13 de outubro de 2022
Jair Bolsonaro (Foto:
Reprodução/Twitter/@jairbolsonaro)
As tentativas do
presidente Jair Bolsonaro de se aproximar dos católicos acabaram por
piorar suas relações com a Igreja e integrantes da cúpula dos bispos do Brasil.
Após a ida ao Círio de Nazaré, já considerada uso indevido da religião com fins
políticos, a visita à Basílica de Aparecida nesta quarta irritou a cúpula da
CNBB e só não virou comício porque o arcebispo Dom Orlando Brandes não deixou.
Nos bastidores da
passagem do presidente pela Basílica da padroeira do Brasil, o Arcebispo de
Aparecida teve que impedir um ato político da campanha de Bolsonaro em frente à
antiga matriz de Aparecida. Preparado pelo marketing da campanha, previa que o
presidente puxasse um terço de orações entre seguidores - todos devidamente
paramentados com suas camisas amarelas - , que seria gravado pela equipe e
exibido no horário eleitoral.
Estava tudo
preparado, cinegrafistas a postos, quando D. Orlando foi informado do evento e
mandou padres da arquidiocese à velha matriz, que fica a poucos quilômetros,
informar os animadores da campanha que não havia permissão para fazer nada ali.
Avisado, Bolsonaro não apareceu, saindo direto da missa na Basílica principal
para ir embora, e muita gente esperou em vão porque os bolsonaristas não deram
qualquer explicação a seus fiéis.
Ainda assim, sua presença na missa, acompanhado de políticos em campanha e de uma turba de bolsonaristas que vaiou o padre celebrante, foi considerada indevida pela cúpula da Igreja. O próprio Dom Orlando condenou, em sua homilia, a disseminação do ódio.
Numa indireta a
Bolsonaro, o bispo afirmou que um fiel tem que se decidir se é católico ou
evangélico. Isso pouco antes de o presidente chegar à Aparecida, vindo
diretamente de um templo da Assembléia de Deus em Balo Horizonte.
O dado mais curioso
de tudo isso - e que anima algumas lideranças do PT ligadas à igreja a prever
que crescerá o apoio a Lula entre católicos - é o fato de D. Orlando,
ex-arcebispo de Londrina, ser considerado um moderado dentro da Igreja
Católica. Segundo um desses líderes, se for aplicado um critério político, o
bispo estaria mais para tucano do que para petista.
Ainda restam três
domingos, contando com o da eleição, para dialogar com os fiéis. Integrantes da
campanha de Lula acreditam que ele ampliará seu apoio junto ao público religioso
sem necessidade de fazer a campanha ostensiva que Bolsonaro vem fazendo. Sua
carta aos Cristãos, que se dirige a todos e deverá ser divulgada nas próximas
horas, será distribuída em todos os templos.
(*) Helena Chagas é jornalista, foi ministra da
Secom e integra o Jornalistas pela Democracia
Vide vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ZzZzRv-XVsI&t=1s
Nenhum comentário:
Postar um comentário