8 de março de 2023
Federação Sindical Mundial – México
Mulheres
sindicalistas, trabalhadoras e organizadas por seus direitos, saudamos, neste 8
de março de 2023, nossas irmãs de classe em todo o mundo: a trabalhador ou a
desempregada, autônoma, na cidade ou no campo, jovem mãe, estudante,
aposentada, refugiada ou imigrante, trabalhadora da vida diária.
No Dia Internacional
da Mulher Trabalhadora, levantamos mais uma vez as bandeiras do dia 8 de março,
proposta da ilustre comunista alemã Clara Zetkin consagrada na Conferência
Internacional das Mulheres Socialistas de 1910, como dia de protesto e
reivindicação das mulheres trabalhadoras pela melhoria de suas condições de
trabalho e de vida, cuja luta entrou em ebulição desde o final do século XIX no
contexto da exploração capitalista e da iminente guerra entre potências
imperialistas por mercados e territórios coloniais.
Os protestos, greves
e mobilizações das trabalhadoras têxteis de Nova York em 1909 e das tecelãs
russas em 1917 marcaram, dentre muitos outros, o início do movimento operário
feminino para enfrentar os patrões, exploradores que impunham jornadas
excessivas, salários miseráveis e condições subumanas de trabalho, e o Estado,
que reprimiu de forma sangrenta suas mobilizações para exigir salário igual ao
de seus pares.
Hoje reivindicamos o
caráter classista e militante do 8 de março, posto que a exploração e a
opressão a que o capitalismo nos sujeita não são coisas do passado, mas o
presente que vivemos na carne das próprias mulheres da classe trabalhadora. A
continuação da barbárie capitalista, que se sustenta no desemprego, no trabalho
mal remunerado e na escravidão doméstica, retira nossos direitos trabalhistas
duramente conquistados e a possibilidade de um futuro digno para nós e nossas
famílias.
No México,
historicamente, o desemprego feminino tem sido crescente e cada vez maior a
proporção de mulheres empregadas em trabalhos informais e precários em relação
àquelas com emprego formal; é ampla a diferença salarial.
A crise capitalista
mundial vem se aprofundando, catalisada pela pandemia, e estoura a recessão,
frente a qual há um esforço concentrado da classe dominante, da burguesia e
seus governos, para evitar perdas transferindo o custo da crise para a classe
trabalhadora e as camadas populares. Eles nos impõem a flexibilização das
relações laborais, a precarização do trabalho, com consequente deterioração das
condições de vida das nossas famílias, enquanto assistimos como os monopólios e
grandes corporações aumentam seus lucros estratosfericamente.
As mulheres da classe
trabalhadora e popular são hoje a maioria da população pobre e analfabeta no
México, sem acesso a educação, saúde, alimentação, água potável e outras
necessidades básicas. Milhões carecem de cuidados durante a gravidez, morrem de
causas evitáveis ou partos sem cuidados de saúde, muitas mais são forçadas a
migrar e emigrar, estamos expostas a terríveis violência de todos os tipos,
abuso, tráfico de pessoas e exploração sexual, incluindo feminicídio e o
desaparecimento. Nós e nossas famílias sofremos a redução, eliminação e
privatização de serviços públicos, como a falta de creches de qualidade para o
cuidado de crianças e estadias para os idosos, aumentando o peso do trabalho
doméstico sobre nossos ombros.
Os países
imperialistas e os monopólios competem ferozmente pelo mercado global e continuam
sangrando os povos com o ressurgimento ou início de novas intervenções que
levaram o planeta à beira de uma guerra mundial e deslocaram milhões de pessoas
de suas casas; e são mulheres e meninas das classes populares, migrantes e
refugiadas que, como sempre, pagam o preço final em todos os conflitos.
É por isso que hoje
também estendemos nosso abraço e esforço solidário às mulheres trabalhadoras da
Síria e da Turquia, que além de enfrentar a exploração e opressão da sociedade
capitalista em sua vida cotidiana, com os terremotos recentes, sofrem como nós
em 1985 e 2017, as consequências da voracidade criminosa das empresas de
construção e imobiliárias, da falta de habitação e do trabalho precário, das
deficiências dos serviços públicos de saúde e assistência, em suas vidas já
dizimadas pela guerra.
Mas hoje vemos surgir
a rebelião, a luta e a organização das mulheres trabalhadoras contra esta
situação de desigualdade e opressão que sofremos na sociedade capitalista. Por
isso os mesmos patrões e governos que nos exploram e violam nossos direitos,
promovem e divulgam discursos que buscam mascarar a raiz da situação, apontando
como causa de todos os nossos problemas a outra metade da raça humana. As
teorias que proclamam a nossa luta como uma “luta gêneros”, e que devemos
identificar o homem trabalhador como inimigo, servem para domesticar e conter
nossa luta, ao desviá-la de suas demandas mais urgentes.
Não queremos direitos
iguais apenas no papel, que só servem para ter mais mulheres governantes e
empresárias, enquanto a maioria de nós continua a ser explorada e oprimida, mas
a plena satisfação das nossas necessidades contemporâneas e das nossas
famílias. É urgente nos unirmos como mulheres trabalhadoras para lutar por tudo
o que merecemos, pois com nosso trabalho diário produzimos, junto com os demais
trabalhadores, toda a riqueza social.
Unidas e organizadas
devemos lutar contra todas as políticas que servem aos monopólios, às
corporações empresariais e patronais em geral, para aumentar constantemente seus
lucros, e que são a verdadeira causa de cada reforma contra os direitos
trabalhistas, cada ataque contra a Previdência Social, de cada redução de
salários e benefícios, da diminuição da infraestrutura dos serviços públicos,
da expropriação dos territórios e da guerra. Neste sistema está a origem da
desigualdade e da opressão, que joga sobre nossas costas o tremendo custo da
crise, impondo-nos longas horas de trabalho, ameaçando-nos com o desemprego e a
instabilidade laboral, a falta de segurança social, a carestia e a fome, a
barbárie da violência.
Hoje, mais do que
nunca, o dia 8 de março não é apenas o Dia da Mulher, é um dia de luta da
mulher trabalhadora:
Camaradas e
companheiras, convocamos a nos encontrarmos e nos organizarmos em cada espaço,
para defender os direitos trabalhistas, promover a formação de sindicatos de
classe e a participação das mulheres na vida e nos organismos de direção
sindical, fortalecer a coordenação e aliança social com o movimento operário e
popular.
Vamos lutar juntas
contra a precarização do trabalho, contra a desigualdade que nos oprime, contra
a violência do sistema, por nossa verdadeira emancipação. Vamos lutar juntas
por um presente e futuro melhor para nós e nossos filhos!
Vivas, livres e
seguras nos queremos! Unidas somos mais fortes!
Por nossos direitos e
emancipação, vamos lutar juntas contra a exploração!
COORDENAÇÃO 8 DE
MARÇO DA FSM – COMISSÃO DE MULHERES
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