Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
REUTERS – Por Eduardo Simões
qua., 29 de setembro de 2021
SÃO PAULO (Reuters) - O ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas de intenção de voto para a
eleição presidencial do ano que vem, criticou nesta quarta-feira a política de
preços da Petrobras e afirmou que a estatal eleva os preços dos combustíveis
cobrados dos consumidores brasileiros para pagar dividendos a acionistas nos
Estados Unidos.
A fala do petista foi uma reação ao
anúncio mais recente de alta do preço do diesel nas refinarias, anunciado na
véspera pela Petrobras. A estatal informou reajuste em quase 9% do combustível
a partir desta quarta-feira, após 85 dias de estabilidade. Com o movimento, os
preços médios de diesel e gasolina da Petrobras acumulam alta de mais de 50%
neste ano.
"Mais uma alta do diesel. Não tem explicação subordinar os preços dos combustíveis ao mercado internacional. O que está acontecendo é que a Petrobras está acumulando verba pra pagar acionista americano. Não tem explicação", disse Lula em entrevista à Rádio Capital de Cuiabá, cujos trechos foram publicados na conta do petista no Twitter. A Petrobras adotou uma política de preços pela qual reajusta os preços cobrados em suas refinarias no Brasil com base na oscilação do preço do petróleo no mercado internacional e na variação do real ante o dólar.
A elevação do preço dos combustíveis
tem sido um dos principais fatores na aceleração da inflação. O presidente Jair
Bolsonaro, que as pesquisas mostram na segunda posição bem atrás de Lula na
corrida ao Planalto no ano que vem, tem criticado o imposto sobre combustível
cobrado por governadores de Estados e tem prometido que não interferirá na
Petrobras. Os governadores negam que o ICMS seja o responsável pela elevação
dos preços.
A estatal, por sua vez, afirmou na
terça que o reajuste do diesel mais recente visa "garantir que o mercado
siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos
diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões
brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da
Petrobras" e que o novo aumento "reflete parte da elevação nos
patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio".
A estatal e o governo Bolsonaro têm reiterado que a Petrobras possui liberdade para ajustar preços, conforme estratégias de mercado, mas ambos vêm sofrendo forte pressão por segmentos da sociedade que questionam os fortes avanços, que ocorrem como reflexo do mercado internacional. Procurada para comentar a declaração de Lula, a Petrobras não respondeu de imediato ao pedido feito pela Reuters.
(Reportagem adicional de Marta Nogueira, no Rio de
Janeiro)
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