a execução do assassinato. Carlos reuniu com os assassinos?

Estranhamente, Carlos e Jair Bolsonaro, sempre muito comunicativos nas redes sociais, não fizeram nenhuma postagem na plataforma X, ex-twitter, sobre as prisões ocorridas neste domingo, 24/3.

A prisão dos supostos mandantes do assassinato da Marielle avança um passo importante na elucidação do crime, mas ainda é fundamental prosseguir até a apuração completa, para se chegar aos seus mentores, e se esclarecer os motivos e interesses por trás dele.