ESTADÃO - Camila Turtelli
© Dida
Sampaio/Estadão O deputado
federal Marcelo Ramos (PL-AM)
BRASÍLIA - O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), fez um pedido oficial ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para que ele possa ter acesso ao inteiro teor das dezenas de pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro protocolados no Legislativo. Ao Broadcast Político/Estadão, o parlamentar disse que pretende analisar a fundamentação dos pedidos. Ramos, que se posicionava de forma neutra em relação ao governo, transforma-se agora em oposição declarada contra Bolsonaro após ter sido atacado pelo presidente neste domingo e nesta segunda-feira, 19.
“Vou analisar se
tem fundamento jurídico e, se um dia eu estiver no exercício da presidência, em
existindo fundamento jurídico, eu avaliarei se, politicamente, cabe decidir
sobre isso no exercício provisório da presidência”, disse Ramos ao Broadcast
Político/Estadão.
Cabe ao comando da
Câmara dar início a um processo que pode levar ao afastamento do presidente da
República com base em denúncias encaminhadas à Casa. Até a semana passada, eram
130 pedidos de impeachment recebidos pela Secretaria-Geral da Mesa da Câmara
desde o começo do mandato de Bolsonaro, em janeiro de 2019. Alguns foram
descartados por problemas técnicos, mas a maioria estava “em análise”, isto é,
aguardando despacho de Arthur Lira. Nem ele e nem seu antecessor no
cargo, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
analisaram o mérito de nenhum dos pedidos até agora.
No fim do mês
passado, partidos e representantes da sociedade civil entregaram um “superpedido de impeachment”,
reunindo mais de 100 acusações de crimes de responsabilidade. Apesar da
insistência e da pilha de pedidos que acumula na sua frente, Lira tem repetido,
em diversas ocasiões, que não enxerga materialidade ou novidade para abrir um
processo contra o presidente.
Segundo técnicos
ouvidos pela reportagem, Ramos só pode iniciar um processo de impeachment se
estiver no comando da Câmara por situações específicas. Um desses casos, por
exemplo, pode se configurar caso de Lira esteja em viagem no Exterior ou tenha
assumido a Presidência da República temporariamente, na ausência de Bolsonaro.
O vice também pode assumir se Lira vier a ser afastado por algum problema de
saúde.
Nesta
segunda-feira, Bolsonaro atacou Marcelo Ramos e
acusou o parlamentar de não ter pautado um pedido específico (destaque)
incluído na semana passada na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que
acabou por autorizar o uso de R$ 5,7 bilhões de dinheiro público para bancar
campanhas eleitorais no ano que vem.
Segundo Bolsonaro,
Ramos é “insignificante” e atropelou o Regimento Interno da Câmara para não
permitir que votassem em separado o dispositivo (destaque) sobre aumentar o
fundão eleitoral. “Agora cai para mim, sancionar ou vetar. Tenho 15 dias úteis
para decidir”, completou o presidente.
O fato é que Ramos
pautou, sim, o destaque apresentado pelo Novo. Este, porém, só teve o apoio de
quatro partidos durante a sua votação específica, a qual não foi nominal,
diferentemente da votação da LDO, que teve voto aberto por cada parlamentar.
EM TEMPO: Por não assumir o que diz, Bozo coleciona inimizades. Alguém se habilita a educá-lo?
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