FOLHApress - PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ter., 28 de setembro de 2021
***ARQUIVO***BRASÍLIA,
DF: O atual presidente americano, Joe Biden. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O
presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado americano, senador Bob
Menendez, e outros três senadores enviaram nesta terça-feira (28) uma carta
instando o governo Biden a deixar claro para o presidente Jair Bolsonaro que
qualquer ruptura democrática no Brasil "terá sérias consequências".
Na missiva enviada ao secretário de Estado, Antony Blinken, os senadores
advertem que Bolsonaro vem fazendo ameaças de rompimento da ordem
constitucional no Brasil, usa linguagem "irresponsável" e gestos de
intimidação contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Dado que o Brasil é uma das
maiores democracias e economias do mundo e um dos principais aliados dos EUA na
região, a deterioração da democracia brasileira tem implicações no hemisfério e
além", dizem os senadores na carta, a que o jornal Folha de S.Paulo teve
acesso. "Instamos o senhor a deixar claro que os EUA apoiam as
instituições democráticas brasileiras e que qualquer ruptura antidemocrática da
atual ordem constitucional terá sérias consequências."
Menendez é um moderado bastante
respeitado em Washington e, à frente da Comissão de Relações Exteriores, tem
grande influência sobre a política externa americana. Além dele, assinam a
carta os senadores democratas Dick Durbin, Ben Cardin e Sherrod Brown.
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Na carta, o líder democrata afirma
que o Brasil deveria ser "um baluarte contra atores não democráticos, de
China e Rússia a Cuba e Venezuela", que tentam solapar a estabilidade
democrática em nosso hemisfério". " Uma disrupção à ordem
constitucional seria uma ameaça à base dessa relação bilateral",
continuam. Os legisladores urgem o secretário de Estado a tornar o "apoio
à democracia brasileira uma prioridade diplomática, inclusive em discussões
bilaterais relacionadas à participação do Brasil em organizações como a OCDE e
a OTAN".
O Brasil precisa do apoio do governo
americano para ser o próximo candidato à acessão à OCDE, o chamado clube dos
países ricos. Entrar na OCDE, que funcionaria como uma espécie de selo de
qualidade para investidores, é uma das prioridades da política externa de
Bolsonaro.
E o apoio para o Brasil se tornar um
sócio global da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi oferecido
durante visita ao Brasil do assessor de Segurança Nacional dos EUA, Jake
Sullivan, em agosto, e gerou críticas no Congresso americano.
No texto da carta a Blinken, os
senadores afirmam que Bolsonaro tem feito declarações perigosas sobre as
eleições de 2022, dizendo que não vai aceitar o resultado se perder e que o
pleito será fraudado se não houver mudança no sistema eleitoral. Os senadores
afirmam que esse tipo de "linguagem irresponsável" é
"perigosa" em qualquer democracia.
Os senadores também afirmam que
Bolsonaro tem feito "ataques pessoais" contra integrantes do STF e
afirmou que estaria disposto a usar manobras fora da Constituição para impedir
os ministros de exercerem suas atribuições legais. "Se o presidente
Bolsonaro cumprir suas promessas e abertamente descumprir decisões do Supremo,
isso irá estabelecer um precedente muito perigoso para outras tentativas de
Bolsonaro de solapar o estado de direito."
Durante o encontro com Bolsonaro em agosto, cujo
tema principal foi um possível veto à Huawei no leilão do 5G brasileiro, o
assessor de segurança nacional Sullivan havia manifestado a preocupação do
governo americano com as ameaças do presidente à integridade eleitoral e
alegações sobre supostas fraudes nas urnas, segundo informou um alto
funcionário da gestão Biden.
EM TEMPO: Perguntar não incomoda: Será que Bozo vai apresentar "arminha" para Biden? Ou só apresenta para os brasileiros indefesos?
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