Reforma do ensino médio: a aplicação da doutrina neoliberal e a formação da nova classe trabalhadora
UJC de Niterói e São
Gonçalo (RJ)
A Reforma do Ensino
Médio não pode ser vista como um elemento à parte das demais reformas
empreendidas do governo Temer para cá. A Reforma Trabalhista, o Teto de Gastos
e a Reforma da Previdência são elementos complementares entre si na aplicação
radical do neoliberalismo no Estado brasileiro. Desde sua transformação de
Medida Provisória em Lei e aprovação, em menos de 5 meses de tramitação dos
“debates” em 2016 no Legislativo, o projeto apresentado mostrava um atropelo
para implementação da Reforma a qualquer custo.
Os grandes
conglomerados da educação privada, como a Kroton, a Anhaguera – e também
organizações liberais como o ‘Todos pela Educação’, foram agentes ativos na
redação do texto e nos debates empreendidos pela Câmara.
Algumas das mudanças
que marcarão o novo ensino médio brasileiro são: o aumento da carga horária, a
aniquilação das ciências humanas e da natureza e a adoção de matérias como
empreendedorismo e educação financeira, dão o caráter de qual educação a classe
dominante, aliada aos interesses do capital internacional, providenciará para a
juventude trabalhadora. Resultado: perpetuação do modo vida alienante, e o
desprendimento de inovação tecnológica e científica, alçando o país a ser um
eterno reprodutor de tecnologia estrangeira.
A Reforma do Ensino
Médio que, em linhas gerais, irá aprofundar um ensino que mesmo antes da sua aplicação,
já era tecnicista e alienante em seu conteúdo e precarizado em sua forma e
estrutura, o tornará uma máquina de evasão escolar, jogando a juventude para o
mercado de trabalho o quanto antes em condições de trabalho precarizada.
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Deve-se relembrar que
essas condicionantes não aconteceram por acaso. Principalmente porque esse
cenário, no qual os conglomerados da educação privada são protagonistas de uma
reforma educacional, só foi possível graças aos projetos de transferência de
renda do Estado para esse setor nos governos petistas. A decisão de “compras”
de vagas no ensino superior, através do PROUNI – ao invés de aplicar esse
investimento integralmente nas Universidades e Institutos Federais – se mostra
extremamente doloso ao médio e longo prazo para a população.
As alterações nas
diretrizes da nossa educação que se dão através da Reforma do Ensino Médio
também impactam diretamente uma série de cursos de graduação, como pedagogia e
licenciaturas. Desta maneira, busca-se através de uma alteração no perfil de
ensino que será ofertado nas escolas, alterar-se também os conteúdos estudados
no ensino superior, realizando pressão para que o estudo das questões sociais
candentes de nosso país sejam jogadas para segundo plano. Isto busca propiciar
a formação cada vez mais de uma espécie de “técnico” da educação, um professor
que não sirva como um interlocutor para a construção de um discurso crítico
acerca dos conteúdos dentro de sala de aula, mas apenas alguém capaz de
“traduzir” o que se encontra nos livros didáticos.
A redução das cargas
horárias de disciplinas ligadas às ciências humanas, sobretudo, denotam o
caráter reacionário de nosso governo que busca obscurecer as relações sociais
que se dão no cotidiano da vida do estudante, mantendo o ciclo de exploração da
força de trabalho inalterado. Isto perpassa um projeto que já era possível
sentir em 2019, com os ataques diretos do então ministro da educação, Abraham
Weintraub, a cursos de Filosofia e Sociologia.
É a farsa da
conciliação de classes que se evidencia; ao passo que alimentar a besta à
lógica do capital, transformando a educação em mercadoria, aprofundará um
ensino precarizado, condicionando à juventude a condições de trabalho cada vez
piores.
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