ESTADÃO - Lauriberto Pompeu
© Dida Sampaio/ Estadão Arthur Lira, presidente da Câmara dos
Deputados
A relatora do caso
na Corte, ministra Rosa Weber, determinou na
última sexta-feira, 5, que as transferências relativas às emendas de relator
sejam suspensas enquanto o plenário do Supremo não decidir sobre o assunto. O
julgamento está pautado no plenário virtual e os ministros podem votar da 0h de
terça-feira, 9, até as 23h59 da quarta, 10.
Também está marcada
para amanhã a sessão da Câmara que vota, em segundo turno, a Proposta de Emenda
à Constituição (PEC) dos precatórios. O texto permite ao governo postergar
dívidas, muda o teto de gastos e abre caminho para o pagamento do Auxílio Brasil, reformulação do Bolsa
Família. A proposta foi aprovada em primeiro turno na semana passada com uma
margem apertada, com quatro votos além do mínimo necessário. Na véspera da
votação, como revelou o Estadão, o governo liberou R$ 1,2 bilhão do
orçamento secreto para deputados.
O Supremo ainda não tem uma maioria definida para barrar ou manter a decisão da ministra. Se as emendas de relator forem permanentemente suspensas, Lira perde boa parte do poder de influência na Câmara e a votação da PEC dos precatórios poderia ficar ameaçada. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), minimizou a situação e disse que o segundo turno da PEC dos precatórios vai ocorrer amanhã independentemente se o Supremo já tiver decidido ou não sobre a liminar de Rosa Weber. "Vamos votar", disse.
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Como mostrou o Estadão, as emendas de relator são usadas para atender interesses políticos do governo e ajudaram na eleição de Arthur Lira para a presidência da Câmara e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Senado. O modelo de liberação desses recursos é questionado por especialistas e órgãos de controle. A emenda é incluída pelo relator-geral na Lei Orçamentária Anual (LOA), mas a distribuição das verbas é negociada internamente com deputados e senadores. A informação de qual congressista indicou qual recurso não é pública. Na decisão que suspendeu temporariamente as emendas de relator, Rosa Weber também determinou que as informações sobre o padrinho de cada indicação feita em 2020 e 2021 sejam divulgadas.
A eventual manutenção
do entendimento da ministra afeta em cheio o poder de Lira na capital federal.
Ele e o governo usam as emendas de relator para reunir maiorias na Câmara. Por
isso, o deputado alagoano estaria decidido a reverter o quadro para garantir a
influência sobre o plenário não apenas no segundo turno da PEC dos precatórios,
mas na apreciação de futuras matérias.
Na decisão que
suspendeu as emendas de relator, Rosa Weber disse que o caso causa
perplexidade. “Causa perplexidade a descoberta de que parcela significativa do
orçamento da União Federal esteja sendo ofertada a grupo de parlamentares,
mediante distribuição arbitrária entabulada entre coalizões políticas, para que
tais congressistas utilizem recursos públicos conforme seus interesses
pessoais", afirmou.
EM TEMPO: A PEC dos Precatórios se caracteriza como uma "Pedalada Fiscal", uma vez que prevê o calote dos precatórios. Por muito menos a ex-presidente Dilma foi cassada. Já pensaram se nos governos Lula e Dilma, existissem o "Orçamento Secreto". O que aconteceria?
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