Xi Jinping e Lula (Foto: REUTERS/Tingshu Wang | Ricardo Stuckert) |
12 de abril de 2023
"As relações China-Brasil ultrapassaram o âmbito bilateral e têm importante influência global", aponta o jornal chinês
Editorial do Global Times – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, "um velho amigo do povo chinês", inicia sua visita de Estado à China na quarta-feira. Esta é a quinta visita de Lula à China, sua primeira visita a um país fora das Américas desde que assumiu o cargo de presidente em janeiro e sua viagem mais rápida à China como presidente brasileiro. A parte brasileira tem grandes expectativas para a visita de Lula, afirmando que será uma visita de Estado de "importância econômica, comercial e política".
Também há expectativas
generalizadas de que as relações China-Brasil entrarão em uma nova fase de
"estreitas relações políticas e econômicas". Sob a liderança
estratégica dos dois chefes de estado, China e Brasil, lado a lado, mostrarão
ao mundo um modelo de cooperação Sul-Sul em profundidade.
A opinião pública em geral aponta duas características marcantes da viagem de Lula à China desta vez. A primeira característica é que a equipe que acompanha Lula é impressionante. A nível oficial, esta visita inclui altos funcionários de vários departamentos importantes. O número de congressistas brasileiros visitantes aumentou de, inicialmente, 27 para 39, e o presidente do Senado brasileiro também virá à China. Na ecologia política da América Latina, essa "unanimidade política" é rara. No plano empresarial, apesar de uma megadelegação formada por mais de 200 empresários, mais empresas ainda esperam ingressar no grupo e centenas de representantes empresariais já "afluíram à China" antes da visita de Lula.
Tudo isso mostra que o Brasil, da arena
política à sociedade, tem uma expectativa ardente para o desenvolvimento das
relações China-Brasil. Em segundo lugar, a visita de Lula à China foi adiada
anteriormente devido ao estado de saúde do presidente. Logo após a recuperação,
Lula viaja para a China com a agenda lotada. Pode-se dizer que ele vem à China
com total sinceridade, o que também prenuncia que os resultados da cooperação
entre os dois países serão abrangentes em múltiplas áreas.
Como os dois
maiores países em desenvolvimento nos hemisférios oriental e ocidental, China e
Brasil claramente compartilham interesses comuns além do alto grau de
complementaridade nos campos econômico e comercial. Ambos os países enfrentam a
pesada responsabilidade do desenvolvimento econômico e social, e o Brasil, em
diversas ocasiões, expressou seu desejo de aprender com a China em áreas como a
redução da pobreza. Ao fortalecer o alinhamento e a coordenação estratégica,
China e Brasil promoverão conjuntamente o processo histórico de modernização
dos países em desenvolvimento em suas respectivas trajetórias.
Ao mesmo tempo, ambos os países são membros importantes de organizações e mecanismos como as Nações Unidas, a Organização Mundial do Comércio e os BRICS. A estreita comunicação e coordenação entre os dois países ajudará a salvaguardar os interesses gerais dos países em desenvolvimento e a promover o desenvolvimento da ordem internacional em direção a maior equidade, justiça e racionalidade. Nesse sentido, as relações China-Brasil ultrapassaram o âmbito bilateral e têm importante influência global.
O Brasil tem uma
população de mais de 200 milhões e é um "grande player" entre os
países latino-americanos, além de uma importante potência econômica emergente.
Após sua terceira posse como presidente do Brasil, Lula prometeu "tornar o
Brasil um jogador global" e mostrou grande ambição como uma grande
potência. A China apoia fortemente isso e esperamos sinceramente que o Brasil,
como líder entre os países em desenvolvimento, desempenhe um papel mais
construtivo na comunidade internacional.
Muitos meios de comunicação
ocidentais e a opinião pública, ao discutir a grande estratégia do Brasil,
sempre se concentram em se deve "inclinar para" os EUA ou a China.
Essa discussão em si é extremamente desrespeitosa com o Brasil e está cheia de
atitudes hegemônicas míopes e tacanhas. A China também é vítima do hegemonismo
e nunca aponta o dedo para os assuntos internos e externos do Brasil. Além
disso, acreditamos que os próprios brasileiros são os que melhor sabem onde
estão seus interesses.
Clube da Paz
Vale notar que o mundo exterior tem prestado muita atenção se Lula vai discutir a crise na Ucrânia com a China durante sua visita. Antes de se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Lula propôs um plano de paz chamado "Clube da Paz", que sugeria a formação de uma organização multilateral incluindo países como China e Índia para mediar conflitos e pedia respeito ao papel de destaque da China na salvaguarda da segurança mundial paz e mediação de conflitos internacionais. Embora os EUA tenham reagido com frieza, a comunidade internacional tem grandes expectativas de que China e Brasil trabalhem juntos para promover negociações de paz. Antes de sua visita, Lula reiterou que discutiria a possibilidade de encerrar a crise na Ucrânia por meio do diálogo com a China.
De fato, nem a China nem o Brasil fazem parte do conflito
Rússia-Ucrânia. No entanto, ambos os países têm opiniões semelhantes sobre a
necessidade de negociações de paz, o que mostra que, embora o Ocidente ainda
esteja atiçando as chamas, a voz das forças de paz da comunidade internacional
está crescendo.
O povo chinês gosta
do Brasil, um país apaixonante e animado, e recebe bem a visita do presidente
Lula. Anteriormente, a China havia expressado sua expectativa para a visita de
Lula com algumas "novidades": abrir novas perspectivas nas relações
China-Brasil na nova era no nível de chefes de estado, levar a parceria
estratégica abrangente a um novo patamar e fazer novas contribuições para a
estabilidade e prosperidade regional e global. Esperamos que, com base no
comércio bilateral tradicional e na cooperação multilateral, a amizade entre a
China e o Brasil possa florescer ainda mais em um novo estágio histórico,
brilhando à luz do aprendizado mútuo entre as civilizações e trazendo novas inspirações
para o desenvolvimento da sociedade humana.
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