quarta-feira, 4 de outubro de 2023

General alvo da PF dirige instituto que lançou "projeto de nação" com Villas Bôas

(Foto: Reprodução/Exército do Brasil)


O projeto do Instituto Sagres e dos institutos Villas Bôas e Federalista previa o fim da gratuidade na saúde e na educação e exploração de terras indígenas

4 de outubro de 2023


247 - Alvo de uma operação da Polícia Federal na última sexta-feira (29), sob suspeita de apoiar os eventos ocorridos em 8 de janeiro, o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes é diretor do instituto que colaborou na criação de um "projeto de nação" para o país em parceria com o general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército. >>> General Ridauto Lúcio Fernandes, alvo da Operação Lesa Pátria era um kid preto, com tática de guerra irregular

Ridauto Lúcio Fernandes, segundo relata o UOL, atua como diretor de Defesa e Segurança no Instituto Sagres, uma organização fundada em 2004 por coronéis da reserva. No início de agosto, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os eventos de 8 de janeiro determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do Instituto Sagres, bem como de três de seus líderes, todos eles militares.

Em maio de 2022, a cinco meses das eleições, o Instituto Sagres lançou um "projeto de nação" em colaboração com os institutos Villas Bôas e Federalista. Esse documento foi apresentado em um evento realizado em Brasília com o apoio do general Hamilton Mourão, que na época era vice-presidente e agora é senador.

É importante observar que o projeto não possui uma ligação formal com as Forças Armadas, porém, foi concebido e revisado por militares. A proposta inclui medidas como o fim da gratuidade na saúde e nas universidades, a defesa da exploração de terras indígenas e a referência à necessidade de "limitar a interferência do movimento globalista", entre outros pontos.

O governo Jair Bolsonaro (PL) desempenhou um papel ativo na elaboração do projeto, com o general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva coordenando o trabalho. Ele afirmou que ministérios da gestão anterior distribuíram questionários em todo o país para contribuir com a produção do texto.

Três líderes do Instituto Sagres estão sob investigação da CPMI. Além de Ridauto Fernandes, que participou dos eventos de 8 de janeiro, a comissão está focando em Rocha Paiva, diretor de Geopolítica e Conflitos do Sagres, e no general reformado Raul Sturari, atual presidente da entidade. Procurado, o Instituto Sagres não se manifestou.

Vale destacar que o general Rocha Paiva é ex-presidente da ONG Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), fundada por apoiadores da ditadura militar. A entidade está desativada atualmente. Ela publicamente defendia figuras como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi condenado por tortura (ele faleceu em 2015).

Em março de 2021, Rocha Paiva publicou um manifesto intitulado "aproxima-se o ponto de ruptura", no qual criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou as condenações do presidente Lula (PT) e declarou que as Forças Armadas "ficarão unidas e ao lado da Nação" em caso de conflito entre os Poderes. Em 2018, o ex-comandante do Exército também emitiu uma mensagem com um tom intimidatório em relação ao STF, na véspera do julgamento que determinou a prisão injusta de Lula. Rocha Paiva é um dos fundadores do Instituto Villas Bôas.

EM TEMPO: O golpe não ocorreu porque a Casa Branca não apoiava. 

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