segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Otan, que ainda existe porque é útil aos EUA, está na origem da crise

 

(Foto: REUTERS)

Por Jeferson Miola (*)

A Otan é um dos tantos esqueletos obsoletos da Guerra Fria que sequer deveria ainda continuar existindo no século 21

28 de fevereiro de 2022


A Otan é um dos tantos esqueletos obsoletos da Guerra Fria que sequer deveria ainda continuar existindo no século 21. Em termos lógicos e racionais, esta aliança, que é um braço militar dos EUA no Atlântico Norte, deveria ter sido extinta no mesmo instante que o Pacto de Varsóvia desapareceu, em fevereiro de 1991. A Otan só continua existindo, entretanto, porque é instrumental e útil aos EUA. Por intermédio desta Organização intercontinental, os EUA concretizam seus interesses estratégicos, aumentam sua influência e domínio territorial no leste da Europa, ameaçam a segurança e a defesa da Rússia e estabelecem um contraponto geopolítico à China.

Não parece curioso que a Otan, que é integrada pelo Canadá e EUA[1], tenha avançado e incorporado praticamente todo território europeu, com exceções como a Bielorrússia, a Rússia e a Ucrânia? Se o objetivo da Otan é expandir ao máximo seus domínios sem incluir a Rússia, significa que um dos propósitos da Otan é justamente se opor à Rússia.

Os EUA e seus aliados europeus descumpriram as promessas e compromissos de não-expansão territorial da Otan com o fim da Guerra Fria. Desde 1997 a Otan incorporou 14 países que antes integravam ou que se desmembraram de outros países do antigo Pacto de Varsóvia. Dentre estes 14 países, três deles são ex-repúblicas soviéticas, sendo que dois deles, a Estônia e a Letônia, fazem fronteira com a Rússia.

Do ponto de vista geopolítico, geoestratégico e militar, esta mudança no mapa faz muita diferença e alarma a Rússia, como alarmaria qualquer país embretado desta maneira. Com a dissolução da União Soviética, a Rússia perdeu 5 milhões de quilômetros quadrados e mais da metade da população, cerca de 150 milhões de habitantes. E agora se vê inteiramente flanqueada, à oeste, por um cinturão de países que aderiram à Otan.

Por isso, seria perfeitamente esperável que a Rússia reagisse a essa mudança da geografia política regional como de fato reagiu. Afinal, é uma potência nuclear que se sente acuada e ameaçada. Nos últimos anos, a Rússia não só recuperou seu poderio militar, como hoje inclusive possui um arsenal imbatível de mísseis intercontinentais hipersônicos. Por isso, neste enfrentamento com os EUA e aliados europeus, Putin se empenha no exercício do poder dissuasório.

Como ensinou o Conselheiro de segurança dos EUA Zbigniew Brzezinski, a Ucrânia é crucial para a segurança, para a defesa e para o futuro geopolítico da Rússia. Os EUA sabem perfeitamente que a adesão da Ucrânia à Otan significaria, portanto, a ultrapassagem de uma linha divisória considerada inaceitável por Moscou.

O presidente Joe Biden e os governos europeus desprezaram os apelos russos dos últimos oito anos e o ultimato de Putin em dezembro passado acerca da militarização da Ucrânia e sua integração à Otan. Ao contrário disso, agiram como se ansiassem pelo conflito e, devido a esta postura, têm responsabilidade pela sua instalação. Por outro lado, governo ucraniano descumpriu o Protocolo de Mink, de 2015. Contou nisso com a conivência da União Européia, que testemunhara a assinatura do referido acordo.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Declaração Política sobre a crise militar na Ucrânia

 


Pelo fim da OTAN e da guerra – pela paz e o socialismo na Ucrânia, na Rússia e em todo o mundo!

O conjunto de operações militares especiais realizadas pela Rússia, desde a manhã do dia 24 de fevereiro, em território ucraniano, representa, nesse momento, o esgotamento das tratativas diplomáticas de resolução do conflito que envolve Rússia e Ucrânia e que tem, como razão primeira, a anunciada possibilidade de ingresso da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN –, o que colocaria em risco a segurança da Rússia, como alega o governo desse país. 

As operações foram precedidas por uma declaração do governo russo de reconhecimento da independência das Repúblicas de Donesk e Luhansk, na região do Donbass, como forma de proteger a população que vinha sendo bombardeada por nova onda de ataques do regime ucraniano desde o começo da semana passada. A maioria de sua população dessa região reivindica a autodeterminação e vem sendo castigada há oito anos pelo regime reacionário de Kiev, quando um golpe realizado naquele País, na esteira das chamadas revoluções coloridas, transformou a Ucrânia num posto avançado dos interesses do imperialismo estadunidense.

Como pano de fundo, no entanto, está a pressão que vem sendo exercida pelo governo dos Estados Unidos junto aos países que compõem a OTAN para expandir essa organização militar aos países situados nas fronteiras russas, como a Ucrânia, e que desde a queda da URSS já está presente em 14 países da região, com a clara intenção de cercar militarmente a Rússia, conter o fortalecimento internacional do bloco China-Rússia, que vem se constituindo como um claro contraponto aos interesses do imperialismo estadunidense e seus aliados e sabotar o gasoduto Nordstream2. A entrada da Ucrânia na OTAN traria a possibilidade da instalação, nesse país, de mísseis de médio alcance com ogivas nucleares, o que é inaceitável para a Rússia, pois colocaria em risco, alegadamente, a sua segurança estratégica.

Os Estados Unidos e União Europeia querem a Ucrânia na OTAN para disputar com a Rússia o controle dos recursos naturais e dos mercados euroasiáticos e disfarçam essas intenções alegando defender a “democracia”, os direitos do povo ucraniano e a liberdade dos países decidirem a quem se associar. A pressão dos EUA sobre a Rússia também visa manter a supremacia global estadunidense, forjada ao longo da chamada Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética capitaneavam, respectivamente, os blocos capitalista e socialista, que mantinham alianças de defesa militar – OTAN e Pacto de Varsóvia – e que atingiu seu apogeu após a restauração capitalista na URSS.

Contudo, com o advento da crise mundial de 2008, bem como o fortalecimento da presença internacional chinesa e, em menor medida, russa, emergiram crescentes contradições no interior do bloco imperialista ocidental, bem como o declínio dos EUA como potência absoluta. Também a crescente hegemonia do imperialismo alemão sobre a União Europeia e os impasses dessa aliança inter-imperialista são fatores a levar em conta. Nesse sentido, a aproximação política e econômica da Rússia com países europeus, ao longo das últimas décadas, intensifica as contradições intercapitalistas na própria OTAN.

Esse é o caso da Alemanha que, em aliança com Moscou, está na fase final da conclusão de um gasoduto que permitirá a importação de gás natural da Rússia, resolvendo suas necessidades energéticas e propiciando significativas receitas financeiras à Rússia. É impossível compreender a crise atual sem levar em consideração o esforço desesperado do imperialismo estadunidense para minar as relações entre a burguesia russa e a burguesia alemã, conter a influência da primeira e minar a soberania energética alemã.

Cinicamente, mesmo com tantos atos de guerra e sabotagem à paz mundial, os Estados Unidos imputam exclusivamente à Rússia a responsabilidade pelo belicismo na região – isso a despeito das inúmeras guerras deflagradas pelo imperialismo estadunidense e seus aliados nos últimos tempos: os casos dos ataques ao Afeganistão, à Líbia, Iraque e Síria são apenas alguns dos exemplos das guerras de rapina recentes promovidas por esse bloco para a garantia de seus interesses políticos e econômicos no mundo. 

O fim da União Soviética já teria sido suficiente para a extinção da OTAN, mas o que se tem observado é o avanço belicista do imperialismo estadunidense que, com sua fraseologia hipócrita sobre a paz, mantém mais de 700 bases militares em praticamente todos os continentes, inclusive na América Latina, além de estruturas de inteligência ativas por todo o mundo.

A Rússia de hoje não é a antiga União Soviética socialista, cujo fim pôs por terra as muitas e profundas conquistas dos trabalhadores soviéticos. A Rússia é, hoje, um país capitalista, cujo governo atual tem pretensões expansionistas e exerce forte repressão interna aos movimentos dos trabalhadores. A Ucrânia, após a extinção da URSS, se desindustrializou e vive um quadro de pobreza crescente. Sua economia se baseia em grandes grupos privados oligopolistas e seu governo atual tem viés neofascista, que incentiva um sentimento nacionalista anti-Rússia. 

O governo atual, de Zelensky, é sucessor da derrubada, em 2014, por um golpe de inspiração fascista, do presidente Yanukovitch, que buscava fortalecer os laços políticos e econômicos com a Rússia, e do governo seguinte, de Poroshenko, um empresário fascista e corrupto. Há, no país, forte presença de grupos fascistas ativos e forte repressão contra os sindicatos e os comunistas. A população de origem russa é discriminada e o governo realiza frequentes ações militares contra a população insurreta da região do Donbass.

Os interesses das burguesias estadunidense e russa são evidentes nessa luta pela partilha do mundo capitalista e a guerra não interessa aos trabalhadores. Denunciamos as ações do imperialismo estadunidense, que atirou a região nas mãos do fascismo e da reação, com o objetivo de consolidar sua influência global. Conclamamos os trabalhadores dos países membros da OTAN a lutar pela saída de seus países dessa aliança inter-imperialista para a partilha do mundo: sem a dissolução da OTAN, um futuro de paz para toda a humanidade mundial é inconcebível.

A única solução para esse conflito, cuja escalada está longe de terminar, passa pela luta independente da classe trabalhadora mundial contra o imperialismo dos EUA, da OTAN e do sistema capitalista. Nenhuma burguesia de nenhuma nação trará aos explorados e oprimidos do mundo a paz. Acima de tudo, apontamos para a necessidade da classe trabalhadora ucraniana organizar-se para liquidar de uma vez o regime neofascista e estabelecer no país um Poder Popular, tomando em suas próprias mãos a iniciativa na luta por uma Ucrânia autodeterminada e socialista, avessa a todo tipo de intervenção burguesa estrangeira! Reforçamos ainda a importância da unidade dos trabalhadores russos e ucranianos para a superação do capitalismo e a construção do socialismo em seus países, e dos trabalhadores de todos os países para seguirem no rumo da revolução socialista em todo o mundo.

Trabalhadoras e trabalhadores do mundo, uni-vos!

Comissão Política Nacional do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

China divulga lista de países bombardeados pelos EUA, que qualifica de 'a verdadeira ameaça ao mundo'

 

(Foto: REUTERS/Aly Song)


"Entre os 248 conflitos armados ocorridos entre 1945 a 2001, 201 foram iniciados pelos EUA, representando 81% do número total", destacam os chineses

27 de fevereiro de 2022


 

Sputnik - A embaixada da China na Rússia qualificou os Estados Unidos de "ameaça real ao mundo".

Neste sábado (26), os diplomatas chineses retuitaram uma imagem compartilhada anteriormente por Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, que enumera os países que foram bombardeados por Washington desde a Segunda Guerra Mundial.

"Nunca se esqueçam quem é a verdadeira ameaça ao mundo", lê-se na imagem. 

Em 25 de fevereiro a missão diplomática chinesa na Rússia escreveu em sua conta no Twitter que "dos 248 conflitos armados ocorridos entre 1945 e 2001 em 153 regiões do mundo, 201 foram iniciados pelos EUA, o que representa 81% do número total".

Além disso, a embaixada da China ressaltou que Washington é "culpado das atuais tensões em torno da Ucrânia", acrescentando que "se alguém continua jogando óleo na chama enquanto acusa outros de não fazerem o seu melhor para apagar o fogo, esse tipo de comportamento é claramente irresponsável e imoral".

Anteriormente Pequim pediu que as exigências de segurança da Rússia fossem levadas em consideração nas condições de expansão da Otan, disse o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi.

EM TEMPO: É público e notório que o EUA é responsável pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Essa guerra teve início na derrubada, em meados de 2014, do governo ucraniano pró-Moscou, patrocinado pelos EUA com apoio do Reino Unido, dentre outros países europeus. Lembrando que o Presidente da Ucrânia, é um comediante de extrema-direita, apoiado pelos neonazistas e irresponsável, colocando o seu país e os seus compatriotas num abismo. Como é ruim votar errado. O que acha? Será que esse diagnóstico vale para o Brasil, isto é, em todos os níveis do executivo e do legislativo? 

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Reinaldo Azevedo diz que mudança na Polícia Federal pode estar relacionada ao caso da suposta facada

Reinaldo Azevedo e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)


"Bolsonaro exige publicamente que a PF endosse o que ele quer ouvir sobre a facada", escreveu o jornalista

26 de fevereiro de 2022


 

247 - O jornalista Reinaldo Azevedo afirmou pelo Twitter na tarde desta sexta-feira (25) que a troca determinada por Jair Bolsonaro (PL) no comando da Polícia Federal pode estar ligada às investigações sobre a suposta facada durante a campanha eleitoral de 2018.

O governo Bolsonaro trocou Paulo Maiurino pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Márcio Nunes de Oliveira, para assumir a direção-geral da PF. Nunes de Oliveira foi superintendente-regional da PF no Distrito Federal entre maio de 2018 e abril deste ano.

>>> Bolsonaro "lança" vídeo que diz ser de 2018, da madrugada após ser operado, e apela de vez para repor a "facada" na campanhaDescrição: .

"Considerando as nuvens que se adensam no horizonte, uma mudança repentina no comando da PF a oito meses das eleições é, por si, preocupante. Sou obrigado a lembrar, entre outras coisas, que Bolsonaro exige publicamente que a PF endosse o que ele quer ouvir sobre a facada", escreveu Azevedo.

Bolsonaro e seus filhos têm tentado recolocar a facada no centro da discussão eleitoral, com o objetivo de fazer a candidatura de Bolsonaro pela reeleição ganhar fôlego diante do incontestável favoritismo do ex-presidente Lula (PT).

EM TEMPO: Uma considerável parcela dos políticos apelam para o baixo índice de politização da população brasileira para espalhar suas mentiras e dominar  o nosso povo.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Putin pede ao exército ucraniano que derrube Zelensky: "tomem o poder em suas próprias mãos!"

 

(Foto: Reuters)

25 de fevereiro de 2022

Segundo o presidente russo, seria "mais fácil" negociar com os militares ucranianos do que com seu presidente, Volodymyr Zelensky, e "um bando de neonazistas"


247 com RT - Em discurso televisionado nesta sexta-feira (25), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu que o exército da Ucrânia se volte contra o presidente do país, Volodymyr Zelensky, e o tire do cargo. "Tomem o poder em suas próprias mãos!" disse. 

Segundo Putin, é "mais fácil" negociar com os militares do que com Zelensky e "um bando de viciados em drogas e neonazistas" que ele alegou terem “se entrincheirado em Kiev” e mantido o povo “refém”. O líder russo ainda acusou o governo de Kiev e os “neonazistas” de usarem civis como “escudos humanos” em meio à ofensiva da Rússia na Ucrânia.

Os militares ucranianos, prosseguiu Putin, não devem permitir que seu governo use seus "filhos, esposas e entes queridos como escudos humanos".Descrição: .

Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, havia indicado que a queda de Zelensky é prioridade para os russos

 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Pepe Escobar: a credibilidade do Império foi enterrada hoje

(Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters)


"O urso falou exatamente o que iria fazer", diz o correspondente Pepe Escobar. "O urso acordou, deu um urro apenas e todos os roedores saíram correndo"

24 de fevereiro de 2022, 


247 – O analista geopolítico Pepe Escobar avalia que a Rússia já venceu a guerra na Ucrânia e que o Império estadunidense teve sua credibilidade enterrada nesta quinta-feira 24, após o ataque de precisão liderado por Moscou contra todas as instalações militares ucranianas. "A credibilidade do Império foi enterrada hoje", disse ele, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch. Segundo Pepe, a Rússia fez exatamente o que anunciou que faria – mas que o Ocidente não quis ouvir.

Ele também afirma que o governo ucraniano não durará muito tempo. "Zelensky vai cair e a questão é como será articulado um novo governo ucraniano", diz ele. "A economia ucraniana foi devastada desde o golpe de estado de 2014", aponta.

Vide a entrevista, acessando: https://www.youtube.com/watch?v=akl0483_i6Y

EM TEMPO: Imagino que o próximo passo consiste na fuga do Presidente de Extrema-direita da Ucrânia, o comediante Volodimir Zelenski. Daí a necessidade da população, no mundo inteiro, melhorar a qualidade do voto. Como é prejudicial para uma população eleger um Presidente despreparado, de extrema-direita e de influência nazi-fascista, assim como foi aqui no Brasil nas Eleições de 2018. 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

China diz que EUA 'colocam lenha na fogueira' da crise entre Rússia e Ucrânia

 FOLHAPRESS

GUARULHOS, SP (FOLHAPRESS) - Protagonista de uma aliança cada vez mais estreita com os russos, a China criticou nesta quarta-feira (23) os Estados Unidos pelo que descreveu como um comportamento de "jogar lenha na fogueira" da crise acesa no Leste Europeu, em torno das fronteiras ucranianas. O comentário, feito por uma porta-voz da chancelaria chinesa, vem um dia após o governo de Joe Biden anunciar novas sanções contra Moscou devido ao reconhecimento de duas autoproclamadas repúblicas separatistas russas do leste da Ucrânia. Há mais de um mês, Washington alardeia que uma invasão do país seria iminente.

"Os Estados Unidos não deixaram de vender armas para a Ucrânia, aumentando a tensão e criando pânico", disse Hua Chunying a repórteres locais. "Alguém que joga lenha na fogueira e acusa os outros assume uma postura imoral e irresponsável." Questionada sobre a possibilidade de a China impor sanções aos russos como retaliação ao avanço pelo território ucraniano, assim como o fizeram não apenas os EUA, mas também países europeus, Japão e Austrália, ela descartou quaisquer chances. "[Sanções] nunca foram uma forma eficaz de resolução de conflitos", declarou.

As falas sobem um pouco o tom da diplomacia chinesa em relação ao conflito. Pequim havia emitido um comunicado discreto pedindo contenção a todos os envolvidos na confusão​. Quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu na última segunda (21), a representação chinesa limitou-se a dizer que Pequim acolhe e encoraja todos os esforços para uma solução diplomática da crise.

Já nesta terça (22), durante entrevista coletiva, outro porta-voz da chancelaria disse que a China estava monitorando de perto a evolução da situação na Ucrânia e que a posição do país é de respeito às preocupações de segurança de qualquer nação. "A situação na Ucrânia está piorando, e a China, mais uma vez, pede a todas as partes que exerçam a diplomacia e resolvam as diferenças com diálogo."

Wang Wenbin, o porta-voz da ocasião, disse ainda que o conflito na região está diretamente relacionado ao atraso para a implementação efetiva do acordo de Minsk 2, de 2015, que apresentou uma fórmula para reintegrar à Ucrânia as regiões separatistas apoiadas pela Rússia.

A escalada na crise do Leste Europeu também mantém Taiwan alerta. Autoridades da ilha temem que Pequim possa aproveitar a janela de oportunidade aberta pelo fato de o Ocidente estar concentrando esforços diplomáticos no conflito ucraniano para aumentar a pressão sobre Taiwan, que se considera um país independente, ainda que seja descrito pelo regime chinês como uma província rebelde.

A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, ordenou nesta semana que os militares e as forças de segurança da ilha intensifiquem a vigilância, permaneçam alertas para atividades militares na região, e reforcem as equipes de prontidão para um possível combate. A líder disse, durante reunião de um conselho criado no mês passado para pensar a questão, que a situação da ilha e da Ucrânia são "fundamentalmente diferentes". Ainda assim, expressou empatia pela situação da Ucrânia em razão da ameaça militar russa.

O chanceler taiwanês, Joseph Wu, afirmou em duas ocasiões, à mídia internacional, que a ilha observa de perto movimentos de Pequim para entender se o regime chinês aproveitaria a crise ucraniana para atacá-los. Analistas são céticos quanto a essa possibilidade e argumentam que Taiwan tem uma importância estratégica maior que a da Ucrânia, o que exige que um conflito militar ali seja muito mais calculado.

Questionado sobre o assunto, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que "Taiwan não é a Ucrânia", descartando possibilidade de movimento por parte de Pequim semelhante ao que tem sido feito por Moscou. Na sequência, porém, retomou o argumento chinês histórico ao afirmar que a ilha pertence à China. "Taiwan sempre foi uma parte inalienável da China", disse. "Trata-se de um fato histórico, legal e indiscutível."

EM TEMPO: O governo Biden quer incluir a Ucrânia na OTAN, hoje governada por um extremista de Direita pró EUA, para a OTAN ficar mais próxima de Moscou, criando uma zona de conflito permanente. Os EUA ajudou a  derrubar o governo ucraniano pró-Moscou e quer que os seus bombardeios fiquem a poucos quilômetros de Moscou. São bestam, mas nem tanto (rsrsrs)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A estratégia de Putin e a agonia do poder imperial e unipolar dos EUA

(Foto: Reuters)

A evolução e o desfecho desta crise são imprevisíveis, mas uma coisa é certa: o poder imperial e unipolar dos EUA vive seu estertor

22 de fevereiro de 2022

Jeferson Miola (*)   

 

 Por meio dos monopólios hegemônicos de comunicação, os EUA e aliados europeus tentam emplacar uma narrativa que estigmatiza a Rússia pelos acontecimentos na Ucrânia. Para isso, retomam a cartilha maniqueísta da guerra fria e se apresentam como os mocinhos heróicos que protegem a Europa e o mundo ocidental das ameaças dos “bárbaros caucasianos”.Descrição: .

Os precedentes do atual conflito evidenciam, porém, que a realidade é bastante diferente da versão propagada pelas grandes potências ocidentais e mídia hegemônica. Nos anos 2012/2013, no contexto da ofensiva para expandir os domínios da influência imperial estadunidense no leste europeu e aumentar o cerco estratégico-militar da OTAN à Rússia, os EUA financiaram e instrumentalizaram agrupamentos de ultradireita, em grande número integrados por neonazistas, com o objetivo de desestabilizar o governo pró-russo de Viktor Yanukovytch.

Em novembro de 2013 a onda desestabilizadora desaguou em um “movimento cívico” nos mesmos moldes das “primaveras árabes” e das “jornadas de junho do Brasil”. Este movimento em nada cívico, porque incensado desde o estrangeiro, exigia a integração da Ucrânia com a União Europeia e o ingresso do país na OTAN.

Não por coincidência, as reivindicações da Euromaidan – Europraça, em ucraniano, como ficou conhecida a onda de protestos na Ucrânia – eram exatamente as mesmas de outros movimentos e processos estimulados e financiados pelos EUA mundo afora: corrupção, crise econômico-social e violação dos direitos humanos.

Com a escalada golpista e o ascenso de movimentos independentistas e separatistas de resistência, o país ficou fraturado e dividido. Em fevereiro de 2014, o presidente Viktor Yanukovytch foi destituído em um processo de impeachment que foi classificado como golpe de Estado pelo governo russo.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

STF, anule a farsa!

 

(Foto: ABr)

(*) Por Jeferson Miola

Diante da confissão de Barroso, a Suprema Corte não tem outra saída que não a de anular o impeachment farsesco e fraudulento da presidenta Dilma, diz Miola


Não é preciso ser exímio constitucionalista ou notório especialista em Direito para saber que “perda de sustentação política” jamais poderia fundamentar o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, eleita em outubro de 2014 com 54.501.118 votos. Qualquer pessoa com a menor capacidade de discernimento e que leia e releia cada um dos 250 artigos da Constituição da República e cada um dos 82 artigos da Lei 1079 de 1950 – que define os crimes de responsabilidade –, não encontrará a “perda de sustentação política” como um dos fundamentos constitucionais e legais para a promoção do impeachment.

Quando o ministro da Suprema Corte Luis Roberto Barroso confessa que “o motivo real” para o impeachment da presidenta Dilma foi “a perda de sustentação política” e não “a justificativa formal das denominadas ‘pedaladas fiscais’”, ele reconhece a ocorrência de uma fraude jurídica.Descrição: . Aliás, segundo a Lei e a Constituição, nem mesmo as chamadas “pedaladas fiscais” podem fundamentar qualquer impeachment. As tais “pedaladas fiscais” foram um “invento criativo” do ministro do TCU Augusto Nardes/ex-PP, criado sob medida para o pedido de impeachment que o PSDB comprou por 45 mil reais de Janaína Paschoal, Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.

Barroso assumiu que o STF teve papel central na farsa engendrada pelas oligarquias para golpear a soberania popular e colocar em marcha “a ponte para o futuro” ultraliberal, trágico, fascista e genocida. Com sua confissão, Barroso atestou que o golpe foi com “o Supremo, com tudo”, como disse Romero Jucá, o comparsa dos conspiradores Temer, Cunha, Villas Bôas, Etchegoyen, Aloysio Nunes, Aécio e de toda a malta que lançou o país no precipício.

Barroso se enreda ainda mais ao dizer que o usurpador Temer, “abalado por sucessivas acusações de corrupção” – e, por isso mesmo, passível de impeachment –, foi protegido pela Câmara dos Deputados, que “em duas oportunidades impediu a instauração de ações penais” contra ele. Ou seja, Temer tinha “sustentação política”, conclui Barroso. Em outra circunstância, o próprio Barroso já tinha admitido que Dilma foi golpeada do poder “não por crimes de responsabilidade ou corrupção; mas, sim, foi afastada por perda de sustentação política”.

Diante da confissão do ministro Barroso, a Suprema Corte não tem outra saída que não a de anular o impeachment farsesco e fraudulento da presidenta Dilma. O reconhecimento desta violência política e jurídica de parte do STF não teria, assim mesmo, o condão de reparar os irreparáveis prejuízos causados ao povo brasileiro e à economia nacional desde o golpe.

Mas é um gesto essencial para o encontro da nação brasileira e do povo com o direito à verdade e à memória. Para que ninguém se esqueça e para que nunca mais aconteça.

Por isso, é preciso bradar: STF, anula a farsa!

(*) Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial

EM TEMPO: O golpe que foi dado na ex-presidente Dilma, em 2016, resultou nessa lástima de presidente que temos atualmente. 

sábado, 19 de fevereiro de 2022

ORGANIZAÇÃO CATÓLICA ALERTA PARA IMPACTO NEGATIVO DOS PARQUES EÓLICOS

Extraído do Blog do RA em 19.02.2022

 

A Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2, organismo vinculado à CNBB NE2, em parceria com a instituição católica alemã Misereor, lança na terça-feira (22) uma campanha contra os impactos dos parques eólicos. Os detalhes da iniciativa serão apresentados em uma live, às 17h, no canal youtube.com/user/caritasregionalne2.

Durante a transmissão ao vivo, representantes de comunidades rurais e especialistas discutirão os impactos ambientais, socioeconômicos e de saúde que os parques eólicos provocam em Alagoas, na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte. O objetivo é debater sobre a importância de repensar novas formas de geração de energia limpa.

A campanha é resultado do projeto “Promoção e Defesa de Direitos na Perspectiva da Construção de Sociedades do Bem Viver”, executado pela Cáritas NE2 com apoio da Misereor.

“Buscamos promover a sensibilização da sociedade no sentido de conhecer os impactos que esses grandes empreendimentos de energia eólica trazem para as comunidades afetadas, além de dar voz a esses agricultores e agricultoras, marisqueiros e marisqueiras que sofrem os diversos tipos de abuso desde a chegada das empresas até a instalação dos parques”, afirma a coordenadora do projeto, Bruna Suianne. 

 “Pra quem sopram os ventos?”

O lançamento da campanha será marcado pela estreia da websérie “Pra quem sopram os ventos?”. Dividida em seis episódios, que serão exibidos semanalmente, a produção conta as histórias das comunidades que estão sofrendo com a implantação dos parques eólicos.

Além dos impactos na saúde, os personagens da série denunciam problemas com os contratos propostos pelas empresas responsáveis pelos empreendimentos aos moradores locais.

Outras ações da campanha incluem a confecção de um catálogo e a organização de uma exposição fotográfica itinerante que vai percorrer os quatros estados do território da CNBB NE2.

Até o fim de março, a Cáritas pretende lançar a campanha também em nível internacional com foco, principalmente, em investidores alemães e espanhóis que financiam empresas de energia eólica, porém desconhecem a forma como elas atuam no Brasil.

“Não somos contra as energias renováveis. Entendemos sua necessidade a partir do cenário de mudanças climáticas que estamos vivenciando, no entanto é preciso estar atento ao atual modelo adotado pelas empresas, suas consequências e o impacto que ele causa na vida de pessoas vulneráveis”, explica Bruna Suianne. 

Fonte: CNBB NE2. 

EM TEMPO: Parabéns pela iniciativa. É importante que a sociedade civil se mobilize e reivindique melhores condições de vida para a população brasileira. Lembrando alguns aspectos, dentre outros: - os moradores da vizinhança sofrem com a zoada provocada pelo sistema eólico; - os pássaros também. 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

A anti-política gerou a força da extrema direita

(Foto: ABr | Mídia Ninja)


"Lula sempre apontou como a crítica da política levava sempre a algo pior do que a política", destaca o sociólogo Emir Sader (*)

18 de fevereiro de 20221

 

 

A extrema direita veio para ficar. Era um fenômeno marginal, quase folclórico no Brasil. Agora ocupa um espaço significativo na política e na sociedade brasileira. Quando se constituíram na Europa as forças políticas fundamentais, seu reflexo no Brasil, pelo lado da extrema direita, a liderança de Plínio Salgado. No próprio assédio ao Getúlio, na sua ascensão ao poder, ao lado da chamada “intentona comunista”, estava uma tentativa de irrupção política do integralismo, que foi igualmente derrotado.

Em vários momentos surgiram líderes carismáticos de extrema direita – de que o próprio Jânio Quadros era uma tentativa -, que catalisaram momentaneamente descontentamentos e depois desapareceram. Na redemocratização, partidos como o PMDB, o PFL, o PT, o PSDB, davam consistência relativa a um sistema político que emergia da anti-política da ditadura militar.Descrição: .

As disputas eleitorais entre o PSDB e o PT protagonizaram as disputas políticas no espectro institucional instaurado pela nova Constituição brasileira. A limitação mais profunda da redemocratização no Brasil residiu em que ela se limitou ao restabelecimento do sistema político liberal, sem democratizar mais nada no país mais desigual do continente mais desigual.

Os governos do PT avançaram na luta contra as desigualdades sociais e regionais de maneira inédita no país. Pela primeira vez se dava um processo de ascensão social das camadas mais pobres da população e das regiões mais postergadas do país. Daí a capacidade do PT de, uma vez eleito para a presidência do Brasil, conseguir se reeleger democraticamente, opondo seu modelo anti-neoliberal ao neoliberal, que os tucanos insistiam em defender, apoiados pelas outras forças da direita.