Yahoo Notícias - Anita Efraim
sex., 11 de junho de 2021
Natalia Pasternak
participa da CPI da Covid nesta sexta-feira (11) (Foto: Reprodução/TV Senado).
· Microbiologista Natalia Pasternak rebateu todos os argumentos usadas a favor da cloroquina no tratamento da covid-19
· Cientista afirmou que medicamento nunca funcionou contra doenças virais
· Segundo Pasternak, o remédio já foi testado de todas as maneiras possíveis e não funciona
A microbiologista Natalia Pasternak
começou a sessão da CPI da Covid destruindo todas as teses relacionadas ao
uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19.
Segundo a pesquisadora, não há qualquer evidência científica de que o
medicamento funciona.
"No caso da cloroquina,
infelizmente, ela nunca teve plausibilidade biológica pra funcionar. O caminho
pelo qual ela bloqueia o caminho do vírus na célula só funciona in vitro, em
tubo de ensaio. Porque, nas células do trato respiratório, o caminho é outro.
Então, ela já nunca poderia ter funcionado", explicou.
Essa não é a primeira vez que a
cloroquina, um antiprotozoário, é testada no tratamento de doenças virais.
Segundo Pasternak, os estudos já foram feitos e, em todos os casos, o
medicamento se mostrou ineficaz.
"Aí a gente examina também a probabilidade de ela (a cloroquina) funcionar. Ela já funcionou para outras doenças? Para outras viroses? Não, ela nunca funcionou. A cloroquina já foi testada, e falhou, para várias doenças provocadas por vírus, como zika, dengue, chikungunya, o próprio Sard, AIDS, ebola, nunca funcionou. Então, também não tem grande probabilidade de funcionar. Nunca teve."
Com as recorrentes tentativas de
senadores de "comprovar" a eficiência da cloroquina baseados em
histórias pessoais, Natalia Pasternak alertou que casos correlatos não são
evidências científicas. Por tanto, conhecer histórias de pessoas que tomaram o
medicamento e se curaram não quer dizer que o remédio seja eficaz.
"Evidência anedóticas - ai, mas
o meu vizinho, o meu cunhado, o meu tio tomou e se curou -, evidência
anedóticas não são evidências científicas. Elas não servem para a ciência. Elas
são apenas causos, histórias. E o plural de evidências anedóticas não é evidências
científicas, é só um monte de evidências anedóticas", explicou.
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"Não interessa quantas pessoas a
gente conhece que usaram cloroquina e se curaram, isso não se transforma em
evidências científica, isso precisa ser investigado, porque correlação não é a
mesma coisa que causa e efeito. Correlação são coisas que acontecem ao mesmo
tempo e que, de repente, até suscitam uma pergunta para ser investigada, mas
não uma resposta. Resposta a gente investiga."
"Para isso, a gente usa estudos
randomizados, controlados, duplo-cedo e com grupo placebo, que os senhores
tanto já ouviram falar. Esse é o tipo de estudo que consegue estabelecer uma
relação de causa e efeito."
Natalia Pasternak frisou que não se
trata de uma questão de opinião, mas de pesquisa. A cientistas ainda afirmou
que os estudos se prologaram excessivamente por uma pressão popular e
política.
"A gente teve uma pressão popular e política muito grande para testar esse medicamento. Se tivesse feito na ordem, tinha parado ali nos testes pré-clínicos, porque a cloroquina nunca teve plausibilidade biológica e nunca tinha funcionado em testes com animais. Mas, como existia uma pressão popular muito grande, acabaram sendo feitos muitos estudos", disse.
Ainda assim, com diversos estudos, a cloroquina se
mostrou ineficaz contra a covid-19. "Não funciona em células do trato
respiratório. Não funciona em camundongos, não funciona em macacos. E também já
sabemos que não funciona em humanos. Senhores, a cloroquina já foi testada em
tudo. A gente testou em animais, a gente testou em humanos, a gente só não
testou em emas porque as emas fugiras, mas, no resto, a gente testou em tudo, e
não funcionou", esclareceu.
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